“Não são as pessoas que nos decepcionam, geralmente nos decepcionamos com as expectativas que colocamos nas pessoas”
SURAMA JURDI
Por Edson Rodrigues
Os resultados das urnas, no último dia 15, nada mais foi que um sinal amarelo, de alerta, para vários segmentos partidários e a seus líderes, detentores de mandatos no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa ou não, e ao Palácio Araguaia, na pessoa do governador Mauro Carlesse.
Governador Mauro Carlesse
As urnas simplesmente derreteram algumas lideranças, como o ex-deputado Marcelo Lelis, do PV e o candidato do Podemos, Alan Barbiero, que não conseguiram vencer nem os percentuais de votos em branco, nem de votos nulos, com um desempenho abaixo de qualquer comentário entre os candidatos mais tradicionais.
O “ESMAGADO”
O ex-prefeito de Palmas, derrotado duas vezes consecutivas no pleito para governador do Estado na eleição suplementar e na eleição geral, na qual não conseguiu nem ir para o segundo turno, derrotado pelo ex-senador Vicentinho Alves, tentou montar uma “oposição ampla” e forte, com um candidato que se submeteu até a incluir o nome de Amastha em seu registro de candidatura, foi quem sentiu mais forte o “sopro quente” das urnas, conseguindo um vergonhoso quarto lugar, com apenas 12% dos votos em Palmas e elegendo apenas um prefeito pelo seu partido, o PSB, entre 139 possibilidades no Estado que tanto deseja governar.
Ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha
O ex-prefeito da Capital, caso queira continuar na vida pública, terá uma missão hercúlea após os resultados pífios obtido nas urnas pela sua “frente oposicionista”, esmagada em Palmas, a cidade que deixou de lado para apostar em seu interesse pessoal de ser governador do Estado. Seu desafio inclui uma mudança de 180 graus nas premissas do seu partido e na sua conduta pessoal e reconquistar credibilidade pessoal e política a ponto de promover um crescimento do seu partido, com filiações de lideranças que queiram ser comandadas por ele, e ser candidatos a deputados federais ou estaduais sempre à sombra de Amastha que, nas duas opções, sempre será o principal, de acordo com sua personalidade histriônica.
OS QUE DIMINUÍRAM
A senadora Kátia Abreu tem uma vasta folha de serviços prestados ao Estado, como deputada federal, senadora e ministra da Agricultura no governo de Dilma Rousseff, com um destaque muito grande na mídia nacional. Mas, na hora de mostrar humildade, vem à tona o seu temperamento explosivo, e Kátia acaba pecando por falta de carisma. Talento político, a senadora tem de sobra, mas falta, ainda, saber cativar o povo mais simples.
Kátia marcou presença com seu PP, junto com Irajá Abreu, PSD e Vicentinho Jr. PL, apoiando a candidatura de Thiago Andrino em Palmas, mas não influenciou as sucessões de Araguaína, Gurupi e Porto Nacional. Mas ela não deixou de dar apoio logístico ao partido do seu filho, o também senador Irajá Abreu, do PSD, que elegeu o prefeito de Porto Nacional, Ronivon Maciel. Nos municípios de médio e pequeno porte, foram 22 vitórias, um número suficiente apenas para lhes dar tempo de não se juntar ao rol dos que serão “sepultados” na vala dos que enterram sua vida política no Tocantins.
A partir de agora, Kátia Abreu tem o ano de 20921 para pavimentar uma candidatura, por enquanto, para deputada federal, pois os espaços estão ocupados por forças superiores à dela para as vagas de senador e governador, mas nada que a impeça de se capacitar para disputar essas vagas, também, dependendo do decorrer dos fatos, pois, como sempre falamos, nada é exato na política.
