Há muito tempo Gurupi tem um verdadeiro “embaixador da Capital da Amizade”. Embaixador da empatia e do cuidado ao próximo. Atleta, pessoa exemplar, mas, principalmente, um cidadão na essência da palavra, sempre preocupado em resolver o problema do seu próximo, essencialmente dos mais necessitados.
Da Redação
Estamos falando se Sérgio Vieira, o popular Soró, ou Sorozinho do povo, que acaba de ser nomeado secretário no governo da prefeita Josi Nunes, em uma das decisões mais acertadas de sua gestão.
Soró sempre foi um ser humano voltado para as demandas do povo, com trânsito em todas as vertentes políticas e com toda a “família tocantinense”, um ser que veio ao mundo para servir, para trabalhar pelo próximo. Sua participação na vida política manteve sua vocação pessoal, e o levou a dois mandatos de vereador em Gurupi e a um lugar no coração de cada tocantinense.
Desde que desembarcou no Norte Goiano, vindo do Piauí, Soró demonstrou ser um amigo na essência, construindo ótimos relacionamento por onde passou, o que o fez respeitado e querido por todos. Como secretário de Governo da gestão de Josi Nunes, Sérgio Vieira terá a função de ser a ponte entre o governo de Wanderlei Barbosa e Lauzer Moreira, já que cultiva laços estreitos com os dois, governador e vice-governador, assim como com os nobres deputados federais, estaduais e com os senadores Eduardo Gomes, Dorinha Seabra e Irajá Abreu.
AMIZADE PRAZEROSA
Há mais de 30 anos a Família de O Paralelo 13 mantém uma amizade saudável e recíproca como Sorozinho do Povo, e tem um orgulho enorme desses laços concretos com esse personagem ímpar da história política tocantinense que, temos certeza, fará a gestão de Josi Nunes crescer e aumentar seus laços com as classes política e empresarial de Gurupi e de todo o Estado.
Neste momento em que o governador Wanderlei Barbosa e seu vice, Laurez Moreira iniciam um mandato de quatro anos, Soró se transforma em um grande trunfo da gestão de Josi Nunes para construir as pontes de diálogo necessárias para que o terceiro maior município tocantinense tenha a representatividade que merece e esteja sempre em voga nas ações do governo do Estado, criando condições financeiras e de governabilidade.
A prefeita Josi Nunes e colaboradores
Com sua simpatia, empatia e eficiência na resolução de problemas, Soró pode contribuir em muito para a gestão de Josi Nunes, trazendo parcerias políticas capazes de fazer a administração municipal de Gurupi fluir sem percalços, pois reúne as ferramentas corretas e necessárias para construir uma convivência harmônica, dando a Gurupi e de sua valorosa população à posição que merece nos rumos do desenvolvimento do Tocantins, trazendo ótimos resultados.
Gurupi e a gestão de Josi Nunes só têm a ganhar tendo Soró como secretário de Governo do município de Gurupi.
A Família de O Paralelo 123 parabeniza Soró e Gurupi pela grande oportunidade criada para ambos!
Boa sorte!!
Ação será realizada em 19 de novembro, das 8h às 17h, nos 139 municípios tocantinenses
Por Mariana Ferreira
A Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), por meio da Gerência de Imunização, convoca toda população para participar do Dia D Estadual de Vacinação, que será realizado em 19 de novembro, das 8h às 17h, nos 139 municípios tocantinenses. O mutirão é a oportunidade que a população tem para colocar em dia o cartão de vacinação.
“A iniciativa visa melhorar a cobertura vacinal em todo o Estado. A ação foi pactuada junto ao Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e pedimos a colaboração de todos os municípios durante o Dia D, com a abertura de pelo menos uma sala de vacina para atendimento da população. Será uma grande mobilização”, explicou a gerente de Imunização da SES-TO, Diandra Sena.
Todas as salas de vacinas estão abastecidas com imunizantes. Para receber as vacinas, basta que o cidadão leve a caderneta de vacinação e um documento de identificação. “Esta é uma ação muito importante e contamos com a adesão dos municípios, que disseram sim ao compromisso de buscar a prevenção. Sabemos da importância do processo de imunização para que nossa população seja saudável”, destacou o titular da SES-TO, Afonso Piva.
