Por Guilherme Amado - revista Época

 

1. Fortaleza reuniu uma aliança de todas as forças políticas contra o candidato de Bolsonaro, o Capitão Wagner (PROS), que terminou derrotado pelo pedetista Sarto. Esse movimento mimetiza o que poderia ser uma frente ampla contra Bolsonaro em 2022?

É possível, mas não é provável. A característica de Fortaleza é muito peculiar, é uma cidade extremamente politizada, uma cidade rebelde. O PT aqui, apesar de o governador Camilo (Santana) ser nosso aliado, lançou candidato. E não participou do segundo turno. Só o PSDB, o DEM e o PSOL já estavam com a gente no primeiro turno.

 

2. No campo nacional, seria então mais viável uma aliança com o PSDB do que com o PT?

Sim, eu acho. O PSDB vai passar por um processo interno, que já está acontecendo, é muito silencioso, mas é uma disputa de hegemonia interna. Nas últimas declarações do Fernando Henrique, você percebe que ele está nesse projeto do Luciano Huck. O Tasso Jereissati não tem nenhum entusiasmo pelo Doria, o governador do Rio Grande do Sul (Eduardo Leite) também não, o (senador Antonio) Anastasia saiu do PSDB por causa disso e está no PSD.

 

3. Como juntar centro-esquerda e centro-direita no mesmo barco em 2022?

Este é o ponto. Não há coesão. Sob o ponto de vista de costumes, que é uma caracterização de direita e esquerda, é avassalador o voto conservador. Não tenho dúvidas de que o voto conservador, em matéria de costumes, prevaleceu sobre a agenda identitária dessa esquerda moderna, esquerda americanófila etc. Porém, sob o ponto de vista econômico, temos contradições tremendas, que hoje permitem que você veja uma fissura. Por exemplo, ao expor o agronegócio, que tende a ser um voto conservador, ao risco em mercados tão centrais, como a política ruinosa do Bolsonaro faz em relação ao nosso principal mercado, que é a China, você abre um flanco para esse voto. Quando você começa a ter restrições de importações dos produtos brasileiros em função do manejo trágico da função ambiental, você tem uma fração do agronegócio que está percebendo a necessidade de o Brasil ter outra conduta, mais moderna. Isso é o que nós vamos fazer. Eu estou vendo isso nesse grupo mais jovem do DEM, que é o Rodrigo Maia, o ACM Neto, com quem tenho conversado concretamente. A grande questão é saber se conseguimos afastar esse mundo produtivo de seu alinhamento instantâneo, automático e pouco crítico com o setor financeiro. Veremos se temos êxito ou não.

 

4. Há chance de uma candidatura se eleger em 2022 sem o apoio da centro-direita?

É difícil. Mas eu fico mesmo pensando se, em meu caso, eu quero, entendeu? Porque eu não tenho a menor vocação para demagogia, para populismos. Enfim, não tenho a menor. Portanto, eu vou, inclusive, como já fiz, fazer as promessas claras antes. Porque quero que minha eleição seja um plebiscito sobre as propostas que tenho para pôr em prática. Senão, posso me eleger por essas deficiências do presidencialismo, chegar lá e ser emparedado e não conseguir fazer nada num país falido. Isso eu não quero.

 

5. O senhor já disse que não precisaria, necessariamente, ser o nome dessa aliança. Mas tampouco tem o perfil de topar ser vice dos outros nomes em jogo.

Depende do projeto. Eu não preciso ser nada. Dependendo do projeto, eu carrego a pasta, vou distribuir panfleto... Mas quero um projeto. O lulapetismo não me responde, e esse bolsonarismo boçal e as tentativas de reciclar esse bolsonarismo boçal de forma mais, vamos dizer, Faria Lima de ser, isso também não me interessa.

 

6. O primeiro passo para uma aliança com a centro-direita é a disputa pela presidência da Câmara, em 2021?

Hoje, nós (oposição) somos 130 em 513 deputados. Então o máximo que podemos extrair de nossa presença, e isso exige coesão entre nós, antes de mais nada, é que a presidência da Câmara continue como o Rodrigo Maia tem feito exemplarmente, obrigando o Bolsonaro a jogar dentro dos limites da funcionalidade democrática e com o compromisso de nos ajudar a conter danos, nessa agenda antinacional, antipovo e antiprodução que o Bolsonaro representa. Qualquer candidato que seja indicado pelo Bolsonaro, nós vamos ficar contra.

