Há um padrão nos depósitos feitos na conta de Fabrício de Queiroz, além das datas: os valores se repetem ou são aproximados

 

Da Redação

 

Mais da metade dos depósitos em espécie recebidos por Fabrício José Carlos de Queiroz, ex-motorista do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, aconteceram no dia do pagamento dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio ou até três dias úteis depois. Uma análise do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações atípicas em contas de assessores e ex-servidores do legislativo, mostra que 34 das 59 operação financeiras seguiram a mesmo padrão. O restante ocorreu em até uma semana.

 

O Estado identificou que 15 depósitos em espécie na conta de Queiroz ocorreram nos mesmos dias de pagamento dos servidores da Alerj em 2016. Essas datas variaram a cada mês, por causa da crise do Rio, que levou a atraso nos salários, mas foram mapeadas através do cruzamento do relatório do Coaf com o cronograma de pagamentos da assembleia fluminense. Outros 19 depósitos na conta de Queiroz ocorreram em até três dias úteis após os funcionários receberem seus vencimentos.

 

Os valores depositados mensalmente também se repetem ou são aproximados. Investigadores analisam se há padrão nas ações, em valores ou periodicidade. O jornal Folha de S. Paulo mostrou nesta terça-feira que logo após receber os valores, Queiroz realizou saques em espécie em quantias aproximadas às que haviam entrado em sua conta.

 

A coincidência de datas ocorre logo nos primeiros depósitos feitos em 2016. Em 12 de janeiro, dia de pagamento na Alerj, por exemplo, o então assessor recebeu três depósitos em espécie, nos valores de R$ 4.400, R$ 5.566 e R$ R$1.771. Outra sequência é vista em 14 e 15 de abril, dia de pagamento na Alerj. No primeiro dia, Queiroz recebeu um depósito de R$ 7.400. No seguinte, foram feitos outros dois depósitos, de R$ 1.771 e R$ 4.300, na sua conta.

 

Em maio de 2016, os funcionários da Alerj receberam no dia 11. Nessa data, Queiroz ganhou três depósitos, novamente no valor de R$ 1.771, outro de R$ 3.071 e um último de R$ 1.000. Um dia depois, em 12 de maio, foi feito na conta outro depósito, de R$ 6.300, e no dia 16 caiu o último valor do mês, de R$ 1.160. Os padrões se repetem em junho e em novembro. O relatório, no entanto, não diz quem realizou os depósitos.

 

No relatório preliminar da operação Furna da Onça, a delegada Xênia Ribeiro Soares chegou a citar a suposta existência de esquema de funcionários fantasmas e auxílio alimentação que seriam repassados pelos servidores dos gabinetes aos deputados. De acordo com a delegada, o procedimento foi mapeado no gabinete do deputado estadual Paulo Melo, preso pela operação, mas já foi “identificada em outros gabinetes e que se afigura como uma prática criminosa disseminada na Alerj”.

 

“As informações apresentadas são de máxima gravidade e demandam uma enérgica resposta da Justiça”, diz o texto.

 

Depoimento. O ex-motorista deve depor na semana que vem no Ministério Público do Rio, que investiga o caso. O Estado apurou que as transações entre funcionários do Legislativo estão entre os motivos que levaram os bancos a classificar as movimentações como atípicas e a advertir o Coaf a seu respeito. O relatório indicou que pelo menos nove funcionários e ex-funcionários do gabinete de Flávio fizeram operações (depósitos ou recebimentos) na conta do ex-motorista e ex-segurança do deputado. Entre elas, estão as filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn Melo de Queiroz, e a sua mulher, Marcia Oliveira de Aguiar.

 

O próprio Coaf, em seu relatório anexado à operação Furna da Onça, que investiga corrupção no Legislativo do Rio, classificou o fluxo financeiro como atípico. O dinheiro depositado na conta de Queiroz, às vezes, superava o valor do salário do então assessor. Houve casos nos quais a maior parte do que o funcionário recebeu foi parar na conta do então motorista e segurança de Flávio Bolsonaro.