Dados
No Brasil, dados do Ministério da Saúde (MS) apontam que, de 2015 a 2021, o número de crianças vacinadas com a primeira dose contra a poliomielite caiu de 3.121.912 para 2.089.643. Já para a terceira dose, no mesmo período, os números reduziram de 2.845.609 para 1.929.056.
A imunização insuficiente já resultou no retorno do sarampo ao Brasil (40 óbitos de 2018 a 2022) e, no Tocantins, dados da Gerência de Imunização da (SES-TO), de janeiro a setembro de 2022, as vacinas destinadas ao público de 0 a 1 anos estavam com a seguinte cobertura: BCG (91,52%), Poliomielite (59,15% a 3ª dose), Febre Amarela (46,70% a 1ª dose), Pneumocóccica (65,12% a 2ª dose), Menigocócica Conj.C (71,11% 2ª dose), Rotavírus Humano (58,57% a 2ª dose), Pentavalente (59,16% a 3ª dose), Hepatite A (49,98% a 1ª dose) e a Tríplice Viral (53,44% a 1ª dose).
Ainda no Estado, a vacinação contra a influenza segue também abaixo, do total de 516.917 a vacinar, apenas 516.917 foram a uma sala de vacinação. Contra a Covid-19, foram aplicadas (até 04/11/2022), 2.728.539 doses e 64,98% da população está imunizada com duas doses ou dose única.
-
Foto: Mariana Ferreira/Governo do Tocantins
A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu adotar o “plano A” e apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso dando a Lula uma licença para gastar e cumprir as promessas de campanha depois da posse. A decisão foi tomada por integrantes da cúpula de transição com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin em uma reunião neste domingo, 6, em São Paulo.
Por Daniel Weterman
O texto da PEC da Transição será apresentado a Lula por Alckmin nesta segunda-feira, 7. Estará nas mãos de Lula bater o martelo na terça, 8, quando viaja a Brasília para comandar os trabalhos da transição. A equipe do futuro governo descartou a possibilidade de adotar o “plano B” e abrir um crédito extraordinário no Orçamento para pagar Bolsa Família de R$ 600 em 2023 por meio de medida provisória, sem passar pelo Congresso antes. A mudança constitucional também poderá abrir espaço para o governo cumprir a promessa de dar reajuste do salário mínimo acima da inflação.
“A PEC dá mais segurança jurídica e política ao País”, disse o deputado José Guimarães (PT-CE) ao Estadão após a reunião com Alckmin.
A PEC foi criticada por aliados de Lula, incluindo o senador Renan Calheiros (MDB-AL), por forçar o petista a ficar refém do Centrão antes mesmo de tomar posse, pois terá que negociar os votos da PEC com o Congresso imediatamente. Lula se reunirá com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e integrantes da área econômica da transição na manhã de terça, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). No mesmo dia, ele deve se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Mais cedo, o ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Ciro Nogueira, criticou o plano B de Lula. Em mensagem disparada a grupo de senadores, Nogueira criticou a possibilidade de abrir um crédito extraordinário para pagar o Bolsa Família de R$ 600 em janeiro sem precisar fazer um acordo agora com o Centrão por meio da PEC. O ministro afirmou que o TCU não pode tornar o Poder Legislativo um “órgão acessório” ao TCU “pois feriria a Constituição”. A abertura de um crédito extraordinário foi discutida por ministros da Corte de Contas com a equipe de transição.
A mensagem do ministro foi recebida nos bastidores como tentativa de defender a PEC e forçar Lula a fazer um acordo com o Centrão e apoiar a reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no cargo.
Ciro Nogueira comanda o partido de Lira e reassumirá uma cadeira no Senado em janeiro. “Ele vai ficar até o último dia atirando, mas para nós é indiferente”, disse o deputado Enio Verri (PT-PR), que comanda a bancada o PT na Comissão Mista de Orçamento (CMO), ao comentar a mensagem do chefe da Casa Civil.
