Ex-presidente revisita região mais pobre do estado. No Vale do Rio Doce, exaltou expansão do ensino, e disse que ainda pretende ver seus perseguidores se desculparem

 

Com Estadão Conteúdo

e Brasil Atual

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou em discurso realizado nesta terça-feira, 24, que concorrerá às eleições gerais de 2018. "Quero dar um aviso a partir de Governador Valadares. Se alguém quiser evitar que eu seja candidato, só tem um jeito: tenha coragem, crie um partido político e tente me derrotar nas urnas", desafiou. O comício foi transmitido pela página do PT no Facebook em meio à caravana de Lula por Minas Gerais, iniciada nesta segunda-feira, 23.

 

No discurso, Lula fez referência a uma "grande campanha de filiação do PT". O ex-presidente pediu aos presentes que participassem da ação e fizessem campanhas em suas cidades, escolas e locais de trabalho. "É importante que a gente faça uma grande campanha de filiação para fazer do PT mais uma vez o mais importante partido político desse País", disse.

 

No discurso, ele criticou duramente a imprensa, dizendo que "estão tentando destruir o PT desde 2005". O ex-presidente defendeu sua inocência nas investigações da Lava Jato e disse novamente que aguarda pedidos de desculpas da imprensa e das instituições pelos ataques que diz sofrer. "O que eu fico mais prazerosamente feliz é que eles já 'futucaram' a minha vida, já invadiram a minha casa, já levantaram o colchão da minha cama, já invadiram a casa dos meus filhos e até agora eu desafio eles a mostrar um centavo." Lula aproveitou ainda para manifestar apoio à ex-prefeita de Governador Valadares Elisa Costa (PT), indiciada por improbidade administrativa na relação com empresas investigadas na Operação Mar de Lama em janeiro deste ano.

 

O ex-presidente também aproveitou o discurso para destacar os investimentos dos governos petistas no campo da educação e para defender a área como um setor estratégico na melhoria de vida da população. "Quando a gente forma um homem ele vira cidadão; se uma mulher tem profissão, ela não é obrigada a viver com homem a troco de um prato de feijão", afirmou.

 

A caravana por Minas Gerais, parte da 'Caravana Lula pelo Brasil', terá duração de 8 dias. Lula visitará 12 cidades e deverá chegar à capital mineira no dia 30 de outubro.

Posted On Quarta, 25 Outubro 2017 06:58 Escrito por O Paralelo 13

O plenário da Câmara deve votar nesta quarta-feira (25) a segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer

 

Por Débora Brito - da Agência Brasil

 

Temer é denunciado pelos crimes de obstrução da Justiça e organização criminosa. No mesmo processo, são denunciados ainda os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, por organização criminosa.

 

Durante a votação, os deputados irão decidir se autorizam o Supremo Tribunal Federal (STF) a investigar o presidente e os ministros. Para isso, são necessários que 342 dos 513 deputados votem pela autorização do prosseguimento da denúncia na Justiça, conforme determina a Constituição Federal. Se isso não ocorrer, a denúncia fica suspensa e o presidente só poderá ser processado após deixar o mandato.

 

A denúncia já foi analisada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que aprovou o parecer do relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pela inadmissibilidade da denúncia.

 

Rito da votação

A sessão no plenário destinada a votar o parecer aprovado na CCJ está prevista para começar às 9h. O rito da votação deve tomar todo o dia.

 

Para iniciar a sessão, é preciso quórum mínimo de 52 deputados. Depois de alcançado esse número, o relator terá 25 minutos para apresentar seu parecer em plenário.

 

Em seguida, cada um dos advogados dos três denunciados poderá se manifestar pelo mesmo tempo do relator.

 

Apresentados o parecer e as defesas, deputados favoráveis e contrários à denúncia poderão discutir a matéria por até cinco minutos cada um. Quando dois parlamentares de cada lado tiverem falado, poderá ser apresentado um requerimento de encerramento da discussão que deverá ser submetido à votação do plenário.

 

O processo de votação só poderá ser iniciado depois de encerrada a discussão e de alcançado o quórum de pelo menos 342 deputados em plenário.

Novamente, quatro deputados, dois favoráveis e dois contrários ao parecer, poderão se manifestar para encaminhar a votação. Os líderes partidários também poderão falar por até um minuto para orientar o voto de suas bancadas.

