Comissão que trata da MP que muda estrutura do governo teve sessão adiada e confusão; relatório, no entanto, pode ser aprovado nesta quinta

 

Por iG Último

 

Relator Fernando Bezerra Coelho, senador Randolfe Rodrigues e deputado João Roma conversam durante sessão da comissão que pode tirar o Coaf das mãos de Moro

Em uma sessão que acabou suspensa da comissão para debater a reformulação da administração do governo Jair Bolsonaro (PSL) no início do ano, nesta quarta-feira (8), oposição e o PSD se mobilizaram para trocar membros com o objetivo de derrotar o ministro da Justiça, Sérgio Moro , com relação ao Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

 

Líderes do centrão e da oposição pedem o retorno do Coaf , hoje no Ministério da Justiça, para o Ministério da Economia, assim como a transferência da demarcação de terras indígenas para o Ministério da Justiça em conjunto com a Funai.

 

As alterações entrariam no relatório da Medida Provisória 870, elaborado por Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder de governo no Senado, e entregue nesta terça-feira (7). O argumento de líderes do centrão, como Wellington Roberto (PR-PB) e Arthur Lira (PP-AL), é de que Sergio Moro pode usar o Coaf para ferir garantias individuais em investigações.

 

Para tentar vencer o governo na sessão de hoje, o deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) foi substituído por Paulo Magalhães (PSD-BA). Passarinho não gostou e falou publicamente sobre o assunto.

 

"Lamento o fato. Uma horas antes da sessão houve uma decisão da bancada e fui obrigado a ser substituído. Fico triste que este ponto do Coaf esteja sendo mais importante do que qualquer outro ponto", disse Passarinho, que queria a manutenção do órgão no Ministério da Justiça.

 

Já o senador Telmário Mota (Pros-RR) foi trocado pelo bloco de oposição pelo colega Jean Paulo Prates (PT-RN). A troca também irritou Telmário, que ameaçou tirar o seu partido, o PROS, do bloco de oposição no Senado.

 

Após ter início a sessão do dia na Câmara dos Deputados, a comissão foi suspensa pelo seu presidente, João Roma (PRB-BA). Líderes favoráveis à alteração que tira o Coaf de Moro ficaram incomodados. Como a sessão foi suspensa, e não encerrada, teoricamente é possível aprovar o relatório amanhã de manhã, contando com menos parlamentares contrários ao governo. Elmar Nascimento (DEM-BA) pediu que João Roma, indicado por um bloco que também contém o DEM, fosse retirado da presidência.

 

"A gente tem que tirar ele da Presidência. Vamos tirar ele", afirmou após a suspensão da sessão. O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), também se queixou da suspensão. "Querem votar com pouca gente, para ver se ganham. A gente tinha os votos", ponderou.

 

Ontem, o governo tentou acenar para o Congresso com um acordo, prevendo a criação de dois novos ministérios no relatório de Bezerra Coelho. Foi negociado um desmembramento do Ministério do Desenvolvimento Regional em duas pastas, Integração Nacional e Cidades. Um aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o principal cotado para a pasta de Cidades, e a de Integração Regional ficaria com o MDB.

 

O acordo ocorreu entre Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), Bezerra Coelho e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, na manhã desta terça-feira. Os líderes do PP e do PR, porém, não se sentiram contemplados pela negociação e mantiveram posição favorável à transferência do Coaf para a pasta de Economia.

 

No relatório, Bezerra Coelho acatou algumas demandas do Congresso, como o retorno da Funai ao Ministério da Justiça, o fim do monitoramento das ONGs pela Secretaria de Governo e a recriação do Conselho de Segurança Alimentar, responsável por formular a política nutricional do país. Outra demanda acatada foi Bezerra Coelho foi mover as atribuições relativas ao registro sindical, à política de imigração laboral e ao cooperativismo e associativismo urbano para o Ministério da Economia.

 

O relatório também contém uma emenda para vedar a investigação de crimes não fiscais por auditores da Receita Federal, "com o objetivo de promover maior segurança jurídica a esse tema". O senador Major Olímpio (PSL-SP) contestou esse ponto, argumentando que acabaria com o poder da Receita Federal de combater crimes como lavagem de dinheiro.

