Evento para sancionar projeto que isenta quem ganha até R$ 5 mil do Imposto de Renda está marcado para a manhã desta quarta-feira (26), no Palácio do Planalto
Por Isabel Mega e Pedro Venceslau
Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiram não ir ao evento de sanção da ampliação da faixa do IR (Imposto de Renda), marcado para a manhã desta quarta-feira (26), n Palácio do Planalto.
Os dois estão em Brasília e cumprirão outras agendas durante cerimônia. O gesto é considerado um recado ao governo sobre a má relação com o Congresso Nacional neste momento.
O Planalto esperava um grande evento e com presença maciça dos parlamentares.

Hugo e Alcolumbre foram consideradas peças essenciais para que a proposta do IR fosse aprovada ainda neste ano pelo Congresso Nacional. Nas duas casas, o projeto de lei teve unanimidade.
Parlamentares ligados à cúpula do Congresso lembram, inclusive, que o Legislativo ampliou a faixa de isenção para R$ 7.350 mil, de forma escalonada.
O presidente da Câmara rompeu na semana passada com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), e acusa o partido de fazer uma campanha contra ele nas redes sociais, o que a legenda nega.
Hugo também está com a relação estremecida com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, desde a escolha de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do PL Antifacção, aprovado pela Câmara na semana passada.
Por Edson Rodrigues
Na manhã desta segunda-feira (24), a sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em Palmas, foi palco de uma cerimônia marcada pela entrega de maquinários e pela assinatura de contratos de pavimentação em diversos municípios tocantinenses. A solenidade foi conduzida pela senadora Dorinha Seabra (União Brasil) e contou com a presença do deputado federal Carlos Gaguim, das deputadas estaduais Janad Valcari d Vanda Monteiro e do deputado estadual Jair Farias, além de prefeitos, vereadores e lideranças políticas das cidades contempladas. O prefeito de Axixá, Aury Wulange, representou os prefeitos presentes na mesa diretora do evento.
Entrega de equipamentos
Nove municípios receberam maquinários que irão reforçar a capacidade operacional das prefeituras: Ananás, Axixá do Tocantins, Esperantina, Formoso do Araguaia, Jaú do Tocantins, Barrolândia, Novo Alegre, Cariri do Tocantins e Couto Magalhães. O investimento total foi de R$ 2.988.167,16, contemplando seis retroescavadeiras, um trator agrícola e duas pás carregadeiras.
Obras de pavimentação

Além da entrega dos maquinários, foram assinados 12 contratos de pavimentação em diferentes municípios. As obras incluem recapeamento asfáltico, aplicação de bloquete intertravado e Tratamento Superficial Duplo (TSD). Em Almas, será realizado o TSD no valor de R$ 2 milhões. Aragominas receberá pavimentação em bloquete intertravado de R$ 1,5 milhão. Em Araguaçú, o investimento também será de R$ 1,5 milhão em TSD. Brasilândia terá obras em bloquete intertravado no valor de R$ 1,5 milhão. Já Caseara contará com recapeamento asfáltico de R$ 2 milhões. O município de Combinado receberá R$ 1,5 milhão em bloquete intertravado, enquanto Mateiros terá o mesmo tipo de obra e valor. Em Miranorte, o recapeamento asfáltico somará R$ 2 milhões. Nazaré será contemplada com R$ 1,5 milhão em bloquete intertravado. Em Pedro Afonso, o investimento também será de R$ 1,5 milhão para obras em bloquete intertravado. Ponte Alta do Tocantins terá pavimentação no mesmo formato e valor, e por fim, Riachinho será beneficiado com recapeamento asfáltico de R$ 2 milhões.
Entrevista exclusiva
Em entrevista ao portal O Paralelo 13, a senadora Dorinha Seabra avaliou o ano de 2025 e falou sobre os desafios de 2026, quando dividirá sua atuação parlamentar com a pré-candidatura ao governo do Tocantins.
O Paralelo 13: 2025 foi um ano de intensa atividade parlamentar. Em 2026, ano eleitoral, como será feita a alternância entre o mandato e a pré-campanha?
Dorinha Seabra: “Não tem ruptura, tem separação de ação. O maior formato de pré-campanha vai ser o meu trabalho. O calendário eleitoral já separa os dois momentos. Eu sou uma senadora que moro no Tocantins, nunca morei fora. Venho toda semana, então minha base continua sendo aqui. Nossa expectativa é poder apresentar tudo que já estamos preparando de propostas e ouvir as pessoas, que é o diferencial. A política pode voltar a ser uma esperança para o tocantinense.”
O Paralelo 13: Há possibilidade de participação do governador afastado Wanderlei Barbosa em sua chapa majoritária?
Dorinha Seabra: “A construção de chapa ainda é muito recente. Hoje a ideia é de diálogo, que vai acontecer com todos os partidos. Wanderlei é uma liderança importante, assim como outros líderes, e o diálogo vai acontecer.”

