Projeto de Lei relatado pela parlamentar foi aprovado por unanimidade na Comissão de Agricultura

 

Da Assessoria

 

O relatório da deputada federal Dulce Miranda, primeira-dama do Tocantins, no Projeto de Lei (PL) nº 2.421/15, que assegura à mulher, na condição de chefe de família, o direito de aquisição de terras públicas. A Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados aprovou o relatório de Dulce por unanimidade. O PL é de autoria do deputado Jorge Silva. Conforme o relatório da deputada, “é assegurado à mulher, na condição de chefe de família, o direito de acesso a terra nas ações de destinação, aquisição ou titulação de terras oriundas de processo de reforma agrária ou regularização fundiária”.

 

De acordo com a deputada, “historicamente, a importância das mulheres trabalhadoras rurais não foi suficientemente reconhecida pelo Estado e pela sociedade. De uma forma geral, as políticas públicas, pouco se direcionaram para este segmento”. Para Dulce, “muitas limitações se impõem ao desenvolvimento da autonomia econômica das mulheres trabalhadoras rurais e com forte expressão entre assentadas da reforma agrária e agricultoras familiares”.

 

Dulce destacou ainda a dificuldade de acesso das mulheres às políticas públicas ao setor. “Para as mulheres/agricultoras é ainda marcante o difícil ou irregular acesso ao crédito, a incipiente ou até a inexistente difusão da profissionalização técnica e a não implementação de uma política agrária e agrícola que as protejam das contínuas crises”.

 

O relatório da deputada afirma: “Também será assegurado à mulher, na condição de chefe de família, o direito de acesso à terra nas ações de destinação, aquisição ou titulação de terras oriundas de processo de reforma agrária ou regularização fundiária. Na sistemática de classificação, para fins de concessão de terras, será dada preferência às famílias chefiadas por mulheres”.

 

Elogios
O presidente da Comissão, Deputado Sérgio Souza, elogiou o relatório da deputada Dulce. “Chama a atenção o fato de um projeto assegurar à mulher, na condição de chefe de família o direito à aquisição de terras públicas. Não precisaria nem de lei. Parabéns pelo relatório de vossa excelência”, afirmou.

 

Já o deputado federal Celso Maldaner, do PMDB do Rio Grande do Sul, parabenizou o autor da matéria e a deputada Dulce como relatora. “Queria parabenizar a iniciativa, especialmente do relatório da deputada federal Dulce Miranda. Que bom essa iniciativa, acho que é muito justo, não precisa nem de lei”.

 

Relatório
Para fundamentar o seu relatório, a deputada Dulce destacou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. “As mulheres representam 47,8% da população residente no meio rural (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD 2006). São quase 15 milhões de mulheres, muitas delas sem acesso à cidadania, saúde, educação e sem reconhecimento da sua condição de agricultora familiar, trabalhadora rural, quilombola ou camponesa”.

 

Dulce diz que essa situação não ocorre somente no Brasil. “É uma realidade mundial. Estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, indicam que apenas 1% da propriedade no mundo está nas mãos das mulheres. Precisamos mudar isso”.

 

Posted On Quinta, 05 Outubro 2017 23:10 Escrito por

Decisão sobre afastamento estava prevista para esta terça, mas, por 50 votos a 21, plenário decidiu adiar votação para o dia 17. Aécio foi afastado na semana passada pelo STF a pedido da PGR

 

 

Com  Agência Brasil

 

 

Após três horas de discussões, os senadores decidiram adiar a votação que pode revisar o afastamento do mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG), determinado na semana passada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Por 50 votos a 21, os parlamentares aprovaram um requerimento subcrito por cinco senadores pedindo que a votação ocorra somente no dia 17 de outubro.

 

O motivo é o julgamento pelo STF de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, marcado para o próximo dia 11, que questiona a necessidade ou não de aval do Legislativo para que o Judiciário possa aplicar medidas cautelares contra parlamentares. Como a decisão pode, na prática, reverter as medidas impostas pelos ministros do Supremo contra Aécio, a maioria dos senadores preferiu adiar a votação em busca de um consenso entre os Poderes Legislativo e Judiciário.