Articuladores do governo Bolsonaro ainda resistem a apoiar a PEC da Transição e querem estabelecer condições para a medida. Uma delas é definir um valor fixo de gasto extra que Lula terá em 2023. “Não conheço quem é o ministro da Economia que vai avalizar, não conheço a proposta, nem os valores”, disse o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ). “Sem ministro, sem proposta, sem valores, sem conversa.”
Presidente eleito vai enfrentar dificuldades para cumprir promessas voltadas ao social devido à limitação orçamentária, além de voltar ao Planalto sem nenhum aliado no comando dos três maiores Estados
Por Jovem Pan
No último domingo, 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito para um inédito terceiro mandato à frente da Presidência da República. O petista governou o país de 2003 a 2010, quando venceu José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), agora vice-presidente eleito. Entretanto, Lula chegará ao Planalto diante de um país dividido, polarizado, fruto de disputa acirrada, definida pela menor margem da história dos pleitos presidenciais. A diferença de pouco mais de 2 milhões de votos para o presidente Jair Bolsonaro (PL) é inferior aos 3,4 milhões de votos a mais que asseguraram a vitória de Dilma Rousseff (PT) contra Aécio Neves (PSDB) em 2014. Em seu discurso da vitória, o presidente eleito prometeu governar pelos 215 milhões de brasileiros e afirmou: “Não existem dois Brasis, somos um só país, uma só grande nação”. Entretanto, na visão de especialistas, não são poucos os desafios que Lula deve enfrentar, seja no aspecto econômico, seja no campo social e até mesmo de governança. Neste cenário, o site da Jovem Pan ouviu cientistas políticos, economistas e pesquisadores para explicar: Quais os desafios do futuro governo Lula?
Congresso Nacional
Considerando a futura formação do Congresso Nacional, que elegeu neste ano 513 deputados federais – sendo 294 reeleitos, 17 ex-deputados eleitos e 202 para primeiro mandato – e 27 senadores, os analistas apontam como primeiro desafio do futuro governo do PT a governabilidade e a capacidade de diálogo com o Parlamento brasileiro. Considerando apenas os atuais aliados (PT, PV, PC do B, PDT, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade), o futuro presidente terá o apoio de 122 parlamentares, pouco menos da metade necessária para atingir a maioria simples (257), quórum exigido, por exemplo, para aprovar projetos de lei. As emendas constitucionais exigem 308 votos em dois turnos. No Senado Federal, a renovação de um terço dos parlamentares também trouxe uma formação que traz desafios ao governo petista. Isso porque a bancada de partidos que apoiam Lula soma 16 senadores, enquanto as principais matérias a serem aprovadas exigem, no mínimo, 41 votos favoráveis, o que também obriga o futuro governo a construir alianças na Casa. O Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, por exemplo, terá sozinho 13 senadores, contra 9 do PT.
Na visão do cientista político Leonardo Barreto, o governo de Lula deve se questionar como costurar futuras alianças, considerando a nova dinâmica de relação entre o Legislativo e o Executivo e a relação entre os Poderes no Brasil. Barreto cita que, no período de 2003 a 2010, quando o petista foi presidente da República, a relação dos parlamentares com o mandatário era muito estreita pela influência do chefe do Executivo no Orçamento e na aprovação de emendas. Entretanto, agora, com as chamadas emendas de relator, base para o Orçamento Secreto, o poder de decisão cabe ao Parlamento. “Era uma estratégia de sobrevivência. Eles precisavam do governo para acertar as emendas, porque essas emendas aproximavam os financiadores de campanha. A partir daí, eles conseguiam recursos para se reeleger. Hoje, eles dominam o Orçamento e tem um Fundo Eleitoral. Então, os parlamentares têm menos incentivos para participar do governo”, disse em entrevista ao site da Jovem Pan. O cientista político também defende a necessidade de Lula entender como solucionar essa equação para construir uma relação “equilibrada e produtiva” com os congressistas. “A base parlamentar não vai ser construída como era antes, é preciso entender isso”, acrescenta.
