Na sexta-feira 9, Sônia Maria Nóvoa, 62 anos, irmã da ex-secretária da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha, recebeu a reportagem de ISTOÉ em seu apartamento em Santos, litoral paulista
Por Sônia Maria Nóvoa
Apreensiva com a possibilidade de perder o imóvel – também registrado em nome de Rose – já que a Justiça de Santos deflagrou um processo de leilão por falta de pagamento de despesas, Sônia desabafou: “Não sei do paradeiro dela. Mas ela não foi presa? Olha, não sei como ela ainda não foi presa” disse a irmã, depois de enfileirar os crimes aos quais Rosemary responde na Justiça.
Na entrevista, Sônia disse que a irmã passou a dar de ombros à família a partir de 2014, mas que no ápice do romance extraconjugal entre Rosemary e o ex-presidente petista todos eram muito unidos. “Rose e Lula se amavam muito. Nesse tempo a Rose contava as coisas para mim. Ela me chamava para os jantares românticos com Lula. E eu ia. Lá eu até consegui convites para shows do Roberto Carlos e do Roupa Nova”. Foi a primeira vez, desde que o relacionamento amoroso entre Lula e Rose veio à tona, que um familiar, congênere, alguém que privou da intimidade do casal decidiu contar – sem mesuras de palavras – detalhes sobre o caso.
Eis os principais trechos da entrevista:
Na sexta-feira 9, Sônia Maria Nóvoa, 62 anos, irmã da ex-secretária da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha, recebeu a reportagem de ISTOÉ em seu apartamento em Santos, litoral paulista. Apreensiva com a possibilidade de perder o imóvel – também registrado em nome de Rose – já que a Justiça de Santos deflagrou um processo de leilão por falta de pagamento de despesas, Sônia desabafou: “Não sei do paradeiro dela. Mas ela não foi presa? Olha, não sei como ela ainda não foi presa” disse a irmã, depois de enfileirar os crimes aos quais Rosemary responde na Justiça. Na entrevista, Sônia disse que a irmã passou a dar de ombros à família a partir de 2014, mas que no ápice do romance extraconjugal entre Rosemary e o ex-presidente petista todos eram muito unidos. “Rose e Lula se amavam muito. Nesse tempo a Rose contava as coisas para mim.
Ela me chamava para os jantares românticos com Lula. E eu ia. Lá eu até consegui convites para shows do Roberto Carlos e do Roupa Nova”. Foi a primeira vez, desde que o relacionamento amoroso entre Lula e Rose veio à tona, que um familiar, congênere, alguém que privou da intimidade do casal decidiu contar – sem mesuras de palavras – detalhes sobre o caso.
Eis os principais trechos da entrevista:
“Um dia, Rose me disse: eu ainda vou namorar o Lula. Ela recortava tudo o que a imprensa falava do Lula e guardava em caixas”
A senhora sabe onde encontrar sua irmã, a Rosemary Noronha?
Mas ela não foi presa? Olha, não sei como ela ainda não foi presa. Ela cometeu vários crimes, corrupção, tráfico de influência, organização criminosa. Acho que está demorando para ela ser presa, né?
Por que a senhora acha que ela tem que ser presa?
Olha, minha família ficou escandalizada quando ela foi investigada pela Polícia Federal no caso da Operação Porto Seguro. Ninguém se conformou com isso. Minha mãe (dona Adrelina, morta há cinco anos) ficou chocada.
Não há mentira que um dia não aparece.
A senhora não tem mais contato com ela?
A Rose sumiu, principalmente depois da Operação Porto Seguro, quando ela terminou o caso com o Lula. Ela abandonou a família. Não atende mais minhas ligações e não responde às cartas que lhe mando. Eu peço ajuda financeira. Pedia quando ela era poderosa, chefe de gabinete do escritório da Presidência em São Paulo, durante o governo Lula. Mas ela nunca me deu um tostão.
“A pedido de Lula, Paulo Okamoto ajudou Rose a contratar mais de 40 advogados. Agora que Lula foi preso, isso acabou”
Por que ela deixou de falar com a senhora?