 

Em nota, a assessoria do senador eleito ressaltou que não é investigado "no assunto relacionado ao ex-assessor (Fabrício) Queiroz, visto que não praticou qualquer ilícito em sua atividade parlamentar". O texto afirma ainda que o deputado "segue à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades, se instado for" e "espera ver, dentro dos trâmites legais, a completa resolução do caso pelas autoridades competentes o mais rápido possível, pois é o principal interessado em que tudo se esclareça o quanto antes.”

Com informações de O Estadão.

Posted On Quarta, 12 Dezembro 2018 15:51 Escrito por

Novo secretário afirmou que "não é relevante" explicar se houve acerto político para que ele viesse atuar no governo do tucano; Doria diz que contar com o ex-ministro de Temer é "privilégio" e promete atrair investimentos

 

Por iG São Paulo

O ex-ministro e candidato à Presidência pelo MDB na última eleição, Henrique Meirelles, classificou como "uma honra" e "oportunidade única" o convite para atuar como secretário da Fazenda e Planejamento do governador eleito em São Paulo, João Doria (PSDB).

Questionado nesta terça-feira (11) se sua chegada à equipe de Doria envolve acordo político para se lançar candidato com o apoio do tucano nas próximas eleições, Henrique Meirelles desconversou. "Isso não é relevante. O importante é o trabalho a ser realizado. E isso, nós vamos fazer. É o momento de nos preocupar com a gestão do Estado e da economia. A minha decisão a cada momento é focar no trabalho", disse.

 

"É uma oportunidade única. Eu me preparei para continuar servindo o Brasil nos próximos anos. Desde que decidi voltar ao Brasil, eu concluí que era o momento que eu deveria retribuir ao Brasil tudo o que o país me ofereceu. A partir daí, eu fui julgando qual era a melhor oportunidade de servir o Brasil em cada momento", disse o novo secretário.

Meirelles foi o último integrante da equipe de João Doria a ser anunciado . O tucano disse ser um "privilégio" contar com o ex-ministro de Michel Temer e repetiu que Meirelles é "o secretário que todo governo gostaria de ter". "Agora você já sabe: em São Paulo, chama o Meirelles", brincou Doria, lembrando do slogan da campanha presidencial do emedebista.

 

O novo secretário defendeu a adoção de políticas para atrair investimentos para São Paulo com o intuito de gerar empregos. Ele avaliou que São Paulo pode vir a se consolidar como "grande pólo financeiro internacional" e disse que o estado irá "liderar o processo de crescimento" e "impulsionar a economia" do Brasil.

 

"É uma honra continuar servindo ao Brasil, agora no Estado de São Paulo . Nós estamos vivendo momento especial no Brasil, com amplas possibilidades para todos. O Brasil agora está em uma nova fase", avaliou. "São Paulo, portanto, tem condições enormes de liderar esse processo de retomada da economia brasileira. Aceitei o convite porque o programa do governador é exatamente aquilo que eu acho que o País e o Estado de São Paulo precisam: maior eficiência do Estado e diminuição da máquina pública."

 

Doria afirmou que o novo integrante de sua equipe terá gabinetes na Secretaria da Fazenda e também no Palácio dos Bandeirantes e prometeu que São Paulo vai "pensar grande" a partir de 2019. "A melhor contribuição que nós poderemos oferecer ao novo governo brasileiro é fazer uma grande gestão em São Paulo. Vamos explorar muito novos investimentos. Em São Paulo, nós pensamos globalmente, e não mais localmente. Vamos atrair grandes investidores que, no plano global, pretendem investir no Brasil", disse.

 

"Eu acredito que vai ser feita a diferença e São Paulo será outro estado dentro de quatro anos", corroboru Henrique Meirelles .

 

Conheça a equipe completa do governador eleito João Doria abaixo:

Secretários:

1. Casa Militar e Defesa Civil – Coronel Nyakas
2. Segurança Pública - General Campos
3. Energia, Saneamento e Recursos Hídricos - Marcos Penido
4. Justiça - Paulo Dimas Mascaretti
5. Pessoa com Deficiência - Célia Leão
6. Agricultura - Gustavo Diniz Junqueira
7. Saúde - José Henrique Germann
8. Cultura - Sérgio Sá Leitão
9. Educação - Rossieli Soares
10. Casa Civil - Gilberto Kassab
11. Transportes Metropolitanos – Alexandre Baldy
12. Logística e Transporte – João Octaviano Machado Neto
13. Desenvolvimento Regional - Marco Vinholi
14. Habitação - Flávio Amary
15. Desenvolvimento Social - Célia Parnes
16. Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Emprego - Patrícia Ellen da Silva
17. Turismo - Vinicius Lummertz
18. Esportes – Aildo Rodrigues Ferreira
19. Administração Penitenciária – Coronel Nivaldo Restivo
20. Fazenda – Henrique Meirelles