Orçamento 2023
O Orçamento de 2023 é considerado por muitos analistas um dos principais entraves do futuro governo de Luiz Inácio, a partir de 1º de janeiro de 2023. O motivo é que, embora seja executado pelo novo presidente, as prioridades e direcionamentos da peça orçamentária para o próximo ano serão definidas pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, ainda que Lula tenha prometido a volta do Bolsa Família em uma versão “turbinada”, com pagamentos mensais de R$ 600, mais um adicional de R$ 150 por criança; a isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5.000 mensais; e renegociação de dívidas, por exemplo, as iniciativas não estão contempladas no Orçamento da União, o que leva a crer que, com pouco dinheiro à disposição, o presidente petista terá que negociar, seja com o Parlamento ou com o governo de transição. “Ele tem uma quantidade gigante de promessas com impacto fiscal e que não cabem no Orçamento, segundo o desenho atual. Ele vai ter que fazer gestão com Congresso antes de assumir, sob pena de perder rapidamente popularidade se não cumprir. Vai construir um governo que sinalize esse processo de moderação econômica, mas que também não fique devendo ao PT. A construção desse gabinete também é uma obra de engenharia política”, conclui Barreto.
O senador eleito Wellington Dias (PT), ex-governador do Piauí e um dos coordenadores da campanha de Lula, foi escalado para tratar questões sobre o Orçamento 2023 diretamente com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator. Na próxima semana, a equipe de transição deve apresentar detalhes da chamada “PEC de Transição”, que pode tirar cerca até R$ 200 bilhões do teto de gastos para gastos que permitam, segundo a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a execução “de propostas que o povo brasileiro contratou nas urnas”.
Do pontos de vista econômico, Piter Carvalho, economista chefe da Valor Investimentos, acredita que, como o Orçamento deve ser um dos principais desafios para 2023, o governo de transição deve solicitar uma licença de gastos, visando cobrir as promessas no âmbito social. “Muitas contas ficaram para 2023, o teto de gastos que não existe mais, então precisa estabelecer uma nova âncora para trazer credibilidade ao mercado, que também traz com uma possível equipe econômica pró-mercado. Obviamente, já começam as negociações na equipe de transição, falando com a equipe que está tocando o orçamento do ano que vem. O mercado já espera que o governo peça uma licença de gastos, resta saber quanto vai ser, R$ 100 bilhões, R$ 200 bilhões”, explica. Segundo Piter Carvalho, pelo presidente eleito já ser um nome conhecido pelo mercado, não são esperadas grandes surpresas, mas a indicação do grupo de transição e da futura equipe econômica pode animar os investidores: “Mercado gosta de previsibilidade”, finaliza.
Polarização
Outro ponto de desafio para Lula é a divisão da população. Na eleição mais disputada da história do país, o novo presidente terá de enfrentar um Brasil totalmente rachado, o que deve obrigar o petista a fazer acenos a diferentes grupos de opositores e, ao mesmo, buscar alianças que possam consolidar sua popularidade. Em entrevista ao programa Prós e Contras, da Jovem Pan, o senador Carlos Viana (PL) opinou que essa polarização, assim como a resistência do Congresso Nacional, vai depender do “Lula que chegar à Presidência”.
Na avaliação do parlamentar, como representante evangélico – grupo que majoritariamente apoia Bolsonaro –, os religiosos já deixaram claro que “não abrirão mão de suas pautas de comportamento”. Com isso, se o PT quiser governar, deve buscar diálogo com as lideranças. “O que se espera é que essa margem apertada deixe recado claro ao PT e a Lula: não repita os erros do passado. Se quer unir o país, manter um governo e ter condições de levar um país de união e paz, que venha disposto a negociar conosco o espaço de cada um”, afirmou. Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, o caminho para Lula governar passará, indiscutivelmente, pelos acordos com lideranças, o que também pressupõe trocas e loteamento de cargos – uma tradição da política brasileira. “Ele vai ter que fazer acenos à centro-direita que ainda não o apoia”, comenta o especialista.
Diplomacia
Do ponto de vista da diplomacia, o entendimento é que o principal desafio de Luiz Inácio será recuperar a credibilidade do Brasil no exterior. Em discurso neste domingo, 30, após divulgação do resultado das eleições de 2022, o petista prometeu reconquistar a confiança dos investidores, falou em estabelecer parcerias com os Estados Unidos e países da União Europeia. Paulo Niccoli Ramirez, cientista político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), enxerga que, diferente dos governos anteriores, quando o foco da diplomacia era o eixo Sul-Sul, com os países em desenvolvimento, agora, a tendência é que o Brasil restabeleça sua diplomacia em busca de protagonismo.
