Os investigadores acreditam que Wellington Ribeiro da Silva, de 52 anos, seja o autor de 47 ataques contra mulheres. Testes de DNA reforçaram as suspeitas em 22 casos
Por Isabel Cristina - O Estado de S.Paulo
A Polícia Civil de Goiás prendeu Wellington Ribeiro da Silva, de 52 anos, considerado o maior estuprador em série do Estado de Goiás. Ele é suspeito de abusar sexualmente de 47 mulheres. Testes de DNA já o apontaram como autor de 22 dos casos apurados. O suspeito foi apresentado na sede da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), nesta quinta-feira, 19.
A delegada Ana Paula Machado é uma das integrantes da força-tarefa que investiga o caso. “Em Goiás, não há nenhum caso parecido com esse”, disse. Segundo ela, entre os casos, está um ocorrido em 2011, quando ele teria estuprado uma mulher e a filha dela, de cinco meses. Na época, o suspeito chegou a ser preso e transferido para o Mato Grosso, seu Estado natal. Entretanto, alguns meses depois, conseguiu fugir e voltou para Goiás. Foi detido novamente no último dia 12 de setembro, em Aparecida de Goiânia.
Aos 22 anos, Wellington chefiava uma organização que cometia assaltos e homicídios. Em uma chacina, ele chegou a matar a ex-mulher e dois filhos dela. “Ele despreza a mulher, a considera um ser inferior. Ele filmava as vítimas após o estupro para que elas não denunciassem, abusou por duas vezes de mães e filhas”, disse o delegado Carlos Leveger que também integra a força-tarefa.
A operação foi batizada de Impius e durou 45 dias envolvendo mais de 40 pessoas, e teve início, após a Polícia Técnico-Científica encontrar o DNA de Wellington em várias vítimas de estupros. Segundo a Polícia Técnico-Científica, em 2015, foram coletados vestígios de uma vítima de estupro e inserido no banco genético. Em 2017, foi coletado novo vestígio de outra vítima e coincidiu com a amostra anterior.
No mesmo ano apareceram outras quatro vítimas compatíveis. No final de 2018 já somavam nove mulheres e isso chamou a atenção da polícia.
A região mais escolhida por Wellington Ribeiro da Silva para cometer os crimes era o município de Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital Goiânia. Mas há registros de estupro em outras cidades próximas, como Bela Vista de Goiás, Abadia de Goiás e Hidrolândia.
A abordagem acontecia com o suspeito munido de uma arma. Em seguida, ele pegava os celulares das vítimas, as colocava na moto e as estuprava em um local afastado. Para dificultar a identificação, ele não tirava o capacete e todos os crimes eram cometidos durante a noite ou madrugada, aproveitando-se da escuridão.
Os crimes começaram a ser praticados em 2008 e Wellington confessou a polícia ter praticado seis abusos. De acordo com a polícia, o suspeito estava com uma moto roubada e identidade falsa ao ser abordado. Além de responder por receptação e uso de documento falso, ele também vai responder por roubo e estupro.
O TJ-SP decidiu que um processo contra José Serra e Geraldo Alckmin por suspeita de improbidade deve ser extinto sem análise do mérito, informa a Folha.
POR JOSÉ MARQUES
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que um processo contra os ex-governadores tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, por suspeita de improbidade, deve ser extinto sem análise do mérito.
Ambos eram réus em ação civil que os acusava de autorizar negociações de dívidas tributárias que resultariam em prejuízo ao estado.
A operação é considerada uma espécie de pedalada fiscal pelos sindicatos paulistas dos fiscais de renda e dos procuradores do estado, que levaram o caso à Justiça. Além da condenação e da reparação de danos, as entidades pediam que a cessão de créditos dessas dívidas fosse interrompida.
Atualmente senador, Serra foi governador de São Paulo de 2007 a 2010, sendo sucedido de 2011 a 2018 por Alckmin -que já havia comandado o estado no começo do século.
O processo corria desde janeiro do ano passado na 14ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.
Em 21 de fevereiro deste ano, o juiz José Eduardo Cordeiro Rocha extinguiu a ação, sob o argumento de que os sindicatos não tinham "legitimidade ou interesse processual".