Secretários especiais:
1. Comunicação - Cleber Mata
2. Relações Internacionais e Invest SP - Julio Serson
Outros cargos da administração:
1. Procuradora-Geral do Estado – Lia Porto
2. Presidente do Fundo Social – Filipe Sabará
3. Presidente do Conselho do Fundo Social – Bia Doria
4. Chefe de Gabinete - Wilson Pedroso
5. Presidente da Sabesp – Benedito Braga
6. Presidente da Cetesb – Patricia Iglecias
7. Presidente do Memorial da América Latina - Jorge Damião
8. Presidente da Desenvolve SP - Milton Santos

Segurança militar e civil:
1. Secretário Executivo da Polícia Militar – Coronel Alvaro Batista Camilo
2. Comandante Geral da Polícia Militar – Coronel Salles
3. Secretário Executivo da Polícia Civil – Yousseff Abou Chahin
4. Delegado Geral da Polícia Civil – Ruy Ferraz

João Doria assume o Governo de São Paulo no dia 1º de janeiro em uma cerimônia de posse na Assembleia Legislativa de São Paulo. Em seguida, ele segue para o Palácio dos Bandeirantes onde é realizada a transmissão de cargo e nomeação dos secretários indicados.

Posted On Terça, 11 Dezembro 2018 16:22 Escrito por

Os candidatos com registro no país têm até sexta-feira (14) para se apresentarem nas cidades escolhidas no Programa Mais Médicos. Profissionais formados no exterior poderão enviar documentação entre 11 e 14 de dezembro

 

Com Ministério da Saúde

 

O balanço do edital de convocação do Mais Médicos para aqueles que possuem registro no Brasil aponta que mais da metade (53%) dos profissionais já se apresentaram nos municípios escolhidos. Até às 11h desta segunda-feira (10/12), 4.508 médicos compareceram ou iniciaram as atividades nas localidades. Os profissionais têm até esta sexta-feira (14/12) para apresentação nas cidades selecionadas e o começo da atuação deve ser estabelecido junto ao gestor local.

 

O Programa recebeu 36.490 inscrições, preenchendo 98,7% (8.411 profissionais alocados) das 8.517 vagas disponibilizadas do Edital vigente. Até o momento, estão abertas para as próximas etapas 106 vagas em 29 localidades. No dia 17 de dezembro será feito um balanço das vagas disponíveis, o que soma as desistências e as aquelas que não tiveram procura. Então, os profissionais com registro no país (CRM) terão nova chance para se inscrever no programa e escolher os municípios disponíveis nos dias 18 e 19 de dezembro.

 

O edital do programa Mais Médicos é uma seleção para a ocupação de vagas de médicos nos municípios. Assim, como todo processo seletivo, os participantes possuem autonomia em assumir ou não a vaga selecionada. Em caso de necessidade, o Ministério da Saúde irá realizar novas chamadas até que complete o quadro de vagas do programa.

 

PROFISSIONAIS FORMADOS NO EXTERIOR
Para os profissionais brasileiros e estrangeiros formados no exterior (sem registro no Brasil), primeiramente será aberto o prazo para enviar a documentação ao Ministério da Saúde. Os candidatos terão entre os dias 11 e 14 de dezembro para entrar no sistema e, assim, estarem aptos para validação da inscrição no Programa. São 17 documentos exigidos, entre eles, o reconhecimento da instituição de ensino pela representação do país onde os profissionais obtiveram a formação. A partir do dia 20, brasileiros sem registro no país poderão escolher vagas disponíveis.

 

Próximas etapas:
Dias 11 a 14 – Profissionais formados no exterior enviam documentação para validação da inscrição.

Dia 14 – Último dia para os profissionais com registro no país inscritos no primeiro edital se apresentarem nos municípios.

