Ao pedir a prisão preventiva de Fabrício Queiroz, o Ministério Público do Rio citou três contatos que, anotados à mão numa caderneta, poderiam ajudar a família quando o ex-assessor de Flávio Bolsonaro fosse detido. No entanto, o material apreendido com a mulher dele em dezembro do ano passado não se limita a isso. Segundo imagens às quais o Estadão teve acesso, Márcia Oliveira de Aguiar tinha nessa espécie de agenda-guia números de celulares atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, ao próprio Flávio, à primeira-dama Michelle e a diversas pessoas ligadas à família.

 

Do Estadão

 

Em outras páginas, há ainda contatos e anotações sobre policiais, pessoas envolvidas com a milícia e políticos do Rio. Um desses contatos estaria guardando uma pistola Glock para Queiroz enquanto o ex-assessor se escondia em São Paulo, segundo a anotação de Márcia.

 

O ex-assessor Fabrício Queiroz no dia em que foi detido pela Polícia Civil de São Paulo  Foto: EFE/Sebastião Moreira

 

Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia, interior de São Paulo, na casa de Frederick Wassef, então advogado de Flávio no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio. Márcia é considerada foragida desde então. O nome do ex-assessor parlamentar veio à tona em dezembro de 2018, quando o Estadão revelou movimentações financeiras atípicas no gabinete de Flávio na Alerj.

 

No pedido de prisão preventiva no mês passado, a Promotoria mencionou apenas três nomes que poderiam favorecer Queiroz caso ele fosse levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), vinculado à Polícia Militar. Mas, no material bruto, outros contatos figuram com comentários que também indicam orientações do marido enquanto estava escondido. Outros  – como os telefones atribuídos a Bolsonaro, Flávio e Michelle  – não vêm acompanhados de anotações específicas e aparecem apenas com nome e número. 

 

A família presidencial compõe parte significativa dos papéis. Numa mesma folha, dois números de Jair e um de Michelle aparecem juntos; noutra, um celular de Flávio e um de sua mulher, Fernanda. Há ainda o contato de Max Guilherme Machado de Moura, ex-segurança e hoje assessor especial do presidente, além do sócio de Flávio na loja de chocolate investigada por suposta lavagem de dinheiro, Alexandre Santini.

 

Bolsonaro não é  – e nem poderia ser, por causa do foro especial  – investigado pelo Ministério Público do Rio. Também não há indícios, nas conversas mantidas por Márcia no período em que ela a família passaram a ser investigados, de que tenha havido alguma troca de mensagem entre a mulher de Queiroz e o presidente e seus parentes.

 

Não é possível saber a data exata das anotações, já que eram feitas à mão. Algumas indicações de Márcia, contudo, deixam claro que foram escritas depois da eleição de 2018. Políticos que estão em primeiro mandato na atual legislatura já apareciam ali identificados pelos seus respectivos cargos. É o caso dos deputados estaduais Rodrigo Amorim (PSL) e Marcelo do Seu Dino (PSL), o federal Lourival Gomes (PSL-RJ) e o segundo suplente de Flávio no Senado, Léo Rodrigues, que atualmente é secretário de Ciência e Tecnologia do governo de Wilson Witzel (PSC). 

 

As páginas do bloquinho têm no rodapé a mensagem “Jesus, eu confio em Vós” e, no canto superior direito, a imagem divina. Foram apreendidas em dezembro de 2019, quando o Ministério Público cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Queiroz. Segundo a investigação, o caderno era uma espécie de guia para Márcia caso o marido fosse preso e ela não estivesse entre os alvos.

 

Entre os contatos, há um coronel identificado como amigo de Queiroz e “braço direito do Bração (sic)”, uma possível referência a Domingos Brazão, ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado por suspeitas de corrupção, ou um de seus irmãos, os deputados Pedro e Chiquinho Brazão. Isso porque Márcia já demonstrara, em outros momentos, uma tendência a trocar o "s" ou o "z" pelo "ç", como quando escreveu “preço” em vez de “preso”.