A cerimônia reforçou o compromisso da senadora Dorinha Seabra em fortalecer a infraestrutura dos municípios tocantinenses, tanto com a entrega de maquinários quanto com investimentos em pavimentação. Ao mesmo tempo, a parlamentar sinalizou que sua atuação em 2026 será marcada pela continuidade do trabalho legislativo aliado ao diálogo político em torno de sua pré-candidatura ao governo do Estado.
CORRELATA
Codevasf destaca parceria com parlamentares federais

Em entrevista exclusiva a O Paralelo 13, o superintendente da Codevasf no Tocantins, César Felix, ressaltou o papel fundamental da bancada federal na captação de recursos e na viabilização de benefícios para os municípios do estado. A fala ocorreu durante a cerimônia de entrega de maquinários e assinatura de ordens de serviço, realizada nesta segunda-feira em Palmas, sob a coordenação da senadora Dorinha Seabra, líder da bancada tocantinense.
Parceria
Segundo César Felix, 2025 foi um ano marcado por conquistas e investimentos. Ele destacou que a Codevasf tem sido uma grande aliada do Tocantins, atendendo a todos os parlamentares federais por meio de convênios e parcerias. “É um ano que a gente tem que agradecer a Deus, porque foi muito positivo. Só gratidão por essa parceria com nossos parlamentares federais. A senadora Dorinha vem investindo muito em nosso estado, trazendo recursos importantes”, afirmou.
Entregas e obras

Durante o evento, foram assinadas ordens de serviço que beneficiarão 12 municípios com diferentes modalidades de pavimentação, incluindo TSD (Tratamento Superficial Duplo), CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), capa asfáltica e bloquete intertravado. Além disso, houve a entrega de maquinários, continuidade de um trabalho que já vem sendo realizado ao longo de 2025.
César destacou que a atuação da bancada tem garantido resultados concretos: “Nós já atendemos 139 municípios do Tocantins. Cada cidade recebeu ou uma obra de pavimentação ou maquinário. Todos foram beneficiados graças a essa parceria entre a Codevasf e os parlamentares.”
Expectativas para 2026

