ISTOÉ REVELA OS MILITANTES XIITAS DA DIREITA E DA ESQUERDA. VEJA DIZ QUE LULA TENTOU TIRAR MORO DO JULGAMENTO E ÉPOCA TRAZ AS 50 PERGUNTAS DA POLÍCIA FEDERAL À TEMER
ISTOÉ
Os exércitos do ódio
Ano decisivo para o País, 2018 emerge a partir de um ambiente polarizado, tóxico e extremamente radical. É como se o não menos intimidatório “nós contra eles”, criado e aprofundado pelo PT em meio à campanha eleitoral de 2014, tivesse ganhado musculatura e pernas próprias para se espraiar como rastilho de pólvora nas ruas e, sobretudo, nas redes sociais – só que, dessa vez, à esquerda e também à direita. Nos extremos das trincheiras, não se salva quase ninguém. A atmosfera polarizada reproduz rinhas, como de ferozes pitbulls, onde a cara de um é o focinho do outro. A virulência dos extremos contaminou as discussões que deveriam se pautar pela troca de ideias, pela aceitação do contraditório e pela construção de agendas comuns para o Brasil. Nada disso, no entanto, tem espaço nessa peleja no qual sagra-se vitorioso quem melhor domina a arte de calar o oponente. Em geral, o objetivo é o de sufocar qualquer tentativa de debate.
As táticas
A disseminação do ódio, evidentemente, não age como um vírus de gripe, alheio à ação humana. Independentemente do consentimento ou do estímulo de seus morubixabas, em especial Lula (PT) e Jair Bolsonaro, tratados não raro como mitos, ou mesmo como uma espécie de líderes sectários, sobre os quais – na ótica de seus seguidores – paira uma aura divina, existe um exército. Um exército de radicais com caras e rostos dotados de muita disposição e energia para linchar e moer por meio de uma máquina muito poderosa quem ousa pensar diferente. “Muito se fala dos autômatos que divulgam as notícias falsas e os boatos. Mas muitos esquecem que o autômato mais utilizável é o indivíduo humano, que se torna uma máquina a serviço da matança do espírito de quem não concorda com ele”, lamenta Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia na UNICAMP. Durante um mês, ISTOÉ fez um mergulho no mundo desses haters – palavra de origem inglesa usada para designar “os que odeiam” e “promovem o ódio”. A principal conclusão foi de que as táticas da guerrilha dos exércitos de esquerda e direita são primas-irmãs, na forma e no conteúdo. Ou seja, cores de camisa, emblemas e matizes partidários à parte, todos se comportam de modo muito semelhante. Nas redes sociais, as hordas de radicais atuam organizadas como manada. Em geral, se lançam desbragadamente contra o indivíduo que se atreva a fazer uma crítica contra o político de seu coração ou ao partido no qual militam. Partem para desqualificá-lo de todas as formas, seja com críticas ferozes ao comentário, seja com reparos à aparência física da pessoa ou à sua inclinação ideológica. Ato contínuo, o comentário é replicado para o exército organizado que, imediatamente, passa a promover uma espécie de linchamento público do(a) autor(a) da opinião indesejada. É uma tentativa de destruição de reputação clássica. Com a ajuda de robôs, os ataques são intensificados e os posts distribuídos para um número maior de haters. Normalmente, as agressões duram em média uma semana. Nas ruas, os provocadores são infiltrados em manifestações, pacíficas ou não, que envolvam apoiadores do candidato ou da tese adversária. Fora do ambiente digital, ainda existe aqueles que, munidos de uma câmara de celular, fustigam ilustres personalidades políticas ou públicas a fim de provocar tumulto, gerar barulho nas redes e obter promoção pessoal – a partir de visualizações e compartilhamentos. Há ainda os que promovem arruaça, queimando pneus, interrompendo avenidas ou organizando quebra-quebras para atingir propósitos político-ideológicos duvidosos.
Pontas-de-lança das tropas
Tanto à esquerda como à direita, há os chamados pontas-de-lança das tropas. Aqueles que mobilizam, centralizam e de certa forma são determinantes para a organização dos ataques à base adversária. Normalmente, são os que reúnem o maior número de seguidores. É quem ecoa e lança luz sobre o surgimento de um comentário divergente ou crítico aos ideais do séquito. Grosso modo é como se, munido de um estrepitoso megafone, gritasse ao grupo: “Olha o absurdo que essa pessoa falou contra a gente. Vamos destruí-la”. No campo da extrema-direita, agem como regentes da militância os filhos de Jair Bolsonaro, Eduardo e Carlos Bolsonaro. Até entre os apoiadores de Jair Bolsonaro há quem condene o modo de atuar da turma. “Os filhos do deputado, donos de estilo colérico nas redes, ainda vão acabar com a candidatura de Bolsonaro”, admitiu à ISTOÉ um ilustre eleitor do próprio parlamentar, candidato declarado à Presidência este ano. Um dos braços-direitos da família Bolsonaro nas redes e também fora delas é o youtuber paulista Arthur Moledo, de 30 anos, que administra o popularíssimo canal na internet “Mamãe Falei”. Com uma câmera em punho, Moledo tem por hábito frequentar manifestações políticas. O objetivo, porém, passa longe de simplesmente produzir conteúdo informativo. A ideia é provocar e registrar em vídeo reações de constrangimento. Segundo ele próprio, o principal intuito é “ridicularizar quem pensa diferente”. Além da presença física em atos públicos, Moledo alimenta uma página no Facebook que possui mais de um milhão de seguidores. Grande parte dos comentários carrega teor discriminatório. Nos vídeos, ele se declara eleitor de Bolsonaro.