“Isso pode desagradar aos Estados Unidos, já que há plenas possibilidades de o Brasil, no futuro, se tornar um párea. Mas tenho a impressão que interessa ao Biden a saída de Bolsonaro, tanto é que foi o primeiro presidente a parabenizar Lula. Então, no geral, vai ser muito difícil ver Brasil e EUA entrando em conflitos. E o Lula tem grande apoio da comunidade europeia, o que deve trazer novos negócios”, pontuou.
Relação com os Estados
O governo de Luiz Inácio terá de se relacionar com governadores de oposição: os três principais Estados brasileiros serão governados por declarados apoiadores do presidente Bolsonaro. São Paulo terá Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), ex-ministro da gestão bolsonarista; Cláudio Castro (PL) é o governador reeleito no Rio de Janeiro; e Romeu Zema (Novo) também foi reeleito em Minas Gerais – o que deve exigir, mais uma vez, esforços do petista para futuras alianças. Apesar da desvantagem da esquerda no âmbito estadual, Paulo Niccoli Ramirez diz acreditar que os candidatos eleitos devem priorizar uma relação republicana, citando discurso feito pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas após vitória em São Paulo, quando falou que vai se aproximar de Lula para trazer melhorias ao Estado.
Segundo o cientista, ainda que pesem as críticas feitas ao longo da campanha, em nome da sobrevivência dos Estados, os governadores devem dialogar com o presidente eleito, criando um clima diferente do que predominou ao longo da gestão bolsonarista. “Claro que oposições existem, mas em nome da boa gestão pública, esses governadores vão ter que dialogar. É necessário pensar mais de forma republicana”, afirmou.
Mercado financeiro
Como mencionado por Piter Carvalho, do Valor Investimentos, o mercado quer “previsibilidade”. Por isso, o primeiro desafio de Lula é apresentar uma equipe econômica que agrade ao mercado e traga a estabilidade e credibilidade prometida, explica Pedro Henrique Ricco, CEO da Delta Investor. “O governo vai precisar mostrar qual vai ser a forma de condução para passar confiança”, inicia Ricco, que projeta como desafios do mercado um câmbio “mais estressado”, queda no valor das estatais e o próprio mercado mais agressivo. Segundo ele, a dificuldade principal para Lula será mostrar como “fechar as contas” do futuro governo, uma vez que se comprometeu com programas sociais e com a queda de impostos. “Pode ser a partir disso que esse novo governo prejudique as contas públicas, algo que o governo atual trabalhou muito para deixar um pouco mais coeso. Vejo como principal desafio esse controle de gastos versus as receitas“, afirmou.
Pablo Spyer, economista e apresentador da TV Jovem Pan News, avalia que o principal desafio do ponto de vista econômico para o novo governo será conseguir cumprir as promessas feitas durante a campanha e ainda mandar um sinal para o mercado financeiro de que as contas públicas ficarão equilibradas. “Para gastar mais no curto prazo, pode se comprometer com compromissos fiscais no médio prazo e muita da aceitação vai passar pelo nome do novo ministro da Economia. Tudo isso terá de ser feito negociando com o Congresso e passando credibilidade para o mercado financeiro não puxar os juros para cima. A previsão é que o governo não resolva o problema fiscal agora, mas indique um ajuste crível ao longo dos próximos anos. Também falta dinheiro para o Estado intervir com mais força na economia, o que pode levar o novo governo a buscar parcerias privadas. Mas o BNDES poderá ter um papel mais ativo no financiamento de pequenas empresas e projetos, enquanto a Caixa Econômica Federal deverá ajudar mais no Minha Casa Minha Vida.
O novo governo precisa continuar apostando no agronegócio, além de fazer investimentos em educação e inovação. Tudo isso ajudará o Brasil a crescer mesmo em um ambiente de desaceleração econômica global. Ter responsabilidade fiscal é essencial. Sem isso, o dólar dispara, a inflação dispara e o país não cresce. A sustentabilidade das contas públicas é fundamental. É preciso ter isso em foco e não regredir nas reformas estruturantes”, avalia.
