Proposta será encaminhada para análise técnica antes de chegar ao Congresso; projeto torna crime ‘organização criminosa qualificada’
Por Natália Martins, da RECORD, e Ana Isabel Mansur, do R7
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentou nesta quarta-feira (22) um projeto de lei do governo federal para ampliar o combate a organizações criminosas. Entre outros pontos, a proposta prevê pena de 12 a 30 anos de prisão para homicídios praticados por ordem ou benefício de facções.
A proposta torna crime a prática de “organização criminosa qualificada” e propõe que a conduta seja considerada hedionda — ou seja, inafiançável e insuscetível de graça, indulto ou anistia, com cumprimento da pena em regime inicial fechado.
Lewandowski detalhou os pontos do projeto em encontro com jornalistas. Após o anúncio, a proposta seguirá para análise da Casa Civil, que fará os ajustes finais antes de o Executivo encaminhar o projeto ao Congresso Nacional (leia mais abaixo).
O texto procura atualizar a Lei das Organizações Criminosas, de agosto de 2013. A proposta também quer incrementar outras normas, como o Código Penal; o Código de Processo Penal; a Lei dos Crimes Hediondos; a Lei da Prisão Temporária; e a Lei de Execução Penal.
Segundo a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o objetivo é “ampliar e modernizar a legislação penal e processual vigente, para um combate mais eficaz às facções criminosas no Brasil”.
Atualizações
Além de criar o tipo penal “organização criminosa qualificada”, a proposta prevê a atualização do combate à atuação de facções.
Veja algumas novidades:
Agravamento de pena para líderes de organizações criminosas;
Criação do Banco Nacional de Organizações Criminosas;
Uso de instrumentos para descapitalizar o crime organizado de forma mais rápida;
Infiltração de policiais e colaboradores na organização criminosa durante a investigação;
Criação de empresas fictícias para se infiltrarem na organização criminosa;
Quando houver prática de estelionato (por exemplo, fraude financeira) pela organização criminosa, a ação será pública incondicionada (ajuizada pelo Ministério Público), independentemente de representação da vítima;
Os provedores de internet, operadoras de telefonia e empresas de tecnologia deverão facilitar o acesso a dados de geolocalização e registros de conexão de investigados; e
Do mesmo modo, o acesso a registros de compras e pagamentos feitos por investigados deverá ser facilitado por estabelecimentos comerciais, empresas de comércio eletrônico, operadoras de cartão de crédito, plataformas de pagamento digital e fintechs (empresas de tecnologia).
Endurecimento de penas
Com a proposta, o governo quer aumentar a pena de organização criminosa simples, de três a oito anos de prisão para de cinco a 10 anos de prisão.
Segundo o texto, pode haver aumento de dois terços ou o dobro conforme alguns critérios, como:
Participação de criança ou adolescente;
Envolvimento de funcionário público, quando os criminosos usarem essa condição para a prática de infrações penais;
Destinação do produto ou proveito da infração penal, no todo ou em parte, a outros países;
Evidências de conexão com outras organizações criminosas independentes;
Atuação em outros países;
Infiltração no setor público ou a atuação direta, ou indireta na administração de serviços públicos, ou contratos governamentais;
Domínio territorial ou prisional pela organização criminosa;
Uso de arma de fogo de uso restrito ou proibido, explosivo ou artefato análogo; e
Morte ou lesão corporal de agente de segurança pública.
Entenda
A decisão foi tomada por integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública para evitar comparações com legislações estrangeiras e manter a proposta ancorada na realidade brasileira.
De acordo com o ministério, o propósito é reforçar os instrumentos legais para desarticular organizações criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, e atacar a base econômica dessas estruturas.
O pacote reúne sugestões de diferentes órgãos, como Polícia Federal, Ministério Público, Poder Judiciário e secretarias estaduais de segurança.
Etapas e próximos passos
A expectativa é que a proposta seja enviada ao Congresso ainda neste ano, com pedido de tramitação prioritária.
A iniciativa faz parte da estratégia do governo federal de aprimorar o arcabouço legal sobre o tema, em meio à crescente atuação de facções dentro e fora dos presídios.
