Presidente norte-americano decidiu aplicar uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros
Por Giovana Cardoso
A imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil pelos Estados Unidos vem gerando incertezas na economia e no comércio exterior no país. Apesar de serem limitadas as chances do governo brasileiro de conseguir substituir o mercado americano de forma equivalente, especialistas acreditam que a medida de Donald Trump poderia facilitar a aceleração de acordos entre Brasil, Mercosul e países asiáticos.
Parcerias com outras nações seriam uma forma de compensar a tarifa imposta pelos EUA. Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, no curto prazo, o Brasil teria dificuldade de redirecionar toda a produção exportada aos EUA. Entretanto, poderia trabalhar para acordos com Índia e Indonésia, além de aprofundar relações com Mercosul, África e Oriente Médio.
“Países com potencial parcial de absorção incluem China, Índia, Vietnã, Indonésia, Emirados Árabes, México e países da Europa. Nenhum deles, isoladamente, tem escala para substituir o mercado americano de forma equivalente”, comenta.
Outros mercados
Para Rodrigo Provazzi, especialista em gestão de risco e governança corporativa, a diversificação de mercados pode ser uma das soluções para que o Brasil não dependa tanto dos norte-americanos. Neste caso, a alternativa compensatória poderia ser intensificar relações comerciais com países da Ásia, Europa e do Oriente Médio, uma vez que essas nações demonstram “apetite” por produtos brasileiros, especialmente commodities agrícolas e minerais.
Provazzi acredita que a triangulação logística também seria uma opção para o Brasil. Neste caso, o país poderia exportar para nações com acordos comerciais mais favoráveis com os EUA, que, por sua vez, reexportariam os produtos brasileiros.
“Essa prática exige uma análise criteriosa de custos logísticos, regras de origem e compliance regulatório, mas pode ser eficaz em setores específicos”, explica.
Tarifas anunciadas por Trump em julho
Luce Costa/Arte R7
Na opinião do especialista Jackson Campos, um acerto entre Mercosul e União Europeia seria inviável neste momento, principalmente por causa da aproximação entre o governo argentino e os Estados Unidos. “A opção seria o Brasil procurar um acordo diretamente com a UE, mas que tem poucas chances de prosperar”, ressalta.
A parceria entre Mercosul e União Europeia — que envolve a formação de uma das maiores áreas de livre comércio do mundo — busca diversificar mercados comerciais e promover um maior fluxo de investimentos. A expectativa é que o acordo fomente o comércio, impulsione economias e alinhe padrões regulatórios entre os blocos.
Para o coordenador de Comércio Internacional na BMJ Consultores Associados, Josemar Franco, a indisposição entre Brasil e Estados Unidos aumenta a pressão para a assinatura do acordo.
“No entanto, a UE não deve adotar um posicionamento muito crítico aos EUA sobre as novas tarifas contra o Brasil”, opina Franco.
Via diplomática
Na última sexta-feira, Trump sinalizou que uma eventual negociação com o Brasil sobre a taxação não será imediata: “Em algum momento, vou conversar, mas não agora.”
Jackson Campos entende que ainda há espaço para reverter o tarifaço por uma via diplomática, focando em conversas bilaterais que mostrem os prejuízos econômicos mútuos.
“Pode ainda envolver empresas americanas que dependem do Brasil para pressionar internamente. Também é possível recorrer a fóruns, como o G20 ou a CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), para apoio político, já que a OMC está esvaziada. Negociações podem ocorrer por meio de visitas oficiais, envio de missões técnicas, articulação com embaixadas e atuação conjunta com o setor privado para influenciar congressistas americanos”, elenca o especialista.
Em relação aos prejuízos ao Brasil provocados pela taxação de Trump, Rodrigo Provazzi entende que é possível haver compensações. Entretanto, elas dependerão de uma ação coordenada entre o governo brasileiro, o setor privado e instituições de comércio exterior.
“O Brasil já possui uma base diversificada de parceiros comerciais, e há espaço para crescimento em mercados como Índia, Indonésia, Vietnã e países africanos. No entanto, é importante destacar que a substituição do mercado norte-americano não é imediata. A compensação é possível, mas requer estratégia, resiliência e visão de longo prazo”, completa.