 

7. O senhor é a favor da reeleição do Rodrigo Maia?

Acho que essa decisão esperta do Supremo, que tudo indica que vai acontecer, não lesiona a democracia. A ideia é que a Câmara decida, regimentalmente, se pode ou não pode fazer. Gosto muito do Rodrigo e digo a ele: “Rodrigo, você precisa abrir a cabeça para outros conselheiros econômicos. Vamos fazer uma conversa, eu e o Arminio Fraga, que você fica ouvindo o tempo todo, o Marcos Lisboa, esse povo aí que não está vendo nada da realidade”. O Arminio é até um pouco melhor, mas o Marcos Lisboa não enxerga um dedo na frente do nariz.

 

8. Em relação ao grupo de economistas, o senhor tem se reunido com os mesmos de sua campanha?

Eu falo com todo mundo. Estou até tentando achar uma hora para fazer uma discussão pública com o André Lara Resende, que desse mundo mais conservador, para mim, é o mais brilhante disparado. A minha tropa tem grandes luminares e pessoas a quem eu ouço. Dos mais antigos, o Bresser-Pereira e o Delfim Netto, o pessoal da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, o professor Nelson Marconi, que coordena uma equipe gigante. O Belluzzo, o Mauro Benevides Filho. O Mauro, além de ser intelectual, é um operador, conhece tudo de sistema tributário, foi secretário de Fazenda do Ceará há muitos anos, foi presidente do Confaz, enfim, é um cara que conhece tudo.

 

9. O senhor vê chance de haver aliança com outros partidos de esquerda no primeiro turno de 2022, além de PSB, PV e Rede, já citados como seus aliados?

Dentro do PT, hoje, há um problema grave que é a absoluta censura a qualquer discussão que não passe pela ideia do Lula ser o eterno presidente da República. O PT está definhando, isso não é bom para o país. Mas isso é um problema deles. O que não dá é para esperar mais que ele não faça sequer uma discussão. Não há discussão nem interna e muito menos com os outros parceiros.

 

10. Chegou a falar isso para o Lula no encontro com ele?

Falei com todos os esses e erres. Nós conversamos durante quatro horas. Uma conversa que gostei de ter porque não me agrada nunca interromper o diálogo, mas foi uma conversa absolutamente franca, falei tudo que eu falo em público e mais alguma coisa. Ele me ouviu e também disse o que queria dizer para mim. Percebemos ali que ele ficou muito isolado e estava cercado de puxa-sacos que fraudam a percepção das coisas para ele. Combinamos, inclusive, de nos tratarmos pessoalmente. Mas nosso fosso hoje é intransponível.

 

11. Em relação às críticas que o senhor tem feito ao PT, ele reconhece alguma necessidade de mudança?

Eu falei para ele tudo que penso, parte das coisas ele compreendeu e concordou, mas não posso devassar isso por um limite ético meu.

 

12. Como o senhor viu essa declaração do Jaques Wagner colocando-se como um possível nome para a disputa nacional?

Isso é sintomático dessa tensão que está lá dentro. O Jaques Wagner é um belo quadro, isso desde 2018. A questão básica é que a força dominante daquelas eleições, que parece não ter sido removida ainda do Brasil, é um antipetismo, parte justo e parte injusto. Uma força dominante revelada já nas eleições de 2016 quando Haddad tirou 16% dos votos, perdendo para nulo e branco. Em todos os extratos sociais, em todas as urnas eleitorais, perdeu. E inevitavelmente é ele que o Lula traz para ser o candidato do Brasil um ano e pouco depois.