Dia 17– Balanço das vagas disponíveis (soma desistências e não selecionadas)

Dia 18 e 19 – Os profissionais com registro no país escolhem os municípios disponíveis.

Dias 20 a 22 – Os médicos brasileiros formados no exterior e sem registro no país que tenham a inscrição previamente validada poderão escolher os municípios remanescentes

Dias 26 a 28 – Os estrangeiros formados no exterior e sem registro no país poderão escolher as vagas remanescentes

 

MAIS MÉDICOS
Criado em 2013, o Programa Mais Médicos ampliou à assistência na Atenção Básica fixando médicos nas regiões com carência de profissionais. O programa conta com 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 DSEIs, levando assistência para cerca de 63 milhões de brasileiros.

 

Os profissionais do Mais Médicos recebem bolsa-formação (atualmente no valor de R$ 11,8 mil) e uma ajuda de custo inicial entre R$ 10 e R$ 35 mil para deslocamento para o município de atuação. Além disso, todos têm a moradia e a alimentação custeadas pelas prefeituras. Desde 2017, a pasta passou a reajustar o valor da bolsa anualmente aos médicos participantes, e concedeu, também, um acréscimo de 10% nos auxílios moradia e alimentação de profissionais alocados em DSEI.

Posted On Terça, 11 Dezembro 2018 07:11 Escrito por

VEJA REVELA QUE JBS QUASE LEVOU TEMER A CONVOCAR CONSTITUINTE. ÉPOCA MOSTRA CONSELHOS DE EX-MINISTROS AO SUPERMINISTRO DE BOLSONARO E ISTOÉ CONTA QUE MÉDICOS CUBANOS VIVIAM COMO ESCRAVOS NO BRASIL

 

 

Veja

O dia em que o governo ruiu

Veja teve acesso a gravações inéditas nas quais Temer conta os bastidores da denúncia da JBS e revela que foi aconselhado a convocar uma Constituinte e antecipar as eleições.

 

Michel Temer está finalizando o que chama de “documento histórico” sobre os dois anos e sete meses em que presidiu o Brasil. Entre julho e novembro, ele gravou dezesseis horas de depoimentos para o marqueteiro Elsinho Mouco e o escritor efilósofo Denis Lerrer Rosenfield, durante dez encontros realizados nas bibliotecas dos palácios da Alvorada e do Jaburu. O material será transformado em livro e num documentário, ambos com o mesmo título: O Brasil de Temer. VEJA teve acesso a parte dos depoimentos do presidente. Nela, Temer fala do impeachment de Dilma Rousseff à transição para Jair Bolsonaro, da família aos aliados encrencados com a Justiça. Mas fica claro que sua prioridade é registrar a sua versão sobre o dia em que o seu governo, na prática, ruiu — a quarta-feira em que se tornou pública a informação de que os donos da JBS haviam fechado acordo de delação premiada e acusado o presidente de se beneficiar pessoalmente de um gigantesco esquema de corrupção.

 

Em seu relato, Temer apresenta-se como vítima de uma caçada judicial e de uma conspiração cujo objetivo era destituí-lo do poder e encarcerá-lo.

 

OS QUATRO GRUPOS DO MINISTÉRIO DE JAIR BOLSONARO

Ao cumprir suas promessas de campanha de rejeição ao fisiologismo, combate à corrupção, adesão a um programa econômico liberal e apoio a ideias conservadoras, Jair Bolsonaro criou, indiretamente, quatro grupos de poder que dividirão a Esplanada nos próximos anos — e que não necessariamente têm interesses convergentes. Militares, economistas liberais, ideólogos do pensamento de direita e o xerife da Lava-Jato, Sergio Moro, compõem os quatro eixos que disputarão orçamento, espaço e projeção política na nova arena que se formará a partir de 1º de janeiro.

 

Fora do tabuleiro do Executivo, correm em paralelo os filhos de Bolsonaro, que, mesmo sem cargo no governo, têm viajado, discursado e opinado em nome do pai.

Leia mais em Veja.

 

Época

Dez ex-ministros escrevem cartas com conselhos a Paulo Guedes

Dragão da inflação é substituído pelo buraco negro do déficit público como vilão do superministro da economia, apontam antecessores – ministros de todos os governos, de Figueiredo a Temer.