O Brasil chegou a um ponto de inflexão. Pressionado por ameaças externas e consumido por uma crise política interna que se aprofunda a cada semana, o país precisa reafirmar dois pilares inegociáveis, sua soberania e a democracia
Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues
Nesta semana, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de mais de 50% sobre os produtos brasileiros, acendeu um alerta que vai muito além da economia. Trata-se de uma agressão à soberania nacional. E não há margem para ambiguidade. Quem relativiza esse ataque, sob qualquer pretexto político, coloca interesses estrangeiros acima do Brasil.
A medida de Trump, anunciada como uma reação ao tratamento dado pelas instituições brasileiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro, não é apenas injusta, é perigosa. Como afirmou com firmeza o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos), “os Estados Unidos não punem a esquerda. Punem o Brasil. Punem o agro, punem o empresariado, punem a economia inteira”. Já o deputado Alexandre Guimarães destacou que a decisão rompe uma relação histórica entre os dois países e não pode ser respondida com silêncio ou submissão: “O povo brasileiro não pode pagar por discursos e egos”.
Essas manifestações revelam que a defesa do país deve estar acima das disputas partidárias. Mesmo durante a ditadura militar, os Estados Unidos jamais impuseram retaliação econômica dessa magnitude. É preciso dizer com todas as letras que a soberania brasileira não está à venda, nem pode ser instrumentalizada por nenhuma potência estrangeira.
Mas enquanto enfrentamos essa ofensiva externa, o cenário doméstico parece incapaz de construir respostas firmes e unificadas. A radicalização política, que transformou o Brasil em um campo de batalha entre polos irreconciliáveis. A polarização entre lulistas e bolsonaristas contaminou o Congresso Nacional, degradou o debate público e transformou a sucessão presidencial e as eleições estaduais em guerras ideológicas, sem espaço para o diálogo.
Em meio a esse clima beligerante, crescem os ataques às instituições. O ex-deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, voltou a sugerir um projeto de anistia para as pessoas envolvidas na situação de 8 de janeiro. A fala é mais uma fagulha num ambiente já inflamado, que pode estimular a desinformação.
Diante disso, o Poder Judiciário assume o papel de fiador das regras do jogo democrático. Em uma fala emblemática, o ministro Gilmar Mendes, do STF, foi direto.“Nenhuma outra democracia contemporânea enfrentou uma tentativa de golpe de Estado em plena luz do dia (...), uma campanha colossal de desinformação, ataques virulentos à honra de magistrados, incluindo planos de assassinato arquitetados por grupos extremistas. Essas singularidades definem o momento histórico da democracia combativa brasileira, quando a defesa irredutível de preceitos constitucionais se transforma em imperativo civilizatório.”
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, previsto para setembro, será o ponto mais alto dessa tensão. Apesar de inelegível, Bolsonaro continua sendo uma das duas principais lideranças políticas do país, ao lado do presidente Lula. Ambos carregam milhões de seguidores fiéis e polarizam o país como nunca antes. O julgamento não será apenas jurídico será também um teste institucional, social e de segurança pública.
É nesse contexto que se torna imprescindível um planejamento de segurança à altura do momento histórico. Por isso, será necessário o maior esquema integrado de proteção já montado no Brasil, não para defender governos, mas para proteger a legalidade e a democracia.
O Brasil precisa de estadistas, não de incendiários. Precisa de firmeza no enfrentamento externo e de sabedoria interna para não se deixar consumir pelo caos. A reflexão deste domingo é clara, ou nos unimos para proteger o que é de todos, a soberania e a democracia ou perderemos ambos, um para o estrangeiro, outro para o conflito interno.
Cabe às lideranças em Brasília, no Tocantins e em todos os estados brasileiros fazer escolhas que honrem o país. A história cobrará não apenas os atos, mas também os silêncios.
Nova unidade educacional faz parte do projeto "Obra Toda Semana: transformando escolas, construindo futuros" do Governo do Tocantins
Por Jarbas Coutinho
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, acompanhado do secretário de Estado da Educação, Fábio Vaz, assinou nesta sexta-feira, 11, a Ordem de Serviço para a construção de uma Escola de Tempo Integral Padrão Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no Aureny IV, em Palmas. Estimada em R$ 20 milhões, a nova unidade educacional conta com recursos provenientes do FNDE e do Tesouro Estadual e será construída no terreno onde funcionou o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic). O contrato com a empresa vencedora da licitação prevê a conclusão da obra em 18 meses, mas a expectativa do Governo do Tocantins é de que essa prazo seja reduzido.