 

Randolfe Rodrigues (REDE-AP), líder da oposição no Senado, questionou a pertinência de incluir essa alteração na Medida Provisória, já que, na realidade, trata-se de uma proposta de modificação em uma lei anterior ao governo Bolsonaro, sem relação com a atual organização dos ministérios. Votação sobre onde o Coaf ficará pode ser retomada já nesta quinta.

Posted On Quinta, 09 Mai 2019 05:56 Escrito por

Expectativa é que volume de negócios alcance R$ 2 bilhões nesta edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins

Por Eliane Tenório e Luiz Pires

 

Linhas de crédito facilitadas, com juros mais acessíveis, estão disponíveis nas instituições financeiras na 19ª Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins 2019), que começou na terça-feira, 7, e prossegue até o sábado, 11, no Centro Agrotecnológico de Palmas.

 

Segundo o secretário da Seagro, César Halum, a expectativa para a Agrotins 2019 é extremante positiva, pois trará expressivos retornos econômicos e sociais. “Trabalhamos com a perspectiva de uma movimentação financeira de cerca de R$ 2 bilhões durante o evento e uma arrecadação de ICMS de aproximadamente R$ 80 milhões, o que é um ganho excelente para o Estado", disse.

 

Os juros dos financiamentos vão de 4,5% (agricultura familiar) a 12,5% (caminhonete) ao ano. Os recursos estão disponíveis para aquisição de máquinas, caminhões, implementos agrícolas, caminhonetes, investimento e custeio. A forma de pagamento e os prazos de carência variam em conformidade com a modalidade do empréstimo e o perfil do tomador.

 

Segundo o superintendente regional do Banco da Amazônia no Tocantins, Marivaldo Melo, a instituição financeira, operadora do Fundo Constitucional do Norte (FNO),está disponibilizando R$ 300 milhões para o evento.“Recursos possibilitarão ampliar número de projetos, que dinamizarão ainda mais a economia do Estado”, disse.

 

Uma linha de financiamento que os empreendedores encontram no Banco da Amazônia é o FNO Energia Verde. Criada para induzir, estimular e apoiar sistemas de produção de energia por fontes renováveis, essa linha é destinada ao consumo próprio de pessoas físicas (rural e residencial), para a expansão da matriz energética regional em bases sustentáveis.

 

Cooperativas

Já a Cooperativa SicoobCredipar financia crédito rural, investimentos e custeio, com taxas de juros de 6% a 12,5% a.a., com prazo de até 6 anos, para compra de máquinas, caminhões, bovinos e implementos agrícolas e pecuários, para os cooperados da instituição. Acooperativa ainda oferece na Agrotins 2019 o Crédito Poupança Rural, para financiamento de caminhonetes. Além desta modalidade, a instituição também disponibiliza consórcios com taxas especiais para a feira:automóveis 7,5%, motocicletas 7,5%, imóveis9% e caminhões 8,5%.Além dessas instituições financeiras, o Sistema de Cooperativas de Crédito (Sicredi) oferece R$ 5 milhões para financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas.

 

Estão credenciados para atuar na Agrotins 2019, o Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal, Santander, Bradesco, Sistema Cooperativo de Crédito (Sicredi), Sistema Cooperativo do Brasil (Sicoob) e Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob).

 

Agrotins

A Agrotins é a maior feira voltada ao agronegócio da região Norte do Brasil. Em sua 19º edição traz o tema Agronegócio de Atitude Sustentável. A edição 2019 do evento apresenta novidades voltadas ao fortalecimento da produção agrícola e pecuária, facilitando o acesso dos produtores rurais a novas tecnologias direcionadas a aumentar a produtividade de forma sustentável.

 

O evento reúne produtores rurais, técnicos, pesquisadores, estudantes e empresários do agronegócio e serve como uma espécie de vitrine para a divulgação das novidades do setor agropecuário, além de promover discussões sobre as novas formas de produção sustentável.

 

Posted On Quinta, 09 Mai 2019 05:51 Escrito por

Presidente do Supremo foi contrário em 2017

 

Com Agências

Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (8) que as assembleias legislativas podem revogar as prisões de deputados estaduais decretadas pela Justiça. O julgamento sobre a extensão da imunidade dos deputados estaduais começou em dezembro de 2017, dividiu o plenário da Corte e sofreu uma reviravolta nos minutos finais, após o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, mudar o voto que havia lido há um ano e meio.