Leia mais em Época.

 

Istoé

Cubanos eram escravos no Brasil

Depoimentos, áudios e trocas de mensagens às quais Istoé teve acesso revelam que médicos cubanos viviam quase como escravos no Brasil.

Vigiados por agentes enviados por Havana, não podiam sair de um município a outro sem autorização mesmo nas folgas, eram assediados sexualmente e até extorquidos. Agora, quem não quer voltar à ilha sofre ameaças.

Leia mais em Istoé

 

Posted On Segunda, 10 Dezembro 2018 06:14 Escrito por

Pesquisa diz que o maior índice de pobreza é registrado Região Nordeste, afetando 43,5% da população

 

Da Agência Brasil

 

Cerca de 50 milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07 – ou US$ 5,5 por dia, valor adotado pelo Banco Mundial para definir se uma pessoa é pobre.

 

Os dados foram divulgados hoje (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 – SIS 2017. Ela indica, ainda, que o maior índice de pobreza se dá na Região Nordeste do país, onde 43,5% da população se enquadram nessa situação e, a menor, no Sul: 12,3%.

 

A situação é ainda mais grave se levadas em conta as estatísticas do IBGE envolvendo crianças de 0 a 14 anos de idade. No país, 42% das crianças nesta faixa etária se enquadram nestas condições e sobrevivem com apenas US$ 5,5 por dia.

 

A pesquisa de indicadores sociais revela uma realidade: o Brasil é um país profundamente desigual e a desigualdade gritante se dá em todos os níveis.

 

Seja por diferentes regiões do país, por gênero - as mulheres ganham, em geral, bem menos que os homens mesmo exercendo as mesmas funções -, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos respondem pelo maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de escolaridade.

Um país onde a renda per capita dos 20% que ganham mais, cerca de R$ 4,5 mil, chega a ser mais de 18 vezes que o rendimento médio dos que ganham menos e com menores rendimentos por pessoa – cerca de R$ 243.

 

No Brasil, em 2016, a renda total apropriada pelos 10% com mais rendimentos (R$ 6,551 mil) era 3,4 vezes maior que o total de renda apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação variasse dependendo do estado.

 

Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos do país, a parcela da população de pretos ou pardos chega a 78,5%, contra 20,8% de brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos, pretos ou pardos respondiam por apenas 24,8%.

 

A maior diferença estava no Sudeste, onde os pretos ou pardos representavam 46,4% da população com rendimentos, mas sua participação entre os 10% com mais rendimentos era de 16,4%, uma diferença de 30 pontos percentuais.

 

Desigualdade acentuada

No que diz respeito à distribuição de renda no país, a Síntese dos Indicadores Sociais 2017 comprovou, mais uma vez, que o Brasil continua um país de alta desigualdade de renda, inclusive, quando comparado a outras nações da América Latina, região onde a desigualdade é mais acentuada.

 

Segundo o estudo, em 2017 as taxas de desocupação da população preta ou parda foram superiores às da população branca em todos os níveis de instrução. Na categoria ensino fundamental completo ou médio incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação dos trabalhadores pretos ou pardos era de 18,1%, bem superior que o percentual dos brancos: 12,1%.

 

“A distribuição dos rendimentos médios por atividade mostra a heterogeneidade estrutural da economia brasileira. Embora tenha apresentado o segundo maior crescimento em termos reais nos cinco anos disponíveis (10,9%), os serviços domésticos registraram os rendimentos médios mais baixos em toda a série. Já a Administração Pública acusou o maior crescimento (14,1%) e os rendimentos médios mais elevados”, diz o IBGE.

 

O peso da escolaridade

Os dados do estudo indicam que, quanto menos escolaridade, mais cedo o jovem ingressa no mercado de trabalho. A pesquisa revela que 39,6% dos trabalhadores ingressaram no mercado de trabalho com até 14 anos.

 

Para os analistas, “a idade em que o trabalhador começou a trabalhar é um fator que está fortemente relacionado às características de sua inserção no mercado de trabalho, pois influencia tanto na sua trajetória educacional – já que a entrada precoce no mercado pode inibir a sua formação escolar – quanto na obtenção de rendimentos mais elevados”.