Nilmar Ruiz, Carlos Amastha, Irajá Abreu, Thiago Amastha Andrino, Vicentinho Junior e Kátia Abreu
O governador Mauro Carlesse, apesar de ter mantido uma distância estratégica do pleito do último domingo, com exceção de Gurupi, onde foi, claramente, a favor de Josi Nunes, deixou que o Palácio Araguaia “atear fogo em muitas pontes” com a prefeita reeleita de Palmas, Cinthia Ribeiro, e com os prefeitos vitoriosos em eleger os seus sucessores, como Ronaldo Dimas e Moisés Avelino. Apesar disso tudo, governo do Estado é governo do Estado e ainda há dois anos para se reinventar, se repaginar e conseguir reconstruir essas pontes.
A pretensão política de Mauro Carlesse, que não pode concorrer à reeleição, é o Senado Federal. Com a configuração deixada pelas urnas e sua atual filosofia de governo, tudo indica que precisará “calçar as sandálias da humildade”, restaurar sua aproximação com o senador Eduardo Gomes e fazer da sua administração, a partir de 2021, um governo de coalizão, municipalista, prestigiando aqueles que lhe são fiéis, principalmente os companheiros da Assembleia Legislativa, resolver sua vida partidária, compondo com a presidente do diretório estadual do DEM, deputada federal Dorinha Seabra, ou ir para outro partido, já no início do ano, que lhe dê abrigo e liderança para ser candidato ao Senado, que, em nossa humilde opinião, seria o PTB, do seu aliado leal e prestativo, Toinho Andrade, presidente da Assembleia Legislativa.
É bom lembrar que o governador vai precisar se desvincular do cargo para concorrer ao Senado, deixando o governo do Estado com Wanderlei Barbosa ou com Toinho Andrade.
O candidato natural de vários partidos, prefeitos e deputados estaduais e federais tocantinenses, com apoio do Centrão no Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, ao governo do Estado é o senador Eduardo Gomes. Sendo assim, como ficarão Wanderlei e Toinho Andrade para 2022?
A saída é apostar em Eduardo Gomes como o “arquiteto” para projetar essa ponte e dar rumos sólidos para essa transição.
Já para os nobres deputados federais e estaduais, com raras exceções, a luz de alerta também foi ligada após o resultado das urnas. Ninguém terá apenas dias “floridos” daqui para frente. As próximas eleições estaduais não terão coligações proporcionais, não haverá “oba-oba” e cada partido terá que escolher minuciosamente seus candidatos, não esquecendo das cotas para candidatas do sexo feminino, candidatos negros e as regras que definiram a divisão do Fundo partidário, que deixaram muitos candidatos “na campina”, serão as mesmas e todo o Tocantins tem menos eleitores que a cidade de Goiânia. Ou seja, as regras de divisão do “bolo” serão as mesmas deste ano, ou seja, uma decepção.
ELI BORGES
O deputado federal Eli Borges (foto), que se autoproclamou, do leito em que convalescia de Covid-19, como o “candidato do Palácio Araguaia” à prefeitura de Palmas e recebeu um profundo silêncio do governo do estado como resposta, pois o governador Mauro Carlesse calado estava e calado ficou, ao que tudo indica descumpriu um acordo no qual ele se licenciaria do seu cargo para que o aliado palaciano Lázaro Botelho assumisse, como deputado federal, o que fez com que qualquer possibilidade de apoio real do governo do Estado fosse retirado de forma imediata, saiu dessa eleição bem menor do que entrou.
Sua candidatura não decolou e ele terminou num vexatório terceiro lugar, com apenas 13% dos votos e muitos apoios perdidos entre lideranças de todo o Estado que o tinham como “tábua de salvação”, comprometendo qualquer pretensão de reeleição ou candidatura a outro cargo qualquer em 2022.
Eli Borges, hoje, é uma figura nebulosa na política tocantinense, com um futuro incerto e um presente de desafios.