 

Domingos Brazão também tem longo histórico de acusações por envolvimento com milícias. Chegou a ser apontado como um possível mandante da morte de Marielle Franco, apesar da tese ter sido descartada pelos investigadores fluminenses. O coronel, que seria seu “braço direito”, é registrado no caderno de Márcia como alguém que pode ajudar “em alguma coisa”.

 

Ainda no campo da milícia, o caderno tem o contato de pessoas ligadas a Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano - que, segundo o MP, se beneficiava da rachadinha no gabinete de Flávio. Essa relação com a família do miliciano morto em fevereiro já foi exposta em mais de um documento da Promotoria ao longo da investigação.

 

Raimunda, a mãe de Adriano que teve cargo no gabinete de Flávio e também é investigada no esquema das rachadinhas, mantinha conversas com Márcia, de quem é amiga. Alguns trechos destacados no pedido de prisão apresentado pelo MP indicam que havia uma coordenação entre interlocutores de Adriano, então foragido da Justiça desde janeiro de 2019, e de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.

 

Outra pessoa ligada a Adriano é uma mulher identificada como Andreia, que seria amiga de Raimunda e tem, sob seu nome, a seguinte anotação: “fazer deposto (sic) na conta do Queiroz”. Segundo as investigações, “deposto” seria “depósito”.

 

Além da caderneta, foi encontrado no apartamento de Márcia e Queiroz um diploma de “Amigo da Polícia Civil” concedido a Flávio em junho de 2018. Trata-se de uma homenagem feita a ele por um sindicato e uma associação de funcionários da corporação.

 

Outro pequeno caderno apreendido traz as já reveladas anotações sobre o dinheiro em espécie que foi usado para pagar o tratamento de Queiroz no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Márcia teria recebido R$ 174 mil para arcar com as despesas.

 

Esse mesmo caderno também tem registros de explicações que poderiam ser dadas para justificar o fato de ex-assessores de Flávio não comparecem à Alerj enquanto estavam empregados, como o argumento de que o trabalho da família era dar capilaridade ao mandato do então deputado estadual - ou, nas palavras anotadas por Márcia, “fazer a ponte entre a população e o político” e “representar o político em eventos”.

 

Outro lado

O deputado Rodrigo Amorim, mais votado do Rio em 2018 e conhecido na eleição por quebrar a placa de Marielle Franco, contou que conheceu Queiroz em 2016, quando o hoje parlamentar foi candidato a vice-prefeito na chapa de Flávio Bolsonaro. “Sempre o vi como um militante aguerrido, um cara que gostava de trabalhar na rua, de abordar o eleitor. Agora, se ele cometeu erros, que responda, dentro da Lei e com a ampla defesa a que tem direito.”

 

Disse ainda que espera que Queiroz seja julgado como “pessoa física”, não como “instrumento de alguns partidos políticos de esquerda interessados na destruição da reputação do senador e do presidente”.  Questionado pelo Estadão, Amorim, no entanto, não se manifestou sobre a existência de um número atribuído a ele no caderno.

 

O secretário e suplente de senador Léo Rodrigues afirmou que conhece Queiroz porque fizeram campanha juntos, mas que desconhece a existência da agenda de Márcia. “Até o momento ninguém fez contato comigo, mas não me oporia em ajudá-lo caso precisasse, sempre de forma lícita e republicana. Sobre essa suposta agenda mantida pela Márcia, mulher do Queiroz, com contatos que poderiam ajudar em algum momento durante o sumiço dele, eu desconheço.”

 

O senador Flávio Bolsonaro, o presidente e a primeira-dama foram procurados, mas até a publicação desta reportagem não deram resposta.

 

O Estadão não conseguiu contato com os deputados Marcelo do Seu Dino e Lourival Gomes; a família Brazão não respondeu até a conclusão desta reportagem.

Posted On Sexta, 03 Julho 2020 07:41 Escrito por O Paralelo 13

Presidente disse que pretende vetar o projeto de lei das fake news por considerar que ele representa "censura e ataque à liberdade de expressão"

Por iG Último Segundo 

 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou, durante sua 'live' semanal nas redes sociais, que pretende vetar o projeto de lei das fake news, caso o mesmo chegue em suas mãos para a sanção presidencial. Bolsonaro considera a lei representa "censura e ataque à liberdade de expressão". O presidente também voltou a atacar a imprensa: "Estão batendo tanto e eu só estou crescendo", disse o presidente.