 

Votação aberta

Assim como na votação do impeachment de Dilma Roussef e da primeira denúncia contra Temer, a votação será aberta. Cada parlamentar será chamado para proclamar o voto no microfone do plenário. A chamada será por ordem alfabética, alternando os representantes dos estados do Norte e do Sul do país.

 

Denúncia

No dia 14 de setembro, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Em junho, Janot havia denunciado o presidente pelo crime de corrupção passiva.

Desta vez, Temer é acusado de ser o líder de uma organização criminosa desde maio de 2016 até 2017, segundo a denúncia.

 

De acordo com a denúncia, o presidente e outros membros do PMDB praticaram ações ilícitas em troca de propina, por meio da utilização de diversos órgãos públicos. Além de Temer, são acusados de participar da organização criminosa os integrantes do chamado "PMDB da Câmara": Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco.

 

A acusação aponta que os denunciados receberam pelo menos R$ 587 milhões de propina. No esquema, Temer seria o responsável por negociar cargos de órgãos públicos, como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e Furnas, que seriam ocupados pelos acusados em troca de apoio à base do então governo. Na denúncia, Janot cita que a organização contaria com a participação de integrantes do PP, do PT e do PMDB no Senado.

 

Em relação à denúncia de obstrução da Justiça, Janot diz que o presidente teria incentivado os executivos da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, a pagar vantagens a uma irmã do doleiro Lúcio Funaro para evitar que ele firmasse acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

 

Os empresários e o doleiro são denunciados pela tentativa de impedir as investigações sobre a organização criminosa. Funaro acabou firmando acordo com os investigadores, que se basearam nas informações de sua delação para elaborar a denúncia contra Temer e os demais.

Todos os denunciados negam as acusações.

Posted On Quarta, 25 Outubro 2017 06:54 Escrito por O Paralelo 13

Após emplacar a emenda impositiva na Bancada do Congresso Nacional, de R$160 milhões, o senador Vicentinho Alves coordenador da bancada em Brasília comemora com os deputados federais que apoiam Marcelo Miranda, o trabalho que tem gerado muitas conquistas para o Tocantins, uma delas é que o Executivo seja o gestor dos recursos das obras dos 139 municípios tocantinenses

 

Por Edson Rodrigues

 

Neste momento, Vicentinho Alves e Vicentinho Jr, se preparam para receber de oito a dez prefeitos vindos do PSD, e três prefeitos do PSB. Estes estão vindo do Partido Social Democrático (PSD), comandado no Tocantins pelo deputado federal Irajá Abreu e também do Partido Socialista Brasileiro (PSB), presidido por Carlos Amastha, como novos e valorosos companheiros, que ingressarão no Partido Republicano (PR).

 

 

 Prefeito falastrão perdendo musculatura

 

Além dos gestores municipais, ex-gestores, ex-vereadores, lideranças políticas valorosas também filiarão-se ao partido. Estes novos membros chegam ao PR para somar forças à sigla.

 

Atualmente, os “Vicentinhos” estão unidos em apoio à reeleição do governador Marcelo Miranda. O líder da bancada do Congresso e o deputado federal Vicentinho Júnior festejam também emendas individuais, que ambos conseguiram direcionar para os municípios de suas bases eleitorais.

 Segundo auxiliares do senador, as agressões deferidas a ele, em alusão a declaração de Carlos Amastha, que em julho deste ano chamou todos os políticos tocantinenses de “corruptos e vagabundos”, serão respondidas com trabalho, serviços prestados ao povo tocantinense, liberações de emendas parlamentares para os municípios.

 

Tendo em vista o perfil de Vicentinho Alves pode-se afirmar que críticas e agressões nunca o incomodou, uma vez que em toda sua vida pública preocupou-se em responder o clamor do povo, com geração de empregos, levando desenvolvimento.

 

Ambos, pai e filho, tem auxiliado na gestão do governador Marcelo Miranda, que em Brasília buscam firmar parcerias, convênios, visitado ministérios, o que tem retornado ao Tocantins em serviços.

 

Um exemplo de todo o empenho e resultado das ações são os anúncios de obras como a construção de rodovias, duas grandes pontes, uma na região do Bico do Papagaio, em Xambioá que liga o Tocantins ao Pará, e outra em Porto Nacional, sobre o Rio Tocantins, no qual a Ordem de Serviço foi assinada na segunda-feira, 22, pelo governador Marcelo Miranda. Além da infraestrutura, a saúde também tem sido prioridade para o senador, que conseguiu recursos para a construção e ampliação de hospitais.

