Caio Mário Paes de Andrade assume no lugar de José Ferreira Coelho
Por Douglas Corrêa
O Ministério de Minas e Energia divulgou, na noite desta segunda-feira (23), uma nota oficial em que informa que o governo federal, como acionista controlador da Petrobras, decidiu trocar o presidente da estatal. Segundo a nota, José Mauro Ferreira Coelho, que assumiu o cargo há 40 dias, será substituído por Caio Mário Paes de Andrade na presidência da empresa.
Na nota, o ministério agradeceu a Ferreira Coelho pelos resultados alcançados pela Petrobras durante sua gestão à frente da Petrobras, mas destaca que o país “vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais.”
Segundo o ministério, diversos fatores geopolíticos impactaram no preço da gasolina, do diesel e dos componentes energéticos e, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e da renda da população, é necessário fortalecer a capacidade de investimento no setor privado. “Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade”, diz a nota.
Biografia
Paes de Andrade, que vai assumir a presidência, é formado em comunicação social pela Universidade Paulista, pós-graduado em administração e gestão pela Harvard University e mestre em administração de empresas pela Duke University.
No governo federal, atualmente, Paes de Andrade é secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, onde é responsável pela Plataforma GOV.BR e é membro do Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA). Entre 2019 e 2020, ele foi presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Na inciativa privada, ele atuou na área de tecnologia de informações e no mercado imobiliário, além de ser fundador e conselheiro do Instituto Fazer Acontecer.
O ministério diz, na nota, que acredita que Paes de Andrade reúne as qualificações necessárias para assumir a presidência da Petrobras e superar os desafios da atual conjuntura, “promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras.”
A nota diz, ainda, que, com a mudança, o governo federal renova o seu compromisso de respeito com a governança da Petrobras.
Paes de Andrade é o quarto presidente da estatal no atual governo. Antes dele, foram presidentes da Petrobras, Roberto Castelo Branco, o general da reserva do Exército, Joaquim Silva e Luna e José Mauro Ferreira Coelho.
Petrobras
Em nota, a Petrobras informou que recebeu nesta segunda-feira ofício do Ministério das Minas e Energia solicitando providências para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária com o objetivo de promover a destituição, e eleição de membro do Conselho de Administração para indicar Caio Mario Paes de Andrade em substituição a José Mauro Ferreira Coelho. O ofício solicita, ainda, que Paes de Andrade seja, posteriormente, avaliado pelo Conselho de Administração da Petrobras para o cargo de presidente da estatal.
“Tendo em vista que José Mauro Ferreira Coelho foi eleito pelo sistema do voto múltiplo na Assembleia Geral Ordinária realizada em 13 de abril último, caso aprovada pela assembleia geral, sua destituição implicará na destituição dos demais membros do conselho eleitos pelo mesmo processo, devendo a companhia realizar nova eleição para esses cargos, nos termos do artigo 141, § 3º, da Lei 6.404/76”, diz a nota.
A Petrobras informa que novos fatos relevantes serão oportunamente divulgados ao mercado.
*Colaborou o repórter Vladimir Platonow
Petrobras busca medidas cabíveis para garantir que a YPFB boliviana cumpra com o contrato de fornecimento do insumo, já que, a longo prazo, o corte poderia representar aumentos no mercado interno
Com Agência
Sem aviso prévio, a Bolívia cortou em 30% o fornecimento de gás natural à Petrobras neste mês e a estatal foi pega de surpresa. A empresa brasileira sofreu um corte equivalente a mais ou menos de 7 milhões de metros cúbicos de gás ao dia. A estatal boliviana YPFB vinha fornecendo a Petrobras algo em torno de 20 milhões de metros cúbicos por dia. Diante do não previsto, a Petrobras precisou buscar caminhos alternativos e está comprando volumes adicionais de gás natural de liquefeito (GNL) para atender compromissos e contratos com fornecedores no mercado interno. O principal problema da situação é que o GNL é muito mais caro do que o gás natural. Se essa situação persistir por muito tempo, o gás fornecido pela Petrobras pode ficar mais caro. A estatal brasileira de petróleo informou que já está buscando medidas cabíveis para garantir que a YPFB boliviana cumpra com o contrato de fornecimento de gás para ao Brasil. O gás que foi cortado estaria sendo realocado para a Argentina, que vive um período de temperaturas muito baixas e estaria precisando do insumo para aquecimento da população.