 

Ao mesmo tempo em que revela que 39,6% dos trabalhadores ingressaram no mercado com até 14 anos, o levantamento indica também que este percentual cresce para o grupo de trabalhadores que tinha somente até o ensino fundamental incompleto, chegando a atingir 62,1% do total, enquanto que, para os que têm nível superior completo, o percentual despenca para 19,6%.

 

Ainda sobre o trabalho precoce, o IBGE constata que, em 2016, a maior parte dos trabalhadores brasileiros (60,4%) começou a trabalhar com 15 anos ou mais de idade. Entre os trabalhadores com 60 anos ou mais houve elevada concentração entre aqueles que começaram a trabalhar com até 14 anos de idade (59%).

 

A análise por grupos de idade mostra a existência de uma transição em relação à idade que começou a trabalhar, com os trabalhadores mais velhos se inserindo mais cedo no mercado de trabalho, o que pode ser notado porque 17,5% dos trabalhadores com 60 anos ou mais de idade começaram a trabalhar com até nove anos de idade, proporção que foi de 2,9% entre os jovens de 16 a 29 anos.

 

O IBGE destaca que os trabalhadores de cor preta ou parda também se inserem mais cedo no mercado de trabalho, quando comparados com os brancos, “característica que ajuda a explicar sua maior participação em trabalhos informais”.

 

Já entre as mulheres foi maior a participação das que começaram a trabalhar com 15 anos ou mais de idade (67,5%) quando comparadas com a dos homens (55%). Para os técnicos do instituto, esta inserção mais tardia das mulheres no mercado de trabalho pode estar relacionada “tanto ao fato de elas terem maior escolaridade que os homens, quanto à maternidade e os encargos com os cuidados e afazeres domésticos”.

 

Cresce percentual dos que não trabalham nem estudam

O percentual de jovens que não trabalham nem estudam aumentou 3,1 pontos percentuais entre 2014 e 2016, passando de 22,7% para 25,8%. Dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017 indicam que, no período, cresceu o percentual de jovens que só estudavam, mas diminuiu o de jovens que estudavam e estavam ocupados e também o de jovens que só estavam ocupados.

 

O fenômeno ocorreu em todas as regiões do Brasil. No Norte, o percentual de jovens nessa situação passou de 25,3% para 28,0%. No Nordeste, de 27,7% para 32,2%. No Sudeste, de 20,8% para 24,0%. No Sul, de 17,0% para 18,7% e no Centro-Oeste, de 19,8% para 22,2%.

 

Ele atingiu, sobretudo, os jovens com menor nível de instrução, os pretos ou pardos e as mulheres e com maior incidência entre jovens cujo nível de instrução mais elevado alcançado era o fundamental incompleto ou equivalente, que respondia por 38,3% do total.

 

Pobreza é maior no Nordeste

Quando se avalia os níveis de pobreza no país por estados e capitais, ganham destaque - sob o ponto de vista negativo - as Regiões Norte e Nordeste com os maiores valores sendo observados no Maranhão (52,4% da população), Amazonas (49,2%) e Alagoas (47,4%).

 

Em todos os casos, a pobreza tem maior incidência nos domicílios do interior do país do que nas capitais, o que está alinhado com a realidade global, onde 80% da pobreza se concentram em áreas rurais.

Ainda utilizando os parâmetros estabelecidos pelo Banco Mundial, chega-se à constatação de que, no mundo, 50% dos pobres têm até 18 anos, com a pobreza monetária atingindo mais fortemente crianças e jovens - 17,8 milhões de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, ou 42 em cada 100 crianças.

 

Também há alta incidência em homens e mulheres pretas ou pardas, respectivamente, 33,3% e 34,3%, contra cerca de 15% para homens e mulheres brancas. Outro recorte relevante é dos arranjos domiciliares, no qual a pobreza - medida pela linha dos US$ 5,5 por dia - mostra forte presença entre mulheres sem cônjuge, com filhos até 14 anos (55,6%). O quadro é ainda mais expressivo nesse tipo de arranjo formado por mulheres pretas ou pardas (64%), o que indica, segundo o IBGE, o acúmulo de desvantagens para este grupo que merece atenção das políticas públicas.

 

 

Posted On Quinta, 06 Dezembro 2018 07:09 Escrito por
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