Santa Casa de Araçatuba, onde vítima estava internada, informou que Thais Bonatti veio a óbito à 1h27 deste sábado (26); ela estava internada na UTI
Com Estadão Conteúdo
A ciclista Thais Bonatti, de 30 anos, morreu neste sábado (26) após ser atropelada na manhã de quinta-feira (24) pelo juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, na cidade de Araçatuba, interior do Estado de São Paulo. A informação foi confirmada pela CNN.
Em nota, a Santa Casa de Araçatuba, onde a vítima estava internada, informou que Thais veio a óbito à 1h27 deste sábado. Ela estava internada na UTI.
"Apesar dos esforços de todas as equipes que atuam na unidade e no Centro Cirúrgico, a vítima não resistiu à gravidade dos politraumas, fratura de pelve e de traumatismo craniano encefálico sofridos", disse o hospital. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para autópsia.
O irmão da vítima, William Bonatti, falou sobre o momento em que recebeu a notícia da morte da irmã. "1h30 da madrugada eu estava em casa e recebi uma ligação da Santa Casa dizendo que ela havia morrido. Então, enquanto ele (o juiz) estava dormindo com a família dele, eu estava escolhendo o caixão para a minha irmã. Ele está solto e o sentimento é de revolta", disse em entrevista ao Brasil Urgente, da Band.
O caso
Na manhã da última quinta (24), o juiz estava a bordo da sua caminhonete modelo Ford Ranger, quando parou o veículo perto de um supermercado na Avenida Waldemar Alves, no bairro Jardim Presidente.
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Ele estava acompanhado de uma mulher que, no momento em que o veículo estava parado, teria tentado passar para o seu colo, segundo informações do boletim de ocorrência.
O juiz aposentado, então, teria acelerado o veículo e passado com a caminhonete por cima de Thais Bonatti, que estava de bicicleta perto do veículo. A vítima foi levada em estado grave para a Santa Casa de Araçatuba, onde não resistiu e faleceu neste sábado.
Segundo a Polícia Civil, o juiz apresentava fala desconexa, falta de coordenação motora e forte odor etílico quando foi abordado pelos policiais. Imagens de câmeras recolhidas pela polícia mostram que uma mulher nua estava em seu colo no momento do acidente. Ela teria se vestido e deixado rapidamente o local.
Júnior foi conduzido à Delegacia Seccional e submetido a um exame clínico que constatou que estava "alcoolizado/embriagado" no momento do atropelamento. A polícia deu voz de prisão a Júnior e, na sequência, a sua prisão em flagrante foi convertida em preventiva (sem prazo pré-definido).
Na sexta-feira (25) ele foi liberado após o pagamento de fiança no valor de R$ 40 mil, e vai responder em liberdade.
Histórico do juiz
Rodrigues Júnior fez sua carreira como juiz da 1.ª Vara Cível de Araçatuba, a 530 quilômetros da capital São Paulo, até se aposentar em 15 de agosto de 2019.
Segundo dados do Tribunal de Justiça de São Paulo, disponíveis no Portal da Transparência da Corte, entre janeiro e junho, ele teve rendimento bruto somado de R$ 917 mil. Com os descontos, seu contracheque líquido bateu em R$ 781 mil acumulados no período, média de R$ 130 mil por mês.
Documento indica subnutrição abaixo de 2,5% e aponta impacto de políticas públicas na reversão do quadro alimentar no país. No mundo, estima-se que 673 mlhões de pesoas enfrentaram a fome no ano passado
Com Estadão
O Brasil voltou a sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo dados divulgados, ontem, no relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025, elaborado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). O levantamento considera a média de dados entre 2022 e 2024 e indica que o percentual da população em situação de subnutrição ficou abaixo de 2,5%, limite estabelecido pelo organismo internacional para classificar países em condição de fome severa.
A conquista foi anunciada durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Adis Abeba, capital da Etiópia. O Brasil havia deixado o Mapa da Fome pela primeira vez em 2014, após uma década de políticas públicas voltadas à segurança alimentar. No entanto, voltou a figurar na lista no triênio 2018-2020, em decorrência da descontinuidade de programas sociais e agravamento da pobreza. Em apenas dois anos, o governo conseguiu reverter o cenário, segundo o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias. "Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo", afirmou.
Entre os fatores apontados como determinantes para a saída do Mapa da Fome estão o fortalecimento do Bolsa Família, a valorização do salário mínimo, o incentivo à agricultura familiar e a ampliação da alimentação escolar. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2024, das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas no país, mais de 98% foram preenchidas por pessoas inscritas no Cadastro Único. Desses, 75% eram beneficiários do Bolsa Família. A melhora nos indicadores também se refletiu na redução da pobreza extrema, que caiu a 4,4% em 2023, e na taxa de desemprego, que atingiu o menor nível desde 2012: 6,6%.