 

Bolsonaro se posicionou contra o cerceamento da liberdade de expressão. Para ele, o projeto de lei das fake news vai acabar com as liberdades individuais. "Quando se fala em liberdade de expressão, se fala em democracia. Só que muitos falam em democracia da boca para fora, mas aprovam projetos que cerceiam a liberdade de imprensa. A gente não pode admitir isso daí", afirmou o presidente.

 

Segundo Jair Bolsonaro, ele é umas das pessoas mais criticadas nas midias sociais e, mesmo assim, é contra o projeto: "Eu duvido qual cidadão no Brasil é mais criticado do que eu", disse.

 

O presidente também voltou a alfinetar a imprensa, dizendo que a mídia tradicional sempre o critica. "Eu sou extremamente favorável à liberdade total da mídia, até dessas tradicionais que vivem dando pancada em mim o tempo todo. Acho que tem que continuar batendo. Estão batendo tanto e eu só estou crescendo", declarou.

 

 

"Continuem batendo, não tem problema nenhum, mas não podemos admitir a censura aqui, pelo amor de Deus", concluiu o presidente.

 

Posted On Sexta, 03 Julho 2020 07:39 Escrito por O Paralelo 13

Presidente da Câmara dos Deputados saiu vitorioso na votação de quarta

 

Por Vera Rosa

 

O adiamento das eleições municipais para novembro, aprovado ontem no plenário da Câmara, indica que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retomou o controle do Centrão. O bloco de partidos que se dispôs a apoiar o presidente Jair Bolsonaro em troca de cargos queria manter as disputas em 4 de outubro por um motivo singelo: a pressão de prefeitos. Na prática, muitos deles, candidatos a um segundo mandato, achavam que esticar o prazo da corrida eleitoral beneficiaria os adversários. O argumento era o de que quem está no poder sofre o desgaste natural do cargo e, até novembro, ninguém teria mais dinheiro em caixa para gastar.

 

Diante dessa queixa, a maioria das siglas do Centrão, sob a batuta do líder do Progressistas, Arthur Lira (AL), havia cerrado fileiras contra mudar a data das eleições. No fim de semana, porém, Maia encontrou uma saída ao conseguir negociar com o governo mais R$ 5 bilhões para que os municípios enfrentassem o impacto da pandemia do novo coronavírus.

 

Na prática, o presidente da Câmara aproveitou o descontentamento de alguns partidos do Centrão com Lira e deu um tapa com luva de pelica em Bolsonaro. Pouco antes da pandemia, o chefe do Executivo bem que tentou isolar Maia e negociar diretamente com o Centrão, com a ajuda de Lira, distribuindo cargos a legendas do bloco. Detalhe: o deputado alagoano é candidato à sucessão do presidente da Câmara, em 2021. Como nem todos os cargos prometidos saíram, porém, partidos do Centrão, como o Republicanos de Marcos Pereira, decidiram se aliar a Maia.

Posted On Quinta, 02 Julho 2020 13:01 Escrito por O Paralelo 13

PEC aprovada pelo Congresso prevê primeiro turno em 15 de novembro, e o segundo, em 29 de novembro.

 

Do Site PODER360

 

Procuradores que atuam na operação Lava Jato em Curitiba divulgaram duas notas nesta 4ª feira (1º.jul.2020) para negar que a força-tarefa tenha investigado pessoas com foro privilegiado.

 

Os textos surgem em resposta à reportagem do Poder360 que revelou que o time do procurador-geral da República, Augusto Aras, vem procurando possíveis inconsistências e erros em denúncias apresentadas.

 

Os presidentes da Câmara e do Senado (Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente) aparecem em uma das peças produzidas pela Lava Jato em Curitiba como “Rodrigo Felinto” e “David Samuel” numa extensa denúncia de dezembro de 2019. O documento era conhecido, mas nunca ninguém havia se dado conta dessa suposta ocultação. Os nomes completos são: Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia e David Samuel Alcolumbre Tobelem.