EDUARDO GOMES
O senador Eduardo Gomes, hoje, o político tocantinense de maior destaque nacional. Líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e relator setorial do Orçamento do Ministério do desenvolvimento, ele foi o grande vitorioso dessas eleições municipais, elegendo 87 prefeitos nos 20 maiores colégios eleitorais do Tocantins, inclusive na Capital, Palmas, onde muitos foram opositores à sua candidata, Cinthia Ribeiro.
Eduardo Gomes com prefeito eleito de Araguaína Wagner Rodrigues
Eduardo evitou fazer carreatas, barulho ou proferir bravatas. Preferiu fazer uma peregrinação de Norte a Sul, de leste a Oeste do Tocantins, gravar vídeos e entrevistas de apoio aos seus companheiros e não atacou ninguém que se opôs às suas preferências.
O senador nada mais fez nessa campanha que mostrar gratidão àqueles que o apoiaram na eleição para o Senado e o fizeram o mais bem votado da história política do Tocantins e, definidos os resultados, já está em Brasília, em reuniões com o presidente da República, líderes e vice-líderes partidários na Câmara e no Senado, articulando para as votações importantes que vão ocorrer na Câmara e no Senado, sempre defendendo os interesses do governo do qual é líder.
Ao mesmo tempo, Eduardo Gomes vem costurando milhões de reais em recursos a serem destinados aos 139 municípios tocantinenses a partir de 2021, correspondendo às responsabilidades e demandas de seus apoiadores – e dos que não o apoiaram – preparando uma grande base de aliados com dezenas de prefeitos, centenas de vereadores, ex-governadores, deputados estaduais e centenas de candidatos nas eleições de 2022, para as suas pretensões eleitorais, estando confortável para qualquer que seja sua escolha.
Assim transcorreram as eleições de 15 de novembro de 2020, exatamente como prevíamos, com a consolidação das lideranças que souberam jogar o jogo da boa política e o sepultamento coletivo dos que apostaram todas as suas fichas na ignorância dos eleitores.
A fila andou, e o eleitor é o grande protagonista, a partir de agora!
Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) aponta que, de 69 deputados e senadores candidatos, apenas quatro se elegeram no primeiro turno
Por Sarah Teófilo
Parlamentares do Congresso Nacional tiveram redução histórica de êxito nas eleições municipais de 2020, observando dados desde 1992 levantados pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). De 69 candidatos, sendo 67 deputados e dois senadores, apenas quatro deputados conseguiram se eleger no primeiro turno.
Há, ainda, 15 parlamentares na disputa pelo segundo turno, mas mesmo que todos consigam se eleger, a quantidade de vitoriosos poderá, no máximo, se igualar ao total de 2008, quando 18 obtiveram êxito entre 89 na disputa. Isso se dá pelo fato de que, em Recife (PE), dois parlamentares estão no segundo turno pela cadeira de prefeito — João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT).
Também na disputa está o senador Vanderlan Cardoso (PSD), candidato em Goiânia (GO), que disputa a prefeitura contra Maguito Vilela (MDB), internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de São Paulo com covid-19 há mais de 20 dias. Além de Vanderlan, outro parlamentar federal candidato era o deputado Elias Vaz (PSB).
Números
Conforme levantamento, em 2016, último pleito municipal, 83 parlamentares disputaram prefeituras, e apenas 20 tiveram êxito. Em 2012, de 92 na disputa, 25 se elegeram. Confira outros números:
2004: 93 candidatos e 20 eleitos;
2000: 98 candidatos e 26 eleitos;
1996: 121 candidatos e 41 eleitos;
1992: 88 candidatos e 26 eleitos;
Foram alvo de disputa dos congressistas que não obtiveram sucesso as capitais Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Belém (PA), João Pessoa (PB), Teresina (PI), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Boa Vista (RR), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP) e Palmas (TO).