 

A maioria dos parlamentares se posicionou favorável aos seis pedidos feitos para adiar a sessão. Além da bancada do PSDB, apenas alguns senadores defenderam que a votação ainda ocorresse hoje, entre eles Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), Roberto Requião (PMDB-PR) e Lasier Martins (PSD-RS).

 

Antes de abrir o painel para a votação nominal do requerimento, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que, com o adiamento, a Casa daria uma "oportunidade de a própria Suprema Corte, em seu poder de autotutela" revisar a decisão tomada pela Primeira Turma "por meio do pleno". "Chegado o dia 17, no entanto, essa Casa poderá decidir-se à deliberação do ofício [que trata do afastamento de Aécio], que estará prejudicada uma vez que se for reformada a decisão pelo Supremo", afirmou.

 

"Nós acabamos de 'desvotar'. Meus cumprimentos à maioria do Senado", criticou o senador Jader Barbalho. Como hoje o ministro Edson Fachin decidiu rejeitar os mandados de segurança apresentados por Aécio e o PSDB, o senador permanece afastado de suas funções e em recolhimento domiciliar noturno.

 

Após a sessão, Eunício Oliveira disse que o resultado "demonstra interesse" da Presidência do Congresso Nacional de dialogar com os demais Poderes. "O plenário [do STF] pode rever uma posição que era de divergência interna em uma das suas turmas, mas não fulanizando. Não sendo para A ou para B, mas para a preservação do que é mais importante da democracia, que é a obediência à Constituição brasileira".

 

 

Posted On Quarta, 04 Outubro 2017 06:21 Escrito por

Se regras de desempenho previstas para 2018 estivessem valendo em 2014, 14 legendas perderiam acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de rádio e TV. Texto vai à promulgação pelo Congresso.

 

 

Com Agência Brasil

 

O plenário do Senado aprovou hoje (3), em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a coligação de partidos para eleições proporcionais e estabelece a cláusula de desempenho, que gradativamente impede a propaganda de rádio e TV e o repasse de dinheiro do fundo partidário a partidos pequenos.

 

Aprovada na semana passada pela Câmara, a emenda constitucional será promulgada pelo Congresso Nacional nos próximos dias para que possa valer nas eleições de 2018. No caso das coligações partidárias, a proibição valerá a partir de 2020.

 

Com aprovação unânime, as discussões entre os senadores foram rápidas, já que o projeto é originário do próprio Senado. Na Câmara, após várias semanas de debates, os deputados aprovaram a PEC 282/2016 (convertida no Senado em PEC 33/2017) mas, como a proposta foi alterada, precisou ser votada novamente no Senado. Até o momento, esta é a única proposição sobre a reforma política que valerá para o próximo pleito.

 

Desempenho

A emenda cria uma cláusula de desempenho para que os partidos só tenham acesso aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão se atingirem um patamar mínimo de candidatos eleitos em todo o país.

 

A partir de 2030, somente os partidos que obtiverem no mínimo 3% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, terão direito aos recursos do Fundo Partidário. Para ter acesso ao benefício, os partidos também deverão ter elegido pelo menos 15 deputados distribuídos em pelo menos um terço dos estados.

 

O mesmo critério será adotado para definir o acesso dos partidos à propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A mudança, no entanto, será gradual, começando pelo piso de 1,5% dos votos válidos e nove deputados federais eleitos nas eleições de 2018; chegando a 2% e 11 deputados eleitos, em 2022; a 2,5% e 13 eleitos em 2026, até alcançar o índice permanente de 3% e 15 eleitos em 2030.

 

Dois turnos

No primeiro turno, a PEC foi aprovada por 62 votos favoráveis e nenhum contrário. Com a quebra de interstício, que previa um intervalo mínimo de sessões para que a proposição fosse analisada novamente, os senadores confirmaram por 58 votos a 0 a aprovação da matéria.

 

"Nós, hoje, acabamos com essa coisa esdrúxula chamada coligações partidárias proporcionais. Também criamos a cláusula de desempenho, que vai moralizar a vida pública brasileira, diminuindo essa quantidade enorme de partidos", disse o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Segundo ele, a nova emenda será promulgada até a próxima quinta-feira (5).