 

13. Como ficou sua relação com o Flávio Dino depois de o senhor tê-lo atacado no segundo turno?

Eu sou muito amigo dele, mas considero que sua atitude foi muito errada no processo eleitoral. Errada em desfavor dele e de nossa causa. Nessas eleições, havia cinco candidatos no Maranhão. Três da base de sustentação do Flávio Dino, à qual nós pertencemos também, e ele não declarou apoio ou pelo menos não fez campanha para nenhum dos três. Os três ficaram fora do segundo turno. Aí foram para o segundo turno o cara do partido da Igreja Universal e o outro adversário dele, os dois. Aí ele resolve apoiar o cara da Igreja Universal, desse Republicanos? Não dá. Aí, o que acontece? Nós estávamos juntos no Recife. Quando ele declarou apoio ao João Campos, a petezada caiu matando no Dino. Eu saí em sua defesa. Isso na véspera do segundo turno. E aí o Flávio Dino vai votar no segundo turno com a camiseta Lula Livre?

 

14. Ele sonha em ser o candidato do Lula, não?

Já disse a ele: “Olha, essa enganação aí, já passei por ela quatro vezes”. O Lula chorando na presença de várias pessoas dizendo que devia tudo a mim, que eu tinha sido o cara mais leal do mundo e que naturalmente eu era o candidato. Falei: “Lula, você não tem condição de cumprir essa promessa, não precisa ficar dizendo isso, não. Estou fazendo pelas minhas convicções, pelo Brasil. Mas você não entrega essa promessa porque fora do PT não existe mundo para você”. Mas não é isso. O jogo do Lula é mais cretino, é filiar o Flávio Dino ao PSB para me tirar o PSB.

15. O PT o vê como o principal adversário para 2022?

 

Sem nenhuma dúvida.

16. Mais do que o próprio Bolsonaro?

Você acha que o Lula, com a experiência, a brilhante vocação política que tem, o extraordinário gênio político que ele é, não sabia que as eleições de 2018 estavam perdidas para o PT? Acha que ele acreditava que o... Bom, eu conheço a opinião dele sobre o Haddad, mas também estou interditado eticamente de dizer. Mas a pergunta é: Por que não deixar Jaques Wagner ser candidato, Tarso Genro ser candidato? Lançar alguém que teve 16% dos votos um ano antes? A grande questão é que o Lula não quer que surja nenhuma grande liderança dentro do PT. E eu não obedeço a isso. Acabou.

 

Posted On Sexta, 04 Dezembro 2020 08:18 Escrito por

“A vingança é a pobre satisfação das mentes pequenas” 

 

JUVENAL

 

 

Por Edson Rodrigues

 

Uma conversa que tomou conta dos bastidores da política tocantinense e, inclusive, já “vazou” para a imprensa, aponta a possibilidade de membros da Câmara Municipal de Palmas rejeitarem as contas do ex-prefeito Carlos Amastha, mesmo com os pareceres positivos dos auditores do tribunal de Contas do Estado.

 

A rejeição das contas seria uma represália ao fato do vereador Tiago Andrino, apoiado por Amastha como candidato a prefeito nas eleições de 15 de novembro passado, ter revelado a intenção da criação de um “trem da alegria” na Câmara Municipal, com o pagamento de “auxílio paletó” e prêmio por frequência aos vereadores no apagar das luzes da atual legislatura, fato que causou revolta na população e um bloqueio imediato da tentativa por parte do Ministério Público.

Mesa diretora da Câmara Municipal de Palmas

 

Em sessões extraordinárias relâmpago, realizadas na manhã dessa terça-feira, (1°), os parlamentares votaram pelo retorno do “auxílio-paletó” e do “auxílio-assiduidade”, conhecido como 14º salário. Cada um dos benefícios seria de R$ 12 mil. O auxílio para compra de roupas seria pago uma vez por mandato, logo quando o vereador assumisse. Já o benefício extra, por participação nas sessões, seria depositado ao final de cada ano para os vereadores que participassem da maioria das sessões.

 

A iniciativa de trazer os dois benefícios de volta foi da mesa diretora da Câmara. Atualmente, ela é composta pelo presidente da casa, Marilon Barbosa (DEM); pelo vice-presidente Vandim do Povo (PSC) e pelos três secretários da mesa, Etinho Nordeste (DEM), Gerson Alves (PSL) e Juscelino Rodrigues (PSDB).