“Em um mundo em que apenas os fortes sobrevivem, aqueles que já nasceram vencedores, se destacam”
MIKAELSON
Por Edson Rodrigues
Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, senador mais bem votado na história política do Tocantins e a principal liderança suprapartidária tocantinense no cenário nacional, teve uma atitude que poucos políticos têm a coragem de fazer. Com todo o prestígio conquistado a partir da sua eleição, e com uma agenda lotada como principal articulador do governo federal, ele reservou tempo e trabalho, para demonstrar sua gratidão aos que lhe apoiaram em sua eleição ao Senado, em 2018.
Gomes percorreu, via terrestre, dezenas de municípios do interior do Tocantins, gravou um sem número de vídeos em favor de candidatos a prefeito e vereador, levou estrutura partidária, participou de carreatas, comícios e reuniões, concedeu entrevistas e fez declarações de apoio a quem lhe solicitou, nos últimos 10 dias de campanha.
O resultado de toda essa gratidão reverberou nas urnas. 87 prefeitos apoiados por Eduardo Gomes e uma multidão de vereadores de diversas vertentes partidárias, foram eleitos pelo povo tocantinense. Nenhuma liderança dos mais variados partidos que o apoiaram em 2018 ficou sem a força e o apoio do senador nestas eleições municipais.
Esse gesto de gratidão, coloca Eduardo no rol dos políticos eu cumprem com suas palavras e não deixam companheiros sem apoio. Além de contribuir para a eleição dos seus aliados, o senador assumirá agora o papel de principal carreador de recursos federais para as novas gestões de 2021, que contribuirão para a reconstrução da economia com a diminuição dos efeitos nocivos da pandemia de Covid-19 ao longo do tempo.
GURUPI
A vitória consagradora de Josi Nunes em Gurupi se deve, em grande parte, à sua trajetória política como deputada estadual e deputada federal, em que se manteve longe de quaisquer casos de corrupção ou má conduta, que acabaram a capacitando a receber o apoio do senador Eduardo Gomes e do governador Mauro Carlesse. O passado político da família Nunes, tendo seu pai sido o responsável pela construção do maior parque industrial do Estado, que transformou a economia da cidade, e pela instalação da primeira faculdade de medicina da Região Norte, a Fafig. Sua mãe, Dolores Nunes, também foi deputada estadual e federal, secretária de ação social e vice-prefeita de Gurupi.
Senador Eduardo Gomes
Não se pode negar o êxito obtido por Mauro Carlesse em reenquadrar o Estado na Lei de Responsabilidade Fiscal, assumindo o risco de implantar medidas impopulares para isso. Além disso, regularizou o pagamento dos servidores públicos estaduais, pagando em dia, recuperou rodovias e reequilibrou as finanças estaduais, tornando o seu apoio uma peça importante na engrenagem que levou Josi à essa eleição.
PALMAS
Um grande líder só o é se tiver ao seu lado grandes companheiros a lhe dar apoio e condições de fazer bem feito tudo o que se propuser a fazer, do jeito certo e na hora certa.
Assim foi a campanha da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, reeleita com uma grande diferença de votos em relação ao segundo colocado.
Cinthia Ribeiro foi mais um dos gestores que contou com o apoio do senador Eduardo Gomes, que costurou vários acordos políticos e foi o principal responsável por todo o respaldo que a prefeita recebeu, antes da campanha, para transformar Palmas no maior canteiro de obras da Região Norte do País. Gomes fechou questão em torno de Cinthia, e contou com o auxílio luxuoso da deputada federal Dorinha Seabra e do deputado federal Carlos Gaguim, conseguindo cobertura financeira do governo federal para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, obtendo sucesso em manter o controle da situação até nos piores momentos.
FUTURO
O senador Eduardo Gomes, ante suas vitórias nesta eleição municipal, tem, agora, dois caminhos a trilhar, que é ser presidente do Senado, no caso da impossibilidade de um novo mandato de Davi Alcolumbre, ou ser candidato a governador do Tocantins, podendo fazer uma fusão, assumindo a presidência do senado e se candidatando ao governo, formando uma frente partidária de coalisão.