Depois que minha mãe teve um AVC, em 2010, ela ficou com uma parte do corpo paralisado e só vivia na cama. Eu é que cuidava dela sozinha, dava banho, trocava as fraldas, dava comida. Minha mãe não se mexia da cama sem mim. A Rose não mandava um tostão e não ajudava em nada. Até que um dia, em 2012, ela ainda estava na Presidência e mandou uma médica e duas enfermeiras aqui ao meu apartamento de Santos. As enfermeiras ficaram alguns meses. Até que estourou a bomba (a Operação Porto Seguro) e ela foi demitida da Presidência. Não tardou e eles tiraram as enfermeiras. Acho que eram pagas pela Presidência. Fiquei tão brava que rompi com ela.
“Rose e Lula se amavam muito”
Ela abandonou sua mãe por completo depois da Porto Seguro?
Ela ainda mandou minha mãe para uma clínica aqui em Santos. Mas, uma semana depois, minha mãe faleceu. Foi em 2014. A Rose veio ao enterro, mas nem falou comigo. Depois, ela sumiu de vez.
Ela não ajuda a senhora a pagar as contas do edifício? Afinal, ela também é uma das herdeiras.
Eu não tenho dinheiro para pagar o condomínio. Devo R$ 4.600 referente ao ano de 2016. A Rose também não paga. O síndico do prédio (Tibúrcio Roberto Marques de Souza) mandou executar a dívida e a Justiça quer leiloar o apartamento.
E sempre foi assim? A Rose não querendo saber da senhora e da família?
Não. A gente sempre foi muito unida quando ela morava aqui com a gente em Santos. Depois ela casou com o José Claudio e foi morar em Porto Alegre. Ficou um tempo lá e em seguida mudou-se para São Paulo. Começou a trabalhar como bancária no Banco Itaú, numa agência no centro de São Paulo. Foi aí que ela conheceu o Lula.
“Não sei como ela ainda não foi presa”
Como foi a aproximação com Lula?
Foi em 1993. Lula era presidente nacional do PT. Ele freqüentava a agência onde Rose trabalhava. Um dia a Rose me disse: eu ainda vou namorar o Lula. Ela recortava tudo o que a imprensa falava do Lula e guardava em caixas. Foi assim que Lula a convidou para ser secretária na sede nacional do PT. Ele a chamou na sede da Fundação Perseu Abramo e fez o convite para trabalhar no PT. Acabaram virando amantes. Lula era casado com dona Marisa e a Rose com o José Claudio.
Ela deixou o Itaú para seguir Lula e o PT?
Na campanha de 1994 para presidente, Rose acabou entrando. Depois em 1995, Lula deixou a presidência do partido e o José Dirceu assumiu, mas Rose permaneceu como secretária da Presidência. Rose seguia Lula para todo canto. Eu ia tomar café com a Rose e ela sempre estava na sala do Lula, junto com o Zé Dirceu, com o Okamoto e com o padre (Gilberto Carvalho).
E a dona Marisa, não desconfiava?
Ela sempre dizia que não gostava ‘dessa assessora do Lula’.
E como foi quando Lula se elegeu presidente em 2002?
A Rose participou ativamente da campanha. Depois, Lula a nomeou assessora especial no escritório da Presidência em São Paulo. Eu saia com eles várias vezes em São Paulo, principalmente nos hotéis em que o Lula ficava hospedado quando vinha para cá.
Sabe-se que a Rosemary acompanhava Lula em todas as viagens para o exterior. Como isso era possível?
A Rose viajou com Lula o mundo inteiro. A Marisa não ia nas viagens internacionais.
Mas dona Marisa acabou descobrindo…
Isso só depois de 2006, quando Lula a nomeou chefe de gabinete do escritório de São Paulo. Ela proibiu que a Rose acompanhasse Lula e passou a viajar com o presidente. Como a Rose fazia muitas cirurgias plásticas, usava botox, a Marisa disse que também queria fazer e até frequentar o mesmo salão de beleza dela.
“Como a Rose fazia muitas cirurgias plásticas, usava botox, a Marisa disse que também queria fazer e até frequentar o mesmo salão de beleza dela”
Como a senhora sabe que dona Marisa descobriu que sua irmã era amante do Lula?
Ora, nesse tempo a Rose contava as coisas para mim. Ela me chamava para os jantares românticos com Lula. E eu ia. Lá eu até consegui convites para shows do Roberto Carlos e do Roupa Nova. Só pude assistir porque minha irmã me convidava.