Um dos alvos recentes da ira do exército da extrema-direita foi o jornalista, editor e formador de opinião, Carlos Andreazza. Motivo: escreveu um post em que disse não compactuar com a confusão entre conservadorismo e “bolsonarismo”: “Não acredito – nunca acreditei – nos Bolsonaros, cuja inconsistência política só não é maior do que o oportunismo para capitalizar sentimentos contra o establishment. E desprezo o bolsonarismo, que considero uma das expressões da doença moral do brasileiro”, afirmou. Desde então, artigos e textos do jornalista são compartilhados com a intenção de serem desconstruídos nas redes sociais. Detalhe importantíssimo: nem de esquerda Andreazza é. Encarna o conservador clássico. Na Record, Andreazza é o editor de autores como Olavo de Carvalho, Bruno Garschagen e Rodrigo Constantino.
Do outro lado da trincheira, militantes de esquerda impõem comportamentos não menos agressivos quando se deparam com o contraditório. Um caso conhecido teve como pivô o blogueiro Rodrigo Grassi, conhecido como Rodrigo Pilha. Grassi é um típico radical de extrema-esquerda. Em 2014, ele interceptou o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa na saída de um bar em Brasília e o chamou de “autoritário” e “projeto de ditador”. Claro, com a câmera do celular em riste. Ao mesmo estilo do provocador Arthur Moledo, o blogueiro e ex-assessor da deputada Érika Kokay (PT-DF), Rodrigo Grassi se envolve em diversas confusões ao tentar constranger políticos e autoridades que emitem opiniões diferentes das difundidas por ele em seus canais. Em 2014, por exemplo, depois de abordar o senador e atual ministro Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) ele foi preso pela Polícia do Senado. No blog “Botando Pilha”, ele alegou ter feito “perguntas inconvenientes” ao político. Premeditado, o tom claramente sarcástico e mordaz teve como intuito gerar uma reação por parte do político. Os vídeos postados por Grassi geraram grande repercussão por seguirem a mesma lógica dos do youtuber de direita, Arthur Moledo: quanto mais intenso e violento o embate de ideias, maiores as chances de ganhar aderência nas redes e aumentar exponencialmente a audiência. “Até 31 de outubro vamos entrar em um dos piores momentos da história da internet brasileira, graças ao contexto eleitoral”, afirma Caio Tadeu Cimi, cientista político e diretor de metodologia da Numbr, empresa de inteligência de redes sociais. “Políticos passaram a olhar mais atentamente e desenvolver um arsenal de guerra a ser utilizado na internet”, acrescentou Caio. Atualmente no País, pessoas com concepções políticas mais radicais, atesta o especialista, tendem a engajar mais usuários do que cidadãos que se identificam com propostas de centro.
Um dos maestros da tropa digital da esquerda é o ator José de Abreu, não por acaso um dos propagadores das peripécias de Rodrigo Pilha. Ele não mede palavras no enfrentamento a quem discorda de seus ideais. Dileto amigo de José Dirceu, o ator se envolveu recentemente numa acalorada discussão dentro de um restaurante japonês em São Paulo, em que terminou por disparar cusparadas contra os interlocutores. Entre eles uma mulher. Quem trabalha afinado com José de Abreu é o técnico em informação conhecido como Stanley Burburinho. Os dois tocam de ouvido. Nas redes, se um levanta, outro corta. E vice-versa. A página do Facebook, bloqueada pelo menos seis vezes, leva uma foto de Che Guevara e possui mais de 69 mil seguidores. Se algum usuário tece algum comentário contrário à cartilha ideológica dos ex-presidentes Lula e Dilma, Stanley contra-ataca com virulência. Hoje, não em tom menos colérico, ele se dedica a detonar adversários do petismo, a criticar a condenação de Lula, a operação Lava Jato e a torpedear a gestão do prefeito de São Paulo, João Doria. “Antes havia hordas físicas que tomavam a praça para se manifestar. Agora, as hordas continuam na internet, de forma virtual. O que move esses transmissores de propaganda é o sentimento do ódio, a intolerância, o bairrismo e o provincianismo. É justamente na internet, um fenômeno global, em que os bairrismos aparecem mais exacerbados”, constata Roberto Romano.
Em 2017, a Universidade de Oxford publicou um estudo denominado “Troops, trolls and troublemakers: a global inventory of organized social media manipulation” –Tropas, troladores e encrenqueiros, um inventário global da manipulação nas redes sociais. O levantamento chegou à conclusão que a atuação dos exércitos virtuais se transformou num padrão de prática política – patrocinados ou ao menos impulsionados por governos, partidos e movimentos civis. O estudo cita a Rússia e o Equador como exemplos mais bem acabados da ação organizada dos troladores, mas o Brasil não sobrevive incólume à pesquisa. Na Argentina, recentemente, ocorreu um fenômeno parecido ao experimentado no Brasil durante a era lulista: foi despejado dinheiro público em blogs favoráveis a ex-presidente Cristina Kirchner de modo a utilizá-los como ferramenta aglutinadora da militância. Lá como aqui, o partido do governo foi precursor na criação de robôs destinados a derrubar páginas críticas à então presidente. A cereja do bolo, no entanto, foi a compra com dinheiro estatal de computadores para serem usados pelos militantes pagos. Há um parentesco óbvio entre o México e também o Brasil no que diz respeito à tentativa de desacreditar o que os radicais chamam de “velha mídia” ou “mídia tradicional”. No último ano, em solo mexicano, jornalistas viraram alvo e tiveram suas páginas inundadas por robôs liderados por tropas virtuais toda vez que publicavam reportagens críticas a determinado grupo político. Aqui, é comum vermos autores de matérias contrárias a interesses da extrema-esquerda e direita serem linchados de maneira inclemente nas redes, como se atravessassem um corredor polonês.