Qualquer que seja a escolha de Gomes, seu futuro político será de grandes conquistas, pois sai fortalecido de mais este embate, tanto em Brasília quanto no Tocantins e, o mais importante, apoiado por uma gama de partidos que lhe garante tranquilidade para continuar tocando seu mandato com maestria e resultados positivos, tanto para o governo federal quanto para o povo tocantinense.
Especialistas avaliam que resultados mostram esquerda em transformação e partidos de centro com bom desempenho, com DEM em destaque
POR VICTOR FUZEIRA
TÁCIO LORRAN
Em um ano atípico, marcado pela pandemia do novo coronavírus, o 1º turno das eleições municipais de 2020 começou a desenhar, segundo especialistas consultados pelo Metrópoles, mudanças no cenário político: PSol e PDT ganham força junto à esquerda, com o PT enfraquecido; o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aliados perdem corpo, com resultados abaixo do esperado e diminuição do apelo da chamada “antipolítica”; e o bloco de partidos de centro surge como uma alternativa à polarização desenfreada de 2018, com destaque para o DEM, que elegeu três prefeitos de capitais em primeiro turno.
Com quase 90% das urnas apuradas das Eleições 2020, apenas três partidos elegeram, em primeiro turno, candidatos nas capitais do Brasil.
Uma das principais siglas de centro-direita do país, o Democratas (DEM) venceu em 3 das 25 capitais em que houve votação neste domingo (15/11). Logo atrás, empataram o PSDB e o PSD, ambos com duas vitórias confirmadas.
Em relação ao segundo turno, o MDB é a sigla que mais vai disputar prefeituras nas 18 capitais com votação a ser definida no próximo dia 29. São 7 cidades em que o partido é uma das duas opções dos eleitores.
O Partido dos Trabalhadores, na contramão, está em apenas duas disputas: em Recife e Vitória. O número é bem distante da realidade de 2016, quando o partido levou 7 candidatos para a definição em segundo turno. Apesar disso, o partido elegeu, em 2016, apenas um prefeito nas 100 cidades mais populosas do país. Agora, o PT está na disputa em 15 desses municípios: além das duas capitais, vai concorrer às prefeituras de Guarulhos (SP) e São Gonçalo (RJ).
Em São Paulo (SP), o candidato Guilherme Boulos (PSol) surgiu como o grande nome da esquerda nestas eleições e vai disputar o segundo turno contra o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB). Apoiado por Bolsonaro, o deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) despencou nos últimos dias, conforme pesquisas de intenções de votos, e amargou, nesse domingo (15/11), um dolorido quarto lugar, com pouco mais de 10% dos votos válidos.
No Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes (DEM) vai ao segundo turno contra o atual prefeito da cidade, Marcelo Crivella (Republicanos). Primos, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) travam a batalha pela prefeitura de Recife (PE), e, em Porto Alegre (RS), Manuela D’Ávila (PCdoB) conquistou 29% dos votos e vai ao segundo turno contra Sebastião Melo (MDB).
Manutenção
Segundo o doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) Humberto Dantas, o eleitor brasileiro fugiu da polarização política e preferiu candidatos com ideologias políticas mais ao centro. “Onde não há manutenção do mesmo grupo no poder, temos o retorno de gestões anteriores. Existe uma percepção de parcelas consolidadas de olhar para trás e dizer: ‘Essa gestão parece razoável de voltar’. Avalio que é um bom cenário de manutenção de políticos consagrados nas urnas e no poder”, explica.
Para o professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília (ICS-UnB) Ricardo Caldas, o bom desempenho de figuras conhecidas da política nacional resulta, também, das dificuldades de campanha que tiveram os candidatos novatos concorrentes ao pleito.