O cenário externo pode complicar a gestão econômica do novo presidente, uma vez que a economia global se encontra adversa e os Estados Unidos e a Europa enfrentam recessões, segundo 0 cientista político e economista Igor Lucena. “Isso significa uma baixa demanda de commodities, o que faz com que o Brasil não tenha crescimento econômico. Ao mesmo tempo, você tem um rombo fiscal muito grande do ano que vem que não está precificado. Os projetos propostos pelo governo Lula vão aumentar os gastos da máquina pública, principalmente de receitas que não voltam para o Estado.
Então, é preciso entender que nem tudo que foi colocado na campanha poderá se tornar realidade. Será necessário realizar reformas, sendo a tributária a principal, caso contrário o governo não terá fôlego fiscal para implementar políticas públicas. As reformas que o mercado precifica são necessárias para que tenha um controle das finanças públicas, o que é essencial para políticas redistributivas. Você não consegue fazer as duas coisas separadamente. Mas o governo vai ter que implementar cortes nos gastos públicos e taxa de juros elevados, que é basicamente o que a gente vive hoje. As reformas vão dar o tom sobre expectativas futuras”, pontua.
Já Rodrigo Simões, especialista em finanças e economia da Faculdade de Comércio de São Paulo (FAC), enumera os desafios do governo Lula no âmbito nacional e internacional da economia. Em uma leitura para 2023, ele cita projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5%, IPCA por volta de 5% e a Selic em 11,25%, ao mesmo tempo que uma segunda onda da inflação na Europa, com aumento do preço do gás, que deve encarecer os produtos e serviços, impactar na curva de juros e, ao final, levar ao fechamento de pequenas empresas que não terão para assumir esses aumentos dos custos: “Ou seja, é um desequilíbrio de cadeias produtivas”, afirmou. “O governo Lula e sua equipe econômica deverá mostrar ao mercado que é importante a iniciativa privada estar presente dando-lhe espaço de atuação e garantindo que não haverá mudanças que prejudiquem a dinâmica dos empreendedores e empresários brasileiros. A participação do Estado deverá ser de arbitrar”, conclui.
Resultados de disputas anteriores apontam para estratégia de neutralidade do partido na eleições do Congresso
Por: Bruna Yamaguti
O fantasma da vitória de Eduardo Cunha (então no MDB, hoje no PTB) na eleição para a presidência da Câmara, em 2015, voltou a assombrar o PT. Com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, o partido age com cautela para não repetir o que aconteceu com Dilma Rousseff. Ao interferir nas eleições do Congresso, à época, a então presidente da República acabou ganhando um inimigo no Legislativo.
Agora, quem preside a Câmara dos Deputados é Arthur Lira (PP-AL), aliado de Jair Bolsonaro (PL) e um dos líderes do Centrão. A expectativa é que o PT não interfira nas eleições da Casa, a serem realizadas em fevereiro de 2023. Para Lula, manter boas relações com o Congresso é fundamental para a governabilidade.
Em 2014, o PT lançou o nome de Arlindo Chinaglia para disputar a presidência da Câmara. O então deputado, no entanto, perdeu para Eduardo Cunha. Dois anos depois, em 2016, Cunha viria a se tornar um dos principais articuladores do processo de impeachment que tirou Dilma do poder.
"Não foi o fato do PT apoiar um candidato de oposição. O que irritou Eduardo Cunha foi a interferência direta do governo dentro desse processo eleitoral. Então, o que o governo Lula deve fazer é não interferir diretamente na campanha e na sucessão da Câmara dos Deputados. Na verdade, ele tem que deixar as negociações internas acontecerem", aponta Valdir Pucci, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).
Ele lembra que, desta vez, diferente de quando assumiu o primeiro mandato, em 2002, Lula não quer que o PT ocupe todos os postos-chave da República. A sinalização de que o petista buscaria mais o centro começou antes mesmo da campanha, com a escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) para ser vice na chapa.
