Os dois se reuniram no fim de semana com o prefeito Eduardo Paes, no Rio, e os ex-presidentes Fernando Henrique e Michel Temer, em São Paulo

 

Por Ricardo Noblat

 

Por ora, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, diz que não será candidato à sucessão de Jair Bolsonaro. Mas ainda não bateu forte na mesa, ainda não disse de forma convincente a Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, que não será de jeito nenhum e em hipótese alguma.

 

Como não disse, Kassab segue empurrando-o para que seja candidato. No último fim de semana, os dois jantaram no Rio com o prefeito Eduardo Paes (PSD). Juram que não conversaram sobre eleição presidencial. Paes havia almoçado naquele dia com o ex-presidente Lula. Kassab e Pacheco voaram para São Paulo.

 

E, ali, os dois reuniram-se, primeiro, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e depois com o ex-presidente Michel Temer (MDB). Fernando Henrique está convencido de que o senador Tasso Jereissati (CE) desistiu de ser o candidato do PSDB à presidência da República. João Doria não abre mão de ser.

 

Temer vê o seu partido dividido – parte poderá apoiar a reeleição de Bolsonaro, parte a volta de Lula ao Palácio do Planalto. Temer afirma que pôs um ponto final na sua carreira política. Não será mais candidato a nada. Quer dedicar-se às suas memórias e à sua família. A não ser… Bem, a não ser que precisem dele.

 

Se Pacheco não emplacar como candidato a presidente, talvez Lula venha a precisar dele como candidato a vice. Kassab não se oporá a isso. Já não esconde que num eventual segundo turno entre Bolsonaro e Lula, seu partido apoiará Lula.

 

 

Posted On Terça, 15 Junho 2021 06:16 Escrito por

Marco Maciel foi o vice com que todo presidente sonha

 

POR AUGUSTO NUNES

 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso resumiu em quatro palavras a relevância do papel desempenhado por Marco Maciel nos oito anos em que foi o seu vice: “Viajei muito, sem preocupações “. Num país em que o número 2 vira titular com frequência incomum, o número 1 costuma olhar enviesado para o seu substituto constitucional já na primeira subida da rampa do Palácio do Planalto. Mas só um paranoico de carteirinha conseguiria enxergar um conspirador dissimulado no pernambucano morto nesse sábado aos 80 anos de idade. “Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo, diria: lealdade”, diz FHC.

 

Discretíssimo como político mineiro de anedota, tenaz como os faquires que seu corpo magérrimo evocava, Marco Maciel foi um negociador de primeira linha e um conciliador cinco estrelas. Integrantes dessa linhagem não costumam render grandes entrevistas. Ao fim de uma conversa de duas horas com o hábil nordestino, o entrevistador constatava que não arrancara uma única revelação, uma mísera confidência. A arte do entendimento recomenda ouvir mais do que falar. Mas interlocutores de Maciel voltavam da conversa mais sábios, menos afoitos. Mais espertos.

 

Quem tentava induzi-lo a especular sobre o amanhã, por exemplo, ouvia o conselho: melhor concentrar-se no presente, porque “as consequências vêm depois. “, Um repórter apresentou-lhe dois possíveis desdobramentos de um fato e perguntou-lhe qual seria o mais provável. A resposta ficou famosa: “Pode acontecer uma coisa, pode acontecer outra coisa e pode não acontecer nada". Grande Marco Maciel.

 

 

Posted On Terça, 15 Junho 2021 06:14 Escrito por

A hipótese de terceira via é desejada pela maioria deles, mas ao mesmo tempo descartada por vários sob o argumento de que não tem se mostrado factível

 

POR RANIER BRAGON E DANIELLE BRANT

 

A entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitoral abalou a tentativa de Jair Bolsonaro de manter intacto em seu entorno, na disputa à reeleição, o arco de parlamentares que hoje forma sua base de sustentação no Congresso.

 

A reportagem ouviu nos últimos dias vários governistas que, embora mantenham-se alinhados ao Palácio do Planalto, evitam nesse momento carimbar a adesão à chapa de Bolsonaro à reeleição. Alguns sinalizam a possibilidade de, lá na frente, pular para o palanque petista.

 

A hipótese de terceira via é desejada pela maioria deles, mas ao mesmo tempo descartada por vários sob o argumento de que não tem se mostrado até agora factível, mesmo com a manutenção do discurso de partidos de centro e de direita de continuar a busca por uma frente ampla.

 

Os deputados Cacá Leão (PP-BA) e Marcelo Aro (PP-MG), por exemplo, integram o PP, o partido que lidera o centrão e está na linha de frente da defesa e da sustentação política a Bolsonaro.
Sobre 2022, os dois afirmam ser preciso ainda um clarear de cenário para haver uma definição entre Lula e Bolsonaro.