O superintendente também projetou um cenário positivo para o próximo ano. “2026 será um ano de grandes expectativas. Os parlamentares já estão destinando muitos recursos e nossa previsão é atender todos os municípios, seja com pavimentação ou com maquinários, conforme as solicitações feitas pelos prefeitos junto aos seus representantes federais. Será um ano muito positivo, com muitos benefícios chegando às cidades”, disse.
Mensagem aos prefeitos
Ao final da entrevista, César Felix deixou uma mensagem de reconhecimento e incentivo aos gestores municipais e ao governo estadual: “A palavra é gratidão. Essa coordenação tem ajudado muito os municípios. Cada prefeito deve continuar dialogando com os parlamentares para que possamos atender cada vez mais às necessidades locais. É dessa forma que conseguimos fortalecer o Tocantins.”
Por Edson Rodrigues
O deputado estadual Jair Farias (MDB) fez um balanço positivo de sua atuação em 2025 e reforçou, em entrevista exclusiva ao Observatório Político de O Paralelo 13, que está preparado para disputar uma vaga na Câmara Federal em 2026. Na conversa, o parlamentar destacou as parcerias com a bancada federal, a importância da Codevasf para os municípios tocantinenses, comentou a crise política no Estado com o afastamento do governador Wanderlei Barbosa e reiterou apoio à pré-candidatura da senadora Professora Dorinha (União Brasil) ao Governo do Tocantins e à reeleição do senador Eduardo Gomes (PL).
MANDATO AVALIADO COMO “ALTAMENTE POSITIVO”
Jair Farias afirmou que o mandato de deputado estadual em 2025 foi “altamente positivo”, apesar do atraso na sanção do Orçamento da União. Segundo ele, o trabalho foi marcado pela forte articulação com prefeitos, vereadores, vice-prefeitos, associações, igrejas e movimentos da sociedade civil organizada, tanto na região Norte quanto em municípios do Sul do Estado, como Porto Alegre do Tocantins e Gurupi.
O parlamentar destacou o papel das parcerias com a bancada federal para destravar recursos e projetos: “Nós temos conseguido um trabalho forte com os municípios, com articulação junto ao governo do Estado e também à bancada federal, principalmente com a senadora Dorinha, o senador Eduardo Gomes e o deputado Carlos Gaguim, que têm contribuído muito com o nosso mandato”, afirmou.
CODEVASF COMO “PORTO SEGURO” DOS MUNICÍPIOS

Na entrevista, concedida durante agenda na sede da Codevasf, onde acompanhou a entrega de máquinas e equipamentos aos municípios, Jair Farias classificou a companhia como um “divisor de águas” para o Tocantins. Ele lembrou que, quando foi prefeito, não contava com a estrutura da Codevasf no Estado.
O deputado fez questão de creditar ao senador Eduardo Gomes a articulação política que trouxe a Codevasf para o Tocantins, ainda no governo Jair Bolsonaro, e disse que hoje a companhia é um porto seguro para os 139 municípios: Caminhões basculantes, retroescavadeiras, pá-carregadeiras, caminhões compactadores de lixo, caminhões de carroceria, caminhonetes, tratores e implementos agrícolas – listou o parlamentar, reforçando que o volume de equipamentos é tão grande que muitos municípios têm dificuldade até de manter a estrutura de garagem e manutenção.
Para Jair Farias, a Codevasf fortalece diretamente a agricultura familiar, as associações e a oferta de serviços básicos de infraestrutura, especialmente na manutenção de estradas vicinais e apoio ao pequeno produtor rural.
CRISE POLÍTICA E AFASTAMENTO DE WANDERLEI BARBOSA
Questionado sobre o afastamento do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e a posse do governador interino Laurez Moreira, Jair Farias adotou tom cauteloso, mas defendeu o direito de defesa do chefe do Executivo. “É muito prematuro afirmar que ele não volta ou que volta com certeza. O que eu defendo é que ele tenha direito ao contraditório e à ampla defesa. Pelo que sabemos, o governador foi afastado, mas ainda nem é réu no processo. Eu espero que a justiça seja feita e que ele tenha a oportunidade de se defender”, afirmou.
Aliado de Wanderlei, o deputado reconhece que o cenário cria insegurança jurídica e política no Tocantins, mas diz que continua cumprindo sua função: “Nós estamos tocando nosso trabalho, visitando as bases, conversando com a sociedade e buscando soluções para as demandas do nosso povo.”
CRÍTICAS AO PACOTE DE R$ 3 MILHÕES PARA MUNICÍPIOS