Da Assessoria
O vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, Eduardo Gomes, participou nesta quarta-feira, 22, do VII Fórum Nacional do Comércio, promovido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), no Hotel Royal Tulip Alvorada, em Brasília. O evento, que teve início na noite de terça-feira, 21, reuniu centenas de empresários, dirigentes lojistas, parlamentares e autoridades do setor público.

Durante o fórum, Eduardo Gomes integrou o painel “Presença Digital e Inteligência Artificial: redefinindo as fronteiras dos negócios”, discutindo os impactos da tecnologia e da digitalização no comércio e nos serviços. O senador destacou que encontros como este são fundamentais para aproximar os setores produtivos das decisões legislativas.
“O diálogo entre empresários e parlamentares é essencial para que possamos construir políticas que incentivem o crescimento econômico, a geração de empregos e a competitividade do comércio no Brasil. O Congresso precisa ouvir quem produz e quem gera oportunidades”, afirmou Eduardo Gomes.
O VII Fórum Nacional do Comércio, com o tema central “As novas fronteiras da política e dos negócios”, abordou ainda reforma tributária, legislação trabalhista, política econômica e fiscal, crédito e financiamento, entre outros temas estratégicos para o setor. Considerado o principal encontro do comércio e serviços do país, o evento busca fortalecer a atuação institucional do setor, gerar conexões estratégicas e contribuir com propostas concretas para o desenvolvimento econômico.
O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (22) um projeto de lei complementar que garante R$ 30 bilhões para projetos estratégicos da Defesa Nacional nos próximos seis anos (PLP 204/2025). Essa proposta cria uma nova exceção ao arcabouço fiscal para acomodar investimentos das Forças Armadas: serão R$ 5 bilhões por ano fora do limite de gastos orçamentários.
Por Rodrigo Baptista
A matéria, que recebeu 57 votos favoráveis e 4 contrários, segue para a análise da Câmara dos Deputados.
De autoria do senador Carlos Portinho (PL-RJ), o projeto foi aprovado na forma de um texto alternativo apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). Esse texto alternativo recebeu contribuições dos militares.
O dinheiro deverá ser aplicado necessariamente na modernização do Exército, da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB) e para garantir o avanço de programas como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) e o desenvolvimento do submarino nuclear brasileiro, além da renovação da frota de caças com os jatos suecos Gripen.
— O PLP 204 tem o objetivo de garantir que os projetos estratégicos para a Defesa Nacional tenham pelo menos R$ 30 bilhões para investimentos em defesa nos próximos anos — reiterou Randolfe, que é o líder do governo no Congresso.
Segundo Portinho, a medida permitirá um melhor planejamento e uma melhor execução dos projetos estratégicos de interesse nacional, evitando descontinuidades que comprometem a eficiência e a efetividade de ações. Além disso, ele argumentou que o projeto busca evitar o desperdício de recursos, uma vez que projetos paralisados por falta de orçamento geram a deterioração de equipamentos e instalações.
— Dos aviões Gripen, comprados lá no governo Dilma, que ainda não foram entregues, só de juros desses contratos, que estão sendo renegociados a cada ano por falta de pagamento, nós já perdemos duas aeronaves. Eles já se equivalem ao preço de duas aeronaves. Então, o que é menos pior? O que é necessário é garantir esse orçamento e que a gente honre os compromissos que foram assumidos pela indústria de defesa — declarou ele.
Embora tenha reconhecido a importância de se garantir recursos para as Forças Armadas, o senador Rogério Marinho (PL-RN) criticou a forma como o governo tem tratado a questão fiscal, afirmando que “todas as semanas assistimos a um desfile de exceções que se tornam regras”.
— A regra é: não se cumpre a meta fiscal estabelecida. (...) Neste caso não nos cabe discutir: nós temos é de realçar a importância das Forças Armadas, que precisam, de fato, estar bem equipadas, motivadas, bem remuneradas — disse Marinho, que é o líder da oposição no Senado.