 

"Vai ser uma eleição polarizada. Não acredito em terceira via, eles se retroalimentam", diz Cacá Leão, líder da bancada do PP na Câmara. Sobre seu estado, a Bahia, afirma que hoje há uma maioria de apoio a Lula, mas que é preciso esperar. Questionado sobre se votaria no petista ou em Bolsonaro, se limitou a dizer: "Calma! Calma! Deixa o partido tomar a decisão."

 

Marcelo Aro lista condições para essa tomada de decisão. "Acho que tem vários perfis de centrão aqui dentro, vários grupos dentro do centrão, Mas eu sinto que tudo isso vai depender sobretudo das pesquisas eleitorais e, obviamente, de como vai estar a economia do país", afirmou.

 

Deputados e Senadores em votação no Congresso Nacional

 

"Se tiver a economia do país indo bem, provavelmente o Bolsonaro passa a ter uma posição relevante e isso pode fazer com que boa parte do centrão continue dentro daquele barco governista. Agora, se a economia vai mal, desemprego em alta, pandemia continuando e o Bolsonaro desidratando na pesquisa, aí pode ser que parte do centrão pule para o outro lado, por sobrevivência."

 

Nos bastidores, parlamentares tanto do governo quanto da oposição dizem acreditar em defecções pró-Lula mais robustas apenas no início de 2022, já que os congressistas precisam ainda dos cargos federais e das verbas extras do Orçamento para direcionar a seus redutos eleitorais e manter as chances de eles próprios se reelegerem.

Isso não impediu, porém, o PSD de Gilberto Kassab de se descolar de Bolsonaro e dar sinais de que, não havendo sucesso no fortalecimento de um terceiro nome, pode voltar a se aliar a Lula.

 

O deputado Neucimar Fraga (PSD-ES), um dos vice-líderes do blocão de apoio ao governo, também defende uma terceira via para 2022, mas, se isso não ocorrer, afirma que terá que pensar bem antes de tomar uma decisão.

 

"Lula foi, na minha opinião, o melhor presidente dos últimos 30 anos no Brasil", afirma, sem, entretanto, cravar apoio ao petista por enquanto.

Para ele, a alternância de poder entre partidos de esquerda e de direita é saudável. Enquanto os primeiros investem em saúde, educação e infraestrutura, os últimos são responsáveis por sanear as contas públicas para possibilitar que esse investimento ocorra, argumenta.

 

O deputado José Rocha (PL-BA) também diz esperar um nome novo, mas, ao ser perguntado sobre em quem votaria caso se mantivesse o atual cenário polarizado, desconversou. "O nosso partido não vai tomar posição ainda", disse. "Eu sou PL, sou partidário."

 

Nos bastidores, dirigentes partidários dizem que Valdemar da Costa Neto, o principal cacique do PL, é, entre os atuais comandantes das siglas do centrão, o que mais tem inclinação de levar o partido para a candidatura de Lula até o primeiro semestre de 2022.

 

Deputado eleito por um estado amplamente lulista, o Maranhão, Hildo Rocha (MDB) diz que o fator regional irá pesar na decisão sobre qual chapa integrar.

 

"Por enquanto, sou governo. Estou apoiando o governo aqui, mas isso não significa dizer que eu vá apoiar a reeleição dele [de Bolsonaro]. Precisa do entendimento do partido. Vou seguir o que o partido decidir", afirmou.

 

Hoje, como afirmou até o aliado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, a situação de Bolsonaro está desconfortável.

A demora em prorrogar o auxílio emergencial e a lentidão na retomada econômica se somam aos erros e omissões no combate à Covid-19. O desempenho deu origem a uma CPI no Senado com grande potencial para desgastar politicamente Bolsonaro ao longo da disputa eleitoral.

 

Rompido com o partido que o elegeu, o PSL, e sem ter conseguido colocar de pé a própria legenda, o Aliança pelo Brasil, o presidente avalia ingressar no nanico Patriota para disputar a reeleição. A sigla, que filiou o senador Flávio Bolsonaro, está rachada internamente sobre a conveniência de filiar Bolsonaro e seus aliados, o que deixa o desfecho da história ainda nebuloso.

 

Do outro lado, Lula teve as condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal, o que o deixou livre para disputar as eleições do próximo ano. Além disso, sinalizou que deve adotar uma postura mais moderada, parecida com a que assumiu em 2002, atraindo aliados no centro e o apoio do mercado.

 

O petista também se apresenta como um contraponto a Bolsonaro no que diz respeito ao enfrentamento da pandemia, pregando o distanciamento social, uso de máscara e a vacinação em massa.