Jair Farias também comentou a proposta do governador em exercício, Laurez Moreira de destinar R$ 3 milhões no orçamento para os municípios. Apesar de reconhecer que, se os recursos forem liberados, serão bem-vindos, ele disse ver a medida com preocupação.
O parlamentar lembrou que recentemente o governo decretou situação de calamidade pública alegando falta de recursos e agora anuncia um grande volume de repasses aos municípios: “Eu não sei de onde está tirando o dinheiro se até pouco tempo se dizia que o Estado não tinha recursos. Ou está sendo criada uma narrativa de que o Estado estava quebrado ou estamos diante de uma mudança muito rápida em 60 dias. Espero que, se esses recursos forem mesmo liberados, isso seja feito de forma igualitária, respeitosa, e sem discriminar municípios por questões políticas.”
APOIO A DORINHA AO GOVERNO E A EDUARDO GOMES AO SENADO
Na seara eleitoral, Jair Farias confirmou que apoia a pré-candidatura da senadora Professora Dorinha ao Governo do Tocantins em 2026. Ele elogiou a trajetória da parlamentar e a classificou como “altamente preparada” para pacificar o Estado e implementar políticas públicas estruturantes.
O deputado ressaltou o papel da senadora na educação e na articulação nacional:

“Ela não precisa mais provar nada para ninguém. Foi gestora da educação do Tocantins, deputada federal, coordenadora da bancada, hoje senadora e uma das responsáveis pela nova lei do Fundeb. É respeitadíssima em Brasília e tem bom trânsito nas mais altas esferas de governo. Eu acredito no projeto da professora Dorinha e na possibilidade de termos a primeira mulher governadora do Tocantins”, disse.
Além disso, Jair Farias reafirmou seu alinhamento com o senador Eduardo Gomes, de quem é aliado, e defendeu a reeleição do parlamentar, hoje vice-presidente do Senado.
CAMINHO PARA A CÂMARA FEDERAL EM 2026
O deputado é hoje apontado nos bastidores como um dos nomes mais fortes para a disputa de deputado federal nas eleições de 2026, impulsionado pelo trabalho de base, pela proximidade com prefeitos e pela boa avaliação em várias regiões do Estado.
Na entrevista, ele evitou tom triunfalista, mas não escondeu que está pronto para dar o próximo passo: a migração da Assembleia Legislativa para Brasília. O discurso é ancorado na ideia de que sua atuação estadual, com forte presença nos municípios, credencia seu nome para representar o Tocantins na Câmara dos Deputados.
FIM DE ANO
Ao final da conversa, Jair Farias deixou uma mensagem de otimismo aos tocantinenses, com forte tom religioso:
“A minha mensagem é de fé, de coragem e de esperança. Que não percamos a esperança e que tenhamos confiança de que dias melhores virão para o nosso povo. Eu acredito que ninguém consegue derrotar aqueles que Deus escolheu para vencer.”
Com um mandato avaliado por ele como exitoso, sustentado em parcerias com a bancada federal e uma base municipalista consolidada, Jair Farias entra em 2026 como um dos protagonistas da disputa por uma cadeira na Câmara Federal, ao lado do projeto político que reúne a senadora Dorinha e o senador Eduardo Gomes no tabuleiro sucessório do Tocantins.
No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), admitiu que a votação da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal dificilmente ocorrerá ainda este ano. Messias foi indicado pelo presidente Lula.
Por Julia Lindner - G1
A relação entre o Palácio do Planalto e a cúpula do Congresso sofreu um desgaste evidente nesta segunda-feira (24), após declarações públicas de lideranças das duas Casas exporem atritos com o governo e entre si.
No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), admitiu que a votação da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) dificilmente ocorrerá ainda este ano, em meio a um desgaste na relação com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP). Na Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), rompeu politicamente com o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).
A soma dos episódios acendeu um alerta no governo Lula sobre a fragilidade da articulação política em um momento sensível — com o fim do ano legislativo se aproximando e pautas importantes pendentes de votação.
No Senado, a indicação de Jorge Messias trava em meio a uma “tensão muito grande”.