 

 

Posted On Quarta, 04 Outubro 2017 06:18 Escrito por

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deixou a cargo da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, a decisão sobre a redistribuição do pedido feito hoje (2) pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suspensão de seu afastamento do mandato.

 

 

Com Agência Brasil

Fachin, um dos cinco ministros da Segunda Turma do STF, foi sorteado relator do pedido de Aécio, que busca suspender a decisão tomada pela Primeira Turma na semana passada, quando o senador foi afastado das atividades legislativas e teve determinado o recolhimento domiciliar noturno.

Poucas horas após o sorteio, o advogado de Aécio, Alberto Toron, pediu a redistribuição do mandado de segurança com pedido de liminar pela suspensão do afastamento. O defensor argumentou que Fachin não poderia ser relator, por ter sido autor do primeiro afastamento do senador, em maio.

 

Sem entrar no mérito do argumento da defesa, Fachin enviou o questionamento para a ministra Cármen Lúcia decidir se determina ou não um novo sorteio do caso entre os demais ministros da Segunda Turma, que são Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Celso de Mello.

 

Mandado de segurança

No mandado de segurança, o advogado de Aécio, Alberto Toron, pede que o afastamento seja suspenso ao menos até que seja julgada a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) sobre a necessidade ou não de aval do Legislativo para que o Judiciário possa aplicar medidas cautelares contra parlamentares.

 

A ADI foi pautada para o próximo dia 11 de outubro pela presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, após o relator da ação, ministro Edson Fachin, ter liberado, na última sexta-feira, o processo para julgamento pelo plenário da Corte.

 

 

Posted On Terça, 03 Outubro 2017 07:07 Escrito por

ÉPOCA TRÁS PRIMEIRA ENTREVISTA DE EDUARDO CUNHA APÓS PRISÃO. VEJA DESTACA RECIBOS DE LULA E ISTOÉ COMPARA CENÁRIOS ELEITORAIS PARA A CAMPANHA 2018

 

 

Eduardo Cunha: “Moro queria destruir a elite política. Conseguiu”

 

Trezentos e quarenta e cinco dias no cárcere não quebraram Eduardo Cunha. O homem que derrubou Dilma Rousseff, encerrando abruptamente 13 anos do PT no poder, pária para boa parte dos brasileiros, herói para alguns poucos, o homem que se consagrou como o mais vistoso preso da Lava Jato, esse homem que segue gerando memes e açulando paixões – eis um homem que se recusa a aceitar o destino que se lhe impôs, da política como passado e das grades como futuro. Cunha não aceita ser o que esperam dele: um presidiário obsequioso, a cumprir sem muxoxos sua sentença. “Sou um preso político”, disse, num encontro recente em Brasília, aquele cuja delação o presidente Michel Temer mais teme.

 

Na primeira entrevista desde que foi preso, Cunha, cujo corpo, fala e espírito não traem um dia submetido ao xilindró, foi, bem, puro Cunha: articulado, incisivo, bélico. Falou da vida na prisão, da negociação frustrada de delação com o então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do que considera uma clara perseguição judicial contra ele.

 

Acusou a existência de um mercado de delações premiadas, revelando detalhes substantivos. Pôs-se à disposição da sucessora de Janot para voltar a negociar sua delação, talvez sua única saída viável para escapar da cadeia – ele foi condenado em primeira instância e responde a processos por corrupção em Curitiba, Brasília e no Rio de Janeiro. A seguir, trechos da entrevista.

 

ÉPOCA – O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot não aceitou sua proposta de delação premiada. O senhor ainda está disposto a colaborar, caso a nova procuradora-geral, Raquel Dodge, aceite negociar?

Eduardo Cunha – Estou pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos, testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer. Assinei um acordo de confidencialidade com a Procuradoria-Geral da República, de negociação de colaboração, que ainda está válido. Estou disposto a conversar com a nova procuradora-geral. Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação.