Ele entendeu que as entidades não podiam apresentar a ação, já que não eram atingidas diretamente pelo caso relatado.
O magistrado não chegou a julgar o mérito da acusação. Além da extinção, também determinou que as entidades de classe pagassem as custas processuais e os honorários advocatícios.
Os sindicatos recorreram à segunda instância. Em acórdão publicado na quarta (18), os desembargadores da 1ª Câmara de Direito Público do TJ mantiveram a extinção do processo.
O desembargador Luiz Francisco Aguilar Cortez, relator do caso, reafirmou que cabe apenas a pessoas jurídicas afetadas (por exemplo, União, estados, Distrito Federal, municípios ou entidades da administração pública indireta) ou ao Ministério Público propor ações de improbidade.
Em relação aos outros pedidos, de reparação e cessação dos créditos, apontou que, embora o sindicato dos agentes fiscais tenha entre as suas finalidades a defesa dos interesses de seus integrantes, "não se vislumbra que, dentre os 'deveres legais e estatutários' do sindicato, inclua-se a defesa do patrimônio da Fazenda estadual".
Afirmou que as solicitações também fogem ao estatuto do sindicato dos procuradores.
O tribunal, no entanto, aceitou um dos pedidos do recurso. Decidiu que as entidades não devem bancar os honorários advocatícios da ação, porque no entendimento da corte não houve má-fé ao propor a ação.
Além dos ex-governadores, respondiam ao processo ex-secretários da Fazenda, as empresas públicas CPSEC (Companhia Paulista de Securitização) e CPP (Companhia Paulista de Parcerias) e seus respectivos presidentes à época.
A AÇÃO EXTINTA
A ação proposta pelos sindicatos relatou supostas irregularidades na cessão onerosa do que o governo chama de direitos creditórios à CPSEC e no posterior repasse desses direitos a investidores.
O processo dizia que os problemas começaram em 2007, quando o governo do estado, ainda sob a gestão Serra, iniciou um programa de parcelamento de dívidas tributárias, como o ICMS, oferecendo vantagens aos devedores. Entre elas, descontos nos juros e nas multas por atrasos.
Já no governo Alckmin, para receber antecipadamente o dinheiro dessas dívidas, o governo negociou direitos creditórios com a CPSEC.
Nessa tratativa, o governo cedia esses créditos com um deságio -redução de preço- de até 50% à CPSEC, que transforma o passivo em debêntures (títulos da dívida).
Os títulos eram obtidos por financiadores, que se beneficiam com os seus rendimentos quando a dívida é quitada -segundo a acusação, o governo se torna garantidor dessa dívida, caso haja inadimplência. O governo nega que haja essa garantia.
Conforme a ação dos sindicatos, os "créditos bons", cujos contribuintes têm antecedentes de bons pagadores, são repassados ao mercado. Já os "papéis podres", com alto índice de inadimplência, voltam para o estado.
"Ou seja, pelo crédito tributário bom, aquele que ingressaria normalmente no Caixa do Tesouro, o Estado antecipa seu recebimento com significativo deságio, e ainda se compromete a garantir, até porque é acionista majoritário da CPSEC, o resgate do título no seu vencimento e pagamento dos juros aos investidores, que, em realidade, não assumem risco nenhum adquirindo esses papéis", dizia o texto da acusação.
"Já pelo crédito ruim, o estado acaba não recebendo absolutamente nada, uma vez que eles não são negociados com investidores." A ação dizia que a antecipação de receitas pode ser considerada uma operação de crédito, que fere a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Também afirmava que o estado usa sua estrutura para cobrar essas dívidas, já que a CPSEC é uma empresa pública.
Mauro Ricardo, que foi secretário do governo Serra, afirmou no período da ação que não houve qualquer irregularidade nas operações, nem que o estado oferece garantia pelos débitos.
"O que a legislação veda é que os estados assumam responsabilidade pelo pagamento, o que não ocorre, e a antecipação de receitas tributárias cujos fatos geradores ainda não ocorreram", informou.
As emissões de debêntures aconteceram a partir de 2012, nos valores de R$ 600 milhões, R$ 800 milhões e R$ 740 milhões.