 

A denúncia tinha por objeto a lavagem de mais de R$ 1,3 bilhão pelo Grupo Petrópolis em favor do Grupo Odebrecht. Dentro da PGR (Procuradoria Geral da República), há a desconfiança de que o uso de nomes menos conhecidos tenha sido uma estratégia da força-tarefa para investigar autoridades com prerrogativa de foro especial sem ser percebida.

 

Os procuradores de Curitiba afirmaram que não houve “omissão ou camuflagem” na denúncia. Argumentaram que “parte dos nomes não coube por inteiro no campo da tabela dos beneficiários das doações“. Acrescentaram que “a denúncia não fez nenhum juízo de valor sobre as doações eleitorais feitas em relação aos destinatários, se foram lícitas ou ilícita“.

 

“A ilação de que foram investigadas pessoas com foro privilegiado, nesse caso, é absurda por várias razões. Primeiro, porque não foram investigados ou acusados os integrantes do Congresso apontados pela reportagem. Segundo, a simples menção de nome de autoridade com prerrogativa de foro não determina a remessa do caso às instâncias superiores, conforme é pacífico na jurisprudência dos Tribunais Superiores. Terceiro, porque o caso relacionado à lavagem de ativos do Grupo Petrópolis foi remetido para a primeira instância pelo próprio Supremo Tribunal Federal. De fato, o caso é desdobramento da colaboração de agentes ligados ao Grupo Odebrecht, homologado pelo STF, que decidiu enviar o caso para justiça de primeira instância. Após arquivado na Justiça Eleitoral, a força-tarefa da Lava Jato ofereceu denúncia perante a Justiça Federal de Curitiba“, defendeu-se o grupo.

 

Eis abaixo os trechos da denúncia em que aparecem os nomes de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre:

 

Eis abaixo a íntegra da nota da força-tarefa da Lava Jato:

“No contexto da denúncia, demonstrou-se a realização de uma série de gastos pelo Grupo Petrópolis em favor do Grupo Odebrecht no Brasil, que eram compensados com depósitos do Grupo Odebrecht em favor do Grupo Petrópolis no exterior.

 

3. Entre os gastos feitos pelo Grupo Petrópolis em favor do Grupo Odebrecht no Brasil, estiveram doações eleitorais. A denúncia relacionou 321 doações eleitorais feitas para políticos de diferentes partidos e que ocupam diferentes cargos públicos, as quais foram pagas pelo Grupo Petrópolis, mas feitas por comando e em favor do Grupo Odebrecht. A fonte dessas informações não foi quebra de sigilo fiscal ou bancário, mas sim o Sistema de Prestação de Contas Eleitorais, tratando-se de dados públicos acessíveis a qualquer cidadão.

 

4. A denúncia não fez nenhum juízo de valor sobre as doações eleitorais feitas em relação aos destinatários, se foram lícitas ou ilícitas, mas sim estabeleceu os pagamentos pelo Grupo Petrópolis em favor do Odebrecht, no contexto de crimes de lavagem de dinheiro. Nenhuma autoridade com foro privilegiado foi investigada ou denunciada.

 

5. Não há omissão ou camuflagem de nomes na denúncia. Parte dos nomes não coube por inteiro no campo da tabela dos beneficiários das doações – pelo menos em 38 das 321 linhas constaram nomes incompletos ou sem a identificação dos partidos. A mesma limitação de espaço se verificou em outras colunas como “Donatário”, “Doador” e “Doador Originário”. A razão disso é o fato de que a denúncia foi elaborada com base no Relatório de Informação nº 83/2019, de 10/04/2019, da Assessoria de Pesquisa e Análise do Ministério Público Federal, que apresentou diversas tabelas, o qual se encontra na íntegra, anexo à denúncia apresentada, em autos públicos, disponível para consulta. Como ali se observa, por limitação de espaço, algumas das tabelas do Relatório apresentam nomes incompletos dos beneficiários dos pagamentos, casos em que os nomes foram transcritos para a denúncia de modo incompleto. Em outras tabelas do Relatório, por haver um espaço maior para o nome do beneficiário, a indicação está completa, o que foi refletido na denúncia.