 

A discussão girou em torno de ações da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra dispositivos das constituições dos Estados do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e de Mato Grosso que estendem aos deputados estaduais imunidades previstas na Constituição Federal para parlamentares federais.

 

Nesta manhã, o ministro Luís Roberto Barroso acompanhou o entendimento dos ministros Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia contra a possibilidade de as assembleias revogarem tanto as prisões cautelares contra deputados estaduais quanto o andamento de ações penais admitidas pela Justiça.

 

“Me parece que a assembleia legislativa não tem poder de sustar prisão cautelar, quer sustar um processo penal em curso. Essa minha posição é coerente com o que eu tenho decidido nesse plenário. O direito deve ser interpretado à luz da realidade fática. O mundo real e a realidade fática brasileira são da revelação de um quadro de corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada e, portanto, acho que dentro dos limites e possibilidades semânticas da Constituição, o intérprete deve enfrentar essas disfunções que acometeram a realidade brasileira”, disse Barroso.

 

“Se nós não entendermos que é possível punir essas pessoas, transformaríamos o Poder Legislativo em um reduto de marginais, o que evidentemente ninguém deseja, nem os parlamentares honestos e de bem que ali estão”, completou Barroso.

 

Em seu voto, Barroso destacou que em 2017, os então deputados fluminenses Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi tiveram a prisão revogada por uma resolução da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). “O caso específico do Rio em que a assembleia sustou a prisão e determinou diretamente à autoridade policial, sem sequer passar pelo Poder Judiciário, a reincorporação dos parlamentares ao mandato, o quadro era dantesco”, criticou Barroso.

 

O ministro Ricardo Lewandowski, por outro lado, divergiu do colega e ressaltou que o valor da imunidade parlamentar tem “profundo assento histórico”. “De um lado temos em discussão a proteção da imunidade parlamentar, que é um valor antiquíssimo e que se insere naquele conjunto de protege os cidadãos contra o exercício de governos arbitrários, e de outro uma pretensa eficácia da persecução penal, execução imediata de uma pena provisória, antes inclusive do trânsito em julgado (esgotamento de todos os recursos). Sopesando esses dois valores, fico com aquele que do ponto de vista de densidade histórico possui muito mais peso”, afirmou Lewandowski.

 

REVIRAVOLTA. Nos minutos finais do julgamento, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, decidiu alterar o voto “intermediário” que havia concedido em dezembro de 2017. Naquela época, Toffoli acompanhou Fachin, Rosa, Fux e Cármen no sentido de que as assembleias não poderiam revogar as prisões dos deputados estaduais, mas discordou deles ao admitir a possibilidade de as assembleias suspenderem o andamento de ações penais contra políticos que foram admitidas pelo Judiciário.

 

Por outro lado, para Lewandowski e os ministros Marco Aurélio Mello, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Celso de Mello, as assembleias podem revogar tanto as prisões quanto suspenderem as ações penais.

 

“Eu votei no sentido de que a Constituição federal (na questão da imunidade) faz referência a congressistas (de uma maneira geral) em relação à prisão. Em relação a outras imunidades, fala em deputados e senadores (fazendo distinção). Ou seja, em relação à prisão, exclusiva a parlamentares. Esse voto restou isolado, eu não vou insistir na min ha posição. Na medida em que há 10 colegas que não entendem diferenciação, eu me curvo àquilo que entendo estar na Constituição que é a imunidade da prisão, a não ser em flagrante”, disse Toffoli

 

Votaram a favor de assembleias revogarem prisões:

Marco Aurélio Mello
Alexandre de Moraes
Gilmar Mendes
Celso de Mello
Ricardo Lewandowski
Dias Toffoli

Votaram contra possibilidade de assembleias reverterem prisões:

Luiz Edson Fachin
Rosa Weber
Luiz Fux
Cármen Lúcia
Luís Roberto Barroso

Posted On Quarta, 08 Mai 2019 13:36 Escrito por

Por: Edson Rodrigues

 

"exercício democrático"

 

Na abertura oficial da maior e mais importante feira agropecuária da região Norte do País, a Agrotins, houve um lance político entre o governador Mauro Carlesse e prefeita da capital Cinthia Ribeiro, um ato demonstrado que os dois estão muito bem em termos de convivência institucional.