Depois do escândalo da Operação Porto Seguro, Lula não quis mais saber de Rosemary?
Eles continuaram se falando por meio do Okamoto (Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula). A pedido de Lula, Paulo Okamoto ajudou Rose a contratar mais de 40 advogados. Agora que Lula foi preso, isso acabou. Ela alega que está sem dinheiro.
A senhora acha que os dois nunca mais se falaram?
Não acredito. Acho que a Rose até já foi visitar o Lula na cadeia em Curitiba, principalmente agora que dona Marisa morreu. Rose e Lula se amavam muito.
Presidente defende projeto que endurece Lei Antiterrorismo
Por Agência Brasil Brasília
O presidente Jair Bolsonaro defendeu hoje (12) que ações criminosas ocorridas no Ceará sejam consideradas terrorismo. A manifestação do presidente em favor do PLS 272/2016 foi feita por meio de sua conta pessoal no Twitter, às 7h deste sábado (12), ao comentar situação no Ceará. No início da noite, o presidente postou mensagem sobre o ataque mais recente no estado, que ocasionou na derrubada de uma torre de transmissão de energia, e voltou a defender a tipificação dos atos como terroristas.
Marginais, por explosão, derrubaram torre de transmissão sobre a BR 020 no Ceará. Em 24hs nosso Ministro das Minas e Energia providenciou o restabelecimento da rede e desobstrução da rodovia. Com garantia jurídica e tipificação desses atos em terrorismo venceremos essa guerra. Disse ele em seus twiter
Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que a explosão da subestação que atende Fortaleza interrompeu parcialmente o tráfego na BR-020 e afetou outra linha da rede de distribuição para o bairro de Jaboti.
"O registro feito pelo ONS informa que a perda da linha de transmissão não causou interrupção no fornecimento de energia ou desligamento no abastecimento aos consumidores. O registro informa também que, para preservar as condições de segurança elétrica da operação do sistema interligado, foi acionado o despacho momentâneo de geração térmica adicional", diz a nota, acrescentando que o ministério, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a distribuidora local e os órgãos de segurança trabalharam para adotar o restabelecimento da normalidade do sistema.
Na primeira postagem, pela manhã, Bolsonaro destacou que os criminosos que agem no Ceará podem passar a atuar em outros estados, se forem impedidos. “Ao criminoso não interessa o partido desse ou daquele governador. Hoje ele age no Ceará, amanhã em São Paulo, Rio Grande do Sul ou Goiás. Suas ações, como incendiar, explodir, ... bens públicos ou privados, devem ser tipificados como terrorismo”, disse o presidente.
Bolsonaro também chamou de "louvável" e defendeu o projeto de lei, de autoria do senador Lasier Martins (PSD-RS), que endurece a Lei nº 13.260 que tipifica o conceito de terrorismo e regulamenta atuação de combate do Poder Público. Conforme o projeto, em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, fica classificado como terrorismo “incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado, com o objetivo de forçar a autoridade pública a praticar ato, abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique, ou ainda intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral.”
O PLS 272/2016 também criminaliza “interferir, sabotar ou danificar sistemas de informática ou bancos de dados, com motivação política ou ideológica, com o fim de desorientar, desembaraçar, dificultar ou obstar seu funcionamento.”
Em outubro passado, o governo federal instituiu uma força-tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. O grupo, sob a coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), tem como função “analisar e compartilhar dados e de produzir relatórios de inteligência com vistas a subsidiar a elaboração de políticas públicas e a ação governamental no enfrentamento a organizações criminosas que afrontam o Estado brasileiro e as suas instituições.”
Ceará
A Polícia Militar do Ceará registrou na madrugada de hoje dois novos ataques criminosos contra uma torre de transmissão de energia e uma concessionária de veículos. O estado entrou neste sábado no 11º dia seguido de ataques atribuídos a facções criminosas.
De acordo com a PM, a torre de transmissão teve a base explodida na cidade de Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, e caiu. Na capital cearense, por volta das 5h, uma explosão atingiu o pátio de uma concessionária e danificou veículos que estavam expostos para venda. Segundo a Secretaria de Segurança do Ceará, 319 pessoas foram presas até o momento. Todas elas autuadas em flagrante por participação nos atos criminosos registrados no estado desde o dia 2 de janeiro.