 

6. Veja-se, por exemplo, o trecho do relatório em que aparecem as doações em questão, em que a largura das colunas (Donatário, Doador e Doador Originário) não permite a visualização completa de seus conteúdos.

 

7. Aqui, veja-se exemplo de outra tabela do Relatório que, por uma simples razão de formatação, teve uma largura mais ampla das colunas, o que permitiu a visualização mais completa de seus conteúdos (Donatário, Doador e Doador Originário), o que se refletiu no modo como os nomes constaram, de modo completo, na denúncia.

 

8. O que a denúncia precisava descrever não era o nome completo dos beneficiários, porque não estavam sendo acusados e porque se tratava de uma questão lateral para a acusação de lavagem de ativos contra integrantes do Grupo Petrópolis, em que o que importava era indicar e comprovar os pagamentos feitos no Brasil pelo Grupo Petrópolis em favor do Grupo Odebrecht.

 

9. A ilação de que foram investigadas pessoas com foro privilegiado, nesse caso, é absurda por várias razões. Primeiro, porque não foram investigados ou acusados os integrantes do Congresso apontados pela reportagem. Segundo, a simples menção de nome de autoridade com prerrogativa de foro não determina a remessa do caso às instâncias superiores, conforme é pacífico na jurisprudência dos Tribunais Superiores. Terceiro, porque o caso relacionado à lavagem de ativos do Grupo Petrópolis foi remetido para a primeira instância pelo próprio Supremo Tribunal Federal. De fato, o caso é desdobramento da colaboração de agentes ligados ao Grupo Odebrecht, homologado pelo STF, que decidiu enviar o caso para justiça de primeira instância. Após arquivado na Justiça Eleitoral, a força-tarefa da Lava Jato ofereceu denúncia perante a Justiça Federal de Curitiba.

 

10. Chama a atenção que a matéria menciona que o “time do procurador-geral da República, Augusto Aras, vem procurando possíveis inconsistências e erros em denúncias apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato”. O trabalho dos procuradores é constantemente avaliado pelo Poder Judiciário, que examina seus atos, e sujeito a amplo debate e escrutínio. Os procuradores, contudo, colocam-se à disposição para a avaliação pública de seus trabalhos, preferindo sempre pela publicidade de seus atos e processos.

 

11. Os procuradores manifestam indignação com as sucessivas investidas contra o trabalho anticorrupção da força-tarefa e repudiam a sua qualificação como órgão clandestino e a propagação de notícias falsas, como a de que a força-tarefa teria aparelhos do tipo guardião para a realização de interceptações telefônicas, o que é absurdo e não tem qualquer base na realidade.

 

12. Assim, a publicação insere-se em um contexto de ataques desleais contra o trabalho dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, por meio de ilações falsas e sem qualquer comprovação, com o objetivo de colocar em dúvida a integridade do trabalho e dos integrantes do Ministério Público Federal para justificar um desmonte da Operação.

 

13. Os procuradores da força-tarefa reconhecem e ressaltam a importância da Procuradoria-Geral da República e que a atividade do Ministério Público Federal, em todas as instâncias, seja independente em relação às conjunturas políticas.

 

Posted On Quinta, 02 Julho 2020 03:43 Escrito por O Paralelo 13

Relator dz que projeto combate anonimato irresponsável. veja como cada senador votou

 

Por Marcelo Brandão

 

O Senado aprovou hoje (30) o Projeto de Lei (PL) 2.630/2020, que propõe medidas de combate à propagação de notícias falsas. O projeto, conhecido como PL das fake news, teve 44 votos favoráveis e 32 votos contrários. O texto segue para a Câmara. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, comemorou o resultado em sua conta no Twitter.

 

“A nova lei é imprescindível para a proteção da vida de todos os brasileiros. Precisamos entender esse universo e reconhecer que liberdade de expressão não pode ser confundida com agressão, violência ou ameaça”, disse Alcolumbre. O presidente da Casa já demonstrava seu apoio à aprovação do texto, desde sua concepção. O projeto é de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e foi relatado por Ângelo Coronel (PSD-BA).