 

Debandada de prefeitos do PSD pode complicar reeleição de Irajá Abreu

 

Por outro lado, a debandada dentro do PSD põe em risco a reeleição do deputado federal Irajá Abreu. Diante disso, o deputado perderá a musculatura política no Estado, o que levará sem sombras de dúvidas o enfraquecimento em suas bases eleitorais, como as de sua mãe a senadora Kátia Abreu (atualmente sem partido).

 

Ainda assim, é fato de que Irajá Abreu é um político centrado, no entanto a atual conjuntura não é favorável, pois a união, parceria e trabalho dos governos Estadual e Federal, com o apoio de lideranças, deputados estaduais e federais, e do senador Vicentinho Alves fortalece o governo do Tocantins.

 

Mas como todos sabem, na política nada é exato, o tempo se encarrega de revelar quem está no caminho certo.

Posted On Terça, 24 Outubro 2017 20:28 Escrito por O Paralelo 13

Tendo em vista a divulgação por órgãos da imprensa de que as duas Emendas Impositivas da Bancada do Tocantins ao Orçamento da União de 2018 foram inadmitidas, prestamos os seguintes esclarecimentos:

1. A declaração de inadmissibilidade de uma emenda orçamentária tem de ser proposta pelo Comitê de Admissibilidade de Emendas e votada pelo plenário da Comissão Mista de Orçamento – CMO, nos termos do Artigo 25 a Resolução do Congresso Nacional nº 1, de 2006:   “Ao Comitê de Admissibilidade de Emendas compete propor a inadmissibilidade das emendas apresentadas, inclusive as de Relator, aos projetos de lei orçamentária anual, de diretrizes orçamentárias e do plano plurianual”.   Parágrafo único. Os relatórios das matérias de que trata o caput não poderão ser votados pela CMO sem votação prévia do relatório do Comitê, salvo deliberação em contrário do Plenário da CMO.

2. O Comitê de Admissibilidade de Emendas – CAE sequer concluiu a análise das emendas apresentadas ao Orçamento de 2018 e tem como prazo limite para a votação do seu relatório a data de 13/12/2017, mesma data prevista para a votação do Relatório Final ao Orçamento de 2018 na CMO, conforme cronograma anexo.

3. As formalidades para apresentação, análise e aprovação das emendas parlamentares são de competência privativa do Congresso Nacional, não cabendo a qualquer autoridade do Poder Executivo declarar a inadmissibilidade de emenda.

4. É importante ressaltar a observância do disposto na Resolução nº 1, de 2006, que  “Dispõe sobre a Comissão   Mista  Permanente  a   que se refere o § 1º do art. 166 da   Constituição,  bem   como  a   tramitação  das   matérias  a  que se refere o mesmo artigo”.  

Brasília, 24 de outubro de 2017
Senador VICENTINHO ALVES Coordenador da Bancada do Tocantins

Posted On Terça, 24 Outubro 2017 16:38 Escrito por O Paralelo 13

ÉPOCA RESSALTA OS VACILOS DA JUSTIÇA EM RELAÇÃO À LAVA JATO. ISTOÉ REVELA QUE MAIA ARTICULOU DELAÇÃO E VEJA CONTA QUE MINISTROS DO TCU ESTÃO NA BERLINDA

 

Da redação

 

ÉPOCA

A elite política vence a Lava Jato

Em meio ao burburinho da sessão da Comissão de Constituição e Justiça, na quarta-feira, dia 18, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) defendeu o presidente Michel Temer. Havia horas o colegiado debatia o relatório do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), que recomendava a rejeição de um pedido da Procuradoria-Geral da República para investigar Temer pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça. Maluf classificou a denúncia contra Temer como um ato de “terrorismo” contra a economia nacional. “Quem aqui pode levantar a mão e dizer ‘eu estou aqui sentado sem ter pedido recurso para ninguém, minha campanha custou zero’? Todos pediram recursos. Eu pedi e Michel Temer pediu. Mas de acordo com a lei”, disse Maluf, um veterano em ser alvo e reclamar de denúncias. Uma semana antes, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmara sua condenação à prisão pelo crime de lavagem de dinheiro. Entre outras coisas, Maluf é acusado de movimentar ilegalmente US$ 15 milhões entre 1998 e 2006 em contas no paraíso fiscal de Jersey, uma ilha no Canal da Mancha.