Em nota conjunta, Serra e o ex-secretário Mauro Ricardo afirmaram, à época, que não houve antecipação de receita tributária e que o estado não assumiu nenhuma responsabilidade pelo pagamento das dívidas -o risco, disseram, é transferido ao investidor que adquire os títulos.
As operações de securitização de direitos creditórios no mercado financeiro dizem respeito a fatos geradores passados e tributos já constituídos por regular lançamento, diz a nota.
Segundo a nota, os próprios autores da ação não questionaram a constitucionalidade de lei que autorizou a cessão dos créditos tributários, feitas por Serra e aprovada pela Assembleia Legislativa.
Já a assessoria de Alckmin disse, também à época, que negociar os direitos creditórios foi "uma política pública voltada à melhoria da gestão da dívida ativa do estado".
"Os atos preparatórios dessa política pública foram baseados em consultas formais à Procuradoria-Geral do Estado, que, diferentemente dos autores da ação, não respondem por categorias, sindicatos ou interesses particulares, mas pelos interesses da Fazenda Pública do Estado." (JOSÉ MARQUES/Folhapress)
Toda a diversidade de atrativos naturais do Tocantins estará em evidência durante a 47ª Abav Expo Internacional de Turismo e o 52º Encontro Comercial Braztoa. Nesta edição, entre os dias 25 e 27 de setembro, na Expo Center Norte, em São Paulo, o Governo do Tocantins, por meio da equipe da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc) estará divulgando quatro regiões turísticas: Encantos do Jalapão, Serras e Lago, Serras Gerais e Lagos e Praias do Cantão, assim como a pesca esportiva.
Por Seleucia Fontes
“Temos o Jalapão como nosso principal cartão-postal, mas queremos mostrar o alto potencial turístico e belezas das outras regiões, como os lagos de águas cristalinas das Serras Gerais, nossas praias, serras com pinturas rupestres e regiões propícias à pesca esportiva, como a Ilha do Bananal, que atraem um número cada vez maior de visitantes”, enfatiza o presidente da Adetuc, Tom Lyra. Ainda segundo o gestor, o governador Mauro Carlesse enxerga no turismo um grande potencial econômico a ser desenvolvido.
Destinos
O Estado do Tocantins está dividido em sete regiões turísticas, sendo que quatro delas estarão em evidência na 47ª Abav Expo.
A região Encantos do Jalapão é reconhecida por sua exuberância e possui atrativos localizados nas cidades de Mateiros, Novo Acordo, Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Tocantins. Em meio a 34 mil km² de paisagem árida, a região é cortada por uma imensa teia de rios, riachos e ribeirões, todos de águas transparentes e potáveis, sem contar suas impressionantes formações rochosas.
O circuito mais propagado pelos operadores de turismo é a chamada ferradura, entrando por Ponte Alta e saindo por Novo Acordo, com visitas a cachoeiras, fervedouros e dunas. Para os mais aventureiros, a região é ideal para prática de esportes, entre eles o rafting, a canoagem, o rapel e as trilhas a pé e de bicicleta.
Serras e Lago
O polo turístico Serras e Lago integra os municípios de Lajeado, Palmas, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional, Miracema, Tocantínia e Fátima. A Capital é o portão de entrada do Estado, principalmente por via aérea, e hoje se estabeleceu como importante centro de lazer e ecoturismo, com praias e as cachoeiras de Taquaruçu.
As atividades turísticas passam ainda pelo potencial da Serra do Lajeado, com trilhas, cachoeiras e pinturas rupestres e do lago formado pela construção da Usina Hidrelétrica Luís Eduardo Magalhães, no qual podem ser praticados diversos esportes náuticos. Há ainda o importante legado cultural do municípios de Porto Nacional, que tem o seu centro histórico tombado como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Serras Gerais
Formada por oito municípios – Almas, Arraias, Aurora, Dianópolis, Natividade, Pindorama, Rio da Conceição e Taguatinga –, a região das Serras Gerais faz parte da maior cadeia de serras do Brasil. Além de uma série de atrativos naturais, que envolvem cânions com cachoeiras de tirar o fôlego, rios transparentes, incluindo o menor do Brasil, o Azuis, grutas e cavernas, várias dessas localidades ainda guardam tradições, arquitetura colonial, história e cultura como as Cavalhadas, as festas do Senhor do Bonfim e do Divino Espírito Santo, o carnaval de rua, a gastronomia típica.