 

Esta demonstração foi exposta nas entrelinhas quando os dois fizeram uso da palavra, em uma concentração de mais de dois expositores populares e os auxiliares do primeiro escalão, tanto do governo do Estado, quanto do município e foi testemunhado por congressistas e membros da Assembleia Legislativa e também da câmara municipal de Palmas.

 

Na ocasião, a prefeita jogou um balde de água fria nas notícias apimentadas e desdobradas de uma  fala do governador Mauro Carlesse sobre a administração dela à frente do Paço municipal. Cinthia Ribeiro tratou o fato como uma pagina virada. Já o governador Mauro Carlesse seguiu a procissão de nossa senhora dos milagres  e tudo terminou com um afagando o outro, comportamento reprovado pelos ‘incendiários’ de plantão que não gostaram nada do que viram.

 

Histórico:

 

As pessoas precisam saber separar Mauro Carlesse e Cinthia Ribeiro dos cargos que ambos ocupam, independente do seguimento ao qual eles pertençam: ele de governador do Estado e ela de prefeita da capital. É óbvio que o cargo que cada um ocupa é muito importante e pelo bem dos dois governos e da democracia, precisam ter uma convivência institucional e foi com este espírito de equilíbrio, de gente com visão futurista, tal qual foi visto nesta terça-feira, 7 – Cinthia e Carlesse brindaram com muita elegância política o evento da abertura oficial da Agrotins.

 

Muitos dos aliados de ambas as partes, principalmente os "assessores simpatizantes”, vem jogando lenha na fogueira para que a prefeita e o governador se digladiem entre si, o que parece pouco provável de acontecer.

 

Novos tempos novos costumes

 

Cinthia e Carlesse estarem em palanques opostos é sonhar ganhando dez vezes na mega sena, com as mesmas dezenas. Cinthia não só apoiou Carlos Amastha para governador, como trabalhou pela vitoria do ex-prefeito de Palmas para o cargo de governador do Tocantins.

 

Cinthia Ribeiro é considerada a principal adversária do atual governador Mauro Carlesse, eleito governador do Tocantins, por três vezes consecutivas, seria muita imaturidade os seguidores, apoiadores e simpatizantes de Cinthia Ribeiro, sonhar e contar com o apoio político do governador Mauro Carlesse com a candidatura a reeleição dela para o comando da capital.

 

E tem mais, o governador é um político com um estilo diferente dos demais políticos tocantinense. Mauro Carlesse é um político de posicionamento e atitude, e tem demonstrado ser leal aos seus companheiros.

 

Em palmas, politicamente, o nome do Palácio Araguaia é do vice-governador Wanderley Barbosa, um colecionador de vitorias. Ele e sua família, que nunca perdeu uma eleição, pleiteada em Palmas. Não importa o cargo disputado pela família Barbosa, ela sempre foi vencedora.

 

Já a prefeita Cinthia Ribeiro, com o balde de água fria, jogado hoje nos ‘incendiários’ de plantão, se saiu muito bem. Tanto ela, como prefeita da capital palmas, como o governador, foram grandiosos, elegantes e simpáticos no trato político de um para com o outro. O momento foi de fortalecimento da democracia e transmite ao povo tocantinense e, sobretudo palmense, que os dois estão preparados para continuarem na vida publica, demonstrando serem homem e mulher politicamente amadurecidos, o que é muito bom para o Tocantins, que tem sofrido duros golpes políticos e ótimo para Palmas, uma capital ainda jovem que tem muito a oferecer aos seus moradores.

 

O povo entende que não é hora de campanha política de disputa, é momento de unir forças e buscar parceria para desenvolver uma política pública saudável e promissora. O momento é de institucionalmente estarem juntos, governos estadual e municipal e parece que os dois comungam do mesmo pensamento, já que o governador Mauro Carlesse também, na mesma linha, defendeu a união dos poderes para construírem novas benfeitorias para o povo e juntos superarem os desafios a vida pública.