ÉPOCA – Não houve boa-fé na negociação com Janot?

Cunha – Claro que não. Nunca acreditei que minha delação daria certo com o Janot. Tanto que não deu.

ÉPOCA – Então, por que negociou com a equipe dele?

Cunha – Topei conversar para mostrar a todos que estou disposto a colaborar e a contar a verdade. Mas só uma criança acreditaria que Janot toparia uma delação comigo. E eu não sou uma criança. O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer.

ÉPOCA – Como assim?

Cunha – Tenho muito a contar, mas não vou admitir o que não fiz. Não recebi qualquer pagamento do Joesley  [Batista, dono da JBS] para manter silêncio sobre qualquer coisa. Em junho, quando fui depor à Polícia Federal sobre esse episódio, disse que tanto não mantinha silêncio algum que ninguém havia me chamado a colaborar, a quebrá-lo. Naquele momento, o Ministério Público e a Polícia Federal me procuraram para fazer colaboração. Autorizei meus advogados a negociar com o MP.

ÉPOCA – O que deu errado?

Cunha – Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo que não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou politicamente esse processo de delações.

ÉPOCA – O que há de político nas delações?

Cunha – O Janot, na verdade, queria um terceiro mandato. Mas seria difícil, tempo demais para um só. O candidato dele era o Nicolao Dino [vice de Janot], mas a resistência ao Dino no PMDB era forte. Se o Dino estivesse fora, a Raquel Dodge, desafeto do grupo dele, seria escolhida. É nesse contexto que aparece aquela delação absurda da JBS. O Janot viu a oportunidade de tirar o Michel Temer e conseguir fazer o sucessor dele na PGR.

ÉPOCA – O que há de absurdo na delação da JBS? Ou o senhor se refere aos benefícios concedidos aos delatores?

Cunha – O Joesley fez uma delação seletiva, para atender aos interesses dele e do Janot. Há omissões graves na delação dele. O Joesley poupou muito o PT. Escondeu que nos reunimos, eu e Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment. O Lula estava tentando me convencer a parar o impeachment. Isso é só um pequeno exemplo. Eu traria muitos fatos que tornariam inviável a delação da JBS. Tenho conhecimento de omissões graves. Essa é uma das razões pelas quais minha delação não poderia sair com o Janot. Ele, com esses objetivos políticos, acabou criando uma trapalhada institucional, que culminou no episódio do áudio da JBS. Jogou uma nuvem de suspeição no Supremo sem base alguma.

ÉPOCA – Mas o que houve de político na negociação da delação do senhor?

Cunha – A maior prova de que Janot operou politicamente é que ele queria que eu admitisse que vendi o silêncio ao Joesley para poder usar na denúncia contra o Michel Temer. Não posso admitir aquilo que não fiz. Como não posso admitir culpa do que eu não fiz, inclusive nas ações que correm no Paraná. Estava disposto a trazer fatos na colaboração que não têm nada a ver com o que está exposto nas ações penais. Eles não queriam.

ÉPOCA – Havia algum outro fato que os procuradores queriam que você admitisse? Que não foi uma admissão espontânea, como determina a lei?

Cunha – Janot queria que eu colocasse na proposta de delação que houve pagamentos para deputados votarem a favor do impeachment. Isso nunca aconteceu. Um absurdo. Se o próprio Joesley confessou o contrário na delação dele, dizendo que se comprometeu a pagar deputados para votar contra o impeachment, de onde sai esse tipo de coisa? Qual o sentido? Mas aí essa história maluca, olha que surpresa, aparece na delação do Lúcio [Funaro, doleiro próximo a Cunha]. É uma operação política, não jurídica. Eles tiram as conclusões deles e obrigam a gente a confirmar. Os caras não aceitam quando você diz a verdade. Queriam que eu corroborasse um relatório da PF que me acusa de coisas que não existem. Não é verdade. Então não vou. Não vou.

ÉPOCA – Janot estabeleceu uma disputa entre o senhor e Funaro. Só um fecharia delação, por terem conhecimento de fatos semelhantes envolvendo o PMDB da Câmara.