Ele era considerado foragido desde 14 de dezembro, quando o então presidente Michel Temer assinou o decreto de extradição. Italiano foi condenado por crimes na década de 1970
Por Camila Bomfim, TV Globo — Brasília
O italiano Cesare Battisti foi preso na noite de sábado (12) em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A prisão foi feita pela polícia boliviana. A informação foi confirmada pela Polícia Federal do Brasil.
Ainda não foram dados detalhes sobre a prisão, nem sobre os próximos passos da extradição do italiano.
Cesare Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália nos anos 1970. Battisti nega envolvimento com os homicídios e se diz vítima de perseguição política.
Battisti era considerado foragido desde o último dia 14 de dezembro, quando o então presidente Michel Temer assinou o decreto de extradição do italiano.
O italiano teve a prisão determinada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) em 13 de dezembro.
Citando fontes do governo italiano, o jornal “La Repubblica” afirma que ainda não está claro se, antes de voltar para a Itália, ele passará pelo Brasil. Fontes não identificadas do Ministério do Interior italiano disseram ao periódico que não descartam que ele volte para a Itália entre este domingo e segunda (13).
Fuga da Itália e prisão no Rio
Battisti fugiu da Itália, viveu na França e chegou ao Brasil em 2004. Ele foi preso no Rio de Janeiro em março de 2007 e, dois anos depois, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu refúgio.
Em 2007, a Itália pediu a extradição dele e, no fim de 2009, o STF julgou o pedido procedente, mas deixou a palavra final ao presidente da República. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição.
No passado, o governo italiano pediu ao presidente Michel Temer que o Brasil revisasse a decisão sobre Battisti, e no mês passado a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo que desse prioridade ao julgamento que poderia resultar na extradição.
Punição também é válida para motoristas envolvidos em crimes de receptação e descaminho. Condenado fica proibido de obter habilitação por 5 anos
Com Agências
A publicação da lei 13.804/19, que prevê a cassação da carteira de motoristas que usarem seus carros para crimes de receptação, descaminho e contrabando, na edição desta sexta-feira (11/1) do Diário Oficial da União foi bem-recebida por entidades que atuam na prevenção dessas violações no país. A norma foi sancionada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e era defendida pela Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando.
“O país tem perfil rodoviário, por isso a nova lei ataca a logística do contrabando, traz mais efetividade para o trabalho das forças policiais e, consequentemente, mais resultado em segurança para a sociedade brasileira”, avaliou o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Barros.
De acordo com a nova legislação, além de ter a carteira de motorista, o condutor flagrado fica proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor por 5 anos. “A perda da CNH é uma pena dura para os agentes desse ilícito, o que será muito positivo no combate a crimes desse gênero”, afirmou Barros.
Para o autor do projeto e presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Contrabando, deputado Efraim Filho (DEM-PB), a lei reforça o combate a um crime nocivo à toda a sociedade. “O contrabando financia o narcotráfico, o crime organizado, deteriora o mercado de trabalho formal, promove a evasão de divisas e prejudica a arrecadação de impostos, depondo contra o equilíbrio fiscal do país, dos estados e municípios”, destacou o parlamentar. “É um ilícito que gera riscos à saúde e à integridade do consumidor. Por isso, combater o contrabando é defender a vida”, acrescentou.
Combate ao crime
Já o coordenador-geral de Polícia Judiciária (CGPJ/COGER), Bráulio Cézar Galloni, considera a medida como importante instrumento de inibição ao tráfico. “Há muito esperada, a lei se constitui em necessário e adequado instrumento à repressão ao crime de contrabando, pois o motorista será desestimulado a contribuir para a gigantesca e nefasta estrutura que serve às organizações que lucram com tal espécie criminosa”, ressaltou.
Segundo o diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), João Francisco Hott, a publicação desta lei fortalece as ações do poder público, visto que “essas medidas administrativas, somadas às normas penais, vão contribuir para que a prática desses crimes seja inibida”.