 

Os momentos diferentes dos dois pré-candidatos são capturados em pesquisa realizada pelo Datafolha em maio, que deu ao petista 41% das intenções de voto no primeiro turno, ante 23% de Bolsonaro. Num eventual segundo turno contra Bolsonaro, Lula levaria ampla vantagem, 55% a 32%.

 

De acordo com essa mesma pesquisa, um pelotão de possíveis candidatos segue bem atrás dos dois, todos embolados: o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido), com 4%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).

 

Amoêdo anunciou na quinta (10) ter saído da disputa em razão de divergências internas no partido.

 

Posted On Segunda, 14 Junho 2021 12:27 Escrito por

Com viabilidade técnica, é possível admitir sistema de voto impresso, diz Pacheco

 

Com Estadão Conteúdo

 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), admitiu aprovar a proposta do voto impresso se houver viabilidade técnica. Conforme o Estadão/Político revelou, a medida tem maioria para avançar na comissão especial que discute o tema na Câmara. Aliados do presidente Jair Bolsonaro se juntaram a outros partidos para instituir um sistema de voto impresso na urna eletrônica em 2022.

 

Em entrevista ao site Jota, Pacheco deixou claro que confia no atual sistema eleitoral no Brasil, mas admitiu a possibilidade de aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação na Câmara para eliminar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. "Se há senadores e deputados sustentando isso e se houver viabilidade técnica e operacional para uma implantação dessa natureza que dê maior confiabilidade ao sistema de escolha de candidatos, é perfeitamente possível nós admitirmos", disse.

 

Comportamento de Bolsonaro

 

Na entrevista, Rodrigo Pacheco disse não concordar com o desrespeito às normas sanitárias ao falar sobre o comportamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19. Por outro lado, o senador avaliou como positiva a participação do chefe do Planalto no comitê criado para coordenar as ações de enfrentamento à doença. A declaração foi dada ao site após Bolsonaro promover mais um evento com aglomeração, desta vez em São Paulo, no fim de semana.

 

"Se cada qual age, sob o ponto de vista pessoal, usando máscara ou não, essa é uma coisa que é pessoal. Obviamente, eu não concordo com quem não usa máscara, com quem aglomera. Evidentemente, eu acho que essas não são posturas adequadas para absolutamente ninguém no Brasil", disse Pacheco, ponderando que o diálogo entre os Poderes tem sido "bom". "A existência desse comitê, eu considero que é fundamental para se ter essa instância de diálogo no Brasil, senão poderíamos ter momentos piores do que tivemos na pandemia."

 

 

Posted On Segunda, 14 Junho 2021 12:25 Escrito por

Tem muita gente que perdeu o sono

 

Ricardo Noblat

 

Na avaliação do presidente Jair Bolsonaro, até ontem o mais duro revés sofrido por seu governo, este ano, foi a decisão do Supremo Tribunal Federal que permitiu a instalação da CPI da Covid-19 no Senado. O desgaste tem sido grande desde então. Mas, ontem, finalmente, outra decisão superou a primeira em gravidade.

 

Os ministros Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes mantiveram a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos ex-ministros Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e de Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, a “a capitã cloroquina”.

 

Na última sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou um mandado de segurança ao Supremo no qual pedia a anulação da decisão da CPI de quebrar os sigilos de Pazuello. Antes, por sua conta e risco, Pazuello e Mayra deram entrada nos seus próprios pedidos.

A ação da AGU dizia que a CPI tomara sua decisão sem “qualquer fundamentação” e com base “na pressuposição genérica” de que o general Pazuello foi titular do Ministério da Saúde, o que não seria suficiente “para uma medida de extrema gravidade”.

 

Lewandowski simplesmente rejeitou-a. No seu entendimento, as medidas adotadas pela CPI são pertinentes com as investigações e não se mostram, “a princípio, abusivas ou ilegais”. Por razões semelhantes, Alexandre de Moraes também rejeitou o pedido feito por Araújo.

 

Teme Bolsonaro que a quebra dos sigilos dos três revele segredos embaraçosos para o governo guardados na memória de celulares e de computadores. Mais cuidadoso foi o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, suspeito de envolvimento com contrabando de madeira, que levou 19 dias para entregar seu celular requisitado.

 

A operação de combate à pandemia implicou em muitos gastos. Dirigentes e lobistas de empresas farmacêuticas pressionaram o governo para que comprasse respiradouros, testes, vacinas e drogas ineficazes contra o vírus. Ao que se viu, o governo estimulou a compra de drogas e empurrou as demais compras.

 

A direção da CPI está convencida de que muito dinheiro correu diretamente para o bolso de funcionários graduados do governo. Com os documentos que reúne, pretende provar. A conferir em breve se isso é verdade.

 

 

Posted On Segunda, 14 Junho 2021 06:02 Escrito por
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