Trakking, snorkel, rafting, trilha, canoagem, banhos de cachoeira, contemplação da natureza e muitas outras atividades podem ser praticadas em toda a região tocantinense das Serras Gerais.
Lagos e Praias do Cantão
Durante o período da seca, Tocantins revela uma de suas maiores riquezas: as praias dos rios Araguaia e Tocantins, que são tomadas pelos veranistas especialmente no mês de julho. Este período também abre portas para outras belezas praticamente intocadas. Uma delas é o Parque Estadual do Cantão, um santuário para os amantes do ecoturismo. O Parque é a atração principal do município de Pium, a 135 km de Palmas, porém seu portal de entrada mais popular fica em Caseara, distante 260 km da Capital.
A região conhecida como Lagos e Praias do Cantão, que reúne os municípios de Araguacema, Caseara, Marianópolis e Pium, revela uma de suas maiores riquezas: as praias dos rios Araguaia e Tocantins, que são tomadas pelos veranistas especialmente no mês de julho. Mas também há belezas praticamente intocadas no Parque Estadual do Cantão, um santuário para os amantes do ecoturismo. O Parque é a atração principal do município de Pium, a 135 km de Palmas, porém seu portal de entrada mais popular fica em Caseara, distante 260 km da Capital. A região é ideal para safáris fotográficos e trilhas ecológicas terrestres e aquáticas, conforme o período do ano.
Pesca esportiva
Existem dezenas de lagos e pontos ideais para pesca esportiva em todo o Estado. Projeto para incentivar esta modalidade que gera renda e protege o pescado nacional vem sendo desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Adetuc e da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro).
Entre os destaques está a região da Ilha do Bananal. Pescadores esportivos de várias regiões do país buscam a abundância de espécies como o tucunaré (azul, amarelo e pitanga), aruanã, pirarucu, jacundá, apaiari, saicanga, pirarara, barbado, fidalgo e surubim.
Rachel Genofre, 9 anos, vítima de assassinato brutal em 2008
Por Andrea Torrente
O banco nacional de DNA, cuja ampliação é defendida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, permitiu que a Polícia Civil do Paraná identificasse um homem suspeito pelo assassinato brutal de uma criança, há 11 anos. O corpo de Rachel Genofre, de 9 anos, foi encontrado numa mala na rodoviária de Curitiba no dia 5 de novembro de 2008, dias depois de a menina desaparecer na saída da escola.
A análise do material genético teve 100% de compatibilidade, o que faz a polícia ter certeza de que Carlos Eduardo dos Santos, de 54 anos, é o responsável pela morte da menina. O acusado está preso em Sorocaba, no interior de São Paulo, desde 2016, condenado a 22 anos de prisão. Ele possui um histórico criminal extenso que inclui crimes que vão desde estupro a estelionato. O DNA dele foi colhido na prisão e inserido num software que fez o cruzamento dos dados.
Segundo o delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Paraná, Riad Braga Farhat, o crime não foi solucionado antes porque o banco de DNA passou por problemas financeiros nos últimos anos. “Agora o governo federal, por meio do ministro Moro, reimplementou esse programa e deu aporte financeiro gigantesco para que se retomasse atividade e se procedesse com mais celeridade”, explicou, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (19).
O que é o banco de DNA
O Banco Nacional de Perfis Genéticos existe desde 2012 e no final do ano passado contava com 6.500 perfis de condenados, 440 de investigados e 7.800 de vestígios de local de crime. A ampliação do banco é uma das principais bandeiras do pacote anticrime que o ministro Sergio Moro enviou ao Congresso Nacional.