 

Coronel, além de relator do PL, é presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a disseminação de notícias falsas. “É fundamental saber com quem estamos debatendo. E no anonimato não sabemos com quem estamos debatendo e como nos defender. Minha principal preocupação foi vencer o anonimato irresponsável”, disse ele durante apresentação do seu relatório.

 

Contas falsas em redes sociais
O projeto estabelece normas para trazer transparência a provedores de redes sociais e de serviços de troca de mensagens privada. O PL busca o combate à divulgação de notícias falsas postadas em anonimato ou com o uso de perfis falsos e de disparos em massa. Ao mesmo tempo, o texto fala em garantir liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento.

 

As empresas responsáveis pelas redes sociais e serviços de troca de mensagens são umas das mais afetadas pelo projeto. Cabe a elas uma série de obrigações para evitar a disseminação de conteúdos falsos e difamatórios.

 

Protesto de Deputado durante CPI das Fake News

 

O PL proíbe o funcionamento de contas automatizadas que não sejam expressamente identificadas como tal. O texto também proíbe as chamadas contas inautênticas, perfis criados para simular a identidade de outra pessoa e enganar o público. Os impulsionamentos de mensagens publicitárias continuam valendo, mas os serviços de redes sociais e de troca de mensagens devem informar, de forma destacada, o caráter publicitário dessas mensagens.

 

Os provedores de rede social e de serviços de troca de mensagens também deverão desenvolver formas de detectar fraude no cadastro e o uso de contas em desacordo com a legislação. O provedor e rede social, como Twitter e Facebook, por exemplo, deverá tomar medidas imediatas para apagar conteúdos que sejam de dano imediato de difícil reparação. Publicações que incitem violência contra uma pessoa ou um grupo de pessoas ou que contenham conteúdo criminoso, como incitação à pedofilia, são proibidas.

 

Agentes políticos
O PL considera de interesse público as contas do presidente da República, de ministros de Estado, além de deputados e senadores em redes sociais. Dessa forma, essas contas não poderão restringir o acesso de outras contas às suas publicações. “É um ônus que o indivíduo deve suportar em razão da função que exerce. Se eu tenho minha conta oficial como senador, eu posso ter a minha conta particular. Eu posso ter uma conta para conversar com a minha família e meus amigos”, disse Coronel.

 

Divergências
O resultado da votação, com um placar dividido, refletiu as divergências expressas durante a sessão. Alguns senadores se mostraram contrários à votação da matéria. Para Major Olímpio (PSL-SP), os senadores favoráveis estão “votando com o fígado”, no ímpeto de combaterem as notícias falsas das quais muitos deles são vítimas. Para Olímpio, a proposta “mata a vaca para matar o carrapato”.

 

Um dos críticos mais incisivos foi Plínio Valério (PSDB-AM). O senador defendeu que o projeto fosse discutido em audiência pública e só fosse para voto quando as atividades no Senado já estivessem normalizadas, com votação presencial, no plenário. Valério afirmou que o projeto é “inoportuno e que abrange a tudo e a todos”.

 

O senador tucano, junto com Olímpio e Espiridião Amin (PP-SC) apresentaram uma Questão de Ordem pedindo a retirada do projeto de pauta. Alcolumbre rejeitou a Questão de Ordem dos três parlamentares. O presidente do Senado argumentou que o projeto foi pautado três vezes para ser votado, mas foi retirado para que fosse melhor discutido.

 

“Não devemos confundir a divergência no mérito com a divergência no procedimento. A matéria teve sim uma discussão muito mais ampla do que a assegurada no regimento do Senado. Não tem razão, nem política nem regimental, para adiar a deliberação da matéria de hoje”, disse o presidente da Casa.

 

Entre os favoráveis à votação da matéria está Weverton Rocha (PDT-MA). Para ele, os argumentos de que o PL retira a liberdade de expressão não são verdadeiros. Ele afirmou que o projeto apenas visa retirar o anonimato em determinados casos. “Não podemos cair nessa narrativa errônea de que essa é uma lei da mordaça. Você pode me criticar, me chamar de qualquer coisa, mas você tem que dizer quem você é”.