Vários senadores defenderam a iniciativa, entre eles Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
— Foi excelente a concertação junto ao governo, que compreendeu que isso não é um projeto de governo, é um projeto do Estado brasileiro. O Estado brasileiro, há muito tempo, optou por ter Forças Armadas. Então, se tem Forças Armadas, tem de gastar com elas — afirmou Mourão.
Da Assessoria
Em um dos painéis mais aguardados do XVIII Congresso Internacional de Direito Constitucional, promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o vice-presidente do Senado e presidente do PL Tocantins, Eduardo Gomes, destacou nesta quarta-feira, 22, a necessidade de o Brasil avançar na regulamentação soberana das novas tecnologias e na redução da dependência digital de outros países.
O senador participou do painel “Autonomia tecnológica – infraestruturas públicas digitais e soberania de dados”, que reuniu nomes de peso do cenário jurídico e institucional, como o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, o diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues, o juiz francês Yves Gounin, o diretor do Grupo Globo Marcelo Bechara, a coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil Renata Mielli, o professor Bruno Bioni e o advogado Fabrício da Mota Alves. A mediação foi do deputado federal Orlando Silva.

Durante sua fala, Eduardo Gomes ressaltou que a pauta da autonomia tecnológica vai além da proteção estatal, alcançando diretamente o cidadão. “Queremos preservar não apenas a segurança do Estado ou de suas instituições, mas também a privacidade, a segurança dos indivíduos e a sua vida civil. Uma regulamentação soberana das novas tecnologias possibilita a aplicação de outros princípios e garantias constitucionais. As novas tecnologias escancaram algo que no fundo todos já sabíamos, que é a natureza desequilibrada da globalização. Alguns países têm quase o monopólio tecnológico, enquanto outros ficam à míngua. Precisamos agir para reduzir essa dependência, investir em capacidades locais e promover a nossa autonomia digital”, afirmou.
O evento, que acontece de 21 a 23 de outubro, em Brasília, é considerado um dos mais importantes fóruns acadêmicos do país sobre Direito Constitucional. O congresso reúne autoridades públicas, juristas, pesquisadores e representantes de instituições nacionais e internacionais, com apoio da FGV, Fórum de Lisboa, CEPES, CEDIS, FIBE, Centro de Pesquisa Peter Häberle e da Embaixada da França no Brasil.
Segundo o Ministério da Justiça, recursos deverão ser investidos até 2027 em ações que vão desde a doação de armamentos não letais até cursos de capacitação dos agentes.
Por Fábio Amato
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta quarta-feira (22) um programa que prevê medidas para fortalecer e melhorar a estrutura e o treinamento das Guardas Municipais.
A previsão é investir R$ 170 milhões, até 2027, em ações, como a doação de armas não letais e coletes, cursos de capacitação de agentes e o lançamento de editais para melhoria da gestão da segurança pública por prefeituras.
Lewandowski disse que a criminalidade é um fenômeno “pernicioso”, que se equipara a problemas como terrorismo, a crise climática e as guerras regionais.
Ele defendeu o investimento nas guardas municipais que, segundo ele, muitas vezes, atuam “sem recursos materiais e humanos”.
“Queremos formar com esse programa uma polícia municipal cidadã. Combater o crime, sim, com toda a sofisticação, mas é preciso que a gente desenvolva uma polícia municipal cidadã”, disse Lewandowski.
O ministério informou que, com as medidas, espera fortalecer a capacidade dos municípios beneficiados de fazer o planejamento e a gestão da segurança, além de valorizar os integrantes das guardas municipais.
“É a primeira etapa, a primeira experiência que levará a segurança para os municípios. Estamos falando de capacitação para gestão da segurança pública nos municípios, de capacitação das guardas municipais para exercer a guarda comunitária, e para a segurança nas escolas”, disse o secretário nacional de Segurança, Mário Sarrubbo.
A pasta informou que os objetivos do programa são:
apoiar ações de prevenção e enfrentamento da violência, especialmente em territórios vulneráveis;
promover a integração e a cooperação das guardas municipais com outras forças que integram o sistema de segurança pública; e
assegurar que a atuação das guardas municipais aconteça considerando os procedimentos e protocolos sobre uso da força.