 

“AUTORIDADE” EM CONTAS

 

A Comissão de Finanças da Câmara Municipal de Palmas deve ser uma verdadeira “autoridade” em contas para apresentar argumentos contrários aos dos auditores e membros do TCE – e acompanhados de provas -, para desaprovar as contas de Amastha.  Ou isso ou a Justiça derruba essa “rejeição” oportunista em um estalar de dedos.

 

O certo é que os “argumentos” que os atuais vereadores podem ter para uma possível rejeição das contas do ex-prefeito são um profundo desafeto para com o ex-gestor ou para com o o colega Tiago Andrino por conta do bloqueio dos recursos extras que queiram aprovar.

 

COMPROVAÇÃO

 

Se os boatos dessa rejeição planejada se confirmarem, os vereadores de Palmas que votarem para derrubar o parecer do tribunal de Contas do Estado estarão comprovando que tudo não passa de vingança política e cometendo um verdadeiro suicídio eleitoral, cujo maior efeito colateral será a ressuscitação política de Carlos Amastha que, certamente, saberá utilizar política e publicitariamente essa manobra irresponsável e desastrosa que se trama na Câmara Municipal de Palmas, saindo de uma grande derrota política direto para os holofotes da mídia – que tanto adora e que tanto sabe tirar proveito.

 

Como já dizia o ex-presidente e ex-presidiário Luis Inácio Lula da Silva, nada como “aloprados” para colocar tudo a perder....

 

Posted On Sexta, 04 Dezembro 2020 05:21 Escrito por

Já são 13 siglas contra a ideia de reeleição da dupla do DEM

 

Com Revista Oeste

 

O movimento contra a possibilidade de Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) serem reconduzidos em fevereiro de 2021 à presidência do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente, ganhou mais adeptos. Nesta quarta-feira, 2, PT e Podemos assumiram compromisso com o manifesto lançado na véspera por outros 11 partidos políticos com representatividade no Congresso Nacional.

 

Com PT e Podemos no pacto contra a reeleição de Alcolumbre e Maia, o movimento passa a contar com maioria na Câmara. Isso porque os 13 partidos somam 264 dos 513 deputados (já considerados os parlamentares petistas e do Pode). No Senado, o ingresso de mais duas agremiações em prol do projeto antirreeleição no Congresso também acarretou a obtenção de maioria para a ideia na Casa: com 49 dos 81 senadores.

 

Intitulado “Carta à nação brasileira e ao Supremo Tribunal Federal”, o documento assinado pelos partidos contra Alcolumbre e Maia é direcionado aos ministros do STF, que devem analisar a constitucionalidade de reeleição à Mesa Diretora das duas Casas Legislativas.

 

Partidos se unem contra reeleição de Maia e Alcolumbre

 

Treze partidos com representatividade no Congresso Nacional se posicionam contra a possibilidade de Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) serem reconduzidos às presidências do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, respectivamente. Em carta tornada pública na noite desta terça-feira, 1º, as legendas pregam respeito à Constituição brasileira.

 

Intitulado de “Carta à nação brasileira e ao Supremo Tribunal Federal”, o documento tem a chancela de PP, PL, PSD, Avante, Patriota, Solidariedade, PSC, PSB, Rede, Cidadania e Psol. Juntos, os partidos somam exatamente 200 deputados federais e 33 senadores. O manifesto é divulgado dias antes de o STF julgar a constitucionalidade da reeleição em sequência para as mesas diretoras das duas Casas do Poder Legislativo.

Confira, abaixo, a carta

Os partidos abaixo assinados, representantes das mais diversas tendências políticas e ideológicas, manifestam a profunda preocupação quanto ao julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade — ADI nº 6524, previsto para ocorrer nesta semana em plenário virtual do Supremo Tribunal Federal.

 

O que está em jogo neste julgamento é a reafirmação da construção histórica do constitucionalismo brasileiro baseado no postulado do republicanismo, da alternância do poder parlamentar e da proibição da perpetuação personalista e individualizada do controle administrativo e funcional das Casas Legislativas.