Cunha – O Janot tem ódio de mim. Mas o ódio dele pelo Michel Temer passou a ser maior do que a mim. Então, se eu conseguisse derrubar o Michel Temer, ele aceitava. Mas eu não aceitei mentir. E ele preferiu usar o Lúcio Funaro de cavalo.

ÉPOCA – Alguma outra razão para a delação não ter saído?

Cunha – O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro.

ÉPOCA – O que o senhor tem a contar de tão grave?

Cunha – Infelizmente, não posso adiantar, entrar no mérito desses casos. Quebraria meu acordo com a PGR. Eu honro meus acordos.

ÉPOCA – Nem no caso de Funaro? O senhor já mencionou um fato que diz ser falso.

Cunha – Ainda não tive acesso à íntegra da delação do Lúcio Funaro. Mas, pelo que li na imprensa e pelo que já tive conhecimento, há muito contrabando e mentiras ali. A delação do Lúcio Funaro foi feita única e exclusivamente pelo que ele ouviu dizer de mim. O problema é que ele disse que ouviu de mim coisas que não aconteceram. Como um encontro dele com Michel Temer e comigo na Base Aérea em São Paulo. Ou esse episódio da véspera do impeachment, de compra de deputados, que o Janot colocou na boca do Lúcio Funaro. Tudo que ele falou do Michel Temer que disse ter ouvido falar de mim é mentira. Ele não tinha acesso ao Michel Temer ou aos deputados. Eu tinha.

ÉPOCA – O senhor está preso preventivamente há quase um ano. Já foi condenado em primeira instância e ainda enfrenta inquéritos e ações penais em Curitiba e em Brasília. Tem esperança de sair da cadeia um dia?

Cunha – Minha prisão foi absurda. Não me prenderam de acordo com a lei, para investigar ou porque estivesse embaraçando os processos. Prenderam para ter um troféu político. O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado. O MP e o Moro queriam ter um troféu político dos dois lados. Como Janot já era meu inimigo, todos da Lava Jato estavam atrás de mim. Mas acredito que o Supremo vá julgar meu habeas corpus, parado desde junho, e, ao seguir o entendimento já firmado na Corte, concedê-lo.

ÉPOCA – As decisões de Moro sobre a necessidade das preventivas na Lava Jato têm sido mantidas nas instâncias superiores. Não é um sinal de que ele está certo?

Cunha – Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis montar uma operação Mãos Limpas no Brasil – uma operação com objetivo político. Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu.

 

VEJA

Defesa de Lula apresenta recibos com datas inexistentes

 

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou dois recibos para comprar o pagamento de aluguel de um apartamento em São Bernardo do Campo, alvo de uma investigação da Operação Lava Jato, com datas inexistentes.

Nos recibos constam como data de vencimento do aluguel 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Os documentos foram assinados por Glaucos da Costamarques que aparece como proprietário do imóvel. Apesar do erro na data da quitação, a data da assinatura está correta.

 

Além destes recibos, a defesa apresentou nesta segunda-feira (25/09) outros 24, referentes ao pagamento de cinco anos de aluguel a partir de 2011, e a cópia do contrato firmando com Costamarques, que é parente do pecuarista José Carlos Bumlai.

 

No processo referente ao apartamento, Lula é acusado de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia, o ex-presidente teria participado de um esquema para desviar de 2% a 3% dos valores de contratos assinados entre a Odebrecht e a Petrobras.

 

O imóvel seria parte da propina repassada ao petista pela empreiteira. Costamarques teria agido como laranja no esquema.

 

Em nota, a defesa do ex-presidente afirma que os erros nos dois não recibos não têm relevância no conjunto probatório e destaca que os documentos apresentados provam que os alugueis foram pagos.

 

Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, Lula negou qualquer irregularidade e afirmou que os pagamentos dos alugueis foram registrados em declarações do imposto de renda dele e do próprio Costamarques.

 

Já Costamarques disse em depoimento que, apesar de ter declarado no imposto de renda, só recebeu pelos alugueis a partir de 2015, após a prisão de Bumlai. Os delatores da Odebrecht negam ter vínculo com o apartamento.