O objetivo do ministro é coletar mais de 750 mil perfis nos próximos três anos – número semelhante ao que se estima de população carcerária no país. Para 2019, a previsão é coletar, processar e cadastrar 65 mil. Desde sua implementação, a ferramenta auxiliou em 559 investigações, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em abril, Moro disse que o banco contava com “cerca de 20 a 30 mil perfis". No Reino Unido e nos Estados Unidos, são 6 milhões e 12 milhões de perfis, respectivamente, segundo o ministro. “Até o final do governo, teremos nosso banco completo", anunciou. "No Brasil, ainda usamos com timidez esses recursos de investigação. Mas estamos evoluindo. Evoluiremos muito mais com nosso banco ampliado e completo”.
Na última quarta-feira (18), contudo, o pacote anticrime sofreu modificações pelo grupo de trabalho da Câmara dos Deputados. As mudanças no texto aprovado pelos deputados permitem que o material genético seja recolhido apenas de pessoas condenadas por crimes graves contra a pessoa e crimes contra a vida praticados com violência. Moro queria que fosse colhido o perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos."
Senador do MDB é alvo de operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (19); investigação aponta que ele recebeu R$ 5,5 milhões em propina
Com informações da Agência O Globo
Em ligação ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) colocou seu cargo de líder do governo no Senado à disposição do presidente Jair Bolsonaro. Pela manhã, endereços ligados ao parlamentar, como sua residência em Brasília e seu gabinete no Congresso, foram alvos de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal.
"Já conversei pela manhã com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo para que o governo possa, ao longo dos próximos dias, fazer uma avaliação se não seria o momento de proceder uma nova escolha ou não. É um julgamento e um juízo que deve ser feito pelo presidente e ministro da Casa Civil", disse Fernando Bezerra.
Bezerra estava em seu apartamento funcional, em Brasília. Ao sair para reunião com advogados, falou rapidamente com jornalistas.
A operação apura suspeitas de desvios em obras públicas do Ministério da Integração Nacional, da época em que Bezerra era ministro da pasta no governo Dilma Rousseff (PT), para recebimento de propina por meio de doleiros. Baseia-se em uma delação premiada assinada como desdobramento da Lava-Jato, do doleiro João Lyra.
Bezerra não quis antecipar qual foi a reação de Onyx à sua ligação. "Eu não quero avançar em comentários. Acho que todos estão querendo aprofundar a análise em cima do que foi baseado todas essas ações que fomos vítimas hoje, para que o governo possa se manifestar. Mas quero deixar desde já o governo à vontade para que, fazendo o juízo da necessidade de um novo interlocutor, que não haverá, da minha parte, nenhuma dificuldade. Vou continuar ajudando na agenda que acredito, que é agenda da área da economia", disse.
Ele repetiu o tom da nota de sua defesa, alegando que houve excesso na ação: "Já me pronunciei por nota, comentando a extensão da decisão do ministro Barroso. Uma decisão judicial, a gente cumpre e, depois, recorre e discute. Acho que, para um argumento sobre essa extensão e esse excesso, a manifestação da PGR já diz tudo. Não havia nenhuma necessidade dessas diligências na minha residência e nos meus locais de trabalho".
Propinas de R$ 1,5 milhão
Segundo a decisão, em 2012, o senador Fernando Bezerra teria solicitado, por meio do auxiliar Iran Modesto, empréstimo de R$ 1,5 milhão a João Lyra. Uma parte foi obtida por transferências bancárias e R$ 500 mil em dinheiro vivo pago pelo delator Arthur Rosal na casa de Iran Modesto.
Só que as investigações apontam indícios de que os valores eram propina a eles e a aliados, além de dinheiro para quitação de gastos de campanha.
Depois, Iran Modesto teria indicado o pagamento do empréstimo seria feito pela OAS, que integrava o consórcio das obras de transposição do Rio São Francisco, "custeadas com recursos do Ministério da Integração Nacional, comandado por Fernando Bezerra de Souza Coelho". Outra construtora, Barbosa Mello, operacionalizaria o pagamento.
"Para a execução do acordado, foram forjados contratos de locação de caminhões basculantes sem operador e boletins de medição pela Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem Ltda. para a Construtora Barbosa Mello S.A. Foram emitidas as notas fiscais nº 0981 e 0994, nos meses de julho e agosto de 2013, cada uma no valor de R$ 656.400,00, efetivamente pagas", diz a decisão.