 

A experiência na causa explica a ousadia de Maluf. Tamanha é a rejeição do presidente Michel Temer nas ruas – apenas 3% dos entrevistados da mais recente pesquisa consideram seu governo ótimo ou bom –, que nenhum de seus colegas foi tão longe quanto Maluf, a ponto de defender Temer por aspectos morais, como a “honestidade” ou a “probidade”. Preferiram atacar a Operação Lava Jato na pessoa do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que encaminhou a denúncia no mês passado. “Quem merece crédito? O pinguço pego no porão de uma distribuidora de bebidas tomando um trago de ‘canha’ com um advogado ou o presidente da República, que contra ele não há nada absolutamente provado?”, disse o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), em referência a um encontro em um bar entre Janot e o advogado Pierpaolo Bottini, defensor do empresário Joesley Batista, da JBS, cuja delação premiada gerou as denúncias contra Temer.

 

O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), aguerrido defensor de Temer, alargou os limites institucionais. “Agora vem uma ditadura de procuradores que se associam a bandidos delatores”, disse em sua defesa, para que a comissão rejeitasse a denúncia contra Temer. Enquanto isso, agarrado a um exemplar da Constituição e a uma cópia da denúncia grifada, o relator Bonifácio Andrada – “nosso relator”, segundo o Palácio do Planalto – defendia os “aspectos técnicos” de seu trabalho. Não era necessário. Os acordos por cargos, emendas ao Orçamento e favores eleitorais acertados pelo governo fizeram com que 39 deputados votassem a favor de Temer e só 26 contra.

 

O resultado era esperado. A dança dos discursos é que merece atenção. Os parlamentares que defenderam Temer e o ajudarão a escapar definitivamente da investigação na votação no plenário da Câmara, prevista para esta semana, não têm mais medo de desancar a Operação Lava Jato em público. Aqueles que até pouco tempo atrás repetiam com dores agudas no estômago frases como “A Operação Lava Jato tem de ser preservada” hoje podem falar abertamente o que pensam da investigação contra a corrupção. A certeza em torno disso é corroborada pela salvação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente afastado do PSDB um dia antes.

 

ISTOÉ

A sabotagem de Maia

Por mais que tente negar as aparências e disfarçar as evidências, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não consegue esconder: primeiro nome na linha de sucessão, ele foi mordido pela mosca azul – aquela que, segundo reza o anedotário político, inocula em seu alvo o veneno do desejo irrefreável de alcançar a Presidência, ilusão que acaba comprometendo sua sanidade e seu senso de realidade. Para tanto, Maia passou a jogar com a possibilidade de o presidente Michel Temer ser derrotado no plenário da Câmara na votação da segunda denúncia nesta quarta-feira 25. A hipótese é remota. Seriam necessários 342 votos contra Temer. Mas, se isso acontecer, Maia assumiria a Presidência da República. O que, segundo ele, é um sonho de todo político. “Quem está na política e não pensa em presidir o Brasil está no lugar errado”, afirma. Não, necessariamente. Mas, entre outras épocas, vale lembrar, muita gente também sonhava em ser Napoleão.

Foi movido por esse espírito que Maia saiu a campo a fim de tentar sabotar o governo. A palavra sabotagem vem do francês sabot, que significa ‘tamanco’. Surgiu quando trabalhadoras revoltadas, durante a revolução industrial, jogavam seus tamancos nas máquinas a fim de paralisá-las. Na sabotagem de Maia deu-se o inverso. Ele fez a máquina andar. Mais precisamente tornou público, por meio do site oficial da Câmara, os vídeos da delação premiada de Lúcio Funaro, em que o doleiro faz graves acusações a Michel Temer. Tratou-se de um gesto estritamente pessoal: conforme apurou ISTOÉ foi o próprio Maia, na noite de sexta-feira 29 de setembro, quem pediu a um servidor da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que disponibilizasse os depoimentos de Funaro. Coube ao funcionário entrar em contato com os responsáveis pelo site da Câmara. Eram 19h30 quando Maia emitiu a ordem. Uma hora depois estava tudo pronto para o conteúdo bombástico entrar no ar. Maia acompanhou tudo de perto. Só descansou depois que o “enter” foi pressionado.