“Em Palmas, o CAIC era uma escola referência que foi desativada. Agora, estamos demolindo toda a estrutura antiga para construir uma nova unidade, mais ampla e moderna. Essa iniciativa reafirma o compromisso do nosso governo com a melhoria da infraestrutura educacional em todo o estado. Além de lançarmos uma nova obra por semana, a partir de agosto também iniciaremos a entrega de escolas e outras unidades educacionais que estão sendo reformadas ou reconstruídas”, afirmou o governador Wanderlei Barbosa.
A Ordem de Serviço está inserida no âmbito do projeto Obra Toda Semana: transformando escolas, construindo futuros, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc), por meio do Programa de Fortalecimento da Educação (Profe). O objetivo da iniciativa é promover uma série de inaugurações, ampliações e reformas de unidades escolares em todo o estado, semanalmente.
Governador Wanderlei Barbosa reforça o compromisso da gestão com a educação de qualidade e com a ampliação da infraestrutura escolar em todas as regiões do estado
v
O secretário de Estado da Educação, Fábio Vaz, ressaltou que a antiga unidade educacional deixou um legado importante na formação de gerações na capital, e que agora, o Governo do Tocantins reescreve essa história com uma nova escola. “Estamos falando de uma escola do futuro. Todas as unidades que o Governo do Tocantins está lançando seguem esse padrão: estruturas modernas, bem equipadas e pensadas para ampliar as possibilidades de aprendizado. A aprendizagem não acontece apenas dentro da sala de aula, também ocorre nos espaços compartilhados, e essa nova escola é um exemplo disso”, destacou o secretário, revelando ainda que já são sete obras lançadas desde o início do projeto Obra Toda Semana.
Ele explicou ainda que, nesta primeira etapa da construção, serão entregues 16 salas de aula, laboratórios, refeitório e espaços administrativos. A segunda etapa prevê a implantação de um complexo esportivo com piscina, salas de artes marciais e de dança, banheiros com vestiários, entre outros espaços, que irão fortalecer ainda mais a oferta de educação em tempo integral.
A engenheira responsável pela obra, Jordani Araújo, explicou que o primeiro passo é demolir a antiga estrutura para iniciar o canteiro de obras. “Depois da limpeza, vamos realizar a terraplanagem e nivelamento do espaço para darmos início à nova estrutura”, conferiu.
Estrutura da escola
Engenheira responsável pela obra Jordani Araújo acompanha o início da demolição da estrutura antiga para dar lugar à nova escola de tempo integral
Com investimento de cerca de R$ 20 milhões, sendo R$ 10.157.000 licitado para a primeira fase de obras e outros R$10 milhões estimados para a segunda. A nova escola contará com uma infraestrutura moderna e completa, pensada para oferecer ensino de qualidade e espaços multifuncionais.
A área administrativa incluirá sala dos professores, salas de informática, vídeo e leitura, sanitários, coordenação pedagógica, diretoria, secretaria, arquivo histórico, almoxarifado, setor administrativo/financeiro, sala de funcionários e DML. Serão 13 salas de aula, além de sala de música, sala multiuso, sala de dança, sala de artes marciais, sala de coral, banheiros com vestiários, espaço de primeiros socorros, depósito de educação física e consultório odontológico.
A unidade contará ainda com biblioteca, auditório equipado com dois camarins, banheiros, palco, hall de entrada; além de laboratórios de física/química, biologia/ciências, dois de informática e dois de idiomas. A estrutura externa incluirá guarita com sala, banheiro, área coberta de acesso e depósito; refeitório com pátio coberto, palco, banheiros, cozinha, salão multiuso, ateliê e depósitos específicos. Destaque também para a piscina semiolímpica com seis raias, arquibancada e para a quadra poliesportiva coberta, com área de 781 m².
Ações de prevenção contra queimadas se intensificam no Tocantins e envolvem 13 instituições em mais de 1.800 atividades em campo.
Por Eunice Fleury
O Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), com o apoio do Comitê Estadual de Combate aos Incêndios Florestais e Controle de Queimadas (Comitê do Fogo), segue intensificando as ações do Projeto Foco no Fogo em 2025, com foco na prevenção, educação ambiental e mobilização comunitária em áreas estratégicas do Estado.
Somente no primeiro semestre, foram realizadas 1.809 ações em 37 municípios tocantinenses, com a participação ativa de 13 instituições parceiras, entre elas o Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins, Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Defesa Civil Estadual, Exército Brasileiro, Energisa Tocantins e o Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (Detran-TO).