 

Rogério Carvalho (PT-SE) também apoiou o projeto. Ele entende que o projeto 2.630/2020 é importante para começar o debate de uma regulamentação sobre o tema no país. Ele ainda citou os perigos da disseminação de notícias falsas no contexto da pandemia da covid-19. “Se a gente não tem o debate em cima da verdade, não construímos um debate honesto, esclarecedor. E a gente acaba induzindo a sociedade a erros que podem custar muito caro. Inclusive, custar a própria vida ou milhares de vidas, como em uma pandemia como esta”.

 

Como cada um votou

Senador Partido UF Voto
Acir Gurgacz PDT RO SIM
Alessandro Vieira Cidadania SE SIM
Alvaro Dias Podemos PR NÃO
Angelo Coronel PSD BA SIM
Antonio Anastasia PSD MG SIM
Arolde de Oliveira PSD RJ NÃO
Carlos Fávaro PSD MT SIM
Carlos Viana PSD MG NÃO
Chico Rodrigues DEM RR SIM
Cid Gomes PDT CE SIM
Ciro Nogueira PROGRES PI SIM
Confúcio Moura MDB RO SIM
Daniella Ribeiro PROGRES PB SIM
Dário Berger MDB SC SIM
Eduardo Braga MDB AM SIM
Eduardo Girão Podemos CE NÃO
Eduardo Gomes MDB TO NÃO
Eliziane Gama Cidadania MA SIM
Elmano Férrer Podemos PI NÃO
Esperidião Amin PROGRES SC NÃO
Fabiano Contarato REDE ES SIM
Fernando Coelho MDB PE NÃO
Fernando Collor PROS AL NÃO
Flávio Bolsonaro Republica RJ NÃO
Humberto Costa PT PE SIM
Irajá PSD TO SIM
Izalci Lucas PSDB DF NÃO
Jader Barbalho MDB PA SIM
Jaques Wagner PT BA SIM
Jarbas Vasconcelos MDB PE SIM
Jayme Campos DEM MT SIM
Jean Paul Prates PT RN SIM
Jorge Kajuru Cidadania GO NÃO
Jorginho Mello PL SC NÃO
José Maranhão MDB PB SIM
José Serra PSDB SP ABSTENÇÃO
Kátia Abreu PROGRES TO SIM
Lasier Martins Podemos RS NÃO
Leila Barros PSB DF NÃO
Lucas Barreto PSD AP SIM
Luis Carlos Heinze PROGRES RS NÃO
Luiz do Carmo MDB GO NÃO
Mailza Gomes PROGRES AC NÃO
Major Olimpio PSL SP NÃO
Marcelo Castro MDB PI SIM
Marcio Bittar MDB AC NÃO
Marcos do Val Podemos ES NÃO
Marcos Rogério DEM RO SIM
Maria do Carmo Alves DEM SE SIM
Mecias de Jesus Republica RR SIM
Nelsinho Trad PSD MS SIM
Omar Aziz PSD AM SIM
Oriovisto Guimarães Podemos PR NÃO
Otto Alencar PSD BA SIM
Paulo Paim PT RS SIM
Paulo Rocha PT PA SIM
Plínio Valério PSDB AM NÃO
Randolfe Rodrigues REDE AP SIM
Reguffe Podemos DF NÃO
Renan Calheiros MDB AL ABSTENÇÃO
Roberto Rocha PSDB MA NÃO
Rodrigo Cunha PSDB AL NÃO
Rodrigo Pacheco DEM MG SIM
Rogério Carvalho PT SE SIM
Romário Podemos RJ NÃO
Rose de Freitas Podemos ES SIM
Sérgio Petecão PSD AC SIM
Simone Tebet MDB MS SIM
Soraya Thronicke PSL MS NÃO
Styvenson Valentim Podemos RN NÃO
Tasso Jereissati PSDB CE SIM
Telmário Mota PROS RR SIM
Vanderlan Cardoso PSD GO NÃO
Veneziano Vital do Rêgo PSB PB SIM
Wellington Fagundes PL MT SIM
Weverton PDT MA SIM
Zenaide Maia PROS RN NÃO
Zequinha Marinho PSC PA NÃO

 

Posted On Quarta, 01 Julho 2020 06:09 Escrito por O Paralelo 13
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