Opositora do regima Nicolás Maduro foi reconhecida por "tentar manter acesa a chama da democracia venezuelana"
Por Salvador Strano
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, venceu o Prêmio Nobel da Paz deste ano. O Comitê Norueguês do Nobel premiou a ativista pelo esforço em, segundo o anúncio, "tentar manter acesa a chama da democracia venezuelana".
O colegiado destacou o papel de Corina na unificação da oposição ao regime de Nicolás Maduro, classificando-a como um dos principais exemplos de coragem cívica da América Latina.
No ano passado, María Corina foi responsável pela coordenação da campanha de Edmundo González à Presidência. Ela não disputou o cargo porque estava inelegível, condenada em um processo liderado por aliados de Maduro.
A indicação da venezuelana ao prêmio partiu do atual secretário de Estado americano, Marco Rubio, enquanto ainda ocupava uma cadeira no Senado.
A confirmação do prêmio irritou a Casa Branca, que pressionava o Comitê Norueguês a laurear o presidente Donald Trump pela mediação de uma série de acordos de cessar-fogo desde que assumiu o cargo, em fevereiro.
Trump, inclusive, afirmou que a indicação "prova que o Nobel é político".
Integrantes do governo Lula ficaram decepcionados com a premiação de María Corina Machado. Celso Amorim, assessor especial da Presidência, chegou a repetir a crítica de Trump e também classificou a escolha como "política".
Áudios obtidos pela CNN mostram que María Corina Machado fez um apelo a Lula durante as eleições do ano passado.
“Acredito que o brasil tem um papel fundamental diante da mérica Latina, do mundo, e agora, diante da história”, afirmou.
Em outro áudio, enviado a um interlocutor brasileiro, María Corina critica a postura de Lula diante da perseguição do regime de Madudo às vésperas do pleito.
“Não posso crer que o governo do Lula, que passou pelo que passou, se mantenha calado, silente, diante dessa situação”.
Engenheira e opositora de Nicolás Maduro, Maria Corina Machado é premiada com o Nobel da Paz por sua luta pacífica pela democracia na Venezuela
Por Paulo Barros
A engenheira venezuelana Maria Corina Machado, de 58 anos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2025 por sua “luta incansável pela democracia e pelos direitos humanos na Venezuela”. O reconhecimento internacional consolida sua posição como uma das figuras políticas mais influentes e polarizadoras da América Latina.
Nascida em 7 de outubro de 1967, em Caracas, Machado vem de uma família tradicional ligada à indústria siderúrgica. Formou-se em Engenharia Industrial pela Universidade Católica Andrés Bello, em 1989, e se especializou em Finanças no Instituto de Estudos Superiores. Antes de ingressar na política, atuou no setor privado, experiência que moldou sua defesa de princípios liberais e de economia de mercado.
O início na política e o nascimento de Súmate
O ponto de virada em sua trajetória ocorreu em 2002, durante a crise política sob o governo de Hugo Chávez. Machado fundou a organização civil Súmate, dedicada à promoção de eleições livres e à participação cidadã. Dois anos depois, a entidade coordenou a coleta de assinaturas para o referendo revogatório de 2004, que buscava destituir Chávez. O processo a colocou no centro da política nacional e também na mira do chavismo, que a acusou de conspiração, acusações que ela sempre negou.
Da Assembleia Nacional ao exílio interno
Em 2010, Machado foi eleita deputada com a maior votação da disputa parlamentar. No Congresso, tornou-se uma das vozes mais firmes contra o chavismo, denunciando corrupção e violações de direitos humanos. Em 2014, foi expulsa da Assembleia Nacional pelo regime, após críticas diretas ao então presidente Nicolás Maduro.
Desde então, enfrentou proibições legais, ameaças e processos judiciais, mas manteve sua atuação política. Em 2013, fundou o partido Vente Venezuela, de orientação liberal, que passou a ser sua principal plataforma de oposição. Seu discurso firme contra o socialismo e sua recusa a negociar com o regime consolidaram sua imagem como a “Dama de Ferro da Venezuela”.
Eleições de 2024 e perseguição
Em 2023, Machado anunciou sua pré-candidatura à presidência. Mesmo inhabilitada pelo governo, venceu as primárias da oposição com ampla maioria e, impedida de concorrer, apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia. A eleição de 2024 foi marcada por denúncias de fraude e repressão. A oposição afirmou ter vencido “por ampla margem”, mas o Conselho Nacional Eleitoral, dominado por aliados de Maduro, declarou vitória do atual presidente.
Após o pleito, Machado entrou na clandestinidade. Segundo o Comitê do Nobel, ela “mantém viva a chama da democracia em meio à escuridão crescente”, permanecendo no país mesmo sob risco de prisão e violência.
Vida pessoal e legado
Machado foi casada entre 1990 e 2001 com o empresário Ricardo Sosa Branger, com quem teve três filhos, Ana Corina, Ricardo e Henrique, hoje vivendo fora da Venezuela por segurança. Mantém relação discreta com o advogado Gerardo Fernández e evita expor sua vida pessoal.
Ao longo de mais de duas décadas de atuação, Machado construiu uma imagem de liderança intransigente e símbolo de resistência. Para seus apoiadores, ela representa a esperança de uma transição pacífica e democrática. Para seus críticos, é uma voz da elite distante das bases populares.
O Nobel da Paz de 2025, concedido “por sua luta pacífica por uma transição justa e democrática”, reconhece o papel de Machado como símbolo global da resistência civil frente ao autoritarismo e reforça a visibilidade internacional da crise venezuelana.