“Foi um ano cruel para os candidatos novatos. Trata-se de uma eleição onde há a proibição de coligações partidárias, com campanhas curtas e restritivas, com baixo efetivo de doações de campanha. Ser novo na política não foi suficiente, como vimos em 2018”, defende.
Caldas acredita que os candidatos populistas perdem fôlego, mas ainda caem nas graças do eleitorado brasileiro. “Eleitorado ainda quer nomes novos, gosta de nomes novos, mas eles podem estar dentro de um partido tradicional, diferente de outras eleições. Hoje, o eleitor liga menos para os partidos políticos, essa questão não é tão importante mais. Não à toa, você tem partidos antigos voltando a conquistar espaço no cenário, como o DEM. Enquanto outros partidos, mais consolidados, como o PT, perdem força.”
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Teixeira avalia que o melhor caminho para quem concorre, hoje, a um cargo político é pelo centro. O cientista político, contudo, ainda acha difícil traçar projeções para as eleições de 2022 apenas com os resultados deste 1º turno.
“O que a gente sabe é que Bolsonaro está menor do que quando ele entrou e que a esquerda vai ter que conversar mais, buscar alternativas melhores. Quem está em campanha para 2022 depende muito dos grandes centros”, pondera.
Os derrotados
Texeira avalia que as eleições de 2020 têm um “grande derrotado”: o Partido Social Liberal (PSL) – antiga sigla do presidente Jair Bolsonaro, que atualmente está sem partido. “Mostra-se que o partido existiu fundamentalmente em torno de Jair Bolsonaro. É um desempenho horroroso para quem tem R$ 200 milhões de fundo partidário”, pondera.
Em contrapartida, o professor Ricardo Caldas, da UnB, coloca o Partido dos Trabalhadores (PT) como o maior derrotado no pleito eleitoral. Na avaliação do docente, o desempenho da sigla foi “medíocre” e indicou um “retrocesso”.
“Me surpreende muito que o PT tenha apresentado em 2018 um novo nome, que foi o Fernando Haddad. E, em 2020, dá dois passos para trás e coloca, em disputa, nomes sem respaldo da população. Com exceção de Marília Arraes [candidata à prefeitura de Recife (PE), que vai ao segundo turno], o PT perde a oportunidade de se renovar e faz trabalho medíocre.”
A análise de Caldas encontra ressonância na avaliação de Humberto Dantas. O pesquisador da FGV classifica o desempenho do PT como um “massacre abominável”. “O PT não inaugurou governo em estado algum fora do Nordeste, perdeu forças em alguns estados onde já era consolidado, não ganhou a Presidência e, claro, a eleição deste ano não foi o que o PT imaginava.”
Operação Eleições 2020 no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN)
Os vencedores
Para Dantas, o péssimo desempenho do Partido dos Trabalhadores (PT) nas últimas disputas eleitorais permitiu o crescimento de outros partidos de esquerda, principalmente o PSol, que lança, ao 2º turno, os candidatos Guilherme Boulos, em São Paulo, e Edmilson Rodrigues, em Belém.
“O resultado mostra que a esquerda precisa se reorganizar e quando se sentar à mesa vai ter o PDT e o PSol fortalecidos. Acho que isso muda a postura desses partidos. Agora, o PSol e o PDT vão sentar à mesa de um jeito diferente quando forem conversar com o PT”, avalia.
De acordo com Ricardo Caldas, o bom desempenho do PSol deriva do fortalecimento da sigla durante as eleições presidenciais de 2018. “A campanha de Boulos em 2018 pesou a favor deles, e isso explica porque Boulos ficou em segundo lugar agora. A exposição foi muito grande, e estão colhendo os frutos agora”, diz.
Além do PSol, os especialistas colocam o Democratas (DEM) como outro partido com ótimo desempenho nas urnas. “O DEM teve um desempenho acima do esperado. É um partido antigo, um dos mais antigos, que teve a capacidade de se renovar. Não basta você ser de esquerda, de centro ou conservador, você precisa trazer algo novo, e o Democratas mostrou ao que veio”, defende Caldas.