Jorge Messias indicado para STF
Um dos sinais da dificuldade é que Jaques Wagner (PT-BA), está há alguns dias sem conseguir qualquer contato com o presidente Davi Alcolumbre, que decidiu cortar a relação após a indicação de Messias ao Supremo. A outros senadoras, o amapaense tem deixado claro que não tem pretensão de retomar o contato com o líder do governo.
Entre os motivos da insatisfação de Alcolumbre, está o fato de Jaques ter defendido em mais de uma ocasião o nome de Messias para o STF publicamente, mesmo antes da definição do presidente Lula sobre a escolha. Alcolumbre, por sua vez, trabalhava pela escolha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Jaques Wagner afirmou que não há condições políticas nem calendário suficiente para votar a indicação de Messias em dezembro.
“Eu acho que nós não teremos tempo hábil para votar ainda no mês que se inicia na segunda-feira que vem”, disse o senador.
Wagner listou obstáculos concretos — como as apenas quatro semanas úteis até o recesso e a pauta carregada pela tramitação da LDO e do Orçamento —, mas admitiu que o fator político pesa tanto quanto o cronograma.
Segundo ele, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ficou “chateado” por não ter sido avisado antecipadamente da escolha de Messias por Lula, o que gerou um clima de “tensão muito grande” na Casa.
“Tem que esperar um pouco, esfriar um pouco essa tensão”, afirmou Wagner, sugerindo que a sabatina de Messias pode ficar para 2026.
Apesar do atrito, o líder do governo defendeu que sempre foi transparente com os colegas e negou ter alimentado expectativas sobre outro nome.
Crise na Câmara