O senador José Medeiros (Pode/MT), que também é policial rodoviário federal, considerou a alteração no Código de Trânsito Brasileiro, permitindo a cassação da CNH de quem for condenado, um importante mecanismo para aprimorar a eficiência no combate dos crimes de contrabando e descaminho. “Um país com extensa fronteira seca e com transporte majoritariamente rodoviário, precisa focar em soluções, por vezes simples como essa, para fortalecer a fiscalização e diminuir a sensação de impunidade”, afirmou. (Com informações do Idesf)
Para procuradores, está 'demonstrado' que Rodrigo Rocha Loures 'recebeu vantagem indevida' em nome do ex-presidente da República. Loures é réu por corrupção passiva
Por iG São Paulo
O Ministério Público Federal (MPF) entregou alegações finais à Justiça nesta sexta-feira (11) pedindo a condenação do ex-assessor de Michel Temer (MDB) Rodrigo Rocha Loures pelos crimes de corrupção passiva e concurso de agentes.
A manifestação se refere à ação penal que investiga o recebimento da mala com R$ 500 mil enviada pelo grupo J&F a Rocha Loures . O episódio, ocorrido em abril de 2017, foi todo filmado pela Polícia Federal, com apoio do empresário Joesley Batista e do executivo Ricardo Saud, e deu início à maior crise do governo Temer.
No documento, enviado ao Juízo da 15ª Vara Federal de Brasília, os procuradores alegam que Loures "agiu com vontade livre e consciente" para "intermediar" o recebimento de propina do grupo empresarial, então controlado por Joesley, em benefício do hoje ex-presidente da República Michel Temer .
Rocha Loures se tornou pivô de crise do governo ao ser filmado em ação controlada recebendo mala com R$ 500 mil
reprodução/pf
O MPF narra que Temer e Loures tinham "vínculo de confiança" e uma relação que ia "muito além de uma relação funcional". A quantia de R$ 500 mil contida na mala da JBS recebida pelo ex-assessor do presidente era o primeiro pagamento de uma promessa de repasses semanais que poderiam chegar a R$ 38 milhões.
De acordo com a Procuradoria da República no DF, Joesley ofereceu a propina a Temer para que este intervisse a seu favor no âmbito das atividades da EPE (Empresa Produtora de Energia) Cuiabá, controlada pelo grupo J&F. O empresário reclamava que a companhia perdia R$ 1 milhão por dia por conta da política para compras de gás da Bolívia tendo a Petrobras como intermediadora do negócio.
Rocha Loures e o recebimento da mala
Temer, então, escalou Loures para cuidar do assunto, enquanto Joesley encumbiu Saud de acertar os detalhes para a entrega do dinheiro. Os dois se encontraram em duas ocasiões, ambas gravadas pela PF: uma no dia 24 de abril de 2017, e outra quatro dias mais tarde.
Nesse segundo encontro, realizado no shopping Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, Loures e Saud definiram que o pagamento em espécie seria a melhor maneira de receber a propina. Os dois, então, dirigiram-se para uma pizzaria na região dos Jardins, onde Saud entregou a mala com os R$ 500 mil ao ex-assessor de Temer.
Loures argumentou à Justiça que não sabia que se tratava de uma proposta ilícita e que nem sequer "gostou" de Saud. O MPF, no entanto, alega que o ex-assessor e ex-depitado "em nenhum instante se demonstra surpreso com as ofertas realizadas por Saud, não pedindo esclarecimentos adicionais".
"O réu alega que não compreendia que os valores que Ihe eram apresentados se referiam à propina, contudo, em nenhum momento esboçou estranhamento ou questiona aquilo que poderia ser um mal entendido. Ao contrário, observase que os diálogos fluem normalmente com a participação do réu, que aparenta entrosamento e domínio do assunto", dizem os procuradores.
O MPF diz ainda que a versão apresentada pelo ex-assessor representa "fantasia" e induz a crer que houve uma situação "na qual se coloca como uma verdadeira vítima da perseguição".
Rocha Loures chegou a ficar preso na Papuda, em Brasília, após o caso vir a público, mas depois recebeu autorização para cumprir prisão domiciliar. Ele usou tornozeleira eletrônica por 1 ano e 4 meses, até que, em novembro, ele foi liberado de usar o equipamento . A defesa do ex-assessor de Temer ainda não se manifestou sobre as alegações finais da procuradoria.