“Esse resultado positivo do DEM está associado a uma manutenção do status quo em um instante difícil. Mostra uma força em alguns lugares muito interessantes, pega para si dois prefeitos de capitais do Sul. Não pode ficar de fora de nenhuma composição de 2022 de centro”, acrescenta Humberto Dantas.
Candidatos do presidente
Com apoio manifestado a alguns candidatos pelo país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) colheu derrotas significativas neste 1º turno.
Em São Paulo, Bolsonaro viu o aliado Celso Russomanno (Republicanos) ficar de fora da disputa. Já no Rio de Janeiro, o mandatário do país assistiu Marcelo Crivella (Republicanos) ganhar um pouco de força na reta final e garantir um 2º turno contra Eduardo Paes (DEM).
Além de Russomanno, quem também contava com o apoio do presidente e ficou de fora foi a Delegada Patrícia – candidata pelo Podemos em Recife. Outro candidato que amargou uma derrota nas urnas e tinha respaldo do chefe do Executivo era Coronel Menezes (Patriota). Ele concorria à prefeitura de Manaus, mas terminou como 5º mais votado, apenas.
Convidado para participar de lives do mandatário do país, Bruno Engler (PRTB) também não teve bom desempenho e perdeu a disputa, ainda no 1º turno, para o atual prefeito de Belo Horizonte (MG), e agora reeleito, Alexandre Kalil (PSD). Ao menos beliscou um segundo lugar, com quase 10% dos votos.
Outro candidato que amargou uma derrota nas urnas e tinha apoio do chefe do Executivo era Coronel Menezes (Patriota). Ele concorria à Prefeitura de Manaus, mas terminou como o 5º mais votado apenas.
Os cientistas políticos ouvidos pela reportagem, contudo, defenderam que o desempenho dos aliados de Bolsonaro não está, necessariamente, atrelado à manifestação de apoio do presidente.
“Bolsonaro não definiu muita coisa. O Russomanno sofre de desgaste da imagem dele mesmo, são questões internas. É só mais uma campanha em que ele larga na frente das pesquisas e, no fim, acaba em terceiro ou quarto lugar”, explica o professor do Instituto de Ciências Sociais Ricardo Caldas.
Os estudiosos defendem que o tímido respaldo do chefe do Executivo não foi suficiente para assegurar apoio popular do eleitorado. “Bolsonaro apagou o pedido de voto feito a Russomanno e Crivella. Isso só demonstra que o presidente não aceita perder. É um presidente que não sabe dar apoio, não é um grande empenhador de voto. Isso é muito ruim para ele”, finaliza Dantas.
“Vencedores e perdedores não nascem assim, eles são os produtos de como eles pensam”
LOU HOLTZ
Por Edson Rodrigues
Enfim, as urnas falaram. E bradaram em alto e bom som um recado forte e cristalino, principalmente para as oposições. Nos próximos dias, O Paralelo 13 fará uma análise do novo desenho das principais forças políticas que irão sentar à mesa para discutir a sucessão estadual. O governador Mauro Carlesse ganhou em Gurupi, mas ficou sem sua base política nos principais colégios eleitorais. Como ficará seu governo, como será a distribuição de forças e, principalmente, como o governo do Estado irá se relacionar com os municípios.
Essas são as questões mais importantes para que se possa ter uma ideia de como será o futuro do Tocantins e dos seus 139 municípios. A partir de hoje até setembro de 2022, uma nova história política passa a ser escrita e aqueles que entenderem da melhor forma o que os eleitores disseram, por meio dos resultados das urnas.