Convocações para o dia 24
Um dos pioneiros da guerrilha nas redes, mas com atuação marcante também fora do ambiente digital, foi Marcello Reis, empresário e líder do movimento Revoltados Online. Durante os protestos de 2013, Reis chegou a ocupar palanques para pedir intervenção militar. Em 2016, às vésperas do impeachment de Dilma Rousseff, o grupo Revoltados Online possuía alcance de 14 milhões de usuários e dois milhões de inscritos. Hoje, após uma ação do Facebook que retirou a página do ar por considerar o conteúdo impróprio, o grupo tenta recuperar seus seguidores. “Estamos migrando para o Twitter”, revela Marcello Reis. Considerado conservador, Reis afirma que deverá defender candidatos como Levy Fidelix e Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. No rastro do Revoltados Online, só que numa linha ainda mais radical, surgiram movimentos que alertam para a necessidade de instigar uma oposição extrema ao atual pensamento político. Um deles é o Resistência Nacionalista. O principal líder do grupo é Antonio Silva, 34 anos, webdesigner. Conhecido nas ruas como “o Vulto”, ele prega a violência como forma de combate, doutrina parecida com o corolário Black Bloc, só que à direita. “Queremos expandir o ideal nacionalista para desestabilizar a hegemonia da esquerda no Brasil”, afirma. Alguns grupos já se institucionalizaram para defender suas propostas. Sob o lema de que “o esquadrão da morte precisa caminhar novamente pelo Brasil”, numa alusão ao período da ditadura militar, o militarista Eduardo Dias gerencia páginas do Partido Militar de Jundiaí, Jarinu e região. “Dessa vez, vamos concluir o serviço iniciado em 1964”, estampa em seu site.
Quem, embora não com tanques, promete incendiar as ruas, caso Lula não seja homologado candidato a presidente, ainda que por força de uma decisão judicial a ser anunciada no próximo dia 24 pelo TRF-4, são integrantes de movimentos alinhados ideologicamente ao PT, como a CUT e o MST. Por meio da internet, foram realizadas convocações para que a militância participe de atos em Porto Alegre no dia do derradeiro julgamento, que poderá culminar com a prisão do petista, impedindo-o de concorrer novamente ao Planalto. O ativista José Carlos dos Santos é um dos que poderão marcar presença. Recentemente, Santos, considerado integrante do MST, embora o movimento refute a associação, foi detido pela polícia com uma mochila contendo R$ 16 mil durante um sangrento quebra-quebra promovido pela Frente Brasil Popular em Brasília. Santos, como Moledo, Pilha, Burburinho, Abreu, Antonio Silva, Dias e Reis personificam o que de pior há na política, um ambiente que deveria ser de natureza propositiva propício ao confronto salutar de idéias, mas que foi invadido pelo radicalismo, onde o ódio e não os valores republicanos impera.
VEJA
Antes do Natal, Lula tentou tirar Moro de ação da Lava Jato
Dez dias antes do Natal, o juiz federal Sergio Moro barrou nova ofensiva do ex-presidente Lula contra ele. O magistrado rejeitou em 14 de dezembro, a segunda exceção de suspeição criminal ajuizada pelo petista e por sua defesa na ação sobre supostas propinas da Odebrecht — um terreno de R$ 12 milhões aonde seria sediado o Instituto Lula e um apartamento vizinho à residência do ex-presidente.
Lula tem acumulado derrotas na primeira instância e nos tribunais em sua tentativa de tirar processos das mãos de Moro e de Curitiba para se livrar de condenação e de provas que o ligam a esquema de corrupção na Petrobras. Até 26 de novembro do ano passado, os advogados de Lula haviam apresentado 10 pedidos para afastar Moro ou tirar os processos da 13ª Vara Federal em Curitiba.
Segundo a defesa de Lula, na última exceção de suspeição, Moro teria se tornado suspeito por ter participado, como palestrante, do “4º Evento Anual Petrobras em Compliance”, em dezembro de 2017. Na ocasião, diz a ação, o juiz da Lava Jato aconselhou “o assistente de acusação, no caso a Petrobras, sobre medidas de prevenção e combate à corrupção e a respeito de matérias pendentes de julgamento”.
Moro anotou que suas declarações tiveram como base casos já julgados no âmbito da Operação Lava Jato. O magistrado descreveu a Lula e à sua defesa cinco medidas que havia sugerido no evento: proteção contra o loteamento político dos cargos na estatal; averiguações sobre o patrimônio de executivos; uso obrigatório de endereços eletrônicos oficiais; avaliar a concessão de prêmios financeiros por denúncias internas; averiguações mais profundas sobre os fornecedores da estatal.
“As sugestões apresentadas pelo julgador, além de terem presente somente os casos já julgados, visam o presente e o futuro e não o passado”, afirmou Moro. “Ao contrário do afirmado falsamente pelo excipiente, não houve qualquer aconselhamento jurídico sobre a forma ou o conteúdo da atuação da Petrobrás, como Assistente de Acusação, nas diversas ações penais da qual faz parte perante este juízo.”
Moro garantiu não ter havido, durante o evento, ‘qualquer referência a casos em andamento ou pendentes de julgamento, nem houve sequer menção ou qualquer referência aos casos penais aos quais responde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva’. Na decisão, Moro ainda aponta que sua participação no evento “não foi remunerada” — apenas as despesas de deslocamento e hospedagem.
ÉPOCA
As 50 perguntas da Polícia Federal para Michel Temer
Às 14h21 da última quarta-feira (3), o Palácio do Planalto recebeu oficialmente uma correspondência do Supremo Tribunal Federal. O destinatário era o morador mais ilustre do local: Michel Temer. Assinado pela presidente Cármen Lúcia, que o cumprimentou como “Excelentíssimo Senhor Presidente da República”, o conteúdo do documento era pouco agradável. A presidente do STF encaminhava uma lista de 50 perguntas formuladas pela Polícia Federal para serem respondidas por Temer. Trata-se do interrogatório do presidente no inquérito que apura suspeitas de favorecimento indevido ao setor portuário em um decreto presidencial que alterou regras das concessões das áreas. O decreto foi publicado por Temer em 11 de maio e aumentou o prazo dos contratos de concessão de áreas portuárias de 25 anos para 35, podendo ser prorrogado até 70 anos, beneficiando as atuais empresas concessionárias. O caso pode gerar problemas para o presidente.