 

Os ofícios do Supremo Tribunal Federal com arquivos digitais anexos e que continham mais de um terabyte de informações chegaram à Câmara dos Deputados no dia 21 de setembro. Entre os dias 22 e 28 de setembro, o presidente da Câmara consultou aliados, entre eles o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) em pelo menos duas reuniões na residência oficial. Nos encontros, avaliou os riscos da exposição. Pesados pós e contras, mandou “tocar adiante”. “Maia sabia dos riscos o tempo todo. E, óbvio, agiu de modo a constranger o governo”, afirmou uma das pessoas envolvidas na operação. Somente na sexta-feira 13, ou seja quase 20 dias depois, é que a imprensa se deu conta da existência do material e o trouxe à luz. A dica teria partido do próprio gabinete de Maia. O problema é que os documentos divulgados pertenciam a inquérito que corre em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal. E, segundo o ministro Edson Fachin, foram entregues à presidência da Câmara sob esta mesma condição. Ou seja, foi cometido um crime de violação de sigilo. Não só deste como de mais três inquéritos: contra Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A liberação dos vídeos causou espanto (e pronta reação) do advogado de Temer, Eduardo Carnelós. Carnelós, em nota, considerou o vazamento “criminoso”, com o intuito de “causar estardalhaço” às véspera da votação da segunda denúncia. Maia sentiu o golpe, ameaçou processar Carnelós e o chamou de “incompetente e irresponsável”. Em seguida, reconheceu que foi o responsável pela divulgação dos vídeos da delação de Funaro, mas garantiu que manteve reunião com o ministro Fachin e a presidente do STF, Cármen Lúcia, e não ouviu deles nenhuma restrição de acesso a qualquer parte da documentação. Fachin, no entanto, derrubou a inverossímil versão: insistiu em que tudo que se refere à colaboração premiada continuava e continua sob sigilo.

 

O armistício durou pouco

O gesto de Maia é uma prova contundente de sua agenda negativa. Michel Temer preferiu não alimentar a polêmica e desautorizou as críticas de seu advogado. O presidente tem feito todo o possível para reconquistar o apoio de Rodrigo. Depois do bate-boca de Maia com Carnelós, Temer pediu que Antônio Imbassahy, ministro-chefe da Secretaria de Governo, procurasse o presidente da Câmara e tentasse acalmá-lo. Imbassahy encontrou-se com Maia na noite do domingo 15 e também no café da manhã da segunda. Ofereceu-lhe a presidência do BNDES, em nome do governo. Como sinal de paz, Maia suspendeu a viagem que faria ao Chile exatamente durante a votação da CCJ, que deu ganho de causa a Temer. “Não poderia abandonar a Câmara num momento em que se votava sobre um assunto tão grave”, justificou-se. Na conversa com Imbassahy, foi agendada a audiência de Maia com Temer, pois os dois não se encontravam há quase um mês. Mas o clima de reconciliação, como se viu, durou muito pouco.

 

Em sua busca incessante de razões para se afastar de Temer, Maia criou um novo atrito na noite da quarta-feira 18. Após o encontro de uma hora que manteve com o presidente no Palácio do Planalto, de 4h30 às 5h30 da tarde, foi divulgada a informação de que se discutiu na reunião o rito de votação da denúncia contra o presidente. Foi o bastante para Rodrigo Maia virar uma arara. Emitiu uma nota oficial esclarecendo que a versão era falsa. E acusou o Palácio de disseminar “intrigas”. Ainda na nota, disse que “não havia sentido algum tratar de rito processual de votação de um Poder da República com o presidente de outro Poder, muito menos quando é um deles que está sendo processado e julgado com seus ministros”. Quer dizer, apesar das promessas de bandeira branca, tudo permaneceu como estava.

 

Mudança de perfil

Se, na época da votação da primeira denúncia da PGR contra Temer, Maia fazia juras de amor, hoje ele encontra a todo momento motivos para se distanciar do Palácio do Planalto. Em julho, ele garantiu que aprendeu em casa “a ser leal e correto e serei com o presidente Michel Temer sempre”. Agora, seu discurso ganhou um tom bastante sinuoso. Em entrevista na terça-feira 17, ao falar da segunda denúncia, Maia explicou que, como membro do DEM, faz parte da base aliada, mas como presidente da Câmara tem de se manter imparcial. Portando, já não está tão comprometido assim com os ensinamentos de família. Na imagem cunhada por Brizola, não é exagero dizer que Maia “está costeando o alambrado”. Em entrevista, na quinta-feira 19, voltou a subir o tom: “Não sou apêndice do Poder Executivo”, afirmou.