CORTE DO GÁS
O presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou a redução do fornecimento de gás natural pela estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) à Petrobras. Segundo o chefe do Executivo, o país vizinho e a estatal brasileira de petróleo agem juntos para prejudicá-lo e favorecer os seus rivais políticos.
“A Bolívia cortou 30% do nosso gás pra entregar pra Argentina. Como agiu a Petrobras nessa questão também? O gás, se tiver que comprar de outro local, é 5 vezes mais caro. Quem vai pagar a conta? E quem vai ser o responsável? É um negócio que parece orquestrado para exatamente favorecer vocês sabem quem”, disse Bolsonaro a apoiadores, sem citar nomes.
Durante o mês de maio, a Petrobras vem recebendo cerca de 30% a menos da quantidade de gás natural contratada com a YPFB. A importação média da estatal brasileira estava em torno de 20 milhões de metros cúbicos de gás, segundo fontes da empresa.
A Petrobras disse que a redução tem causado impacto no planejamento operacional da companhia e que está tomando as medidas necessárias para que o contrato seja cumprido.
O Ministério da Educação (MEC) revogou uma portaria publicada neste mês e desistiu de facilitar a criação de novas vagas em cursos de Medicina ofertados no País
Por Ítalo Lo
A medida, que foi publicada nesta segunda-feira, 23, no Diário Oficial da União (DOU), ocorre após pressão de entidades da área, que falavam em precarização do ensino.
A medida anterior, revelada pelo Estadão na semana passada, valia para todas as escolas criadas por chamamento público, no âmbito do Mais Médicos. Desde 2013, quando a iniciativa foi criada, o número de escolas no Brasil passou de 210 para 354, alta de 69%. A nova norma iria possibilitar que cada instituição aumentasse a oferta de vagas em até cem alunos.
Ao ser publicada na última semana, a portaria do MEC que facilitava a criação de mais vagas recebeu críticas de entidades médicas, que apontaram risco de piorar as condições da formação dos alunos. Nesta segunda, o Conselho Federal de Medicina (CFM) comemorou a revogação. Em nota, a entidade afirmou que a mudança “sinalizava o ápice de um processo inadequado, caracterizado pela ausência de debate sobre o tema com o CFM e demais entidades médicas, setores diretamente envolvidos com a formação médica no País”.
À época da divulgação da medida, o CFM pediu a imediata revogação da portaria. Acrescentou ainda que ela possibilitaria a criação de 37 mil vagas em cursos já existentes, “milhares delas em municípios que não oferecem condições necessárias para o pleno processo de ensino e aprendizagem”. A Associação Médica Brasileira (AMB) também se posicionou de forma contrária à medida.
Já os grupos ligados à educação superior, principalmente a privada, vinham reclamando de dificuldades para criar vagas na área e a necessidade de atender à demanda. Procurada pela reportagem, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) não quis se posicionar.
"Estão de parabéns o movimento médico e a sensibilidade do governo brasileiro ao revogar essa portaria que criaria uma fragilidade na formação dos nossos médicos”, disse nas redes sociais o deputado federal Hiran Gonçalves (PP-RR), presidente da Frente Parlamentar da Medicina. Segundo ele, houve acordo com os Ministérios da Saúde e da Educação para formar um grupo de trabalho com as entidades médicas para avaliar os cursos existentes e a criação de vaga.
Em nota, o MEC informou que a área técnica da pasta "identificou a necessidade de retomar as atividades do Grupo de Trabalho (GT), instituído por meio da Portaria nº 328, de 5 de abril de 2018, para debater mais amplamente o tema".
USP projeta 816 mil médicos em 2030, mas má distribuição continua no País
Juntas, as 354 faculdades de Medicina atuais oferecem 35.642 vagas por ano, segundo dados do MEC. O Estado de São Paulo tem o maior número de cursos, 68, seguido de Minas com 48. Os Estados da Bahia (24), Rio (22) e Paraná (22), completam os cinco primeiros no ranking. Já a concentração de médicos ativos é maior nos Estados mais populosos, como São Paulo (165.418), Rio (69.156) e Minas (63.409), segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Para Mario Scheffer, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), era preciso ampliar o número de médicos no Brasil, mas isso já foi feito de forma totalmente desordenada. “Acabamos de fazer, na Faculdade de Medicina da USP, dentro do nosso estudo de Demografia Médica, uma projeção da oferta de médicos. Se fosse congelado o número de vagas, sem novas aberturas, teremos 816 mil em 2030.” / COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA
Vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Palácio do Planalto, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) deverá atuar na conquista do apoio de tucanos já no primeiro turno da disputa presidencial.