ÉPOCA teve acesso à lista das perguntas e ao conteúdo da investigação em andamento contra o presidente Michel Temer. Formuladas pelo delegado da PF Cleyber Malta Lopes, as questões revelam as hipóteses sobre suspeitas de recebimento de propina pelo peemedebista. Miram seus principais aliados. Entre eles o ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures, famoso por ter sido flagrado em uma corridinha com a mala de R$ 500 mil entregue pela JBS. A PF também investiga o coronel João Baptista Lima Filho, acusado de receber propina em nome de Temer, e o advogado e ex-assessor José Yunes, que já admitiu ter recebido um pacote de dinheiro do operador Lúcio Funaro.
Temer foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República no ano passado, uma sob acusação de recebimento de propina da JBS e outra por organização criminosa. Ambas foram barradas na Câmara dos Deputados, o que impediu Temer de se tornar réu e o manteve na Presidência. Essa terceira investigação, do caso dos portos, é a única que ainda pode dar dor de cabeça ao presidente.
O interrogatório de Temer é uma das últimas diligências do inquérito. O prazo dado pelo STF para que as perguntas sejam respondidas foi de 15 dias. Na condição de presidente, Temer pode respondê-las por escrito. Como a PF já tomou o depoimento de quase todos os investigados, o inquérito já entrará em sua fase final, restando ao delegado Cleyber Malta concluir se houve a prática de algum crime. Os elementos colhidos até agora pela PF confirmam um intenso lobby da empresa Rodrimar, concessionária de áreas no Porto de Santos, junto a autoridades públicas para conseguir benefícios no decreto presidencial. A empresa recorreu a Rocha Loures, ao deputado Beto Mansur, do PRB de São Paulo, e ao senador Wellington Fagundes, do PR de Mato Grosso. Os elementos colhidos indicam que Temer delegou a seus subordinados a responsabilidade de cuidar do decreto.
Os questionamentos mais incisivos da PF estão no último tópico, que levanta suspeitas sobre o recebimento de propina pelo presidente em troca de benefícios às empresas portuárias. “Vossa Excelência recebeu alguma oferta de valor, ainda que em forma de doação de campanha eleitoral, formal ou do tipo ‘caixa dois’, para inserir dispositivos no novo decreto dos portos, mais benéficos para empresas concessionárias do setor? Se sim, explicitar as circunstâncias e quais providências tomou”, diz a pergunta número 49. No questionamento seguinte, a PF mira seus aliados: “Solicitou que Rocha Loures, João Baptista Lima Filho ou José Yunes recebessem recursos em nome de Vossa Excelência, em retribuição pela edição de normas contidas no novo decreto dos portos, de interesse e mais benéficas para empresas concessionárias de terminais portuários públicos e privados? Se sim, apresentar justificativas e detalhar circunstâncias”.
A PF identifica Rocha Loures como o principal interlocutor do Planalto com o setor portuário nas tratativas do novo decreto. O ex-assessor de Temer foi alvo de interceptações telefônicas nas quais discutia o assunto com Ricardo Mesquita, diretor da empresa Rodrimar. O interesse da empresa era que o decreto prorrogasse a ocupação das áreas anteriores a 1993, que são exploradas pela Rodrimar mas estão com o prazo de concessão vencido. Por isso, a PF pergunta a Temer: “Tem conhecimento se Rocha Loures recebeu alguma proposta de valores indevidos, para buscar melhores benefícios, inclusive inclusão de solução para os contratos em concessões ‘pré-93’, no novo decreto dos portos?”.
O lobby da Rodrimar para prorrogar os contratos pré-1993, porém, não deu resultado, porque a Casa Civil barrou a inclusão desse item. Em outra interceptação telefônica, a PF flagrou o assessor jurídico da Pasta, Gustavo Rocha, avisando a Rocha Loures que não seria possível conceder o benefício: “É uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso. [As empresas] já conseguiram coisas demais nesse decreto”.
A investigação já teve um efeito prático: o governo decidiu que as três áreas ocupadas pela Rodrimar no Porto de Santos serão colocadas em licitação neste ano. A Rodrimar se beneficiava da lentidão na tramitação de processos administrativos do Ministério dos Transportes que, há mais de três anos, analisavam a legalidade de seus contratos. Mas todas as três áreas exploradas pela Rodrimar já estão com prazo vencido. Em um ofício de 6 de novembro juntado ao inquérito, o ministro Maurício Quintella, do PR, concluiu que as três áreas serão colocadas para licitação em 2018. O ministro informa ainda que as mudanças implantadas pelo novo decreto “não se aplicam aos contratos portuários da empresa Rodrimar”.
Nas demais perguntas, a PF quer saber se Temer atuava diretamente na arrecadação de suas campanhas, incluindo o uso de caixa dois, se possui vínculo com o setor portuário, qual foi sua participação na confecção do Decreto dos Portos e detalhes de sua relação com figuras como Ricardo Mesquita (diretor da Rodrimar), Antônio Celso Grecco (presidente da Rodrimar) e Marcelo de Azeredo, ex-presidente da Codesp (estatal que opera o porto) entre 1995 e 1998.