"Ou seja, se Lira souber negociar e tiver uma boa conversa com o governo que está entrando, há chances dele conseguir a sua reeleição", diz Pucci. "A gente não pode esquecer que o presidente eleito vai precisar do Centrão para poder governar. Ele terá que negociar com o grupo de Arthur Lira para poder garantir que as suas propostas sejam atendidas pelo Congresso Nacional", pontua.
Dança das cadeiras
A renovação das bancadas na Câmara e no Senado influenciam diretamente no governo que se inicia em 2023. O Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, teve o melhor desempenho nas eleições e será a maior bancada do Congresso Nacional, a partir de 2023. Para a Câmara, a legenda conseguiu eleger 99 deputados federais e se torna a maior bancada da Casa em 24 anos. No Senado, a sigla vai ocupar 14 cadeiras.
"Lira é um parlamentar experiente. Ele tem chance de reeleição, mas não será uma eleição automática a depender dos candidatos que lançarem os nomes e como será a formação dos blocos de apoio", explica Neuriberg Dias, analista político e membro do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).
"O nome a nome e as bancadas regionais, principalmente com o envolvimento dos governadores, devem ser um pêndulo importante para a eleição na Câmara. O deputado Baleia Rossi (União) pode vir com maior chance de eleição se atrair uma frente ampla. Lira, que obteve 302 agregados em 11 partidos, terá que conquistar o apoio dos novatos e ainda a base bolsonarista, que seguramente vai ser a oposição ao governo", destaca.
A eleição para a presidência da Câmara de 2005 foi crucial para o PT. Lula ainda exercia o seu primeiro mandato no Executivo e, naquele ano, ocorreu o escândalo do mensalão. À época, o partido lançou para a disputa um deputado do baixo clero, Severino Cavalcanti que, mais tarde, acabou renunciando ao cargo por ter seu nome diretamente envolvido no esquema de corrupção.
Em outros anos, ainda durante governos petistas, a Câmara teve à frente da presidência membros da própria legenda ou da base aliada: Aldo Rebelo (PCdoB), Arlindo Chinaglia (PT), Marco Maia (PT) e Eduardo Alves (MDB). O ex-presidente Michel Temer (MDB) também chegou a ocupar o cargo em 2009, mas renunciou para ser vice na chapa de Dilma.
Orçamento secreto
Outro problema que Lula precisará resolver no início de seu governo é o chamado "orçamento secreto". O petista já fez críticas às emendas de relator e chamou o esquema de "escárnio".
O "orçamento secreto" é um meio utilizado pelo governo para conseguir apoio nos projetos de interesse no Congresso. Em troca de votos, congressistas recebem valores do orçamento para investirem em suas bases eleitorais. Apesar de estar previsto na legislação, há críticas sobre a falta de transparência, já que não seria possível saber os valores das emendas, destino e quem investiu a verba.
Esta é uma das cartas na manga de Arthur Lira para manter o apoio dos congressistas. "Sempre há espaço para conversa entre a presidência da Câmara e a presidência da República. Sempre há conflitos e interesses diferentes entre as duas áreas, mas antes nós também tínhamos uma realidade totalmente diferente, sem a existência do orçamento secreto", explica Valdir Pucci.
"Tínhamos uma situação em que o orçamento era 100% controlado, inclusive as emendas dos parlamentares, pelo poder Executivo, o que facilitava a conversa no sentido de negociação, de liberação de emendas. Então você tinha uma relação mais fácil ser realizada. Hoje nós já temos uma situação completamente diferente, que o próprio Lula nunca enfrentou nos seus dois mandatos", ressalta.
Na avaliação do analista político Neuriberg Dias, este é um assunto complexo. "Os atuais presidentes das Casas possuem essa carta na manga para costurar suas reeleições no próximo ano. É o primeiro desafio do governo, seguramente", afirma.
"Mas acredito que o Congresso deve costurar um acordo 'ganha-ganha' pela necessidade de prioridades no orçamento, em especial, o pagamento de programas sociais a curto prazo. E, em seguida, rever o teto de gastos com uma nova política fiscal que será construída em conjunto com a transição de governo", explica Neuriberg. "Como o Congresso é dono da bola, Lula sabe que essa relação é extremamente importante para o futuro da agenda do governo", arremata.