As atividades incluem 1.777 visitas a propriedades rurais e 32 palestras educativas, impactando diretamente 11.811 pessoas em regiões com maior risco ambiental e social, como os municípios de Caseara, Angico, Lagoa da Confusão, Tocantínia e Santa Fé do Araguaia.
De acordo com dados levantados pelas equipes de campo, 56,47% das propriedades visitadas ainda não possuem aceiros e 53,2% apresentam vegetação com risco potencial de combustão. Outro dado relevante é que apenas 28,89% das pessoas abordadas afirmaram já ter recebido algum tipo de treinamento sobre prevenção de incêndios florestais.
As causas mais apontadas para os focos de incêndio incluem: ações criminosas (228 casos), atitudes de vizinhos (93) e motivos diversos (490).
O projeto concentra esforços em comunidades vulneráveis e historicamente mais atingidas por focos de calor, buscando fortalecer a conscientização ambiental e reduzir os riscos por meio do diálogo direto com moradores, distribuição de materiais informativos e ações educativas.
“Chegamos às comunidades, ouvimos as pessoas e sensibilizamos sobre os riscos do uso do fogo. É um trabalho que transforma realidades. O projeto cresce ano após ano e reforça a importância da educação ambiental como ferramenta para mudar comportamentos e proteger nosso Cerrado”, destaca a diretora de Educação Ambiental para Sustentabilidade da Semarh, Erliette Gadotti.
A atuação integrada com os municípios, somada ao apoio do governador Wanderlei Barbosa e da primeira-dama Karynne Sotero, tem sido fundamental para fortalecer as políticas públicas voltadas à prevenção e à segurança das comunidades rurais.
Especialistas veem falhas na condução externa do governo e alertam para riscos à economia após tarifas americanas
Com portal Do R7
A decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente Donald Trump, acendeu um alerta entre especialistas em comércio internacional e diplomacia.
A medida é interpretada como resposta direta à orientação ideológica da política externa brasileira — vista, por muitos, como descolada da realidade geopolítica e econômica global.
Segundo o advogado Marcelo Godke, especialista em direito internacional empresarial, a diplomacia brasileira perdeu rumo e hoje opera sem direção clara.
“Nosso posicionamento internacional virou uma colcha de retalhos. O país se alinha por afinidade ideológica, sem avaliar os impactos. No fim, estamos do lado errado da história, isolados de parceiros que valorizam liberdade e crescimento sustentável”, afirma.
Godke acredita que a retaliação tarifária é consequência de anos de tensionamento com os Estados Unidos. “Agora, o Brasil colhe o resultado de uma postura que desprezou as relações com as grandes economias ocidentais”, aponta.
Postura hostil
A crítica é compartilhada por Luís Garcia, tributarista e sócio do Tax Group. Para ele, o governo contribuiu para o desgaste com Washington ao adotar uma postura hostil desde o início da atual administração.
“A sinalização contrária aos Estados Unidos começou bem antes da eleição de Trump. A insistência em discursos confrontativos, especialmente nas cúpulas dos Brics, tornou inevitável a reação do governo norte-americano. O resultado é esse: prejuízo comercial e diplomático”, resume.
Trump vinculou publicamente as tarifas ao processo judicial contra Jair Bolsonaro, atitude considerada “inaceitável” por Brasília. No entanto, o gesto expôs também uma fragilidade diplomática crescente, segundo o advogado Marcelo Censoni.
Para ele, a postura atual reduziu a confiabilidade do Brasil como parceiro. “Perdemos espaço e influência. Precisamos reconstruir pontes institucionais com maturidade e pragmatismo. Reagir com agressividade só agravará os danos”, diz.
“O agro e a indústria de base exportadora estão no centro da tempestade. Sem alternativa jurídica para contestar a decisão, o governo precisa agir com inteligência estratégica. O risco é entrar num ciclo de retração e perda de competitividade global”.
Apesar do tom crítico, os analistas são unânimes em apontar o caminho para contenção dos danos: diplomacia ativa, reposicionamento internacional e busca por consensos.
“Enfrentar a maior economia do planeta com retórica ideológica não serve ao interesse nacional. É hora de recuperar o canal de diálogo e proteger o que realmente importa: o desenvolvimento do país”, conclui Godke.