Os depoimentos colhidos pela PF confirmaram o lobby da Rodrimar junto ao governo. O assessor jurídico da Casa Civil, Gustavo Rocha, revelou à PF que Rocha Loures, o deputado Beto Mansur e o senador Wellington Fagundes o procuraram para defender a questão dos contratos pré-1993, o que beneficiaria a empresa. Segundo Rocha, não havia “respaldo jurídico” para incluir no decreto o benefício às concessões pré-1993. Questionado sobre a participação de Temer, ele afirmou que não discutiram detalhes do decreto. “O presidente Michel Temer não repassou nenhuma orientação especial para o declarante sobre a análise do Decreto 9048/2017, esclarecendo que de modo geral o presidente não tem conhecimento sobre os detalhes da análise das normas que são submetidas à Casa Civil, mas sem dúvida o presidente acompanha e tem conhecimento dos temas em discussão”, disse à PF.
Procurado, o Palácio do Planalto afirmou que Temer “não recebeu nada direta ou indiretamente” em troca de benefícios no decreto. “O presidente não discutiu com empresários da Rodrimar. O governo criou um grupo de técnicos para cuidar do assunto, com audiências realizadas e registradas em atas e, em alguns casos, até mesmo gravadas para dar segurança e transparência a todo processo”, afirmou o Planalto, acrescentando que o decreto não beneficiou a Rodrimar. Rocha Loures afirmou que nunca recebeu proposta financeira para atuar em favor da Rodrimar. Beto Mansur disse que foi procurado por empresários do Porto de Santos, cidade da qual foi prefeito, pedindo que acompanhasse a elaboração do decreto. Já a defesa de Wellington Fagundes informou que ele tratou do assunto porque é presidente da frente parlamentar de logística. Ricardo Mesquita, diretor da Rodrimar, disse que não houve promessa financeira a integrantes do governo e que um parecer jurídico do setor portuário dava uma solução aos contratos pré-1993, mas não foi acatado.
Leia a íntegra das 50 perguntas da Polícia Federal para Michel Temer:
Histórico profissional
Do conhecimento e relação com os investigados
Do acompanhamento da questão sobre concessões de terminais portuários, a partir de 2013
Vínculos e confiança em relação aos atos praticados por Rodrigo Rocha Loures
Do conhecimento sobre atos praticados pelos investigados durante a elaboração e tramitação do projeto para novo decreto dos portos, a partir de 2016.
Do suposto favorecimento ou conhecimento sobre ação visando favorecimento de empresas do setor portuário, por meio do novo decreto dos portos, inclusive pagamentos indevidos
Um grande marco na administração do Governo do Tocantins no ano de 2017 foi ter colocado fim às tendas do Hospital Geral de Palmas (HGP). Com a inauguração das obras de reforma, mais duas alas com 192 leitos foram entregues, ampliando de 147 para 334 a quantidade total de leitos na maior unidade hospitalar do Estado.
Jesuino Santana Jr
O 2º andar do HGP conta com 96 leitos de internação e 48 quartos. A entrega da obra promoveu maior conforto aos pacientes, acompanhantes e servidores atuantes na unidade. No 3º andar, foram instalados mais 96 leitos de internação. Ambos os ambientes são climatizados.
As inaugurações das obras do HGP colocam fim a um longo período, que se arrastava desde as gestões anteriores. “Estamos em um momento de humanização, vivendo a honra de poder inaugurar essa parte da obra, dentre tantas outras que ainda temos que entregar aqui no HGP”, ressaltou o governador Marcelo Miranda.
O governador Marcelo Miranda, a vice Claudia Lelis e o secretário Marcos Musafir visitam paciente, durante a inauguração da nova ala do HGP
De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Marcos Musafir, o processo de ampliação do hospital segue pelos próximos meses, onde estão previstas a entrega de outro centro cirúrgico, ampliação de leitos de Unidade de Terapia Intensa (UTI) adulto e infantil, além de novas alas de emergência clínica e centro de trauma. “Concluídas estas obras no ano que vem, o Norte do Brasil vai ter um dos maiores hospitais públicos do País funcionando a pleno vapor”, afirmou.
A técnica em enfermagem, Maria Luisa Ferreira, viu as novas enfermarias como um local que irá beneficiar os pacientes e servidores. "É um espaço mais arejado, mais amplo. Fico feliz, pois proporcionará uma estrutura melhor para os pacientes e servidores", destacou.
Para a paciente Lucélia Oliveira do Nascimento, do município de Novo Alegre, o conforto do ambiente é o grande destaque. “As instalações novas têm ar-condicionado e está tudo ótimo. É muito importante esta inauguração, pois vai beneficiar outros pacientes", disse.
Além da conclusão de parte da reforma do HGP, outras ações também marcaram a gestão do Governo na área da Saúde tocantinense no ano de 2017, como a entrega do Centro de Informações e Decisões Estratégicas em Saúde (IntegraSus), a realização do mutirão de Cirurgias Ortopédicas, a entrega de reformas de unidades hospitalares no interior do Estado e a regulagem do estoque de medicamentos e insumos.
Ainda no HGP, o Governo inaugurou, no mês de março de 2017, o Banco de Olhos do Tocantins, formado por uma equipe multidisciplinar e com estrutura que permite a abordagem, a captação, o preparo e o armazenamento de córneas para transplante. Equipe identifica os potenciais doadores e aborda familiares na busca do consentimento pela doação.
IntegraSus
Inaugurado em 2017, o Centro de Informações e Decisões Estratégicas em Saúde (Integra Saúde Tocantins) funciona dentro da Secretaria de Estado da Saúde. Nele, estão centralizadas informações coletadas de todos os segmentos da saúde para que sejam tratadas, analisadas, disponibilizadas e sirvam de subsídio para que técnicos possam coordenar, com mais precisão, as ações do Sistema Único de Saúde (SUS) no Tocantins.
Esse foi o 2º Centro implantado no Brasil e ele é responsável por monitorar em tempo real os indicadores de saúde. Durante a inauguração, também foram entregues, pelo governador Marcelo Miranda, veículos e ambulâncias a vários municípios tocantinenses.