Especialista em políticas públicas, o professor Alexandre Cunha, da Universidade Católica de Brasília, avalia que a retomada de um conjunto de ações integradas foi essencial para o país reverter o quadro. "Não é apenas uma questão de transferência de renda. É preciso políticas de geração de emprego, valorização do salário mínimo, apoio à agricultura familiar e fortalecimento da merenda escolar. A fome no Brasil está muito mais presente no campo do que na cidade. E a agricultura familiar é responsável pela maior parte da produção de alimentos que chega às cidades", explica.
Segundo Cunha, o impacto da pandemia e de cortes em programas sociais durante os anos anteriores comprometeu a estabilidade alimentar da população mais vulnerável. "As crianças que dependiam da merenda escolar foram prejudicadas, e os efeitos da pandemia se somaram à descontinuidade de políticas. Agora, com a retomada e articulação entre União, estados e municípios, foi possível reverter o cenário", acrescenta.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a saída do Brasil do Mapa da Fome como "a melhor notícia do dia" e disse que a meta do governo é encerrar o mandato, em 2026, com todas as famílias brasileiras bem alimentadas. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais , Gleisi Hoffmann, também celebrou o resultado. "O país não será grande e desenvolvido se parte considerável da população passar fome", afirmou.
Além das ações domésticas, o governo federal tem investido em cooperação internacional. Durante a presidência do G20, em 2024, o Brasil lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que reúne mais de 100 países, instituições financeiras e organizações internacionais. A iniciativa busca promover o intercâmbio de tecnologias e políticas sociais com foco no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.
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Apesar do avanço, o professor Alexandre Cunha alerta que o cenário ainda exige atenção. "Estamos numa curva ascendente, com melhora contínua, mas é fundamental garantir a continuidade das políticas. Como já vimos no passado, descontinuidades podem nos fazer regredir. A segurança alimentar precisa ser tratada como prioridade de Estado, não apenas de governo", concluiu.
Mundo
O relatório estima que cerca de 673 milhões de pessoas tenham enfrentado a fome no mundo em 2024, o que corresponde a 8,2% da população mundial. O número representa queda em relação aos 8,5% registrados em 2023 e aos 8,7% em 2022. A fome continuou a aumentar na maioria das sub-regiões da África e da Ásia Ocidental. A fome, no entanto, continuou a aumentar na maioria das sub-regiões da África e da Ásia Ocidental, segundo o documento.
Estados Unidos impôs uma taxação de 50% sobre exportações do Brasil ao país
Com SBT
A partir de 1º de agosto, os produtos brasileiros serão afetados por tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre todas as importações do Brasil.
Essas tarifas ameaçam devastar uma relação comercial crucial. Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China e sendo responsáveis por aproximadamente 12% de todas as exportações brasileiras.
As tarifas terão um impacto em uma diversidade de produtos que formam a espinha dorsal do comércio entre EUA e Brasil, incluindo combustíveis, ferro e aço, aeronaves e máquinas. O Brasil também exporta quantidades significativas de matérias-primas para consumidores americanos, como café, carne bovina, suco de laranja, frutas e especiarias.
O setor de papel e celulose enfrenta uma vulnerabilidade particular. Os Estados Unidos são um dos principais destinos para as exportações brasileiras nesse setor, com remessas de pasta de madeira, celulose e aparas de papel.
Produtores brasileiros de diversos setores alertaram para um potencial colapso da indústria devido às tarifas punitivas. As medidas podem desencadear aumentos significativos de preços para os consumidores americanos, especialmente para o café — onde o Brasil se destaca como o maior produtor mundial e um fornecedor chave para os EUA.
Governo tem adotado uma postura combativa diante do que considera uma medida protecionista injustificada
Por Giovana Cardoso e Luiza Marinho
A oito dias do início da taxação de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, o governo busca soluções para impedir o avanço da medida. Além do Brasil, outros países como Indonésia, integrantes da União Europeia, Canadá e Japão também sofreram com a imposição de tarifas.
Entretanto, muitos deles, conseguiram acordos que podem diminuir o impacto nas respectivas economias, apesar de criar uma maior dependência com os EUA.
Em meio à crise entre os EUA e o Brasil, o governo brasileiro tem adotado uma postura combativa diante do que considera uma medida protecionista injustificada e prejudicial para a economia.
Apesar de representantes tentarem diálogo com os norte-americanos, o Brasil não descarta a possibilidade de aplicar a Lei da Reciprocidade— regulamentada na semana passada —, o que desagrada o setor empresarial.
Nesta quarta-feira (23), o presidente Donald Trump afirmou que só concordará em abaixar as tarifas caso o país que esteja em negociação abra o mercado para os Estados Unidos.