 

Atualmente, o ex-presidente é réu em sete ações penais. No Distrito Federal, responde por obstrução de Justiça por ter supostamente tentado comprar o silêncio de Nestor Cerveró; por tráfico de influência no BNDES para favorecer a Odebrecht; por tráfico de influência na compra de caças suecos; e, no âmbito da Operação Zelotes, pelo crime de corrupção passiva.

 

Já no Paraná, além do caso do imóvel em São Bernardo do Campo, ele responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo um sítio em Atibaia (SP). Ainda foi condenado, mas recorre em liberdade, em caso de corrupção envolvendo um apartamento no Guarujá, no litoral paulista.

 

ISTOÉ

A corrida para 2018

A um ano da eleição, ao menos dez pré-candidatos já se insinuam à disputa pela cadeira de presidente do Brasil. Se Lula estiver fora do jogo, caso venha a ser condenado em segunda instância, o que o tornaria um ficha-suja, seis deles ficarão embolados nas primeiras colocações – todos com chances reais de vitória.

Essa é a principal conclusão do levantamento realizado

pelo instituto Paraná Pesquisas, feito com exclusividade a pedido de ISTOÉ. A pesquisa também consolida a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC) e atesta a vantagem do prefeito de São Paulo, João Doria, sobre o governador Geraldo Alckmin, ambos aspirantes a candidatos ao Planalto pelo PSDB. Em todos os quesitos em que são confrontados, o prefeito toma a dianteira sobre o concorrente.

No cenário em que Doria é o candidato tucano, o deputado Jair Bolsonaro (PSC) figura em primeiro com 19,6% e Marina Silva (Rede) em segundo, com 15,4%. Em seguida, aparece o prefeito de São Paulo com 13,5%, neste caso, em situação de empate técnico com a candidata da Rede, já que a margem de erro da pesquisa é de 2%. Em quarto, vem Joaquim Barbosa, com 8,9%, seguido por Ciro Gomes (7,4%), Álvaro Dias (4,4%), Fernando Haddad (3,4%) e Henrique Meirelles (2,3%). Nessa sondagem estimulada, 21,3% dos entrevistados disseram que não votariam em nenhum dos candidatos apresentados e 4% não souberam opinar. Quando o candidato do PSDB é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Bolsonaro permanece em primeiro, mas com desempenho ligeiramente melhor: pula de 19,6% para 20,9% das intenções de voto. Em segundo, de novo, aparece Marina com 15,3%, uma insignificante variação de 0,1% em relação ao quadro anterior, seguida por Alckmin, com 9,7% – 3,8 pontos percentuais a menos do que Doria. O quarto lugar é novamente do ex-ministro do STF e relator do mensalão Joaquim Barbosa, só que, desta vez, empatado com o candidato tucano: salta de 8,9% no cenário com Doria para 9,7% com Alckmin. Na sequência vêm Ciro Gomes (7,4%), Álvaro Dias (4,6), Fernando Haddad (4%) e Henrique Meirelles (2,2%). Nesse quadro, o número de entrevistados que dizem não votar em ninguém e que ainda não definiram o candidato sobe de 25,3% para 26,2% – o que confirma a natureza volátil do pleito.

 

“Sem Lula na disputa, a eleição fica completamente indefinida”, afirma Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisas. “Além disso, aumenta a chance de Bolsonaro chegar ao segundo turno e abre possibilidades para um candidato do PSDB. O levantamento também mostra que há espaço para crescimento de nomes como Joaquim Barbosa, Álvaro Dias e Henrique Meirelles. Os três juntos somam 12%. Hoje, o melhor tucano é Doria, por representar o novo e não ter contas a prestar na Lava Jato”, acrescentou.

 

“Os partidos devem levar em conta o potencial político-eleitoral dos candidatos” Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República

 

Nas últimas semanas, a queda-de-braço no tucanato pela candidatura ao Planalto foi acirrada – cada qual apresentando suas armas. Se as pesquisas forem determinantes para definição do candidato do PSDB à Presidência, hoje Doria é o favorito. No levantamento por regiões, Doria bate Alckmin no Norte/Centro-Oeste (38,8% a 27,2%), no Sudeste (40,8% a 28,1%) e no Sul (43,4% a 30%). No Nordeste, há um empate técnico: Alckmin figura com 27,3% contra 26,1% de Doria.