Mutirão de Cirurgias Ortopédicas e Exames Noturnos
No Hospital Infantil Público foi realizado o 11º Mutirão Nacional de Cirurgia da Criança. Ao todo, 25 crianças foram atendidas
O Mutirão de Cirurgias Ortopédicas no HGP atendeu a pacientes que estavam na lista de cirurgias eletivas ortopédicas do Serviço de Regulação do Estado. Eles tiveram a oportunidade de passar por procedimento cirúrgico de alta complexidade de quadril e joelho, por meio de parceria entre o Governo do Tocantins e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into).
Com relação às cirurgias ortopédicas de baixa, média e alta complexidade, o Estado cumpriu e superou o número de 128 pacientes acordado em audiência realizada dia 14 de junho de 2017, com a Defensoria Pública do Estado (DPE).
As cirurgias ocorreram nas unidades hospitalares de médio porte do Estado de Porto Nacional, Paraíso e Miracema, além do HGP, num total de 373 pacientes de julho a agosto. No mês de setembro, foram realizadas 329 cirurgias ortopédicas nestes quatro hospitais sendo 32 eletivas no HGP, já da iniciada Força Tarefa acordada em juízo.
Já o Exame Noturno, realizado no HGP, a pacientes oriundos de 126 municípios do Tocantins que estavam na fila de espera para realização de exames de alta complexidade, ocorreu entre os dias 3 de agosto e 21 de setembro. O objetivo foi reduzir o tempo de espera, promover o diagnóstico preciso e precoce, em alguns casos, e acelerar o tratamento.
De acordo com os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, foram realizados 1.931 exames, sendo 358 tomografias, 611 ressonâncias e 962 mamografias a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Para realização dos procedimentos, o Governo ajudou os pacientes com o deslocamento até a Capital. Segundo o setor de Regulação da Saúde, eram esperados 3.124 pessoas, que constavam nos sistemas dos municípios, mas nem todos compareceram.
Hospitais Regionais, Catracas Biométricas e UTI Pediátrica
Além das ações citadas acima, são também destaques na gestão de Marcelo Miranda, na área da Saúde, a entrega de mais de 80 leitos nos hospitais de Paraíso e Porto Nacional; reforma de ampliação do Hospital Regional de Augustinópolis (HRA); instalação de equipamento de raios-x no Hospital Regional de Xambioá (HRX); entrega da obra de adequação e ampliação e retomada do atendimento no Centro Cirúrgico do Hospital de Alvorada; retorno do atendimento médico 24 horas no Hospital de Dianópolis; reforma do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) II, em Araguaína; entrega de ambulâncias; e entrega de leitos para UTI.
Com o objetivo de adotar um sistema mais rígido de segurança e controle de entrada e saída dos servidores e usuários, o Governo do Tocantins instalou catracas biométricas e câmeras de segurança nas 18 unidades hospitalares e nos anexos da Secretaria de Estado da Saúde no mês de agosto.
“A partir de agora, conseguiremos ter uma maior eficácia nas escalas dos plantões, porque teremos como garantir que o profissional cumpriu sua jornada do início ao fim”, argumentou o diretor administrativo do Hospital Geral de Palmas (HGP), Leonardo Toledo.
O governador Marcelo Miranda, a vice Claudia Lelis e o secretário Marcos Musafir visitam paciente, durante a inauguração da nova ala do HGP
Outra ação da gestão é o investimento no valor de R$ 568.014,47 em mais dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica que serão instalados em Araguaína, no Hospital Municipal Eduardo Medrado.
Ainda em Araguaína, foi inaugurada a Casa Divina Providência de acolhimento a gestantes, bebês e puérperas. O local, mantido pelo Hospital Dom Orione, atende uma reivindicação de 2013, onde o Estado assinou convênio para implementação da Rede Cegonha, do Ministério da Saúde, que visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério.
Estoque de Medicamentos e Insumos
Uma notícia bastante positiva para os pacientes e usuários do serviço público de Saúde foi o fato de o Governo ter regulado a compra de medicamentos e materiais nas unidades hospitalares de todo o Estado. Quando assumiu a gestão, o governador Marcelo Miranda encontrou os estoques com apenas 50% de abastecimento. Atualmente, esse número saltou para 85%, com previsão de alcançar 90% ainda no final do ano.
Novas ambulâncias foram entregues pelo Governo do Tocantins para as prefeituras do interior do Estado
Isso aconteceu em razão de do governador ter determinado, em 2015, quando assumiu o Governo do Tocantins, a implantação de um sistema de padronização de medicamentos, que por meio da série histórica do consumo de cada hospital possibilita a compra correta, evitando atraso e gerando economia.
“Nós já estivemos aqui antes e a situação era bem diferente. Atualmente, o que vemos é resultado de planejamento e de comprometimento de toda equipe da Saúde. Nos próximos meses a meta é chegar a 90% de abastecimento e isso é motivo para nos alegrar, porque tudo isso resulta no bom atendimento ao paciente”, afirmou o governador Marcelo Miranda.
Saúde Infantil
No mês de abril, o Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR) realizou o primeiro implante de marca-passo em bebê. O procedimento de alta complexidade do hospital foi um sucesso. Na ocasião, a menina de 26 dias, Ayla Vitória Silva da Conceição, nasceu com bloqueio atrioventricular congênito, ou seja, com frequência cardíaca de 40 bpm, bem abaixo do que é considerado normal: de 110 a 120 bpm. A menina, que mora com os pais em Araguaína, região norte do Estado, leva atualmente uma vida normal.
Já no Hospital Infantil Público (HIP), foi realizado o 11º Mutirão Nacional de Cirurgia da Criança. Ao todo, 25 crianças foram atendidas, com 30 procedimentos cirúrgicos entre hernioplastias inguinal e umbilical, orquidopexia e postectomia. Os procedimentos foram realizados pelo Serviço de Cirurgia Pediátrica do HIP, composto pelos cirurgiões pediátricos.