Não faltam exemplos da predisposição de Maia para alimentar crises artificiais. Age como um sabotador, com a missão de criar problemas para o governo. Suas reações são sempre intempestivas. Provocou uma tempestade em copo d’água diante da manobra do PMDB para atrair dissidentes do PSB. Do alto de seu mau-humor, promoveu jantar com desgarrados do PMDB, como Kátia Abreu e o senador Renan Calheiros. “Querendo ou não, Maia é uma opção institucional para o País”, afirmou Kátia após o convescote. O Palácio do Planalto preferiu ficar em silêncio. Um silêncio, neste caso, mais do que eloqüente.

 

No íntimo, o objetivo do presidente da Câmara, ao desencadear os mais recentes movimentos políticos, é transmitir a impressão de que ele reúne condições de confrontar o Executivo quando a circunstância impõe, de que não articula a favor de um presidente que responde a duas denúncias criminais e, principalmente, e que é alguém capaz de seguir sem sobressaltos a agenda do mercado e do empresariado. Qual seja, a que prevê a votação de todas as medidas econômicas e reformas estruturais que ajudem o País a deixar de vez a crise. Em suma, quer se apresentar como opção segura e confiável, na eventualidade de o caos se instalar.

 

A mudança radical no comportamento de Maia guarda relação não apenas com o atual momento político do País. Tem a ver também com as eleições de 2018. Com o cenário eleitoral ainda confuso, Maia acha que pode sobrar mesmo para ele. Agora ou, quem sabe, mais adiante. “Imagine um quadro em que o PSDB não alcance um consenso e o PMDB chegue em 2018 em frangalhos? O DEM de Maia surge como alternativa. E, óbvio, Maia quer estar bem posicionado nesse jogo”, afirmou um aliado do parlamentar. Sonhar não custa nada. Abordado, Maia entabula de pronto um raciocínio decorado. Diz ser candidato a duas reeleições. Primeiro a deputado por seu Estado. Depois, novamente à Presidência da Câmara. No DEM, hoje, Rodrigo Maia é o plano B caso as negociações destinadas a abrigar na legenda o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), fracassem. “Se o cavalo passar encilhado, Maia quer estar pronto para subir”, disse um aliado do parlamentar. Até porque, como diz o provérbio gaúcho, cavalo encilhado não passa duas vezes. Com tantos movimentos ousados, porém, o risco é ele cair do cavalo antes.

 

VEJA

Os ministros do TCU, o iate e a mansão de Joesley

Em meados do ano passado, a Lava Jato já havia deflagrado três dezenas de operações. As empresas do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, ainda não haviam caído na teia, mas já eram alvo de investigações que apuravam suspeitas de pagamento de propina para obter financiamentos no BNDES e na Caixa Econômica Federal. Na época, longe de Brasília, no píer de uma mansão em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, uma pequena lancha aportou para apanhar um grupo que havia chegado para um fim de semana de lazer. Todos a bordo, a embarcação rumou mar adentro, até encontrar o iate Why Not. Para os ministros Vital do Rêgo e Bruno Dantas, ambos do Tribunal de Contas da União (TCU), era o começo de um animado dia de mordomias, com boa comida, champanhe e vinho da melhor qualidade, tudo diante de uma paisagem deslumbrante.

 

Joesley já confessou ter habilidades especiais para corromper. Quando não pagava propina para atingir seus objetivos, usava outras artimanhas para capturar a simpatia de figuras importantes do poder. Não foi por outra razão que o empresário convidou os ministros para o passeio no sábado 11 de junho de 2016, quando o TCU já analisava os empréstimos suspeitos dos Batista. Combinar o encontro com Bruno Dantas e Vital do Rêgo foi relativamente fácil. O empresário ficara sabendo que os dois estavam no Rio, onde haviam participado, na véspera, de um seminário. O convite foi feito — e aceito.

 

No iate de 10 milhões de dólares, o grupo foi recebido pelo próprio Joesley. Antes de eles se reunirem em torno de uma mesa de queijos, o dono da JBS, hoje preso, apresentou a embarcação, de 30 metros de comprimento, três andares, quatro quartos (incluindo uma suíte de 20 metros quadrados), cozinha, sala de estar e um amplo deque com jacuzzi.

 

 

Posted On Domingo, 22 Outubro 2017 06:06 Escrito por O Paralelo 13
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