 

O peso da ética

Quando os pesquisadores perguntam “qual dos dois candidatos do PSDB teria mais chance de ganhar o seu voto para presidir o País”, Doria aparece com 36,9% e Alckmin 28%. O instituto Paraná Pesquisas também questiona qual dos dois teria mais chances de derrotar o PT. Neste caso, Doria ostenta 36,8%, contra 28,5% de Alckmin. Ainda para 55% dos entrevistados, Doria é quem representa o “novo” na política. Alckmin constituiria uma “novidade” para 17,7%. O levantamento também confirma que a questão ética terá um peso importante na eleição. Confrontados com a pergunta “O senhor votaria em um candidato mencionado na Lava Jato?”, 73,4% dizem que não e apenas 14% sim.

 

Outro item a favorecer o prefeito paulistano é a rejeição dos candidatos. Lula, com 54%, é o mais rejeitado. Ou seja, alguém em quem o eleitor “não votaria de jeito nenhum”. O segundo mais reprovado é Alckmin, com 47,2%. Neste quesito, considerado determinante para a definição do segundo turno das eleições, que é quando o pleito assume um caráter plebiscitário, o governador de São Paulo perde até para Bolsonaro, cuja rejeição é de 45,9%. Doria, por sua vez, é reprovado por 36,8% dos entrevistados. Além da vantagem numérica exibida em quase todos os cenários, o prefeito conseguiria atrair para ele os votos de Alckmin, caso o governador não venha a ser candidato a presidente. Doria teria 48,3% dos votos hoje direcionados a Alckmin. Já se Doria não vir a ser candidato, Alckmin conquistaria 34,9% dos votos do prefeito. Segundo a pesquisa, um número expressivo dos eleitores de Doria migraria para Bolsonaro: 16%.

 

Apesar de a peleja indicar um quadro sem o ex-presidente petista, o instituto não deixou de testar hipóteses com Lula em campo. Nos dois, também variou os candidatos do PSDB. Com Doria, Lula figura em primeiro com 26,6%, seguido por Bolsonaro (18,5%), pelo prefeito de São Paulo (11,5%), Marina Silva (9,7%), Joaquim Barbosa (7,5%), Ciro Gomes (4,3%), Álvaro Dias (3,8%) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (1,5%). Com Alckmin, Lula aparece em primeiro com 26,5%, Bolsonaro em segundo com 20% e Marina em terceiro, com 9,8%. Só então vem Alckmin, em quarto, com 8,4%. Na sequência, surgem Joaquim Barbosa (8,3%), Ciro Gomes (4,5%), Álvaro Dias (3,9%) e Meirelles (1,6%).

 

Para o ex-presidente FHC, provavelmente um dos árbitros da refrega tucana entre Doria e Alckmin, os partidos devem levar em consideração o potencial político-eleitoral de cada um dos candidatos, na hora de definir com quem marchará para a disputa: “Estas pesquisas mostram as especulações dos eleitores hoje. O cenário muda quando o eleitor confronta candidaturas assumidas. Quando deixei o Ministério da Fazenda para ser candidato, em abril de 94, eu tinha 12% e Lula 40%. Em outubro, ganhei com 54% e Lula 30%. Idem em 98. Isso não quer dizer que as pesquisas de hoje sejam inefetivas. Quer dizer que os partidos devem tomar em conta o potencial político-eleitoral dos candidatos e não apenas as pesquisas de hoje”, afirmou. O instituto ouviu 2.040 eleitores em 164 municípios de 26 Estados e Distrito Federal, entre os dias 18 e 22 de setembro, e está registrada no Conselho Regional de Estatística, sob número 3122/17. A julgar pelos números, a despeito da aparente consolidação de alguns cenários, sim, há muito jogo ainda para ser jogado.

Posted On Domingo, 01 Outubro 2017 06:05 Escrito por
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