Ainda na área da saúde infantil, mais de 20 crianças que estavam na lista do Serviço de Regulação Estadual para realização de cirurgias eletivas foram beneficiadas em ação que ocorreu no Hospital Regional de Augustinópolis (HRA). O hospital realizou o 1º Mutirão de Cirurgia Pediátrica da unidade e beneficiou pacientes de 9 meses a 12 anos, referenciados de 24 municípios, com o total de 23 procedimentos.
Edital deve sair nos próximos dias; ao todo serão ofertadas 1.040 vagas, sendo 1.000 para soldados e 40 para oficiais da Polícia Militar
Por Jarbas Coutinho
Considerado fundamental para reforçar o efetivo da corporação e a segurança pública no Estado, o concurso da Polícia Militar do Estado do Tocantins já é uma realidade. O governador Marcelo Miranda assinou o contrato com a empresa Assessoria em Organização em Concursos Públicos LTDA (AOCP), vencedora da licitação para realização do certame. A assinatura ocorreu na manhã desta quinta-feira, 4, em solenidade realizada na sala de reuniões do Palácio Araguaia. Ao todo serão ofertadas 1.040 vagas, sendo 1.000 para soldados e 40 para oficiais da Polícia Militar.
Com a assinatura do contrato o próximo passo será a publicação do edital do concurso, que deverá ocorrer no período de 8 a 12 de janeiro. Tão logo isso ocorra serão abertas as inscrições por um período de 30 dias. A expectativa é que as provas de cunho intelectual sejam realizadas na segunda quinzena de março.
Para o governador, a formalização do contrato significa um passo importante para realização do concurso, que vai permitir reforçar o policiamento e proporcionar a sensação de segurança à população em todo o Tocantins. “A realização desse concurso é um compromisso da minha gestão e tenho a grata satisfação em dizer que o setor de segurança pública, nos últimos anos, tem recebido uma atenção redobrada”, destacou, lembrando os investimentos relacionados à PM, a exemplo da expansão e renovação da frota de viaturas e aquisições de equipamentos e armas, entre outros.
O comandante geral da Polícia Militar, coronel Edvan Jesus Silva, ressaltou o desejo de realizar todas as etapas na maior brevidade possível, mas com transparência e respeitando os prazos legais. “A idéia é concluir uma fase e iniciar a outra imediatamente, para que ainda este ano possamos ter todos esses profissionais integrando os quadros da Polícia Militar, e fortalecermos ainda mais a segurança em nosso Estado, como deseja o governador Marcelo Miranda”.
O representante da AOCP, Wesley Faria, disse que o concurso da PM é bastante atrativo, principalmente em virtude da remuneração dos profissionais da corporação, que está entre as melhores do Brasil, e a expectativa é de mais 40 mil inscritos. Ele explicou que o valor da taxa de inscrições e outras informações sobre o certame ainda estão sendo acertadas pela comissão do concurso e podem ser conferidas no edital que será publicado nos próximos dias.
A solenidade contou com a presença de deputados estaduais, do prefeito de Porto Nacional, Joaquim Maia, secretários de Estado e presidentes de associações militares, entre outras autoridades.
Condenado ou não, julgamento colocará em contraposição militantes e oposicionistas, e pode influenciar nas coligações
Por Edson Rodrigues
Independente de se condenado ou absolvido pelo TRF 4 (Tribunal Regional da 4ª Região, em Porto Alegre, RS), a simples presença do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva no tribunal do júri trará para as ruas a militância do PT e, fatalmente, os que não querem mais ver Lula como cidadão com legitimidade para concorrer a qualquer eleição.
O ex-ministro José Dirceu, por exemplo, disse que o julgamento de Lula noTribunal de 2ª instância será o “dia da revolta”.Através de mensagens, ele afirmou “éhora de agir e não de falar”.
Dirceu também sugeriu que os petistas transformemsuas energias “em fúria, revolta, indignação e ódio”echamou o julgamento de Lula de “fraude jurídica”.
Em 2016, Dirceu foi condenado (por Sérgio Moro) porlavagem de dinheiro, corrupção passiva e organizaçãocriminosa.Em setembro do mesmo ano, a pena dele foi aumentada(pelo TRF-4 – 2ª instância) para 30 anos e nove mesesde prisão, mas ele permanece solto.
Esse clima sugerido pelo PT coloca todo o Brasil em um clima de grande tensão no próximo dia 24.
Se Lula for absolvido, o Ministério Público Federal ainda pode recorrer às instâncias superiores. Se Lula for condenado por dois votos a um, a defesa terá dois dias para apresentar embargos infringentes e pedir para o voto que beneficia o réu prevaleça sobre os demais e haverá um novo julgamento, desta vez, por sete juízes federais, incluindo os três da Turma do TRF 4.
Mas, se Lula for condenado por unanimidade, a defesa terá dois dias para apresentar embargos declaratórios, que são recursos que questionam omissões ou dúvidas em um processo judicial.
Portanto, tanto a condenação quanto a absolvição do ex-presidente terá consequências diretas no processo sucessório, uma vez que Lula lidera todas as pesquisas de intenção de voto com o dobro do segundo colocado, seja em qual panorama tenha sido feita a pesquisa, o que significa que a decisão do próximo dia 24 vai trazer efeitos nas decisões de milhões de eleitores brasileiros em todos os estados do País, principalmente porque terá a maior e mais completa cobertura política da história da mídia brasileira, com a participação ativa das mídias sociais.
TOCANTINS
No Tocantins a incógnitas permanecem, principalmente em relação ao resultado do julgamento do ex-presidente Lula, pois qualquer que seja o resultado, como já falamos, haverá uma grande movimentação política a partir dessa decisão.