MAURO CARLESSE: VITORIOSO EM GURUPI, DERROTADO NO ESTADO
Governador Mauro Carlesse em Gurupi ao lado de Josi Nunes do deputado federal Gaguim
O governador Mauro Carlesse terá que se repaginar politicamente a partir de já. Em janeiro de 2021, dos cinco maiores colégios eleitorais – Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso – ele só terá apoio irrestrito em seu berço eleitoral, que é Gurupi.
Filiado ao DEM, Carlesse tem a consciência de que, dentro da legenda, ele está longe de ser parte da cúpula, cujo comando está nas mãos da deputada federal Dorinha Seabra, que goza da confiança da cúpula nacional, da qual faz parte e tem cadeira cativa na mesa-diretora da Câmara Federal.
Caso queira permanecer na vida pública, Carlesse terá que migrar para um partido no qual possa exercer o poder de decisão e ter as condições necessárias de moldar a legenda em torno da sua pretensão de se candidatar ao Senado em 2022 ou, em último caso, à Câmara Federal, como deputado.
Para isso, Carlesse se vê obrigado a construir um novo governo, do zero, a partir de 2021, com mudanças profundas em seu secretariado, que durante seu governo construiu diversos ”muros” e “ateou fogo” em muitas pontes, comprometendo seu relacionamento – o a possibilidade de – com muitos líderes importantes, tanto políticos quanto da sociedade, e foram exatamente essas lideranças que saíram fortalecidas das urnas.
LAUREZ MOREIRA
A partir da esquerda para a direita Gutierres, Laurez e Eduardo Fortes
Apesar de Laurez Moreira ter seu candidato derrotado em Gurupi, não foi apenas a influência do Palácio Araguaia que elegeu Josi Nunes. O apoio e a interferência do senador Eduardo Gomes foram cruciais para que a ex-deputada federal conseguisse uma virada histórica nas urnas.
Laurez Moreira mantém, de qualquer forma, toda a sua força política em Gurupi e Região, pois teve uma administração avaliada entre as melhores da história da cidade. Seu pecado foi tentar empurrar um candidato goela abaixo dos seus aliados.
PALMAS
Enquanto isso, em Palmas, os esforços do Palácio Araguaia em derrotar a prefeita reeleita, Cinthia Ribeiro, não surtiram efeito. Cinthia teve o apoio de Eduardo Gomes, líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional e a opção palaciana por Eli Borges mostrou-se tão desastrosa que no meio do processo houve uma debandada geral, deixando claro o passo em falso e a falta de articulação e engajamento.
ARAGUAÍNA
O prefeito eleito de Araguaína Wagner Rodrigues e o atual prefeito Ronaldo Dimas
Da mesma forma ocorreu em Araguaína, em que o governo do Estado iniciou com força total a oposição ao candidato do atual prefeito, Ronaldo Dimas, mas, de novo bateu em retirada ante o poderio do apoio de Eduardo Gomes a Wagner Rodrigues, e a desidratação do apoio palaciano a Elenil da Penha foi cruel. Assim aconteceu também em outras cidades importantes, como Paraíso e Guaraí.
São muitas pontes a serem reconstruídas para que se diminua o número de inimigos e adversários e se crie a possibilidade de abertura de um diálogo de alto nível.
A verdade é que a resposta das urnas não foi, em nenhum momento, favorável aos anseios do Palácio Araguaia e, caso mauro Carlesse queira seguir na vida pública e ver suas pretensões se concretizarem, tem que iniciar, imediatamente uma repaginação pessoal e uma reinvenção do seu governo.
Apesar de sair fragilizado dessas eleições, o governo de Mauro Carlesse não se inviabiliza, mas precisará de medidas urgentes e cruciais, como a valorização dos membros do parlamento tocantinense, pois uma harmonização com os deputados estaduais é o primeiro passo para um novo posicionamento político do seu governo.
A outra medida, essa fundamental e básica, é manter o diálogo sempre aberto com o senador Eduardo Gomes, cujas urnas de 87 municípios transformaram no político mais influente da atualidade no Tocantins.
Fica a dica!