Na Câmara um outro conflito veio a público.
O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou à "Folha de S.Paulo":
“Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias.”
Procurada, a assessoria de imprensa de Motta confirmou o rompimento.
A declaração ocorreu após uma sequência de desentendimentos entre os dois, especialmente em torno de votações sensíveis nas últimas semanas.
Ao longo do dia, Lindbergh subiu o tom contra Motta. À GloboNews, afirmou não ter intenção de buscar uma reaproximação com o presidente da Câmara.
Segundo Lindbergh, a posição de Motta é “imatura” e o presidente da Câmara age de maneira “errática”.
Lindbergh chegou a ironizar a proximidade de Motta com aliados da oposição, como o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Política não se faz como clube de amigos. Minhas posições políticas são transparentes e previsíveis”, disse o petista nas redes sociais.
“Se há uma crise de confiança na relação entre o governo e o presidente da Câmara, isso tem mais a ver com as escolhas que o próprio Hugo Motta tem feito. Ele que assuma as responsabilidades por suas ações.”
Decisões recentes de Motta que desagradaram o Planalto foram a derrubada da medida provisória do IOF, a PEC da Blindagem e a escolha, sem consulta ao governo, do deputado Guilherme Der
Impacto no Planalto
Os dois movimentos — o emperramento da indicação ao STF e o confronto direto entre Hugo Motta e o líder do PT na Câmara — são vistos no governo como sintomas de um desgaste mais profundo:
as cúpulas das duas Casas estão insatisfeitas com a articulação política;
Lula perdeu controle sobre o ritmo e o ambiente das votações;
a coalizão governista enfrenta dificuldades para manter alinhamento interno.
Integrantes do Planalto avaliam que a crise pode contaminar temas essenciais e tornar imprevisível a votação da LDO e do Orçamento.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou à Folha que rompeu com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ). "Não tenho mais interesse em ter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh Farias", declarou
Por Victoria Azevedo
O tensionamento entre os dois políticos pode acentuar os desgastes na relação do governo Lula (PT) com a Câmara, num momento em que há atritos também do Palácio do Planalto com o Senado. De acordo com dois líderes da Casa próximos a Motta, a relação entre os dois, agora, será meramente institucional.
Nos últimos meses, o grupo de Motta se queixava da atuação de Lindbergh, acusando o parlamentar de se exaltar nas discussões e buscar desgastar a imagem da Câmara junto à opinião pública. A cúpula da Casa também critica o comportamento do deputado nas reuniões semanais com líderes e Motta, afirmando que ele atua como se fosse líder do governo, quando deveria responder só pela bancada do PT.
Três homens vestidos com ternos escuros conversam em ambiente fechado, possivelmente uma sessão legislativa. O homem ao centro está sentado, apontando com a mão direita, enquanto os outros dois se inclinam próximos a ele, ouvindo atentamente. O fundo é desfocado, com outras pessoas e luzes indiretas visíveis.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao centro, e o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), à direita na imagem - Pedro Ladeira-1º.out.25/Folhapress
O petista é um dos deputados mais atuantes na defesa do governo e de suas pautas na Casa e tem usado publicações nas redes sociais e falas na tribuna para fazer essa disputa política.
A discussão do projeto de lei antifacção, aprovado na Câmara na semana passada, acentuou o desgaste na relação de Motta com Lindbergh, dizem aliados do parlamentar. Integrantes da cúpula da Câmara se queixam, sob reserva, da atuação do governo e de seus ministros na tramitação da matéria, acusando-os de incentivar ataques à Câmara e do que consideram "narrativas" acerca do conteúdo do texto.
Motta escolheu como relator do projeto enviado pelo Executivo —e apontado como principal resposta de Lula à crise na segurança pública após megaoperação no Rio— o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, considerado o potencial adversário do petista em 2026.
A decisão do presidente da Câmara gerou contrariedade entre integrantes do Planalto e tensionou o debate da matéria. O relator fez uma série de mudanças ao texto que foram criticadas pelo governo federal. Diante disso, o Executivo orientou votação contra a proposta, mas acabou sendo derrotado. O texto, agora, está em análise pelo Senado.
O próprio Motta falou publicamente do descontentamento em entrevistas e publicações nas redes nos últimos dias.
Um cardeal do centrão diz que, hoje, o clima entre os parlamentares e o Planalto é muito ruim, citando também o que classifica como acordos não cumpridos do Executivo —na redistribuição de cargos, na baixa execução orçamentária e em relação às matérias em discussão na Casa.
Esse parlamentar prevê maior tensionamento nos próximos dias. Aliados de Motta negam, no entanto, que haja um rompimento com Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), responsável pela relação entre Executivo e Legislativo, mas afirmam que a relação do parlamentar com a ministra também foi abalada.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é apontado por líderes do centrão como um nome que atua para distensionar a relação da cúpula da Casa com o Planalto.
Motta assumiu a presidência da Câmara no começo deste ano, após conseguir apoio de quase todos os partidos da Casa, indo do PT ao PL. Lindbergh e Gleisi foram alguns dos entusiastas do apoio do partido e do governo à candidatura de Motta e trabalharam para viabilizar essa aliança.
De lá para cá, no entanto, a relação do Palácio do Planalto com a Câmara foi de altos e baixos, marcada por um sentimento de desconfiança mútua. Episódios como a derrubada de decreto presidencial do IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) pelos deputados, a decisão de não avançar com MP (medida provisória) que aumentava impostos e, mais recentemente, a tramitação do projeto de lei antifacção desagradaram o governo.
Em abril do ano passado, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou rompimento com o então ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Naquela ocasião, o deputado disse que Padilha era seu "desafeto pessoal" e o chamou de "incompetente". Lula decidiu manter o ministro no cargo mesmo assim.
Com minoria da esquerda na Casa, a relação do Planalto com a Câmara neste terceiro mandato do petista foi marcada por instabilidades. Esse novo tensionamento entre os deputados e o governo ocorre num momento de ruído também na relação do governo com o Senado, principal fonte de governabilidade da gestão até o momento.
A indicação de Jorge Messias para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) gerou contrariedade na cúpula da Casa, que trabalhava pelo nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que era considerado um dos principais aliados de Lula no Congresso, pautou a votação de uma pauta-bomba horas após o anúncio de Messias e afirmou a interlocutores que trabalhará contra a indicação do atual chefe da AGU.