“Se não, tarifas muito mais altas! Os mercados japoneses já estão abertos (pela primeira vez!). Os negócios nos EUA vão crescer!”, escreveu Trump em sua rede social, Truth Social.
Segundo o chefe do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, Rodrigo Medina, esses acordos feitos com demais nações servem como uma garantia de vantagens concorrenciais em relações bilaterais.
O problema em não negociar
Segundo o coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília, Gustavo Menon, existem riscos para o Brasil, em termos econômicos e diplomáticos, caso opte por não negociar diretamente com os Estados Unidos diante da ameaça tarifária.
“O Brasil se expõe a uma série de riscos significativos. Em relação aos impactos econômicos e comerciais, a perda nas exportações será sintomática. Tarifas de 50% sobre produtos brasileiros podem afetar setores estratégicos, como agronegócio, indústria de transformação e aviões, tornando os produtos brasileiros menos competitivos no mercado americano”, acredita.
Para o especialista, isso torna a situação ainda mais crítica considerando o déficit comercial brasileiro com os EUA, reforçando o diálogo como a melhor iniciativa para um acordo.
“A recusa em negociar pode ser vista como hostilidade, fragilizando décadas de uma parceria de mais de 200 anos. O desafio é seguir, diante da nossa melhor tradição diplomática, com os diálogos universalistas. Dessa forma, não negociar de maneira construtiva tende a aprofundar impactos negativos sobre a economia e a reputação internacional do Brasil, como revelam os inúmeros precedentes de outros países que já enfrentaram a mesma encruzilhada diplomática.”
Faltam ‘avanços significativos’
Para o especialista em negócios internacionais Augusto Fernandes, faltam avanços significativos por parte do governo brasileiro.
“Se concretizando, isso é uma bomba atômica na economia brasileira. Você viu aí nas últimas 24 horas, a Indonésia negociou isenção total, pagando 19% dos produtos que exportam para lá, o Japão negociou investimento de 500 milhões lá e isenção de tarifa, você viu a Europa toda negociando. Mas, até agora, nós estamos imobilizados, não vemos avanço nenhuma parte”, comentou.
Apesar disso, Rodrigo Medina sinaliza que também falta diálogo por parte do governo americano. “O diálogo envolve ao menos dois interlocutores. Não é o que se trata, não tem um canal de diálogo aberto”, comentou.
Na reunião com o Itamaraty, o chanceler Mauro Vieira afirmou que há esforço do governo para avançar negociações com o setor privado dos Estados Unidos e com autoridades políticas.
Um embaixador presente relatou que contatos foram reiterados em abril, antes do anúncio das novas tarifas por parte do presidente Donald Trump, mas que não houve retorno.
Acordos com outros países
Nesta terça-feira (22), a Casa Branca confirmou a conclusão do acordo com a Indonésia, que concordou em eliminar aproximadamente 99% das barreiras tarifárias aos EUA para produtos industriais, alimentícios e agrícolas.
Enquanto isso, os norte-americanos concordaram em reduzir para 19% as tarifas recíprocas.
Em outro exemplo, o acordo com o Japão prevê que o país deve investir US$ 500 bilhões nos EUA, além de estarem sujeitos a uma tarifa de 15%, o que representa uma diminuição frente aos 25% iniciais.
Entidades garantiram que falha de segurança não expôs dados protegidos por sigilo bancário; caso será investigado
Por Camila Stucaluc
O Banco Central (BC) informou, na noite de quarta-feira (23), que houve um vazamento de dados cadastrais de cerca de 11 milhões de usuários do Pix. A falha de segurança ocorreu devido a acessos não autorizados ao Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud), operado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Segundo o banco, o incidente ocorreu entre os dias 20 e 21 de julho, e comprometeu apenas informações cadastrais, como chave Pix, nome do usuário, agência bancária e número de conta. Senhas, movimentações financeiras, saldos em conta ou outros dados protegidos por sigilo bancário, por sua vez, não foram expostos.
“As informações obtidas são de natureza cadastral, que não permitem movimentação de recursos, nem acesso às contas ou a outras informações financeiras. O Banco Central informa que foram adotadas as ações necessárias para a apuração detalhada do caso”, disse o BC.
Em comunicado, o CNJ afirmou que, assim que o incidente foi detectado, as equipes técnicas reforçaram os protocolos de segurança e notificaram a Polícia Federal e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Disse, também, que um canal para consulta de eventual dado exposto será criado no site do órgão judiciário.
"Graças à rápida atuação da equipe técnica, o sistema já está em plena operação e as medidas de contenção foram adotadas. O CNJ reafirma seu compromisso com a segurança da informação, a transparência e a proteção dos dados dos cidadãos, e continuará trabalhando com todos os órgãos competentes para manter a confiança e a segurança de seus sistemas", disse o conselho.