 

O sistema democrático e representativo brasileiro não comporta a ditadura ou o coronelismo parlamentar. A vedação à recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente na Mesa (art. 57, parágrafo 4º, da Constituição Federal) é a solução constitucional mais adequada para evitar a perenização e o engessamento das posições de liderança no Congresso Nacional, assim como também ocorre nas mesas diretoras do Poder Judiciário.

 

Destaca-se, ainda, que a discussão da própria manutenção do instrumento da reeleição no âmbito do Poder Executivo também faz parte da agenda da sociedade brasileira, inclusive sendo considerado por muitos críticos um dos fatores mais relevantes para as mazelas institucionais de nosso pais constatadas desde a sua autorização em 1997 (EC nº 16).

 

Um Congresso Nacional forte é aquele que respeita os ideais da temporalidade dos mandatos e do revezamento da direção das suas respectivas Casas. Mudar este curso histórico fere o princípio constitucional da vedação ao retrocesso democrático e se constituiu em casuísmo tacanho que não combina com a tradição do Supremo Tribunal Federal, guardião dos princípios da República Federativa do Brasil e sempre atento à harmonia e ao equilíbrio institucional contra atitudes individualistas de extrapolação e excessos do exercício do poder.

Assinam

PP
PL
PSD
AVANTE
PATRIOTA
SOLIDARIEDADE
PSC
PSB
REDE
CIDADANIA
PSOL
PT
PODEMOS

 

Posted On Quinta, 03 Dezembro 2020 04:47 Escrito por

Depois de uma eleição em que partidos de centro foram vitoriosos e com escassas vitórias de candidatos para quem declarou apoio, o presidente Jair Bolsonaro vem intensificando conversas com líderes partidários a fim de encontrar uma legenda para se lançar à reeleição. Bolsonaro tem sido aconselhado a dialogar com partidos já estruturados e com recursos, inclusive do centrão, para escolher a nova casa. Porém, deputados da ala ideológica insistem para que ele volte ao PSL, de Luciano Bivar, e negociam com o partido uma reformulação para abrigar o presidente.

 

Por Naira Trindade, Natália Portinari, Guilherme Caetano e Bernardo Mello

 

A necessidade de reunir aliados em uma só legenda — a dispersão da eleição municipal mais recente foi vista como um fator responsável por derrotas — também apressou o passo das discussões. Aliados do governo listam como opções o PSL; o PSD, de Gilberto Kassab; o PP, do senador Ciro Nogueira; o PTB, de Roberto Jefferson; o Republicanos, presidido por Marcos Pereira; e o Patriota, de Adilson Barroso. A tendência, segundo auxiliares do governo, é que o chefe do Executivo evite se movimentar ou tenha agendas públicas com líderes partidários até passar a eleição das presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2021. Após a definição de forças nas duas casas, aí sim, ele faria sua escolha.

 

Nos últimos três meses, o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) tem negociado com a cúpula do PSL uma reformulação da legenda para transformá-la novamente na casa de Bolsonaro. Os deputados ideológicos preferem continuar na sigla pela qual foram eleitos, que detém o segundo maior fundo eleitoral — foram quase R$ 200 milhões neste ano — a terem de buscar abrigo em outra legenda sem recursos ou estrutura para se lançarem à reeleição em 2022.

 

A negociação envolveria escantear inimigos de Bolsonaro: os deputados federais Júnior Bozzella (SP), Joice Hasselmann (SP), Dayane Pimentel (BA) e Nereu Crispim (RS) e o senador Major Olimpio (SP).

 

Nas tratativas, alguns deputados pedem que Bivar entregue as chaves do partido a Bolsonaro, dando ao presidente controle sobre recursos e sobre quem ocupará diretórios estaduais. Nenhum dirigente, porém, do PSL ou de outras siglas grandes, se diz disposto a isso. As costuras passam por redistribuir comandos de diretórios estratégicos que recebem recursos para manter suas estruturas e impulsionar as candidaturas nos estados.

 

Leia mais: Partidos de centro e esquerda assinam carta contra reeleição no Congresso

 

Deputados bolsonaristas chegaram a pedir que a legenda mudasse de nome e passasse a se chamar Aliança, mas a ideia foi rejeitada.