Movimento reflete preocupações com medidas do governo para compensar perda de arrecadação e com ameaças de Trump à China
Por Felipe Moreira
O dólar opera em alta ante o real, na contramão do exterior, com os agentes reagindo mal ao noticiário que trata do Orçamento do governo para 2026, em meio aos temores de que despesas sejam previstas sem a devida cobertura das receitas.
Qual a cotação do dólar hoje?
Às 12h43, o dólar à vista subia 2,05%, aos R$ 5,485 na venda. Na B3, o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — avançava 1,54%, aos R$ 5,489.
Dólar comercial
Compra: R$ 5,484
Venda: R$ 5,485
Dólar Turismo
Venda: R$ 5,418
Compra: R$ 5,598
O que aconteceu com dólar hoje?
A forte alta do dólar reflete preocupações com o cenário fiscal brasileiro e maior aversão ao risco após Donald Trump ameaçar elevar tarifas sobre produtos chineses, segundo Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank.
Na mesma linha, Marianna Costa, economista da Corretora Mirae Asset, destacou que o desempenho da moeda norte-americana, reflete as incertezas sobre o cenário fiscal no Brasil. “Com a derrubada da MP 1303, há o entendimento que será necessário ao Governo buscar medidas alternativas para compensar a perda de arrecadação anteriormente prevista”, comenta.
Segundo Costa, entre as possibilidades está a elevação da alíquota do IOF, que poderia impactar operações de câmbio e crédito, especialmente após o STF confirmar que o governo pode aumentá-lo sem aprovação do Congresso.
No exterior, o dólar registrava perdas ante a maior parte das demais divisas, incluindo o iene e o euro, moedas que nos últimos dias foram pressionadas pelas turbulências políticas no Japão e na França.
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo indicou que o pacote de medidas para 2026 poderia somar R$ 100 bilhões, sem que as receitas estejam garantidas. Na conta há medidas como a ampliação da isenção do Imposto de Renda, a distribuição de gás de cozinha, a isenção nas contas de energia para uma parcela das famílias e o pagamento de bolsas para estudantes — todos os programas já anunciados anteriormente pelo governo.
Ainda que não haja novas medidas, os agentes demonstraram preocupação nesta manhã de sexta-feira que o ano de 2026 seja, de fato, marcado por ações para mudanças na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com impacto negativo para as contas públicas.
No Brasil, o governo anunciou nesta sexta-feira mudanças nas regras do crédito imobiliário, prevendo o fim gradual do direcionamento obrigatório dos depósitos nas cadernetas de poupança a essa modalidade de financiamento e também o fim dos depósitos compulsórios no Banco Central de parcela dessas aplicações.
O novo modelo deverá ter plena vigência a partir de janeiro de 2027, após um período de transição, segundo nota do Palácio do Planalto.
Atualmente, 65% dos depósitos da poupança precisam ser direcionados ao crédito imobiliário e outros 20% são obrigatoriamente recolhidos no BC. Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido para 15%.
Em outra iniciativa, o governo anunciou a elevação do valor máximo do imóvel financiado pelo Sistema Financeiro de Habitação para R$2,25 milhões, de R$1,5 milhão em vigor atualmente.
Presidente da Caixa, Carlos Vieira, afirmou que ações dessa natureza, e de forma conjunta, estimularão o segmento de construção civil
Da CNN Brasil
O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, anunciou nesta sexta-feira (10) que a instituição voltou a financiar cota de 80% no SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). Com a declaração, foi ovacionado durante a cerimônia de apresentação do novo crédito imobiliário, em São Paulo.
Ele também frisou que a Câmara dos Deputados - não por uma ação dela, mas por uma ação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com apoio do Banco Central - elevou para R$ 2,25 milhões o teto de financiamento do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
Vieira afirmou que ações dessa natureza, e de forma conjunta, estimularão o segmento de construção civil, que já acredita no governo e nas ações de bancos públicos e privados, a fazer seu papel no país.
O governo lançou nesta sexta um pacote para o mercado imobiliário: uma política que abre espaço para o financiamento de moradias para a classe média e um programa voltado a reformas e melhorias habitacionais.
O anúncio ocorre a um ano das eleições de 2026, quando o presidente deve concorrer às eleições. Esta é mais uma ação voltada a classe média — lançada pouco tempo após governo federal criar o "Faixa 4" do Minha Casa, Minha Vida, que oferece condições melhores de financiamento para quem ganha entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
Senador cita operação da PF e quer depoimento de Frei Chico em grupo de investigação
Por Lis Cappi
A operação da PF (Polícia Federal) deve impulsionar uma possível convocação de José Ferreira da Silva, conhecido como “Frei Chico”, na CPMI que apura o esquema de fraudes ligados a aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou nesta quinta-feira (9), que a convocação do sindicalista — que é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — é “urgente”.
“Pelo esquema montado no desvio de dinheiro descontado indevidamente de aposentados, eu entendo que é urgente colocarmos em votação a convocação do chamado Frei Chico, irmão do presidente Lula”, afirmou Viana.
Como justificativa, o senador atribuiu decisões tomadas pelo Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos). Ele prevê colocar o tema em votação na sessão da próxima quinta-feira (16).
“Nós precisamos entender qual foi a influência política, quem deu essa ordem e, de agora para frente, nós precisamos chamar autoridades aqui novamente. Inclusive, se precisar, o controlador-geral da União”, completou o presidente da CPMI.
Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi, que foi alvo de nova fase da operação da Polícia Federal na apuração de fraudes ligadas ao INSS. O sindicato, por meio de nota, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito policial para se manifestar frente ao caso.