Conforme as investigações, "os elementos já obtidos pela Polícia Federal constituem indícios razoáveis de que empreiteiras com interesses em obras sob influência dos investigados tenham quitado, ao menos parcialmente (R$ 1.312.200,00), o empréstimo fornecido pelos colaboradores (de R$ 1,5 milhão). Os repasses de valores teriam sido realizados de forma dissimulada, por meio de contas de terceiros e simulação de contratos de prestação de serviços".
Outros valores
A investigação indica ainda que a OAS tinha um "setor de projetos estruturados" para geração de caixa dois e emissão de notas fiscais fictícias e superfaturadas – mais de R$ 40 milhões teriam sido gerados assim, segundo delatores. Os pagamentos tinham que ser autorizados por Léo Pinheiro ou Cesar Mata Pires, acionistas da OAS.
Segundo o delator João Lyra, ele participou de uma parte da geração do dinheiro, que era disponibilizado na conta de pessoas jurídicas controladas por ele. Ele sacava e entregava em espécie para funcionários da OAS.
João Lyra também relatou ter recebido pedido da OAS para dar R$ 670 mil ao senador Fernando Bezerra O valor teria sido entregue por um funcionário da empreiteira na Avenida Boa Viagem, em Recife.
A decisão relata ainda que o delator João Lyra mencionou outro pedido de empréstimo em 2014 de R$ 1,7 milhão para financiamento de campanhas de Fernando Bezerra Coelho, no mesmo modus operandi do empréstimo anterior, de 2012.
Lyra, então, procurou a OAS: "João Carlos Lyra afirmou que, antes de consentir com o empréstimo, teria procurado a Construtora OAS S.A. com o intuito de confirmar se a empresa, mais uma vez, arcaria com o adimplemento do mútuo. Segundo afirma, teria obtido essa confirmação de Adriano Santana de Quadros Andrade e Roberto Cunha, funcionários da empreiteira, que teriam relatado a existência de uma dívida remanescente de R$ 1.670.000,00 para com Fernando Bezerra Coelho". Diante disso, o dinheiro foi repassado em espécie para Iran Modesto.
A OAS, porém, não teria pago os valores e o empresário cobrou o senador, que pediu mais tempo em razão de ter tido o nome envolvido na Lava Jato, relata a decisão. As negociações para pagamentos do valor continuariam até 2017.
"Há indícios, portanto, de que ainda em 2017 o sistema de repasses de valores indevidos continuava, mesmo após a menção ao nome do Senador na 'Operação Lava Jato'", afirma o ministro.
Além disso, a Constremac teria repassado R$ 2 milhões para João Lyra para que o valor chegasse ao senador.
"As entregas de dinheiro, segundo o colaborador, eram feitas na sede da Constremac Construções S.A, em São Paulo. Em seguida, João Carlos Lyra entregava os valores no escritório Trombeta e Morales, que, por sua vez, realizava transferências para os destinatários indicados por Iran Padilha Modesto", relata a investigação.
Para o ministro, todos os fatos mostram "indícios razoáveis" da existência do esquema. "Os elementos já obtidos pela Polícia Federal constituem indícios razoáveis de que empreiteiras com interesses em obras sob influência dos investigados realmente transferido valores a 'operadores' de Fernando Bezerra Coelho. Os repasses de valores teriam sido realizados de forma dissimulada, por meio de contas de terceiros e simulação de contratos de prestação de serviços."
As buscas desta quinta são relacionadas às empresas que teriam participado do esquema de repasses.
Os investigados foram ainda intimados a comparecer, caso quisessem, para prestar depoimentos. Pela decisão de Barroso, tinham o direito de não ir, ir e ficar em silêncio ou ir com um advogado.
Bloqueio de bens
Sobre o bloqueio de bens solicitado, no valor de R$ 5,5 milhões em relação ao senador e de R$ 1,7 milhão em relação ao filho, o ministro considerou que era preciso aprofundar as investigações.
"Entendo prudente aguardar o aprofundamento das investigações antes de decretar medidas cautelares patrimoniais sobre os valores. É garantia fundamental do investigado o direito à razoável duração do processo, de modo que me parece desproporcional uma constrição tão elevada neste momento ainda distante do desfecho da apuração", disse.