 

A cúpula do PSL evita falar abertamente sobre as conversas com o governo antes das eleições da presidência da Câmara. A legenda, que se diz independente, trabalha para lançar Bivar como sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os deputados bolsonaristas, hoje suspensos do partido, perderam a esperança de criar o Aliança pelo Brasil no prazo estipulado por Bolsonaro, que vence em março, e buscam fazer as pazes com a cúpula do PSL.

 

Dirigentes da legenda, por outro lado, admitem que possa haver negociações no sentido de ajustar o partido para abrigar não só o presidente, mas também as alas ideológicas, conservadoras e também deputados da “velha política” que o partido quer filiar. A ideia é definir diretorias internas, com orçamentos definidos para cada grupo. Assim, o partido espera não reduzir de tamanho em 2022, já que o pleito municipal mostrou um enfraquecimento dos ideológicos nas urnas.

 

Caso opte por um partido alinhado ao Centrão, Bolsonaro terá ainda de afinar o discurso para tentar convencer a militância a aceitar o movimento de se associar à “velha política”, além de vencer a resistência de alguns líderes partidários.

 

A aliados, o deputado Marcos Pereira demonstrou resistência em abrigar no Republicanos os 20 deputados que acompanhariam Bolsonaro no ato da filiação, sob alegação de preferir ter o controle de uma bancada de 31 deputados do que perder o rumo com deputados insubordinados que não dialogariam com o restante da bancada.

 

Interlocutores do presidente no meio evangélico vêm aconselhando Bolsonaro a evitar o Republicanos pela ligação da legenda com Igreja Universal do Reino de Deus, o que poderia afastá-lo de outras denominações religiosas.

 

Já o presidente do PSD, Gilberto Kassab, negou a possibilidade de Bolsonaro se filiar à sigla, frisando, porém, ter pautas convergentes com o governo. A filiação é defendida por integrantes do do Planalto.

 

— Temos respeito pelo governo Bolsonaro, mas o PSD é um partido de centro. Não está no estatuto ou nos objetivos do partido ser um partido de direita. Esse é o motivo pelo qual Bolsonaro não vai se filiar ao PSD — disse Kassab.

 

Um aliado do presidente integrante da bancada evangélica na Câmara defende um retorno ao PP, partido do qual Bolsonaro se desfiliou em 2016 citando o envolvimento de lideranças em esquemas de corrupção. Um dos motivos é a aliança construída com o deputado Arthur Lira (PP-AL), tido como “fiador da governabilidade” no momento. A avaliação é que a legenda permitiria ao presidente garantir em 2022 apoios de outras siglas do centrão, como o PL.

 

 

Posted On Quarta, 02 Dezembro 2020 14:41 Escrito por

Pedetista disse que, se conseguir unir centro-esquerda e centro-direita, será "o próximo presidente do Brasil"

 

Por iG Último Segundo

 

O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse hoje (1º) que, para vencer o Bolsonarismo , o Brasil precisa de uma aliança de centro-esquerdo e centro-direita , com um projeto desenvolvimentista, com o encerramento da "ilusão neoliberal".

De acordo com o pedetista, a esquerda precisa se aproximar do centro — que geralmente se alia à direita no Brasil — para ter chance de vitória em 2022.

 

"O futuro, do meu ponto de vista, pede o encerramento da ilusão neoliberal e a formulação, em um ambiente muito difícil e complexo, de um projeto nacional de desenvolvimento. Esse projeto, para ser viável, tem de tomar uma parte do centro político da sua relação umbilical tradicional com a direita."

 

Perguntado sobre a preferência por uma aliança com o governador João Doria (PSDB) ou o ex-presidente Lula (PT), Ciro disse que "nem um, nem outro".

 

"O que eu vou fazer, à luz do dia, na frente de todos, é tentar capturar um pedaço de centro-direita para uma ampla aliança na centro-esquerda [...] Se eu conseguir isso, vou ser o próximo presidente do Brasil. Se não, boto a viola no saco e vou ser um livre pensador", complementou.

 

O político disse, porém, que, apesar de querer lançar candidatura como cabeça de chapa em 2022, não necessariamente o fará. "Eu quero ser, mas não me imponho."

 

Posted On Quarta, 02 Dezembro 2020 05:27 Escrito por
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