O Prefeito da Capital, Carlos Amastha, que costuma dar um banho de marketing pessoal sobre os demais pré-candidatos, vive sob o peso de ter chamado os políticos tocantinenses de “vagabundos, incompetentes e corruptos” e ter, ele próprio, Amastha, sido indiciado pela Polícia Federal.
Como suas críticas são sempre direcionadas aos congressistas e parlamentares, Amastha mudou de alvo, mirando, agora na própria Polícia Federal que, segundo ele, “deveria lhe pedir desculpas por tê-lo acusado sem provas”. Essa declaração, na visa da maioria da sociedade, não passa de mais uma jogada de marketing, numa tentativa de ludibriar os eleitores.
Amastha ainda aparece muito bem colocado nas pesquisas internas dos partidos, baseado apenas em seu marketing pessoal e no fato de ter sido considerado o terceiro melhor prefeito de capitais brasileiras em uma pesquisa, m as, infelizmente, para ele, isso não vem bastando para que nomes de peso da política tocantinense se coloquem à disposição de “vestir a carapuça” de “vagabundo, incompetente e corrupto”, tornando uma possível candidatura de Amastha uma questão ainda indefinida.
Já a senadora Kátia Abreu, recém eleita presidente da Federação de Agricultura do Tocantins, tem sua pré-candidatura mais que confirmada, porém, com o empecilho de estar sem partido e de ter que conseguir uma legenda que a aceite, de cara, como líder e mandatária incontestável, com a prerrogativa de indicar os nomes e coligações para a chapa majoritária, o que, venhamos e convenhamos, seria, no mínimo, humilhante.
É certo, porém, que Kátia Abreu não se filiará a nenhum partido ligado ao presidente Temer ou à sua base de apoio, tendendo a optar em alguma coisa mais próxima do PTB e do próprio PT, pois conta com o apoio irrestrito do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff.
O prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas, se afastará, esta semana, do seu cargo para fazer uma série de visitas a municípios em algumas regiões do Estado para fazer contato com lideranças políticas, empresariais e classistas, em mais um esforço concentrado para dar mais visibilidade ao seu nome.
E o nome que pode desequilibrar, de forma positiva, o processo sucessório, que é o governador Marcelo Miranda, começa a dar sinais de que será, mesmo, candidato à reeleição, lembrando que, caso opte por se reeleger, entra na disputa com a vantagem de o Estado estar com os cofres abarrotados de recursos para obras, advindos de emendas impositivas, convênios com o governo federal e dos empréstimos levantados junto à Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Mundial.
Com essa verba em mãos, Marcelo Miranda deve assinar ordens de serviço em todos os 139 municípios do Estado, que será transformado em um verdadeiro canteiro de obras, aquecendo a economia, gerando empregos e resgatando compromissos de campanha, o que, todos sabem, são grandes “cabos eleitorais” em qualquer parte do mundo.
ELEIÇÃO “TEMPERADA”
Logo, não será por falta de “tempero” que as eleições de outubro próximo passarão para a história do Tocantins - e do Brasil – como uma das mais acirradas.
Um concorrente falastrão que quer “desculpas” da polícia Federal, uma concorrente com prestígio, mas sem partido, um concorrente admirado pela capacidade administrativa, mas que precisa ser conhecido pelo resto do Estado, um concorrente vindo do mundo jurídico – Dr. Márlon Reis – que criou o nacionalmente conhecido bordão “ficha limpa”, um governador que enfrentou inúmeros desafios, mas soube ter a verba para obras necessárias no momento certo e, para dar o toque final, um ex-presidente sob julgamento, cujo resultado vai interferir diretamente no “gosto final” do processo sucessório.
Sem contar que ainda falta um ingrediente crucial nesse “caldeirão”, que são as operações da Polícia Federal no Tocantins, que podem “dar azia” em muitos pretensos candidatos, inclusive o que espera “desculpas” da PF, mas que pode receber uma “garrafa” de malagueta pra engolir à seco...
Realmente temos um caldeirão repleto de temperos e essa “fervura” ainda vai dar muito o que falar....
Em carta entregue ao presidente Michel Temer ele afirma que assumiu governo "falido" e "despedaçado".
Yara Aquino da A Br
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, entregou hoje (3) carta de demissão ao presidente Michel Temer, em reunião no Palácio do Planalto. Ele anunciou a decisão por meio das redes sociais. Na carta, Pereira explica que deixa a pasta para se dedicar a questões pessoais e partidárias. O Palácio do Planalto não comentou o pedido de demissão.
Marcos Pereira é presidente licenciado do PRB e pode disputar cargo eletivo na próxima eleição.
Essa é a segunda baixa no ministério do presidente Temer em menos de 10 dias. Na semana passada, Ronaldo Nogueira deixou o comando do Ministério do Trabalho também para se candidatar nas eleições. Nos últimos dias, o presidente Temer tem conversado com integrantes do PTB em busca de um nome para assumir o Ministério do Trabalho.
Caros amigos, colegas do PRB, povo brasileiro: entreguei hoje ao presidente Michel Temer meu pedido de demissão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Cumpri com muita dedicação esta missão que me honrou muito. Abaixo segue a íntegra da carta.
Balanço
Na carta de três páginas, Marcos Pereira faz um balanço das ações de sua gestão no ministério, iniciada em maio de 2016. Ele registra que “assumimos um governo falido, despedaçado, com todos os índices econômicos negativos e sem perspectiva de melhora de vida” e que o governo enfrentou os desafios e o país “encontrou seu curso novamente”.
Pereira finaliza o texto dizendo que espera ter honrado o setor produtivo brasileiro e seu partido, o PRB, e agradece a confiança do presidente Temer. Ele justifica o pedido dizendo que “preciso deixar o ministério para poder me dedicar a questões pessoais e partidárias”.
Na sua conta no Twitter, Pereira também agradeceu os servidores e secretários do ministério pelo trabalho realizado nos últimos 21 meses.