POR CATIA SEABRA E VICTORIA AZEVEDO
Essa é a aposta de integrantes da coordenação da pré-campanha de Lula após a desistência do ex-governador João Doria (PSDB).
Segundo esses colaboradores, a expectativa é que setor importante do PSDB irá aderir à candidatura da dupla, graças a um movimento encampado por Alckmin, que foi chamado de "vice dos sonhos" pelo ex-presidente, na tarde desta segunda-feira (23), durante reunião com dirigentes de partidos aliados.
"Se vocês encontrarem um vice dos meus sonhos é o Alckmin", afirmou Lula, durante o encontro, segundo relato de alguns dos presentes.
Além de Alckmin, a expectativa é que o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira busque apoio no tucanato. Na avaliação de um integrante da cúpula petista, "a saída de Doria abre a porteira e acelera este movimento".
Aloysio Nunes diz, no entanto, ser importante que o próprio Lula defina como será essa articulação.
"Não estou tentando angariar apoio de tucanos ao Lula. Acho necessário esperar que o próprio candidato diga como pretende ampliar sua campanha para além da coligação que lançou a chapa Lula/Alckmin", afirmou.
Petistas apostam, por exemplo, na aproximação com tucanos como os ex-governadores Tasso Jereissati e Marconi Perillo, além do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto.
Apesar do assédio, Perillo descarta, neste momento, uma declaração de apoio a Lula já no primeiro turno. Segundo ele, o PSDB deve ter candidato à Presidência. "Na minha opinião, a saída deveria ser caseira, lançando Eduardo Leite à Presidência", afirmou.
Minutos após saber da desistência de Doria, Lula afirmou que conversará com todos os setores sociais.
Em reunião com dirigentes partidários, o petista disse que ninguém gosta mais de diálogo do que ele. O ex-presidente citou o agronegócio, o mercado financeiro e o empresariado como exemplos de setores com os quais está disposto a conversar.
Segundo o deputado Ivan Valente, presente na reunião, Lula disse que sempre dialogou e vai continuar dialogando, mas vai falar olho no olho com o trabalhador.
Coube à presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, informar aos participantes da reunião da desistência de Doria, segundo ela, por ter se isolado no partido.
Segundo o tucano, ele aceitou a decisão de que o PSDB não o escolheu como candidato
Doria não sinalizou se disputará outro cargo na eleição de 2022
Por Anita Efraim
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) convocou um pronunciamento na tarde desta segunda-feira (23) para se posicionar sobre o imbróglio entre ele o partido, envolvendo a definição do nome para concorrer à presidência. O tucano desistiu de ser candidato à presidência. "Hoje entendo que não sou a alternativa da cúpula do PSDB e aceito essa decisão de cabeça erguida", afirmou.
O pronunciamento aconteceu na capital paulista, onde a campanha de Doria se reúne. Atrás do ex-governador estava o presidente do PSDB, Bruno Araújo. Doria passou por toda a trajetória política desde que disputou a prefeitura de São Paulo, quando foi eleito em primeiro turno. Falou também sobre a gestão estadual, em especial sobre a vacinação.
Doria venceu as prévias do partido e, por isso, alegava que havia sido escolhido pelos filiados para ser o candidato do PSDB ao cargo. Segundo o tucano, agora, o partido saberá decidir quem será a melhor escolha para a disputa. "Me retiro de coração partido, mas com a alma leve", declarou. "Com a sensação inequívoca de dever cumprido. Saio com sentimento de gratidão e a certeza de que tudo que fiz foi em benefício de um ideal coletivo."
Em tom melancólico, o tucano agradeceu à família e aos "verdadeiros amigos" e se disse orgulhoso do trabalho feito. No fim do pronunciamento, Doria se despediu e foi aplaudido por apoiadores: "que Deus proteja o Brasil. Até breve". O ex-governador de São Paulo não sinalizou se pretende disputar outro cargo nas eleições de 2022.
Simone Tebet é nome preferido
Há a expectativa de que nesta terça-feira (24), a cúpula do PSDB se reúna em Brasília para decidir quem representará o partido na eleição presidencial. O nome preferido é o de Simone Tebet (MDB), apesar o baixo índice de intenções de voto.
A rejeição de Simone Tebet é de 20%, o que daria uma margem maior de crescimento. A de Doria, segundo pesquisa interna do PSDB, é de 50%.