 

O povo cobra resultados!

Posted On Quarta, 08 Mai 2019 07:44 Escrito por

Na pauta, estão ações que pedem benefícios fiscais a entidades filantrópicas e sobre índice de correção do estoque de precatórios. Somadas, podem impactar contas em mais de R$ 76 bilhões

 

Por Rosanne D'Agostino e Mariana Oliveira, G1 

 

 

Na semana passada, a Corte autorizou crédito tributário do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para empresas fora da Zona Franca de Manaus, para insumos isentos do imposto. O impacto esperado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional é de R$ 16 bilhões por ano.

 

Na pauta desta quarta estão ações que buscam benefícios fiscais a entidades filantrópicas. É o primeiro item pautado. A Fazenda estima perda anual de R$ 15,6 bilhões na arrecadação da Previdência, chegando a R$ 76,1 bilhões em cinco anos.

 

Também estão na pauta ações sobre o índice de correção do estoque de precatórios, mas o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pediu que o tribunal adie a análise da questão alegando que é preciso aguardar que prefeituras e estados façam o cálculo do impacto que o julgamento pode ter.

 

"Tais informações são essenciais para a real avaliação do impacto financeiro aos cofres públicos", defende a autarquia. A União prevê rombo de R$ 40,8 bilhões se o Supremo não aplicar índice menor em relação aos precatórios.

 

Impacto nas contas
O Supremo tem pela frente ao menos 20 julgamentos que são monitorados pelo governo federal como de possível risco fiscal. Mais de um R$ 1 trilhão está em discussão no STF, segundo relatório da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional anexado à proposta de Lei de Diretrizes Orçamentária de 2020.

 

As contas consideram o pior cenário possível em ações em trâmite no Supremo, com base em dados da Receita Federal, mas que não necessariamente se concretizará.

 

Para os próximos meses, estão previstos julgamentos com possível impacto bilionário, como o recurso sobre o cálculo de correção de títulos públicos no período da URV e da União sobre a transferência de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

 

Outro caso, cujo impacto ainda não foi calculado, é a retomada da análise de oito ações sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal e a possibilidade de redução de jornada e redução salarial de servidores.

 

No ano passado, a PGFN estima ter economizado R$ 49 bilhões aos cofres públicos vencendo ações contra a União no Supremo. Em 2017, esse valor foi de R$ 497,4 bilhões. Já a perda em processos com derrota da União em 2018 foi de R$ 6,3 bilhões e de R$ 317 bilhões em 2017.

 

Direito x crise
Entre os pontos debatidos pelos ministros da Corte no último julgamento envolvendo os cofres públicos, o da Zona Franca, estão a aplicação do direito em nome dos contribuintes versus os valores que a União deixaria de arrecadar caso o crédito do IPI também fosse autorizado para insumos isentos, como ficou decidido.

 

Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, em decisões envolvendo impacto financeiro, é preciso que o STF considere todos os aspectos envolvidos, sob premissas de legalidade e segurança jurídica, “inclusive de modulação de efeitos”.

 

“Se eu criar uma despesa que não estava prevista, vamos ter que criar impostos ou aumentar dívidas”, disse o ministro.

 

Mendes, que não participou da análise sobre a Zona Franca, cita julgamento da Corte sobre correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

 

“O tribunal reduziu à metade os gastos estipulados, e o governo teve que tributar. Criou uma contribuição que continua existindo. A sociedade toda financiou aquele ressarcimento. [...] É preciso olhar com essa visão, até pelo gasto macroeconômico, reduzindo os impactos. A legislação hoje permite. E, se possível, minimizar os impactos financeiros, porque todos nós pagamos”, afirmou.

 

Segundo o ministro, o governo não tem direito de "cometer ilegalidades", mas é preciso um equilíbrio entre decisões que impeçam tais atos e a redução do impacto financeiro.

 

“Nossa preocupação é sempre com a tese jurídica sob análise do Supremo Tribunal Federal, mas é claro que os valores são importantes para demonstrar a relevância dos temas e também para trazer aos julgadores uma percepção concreta sobre os efeitos de uma possível decisão. Quanto mais elementos forem disponibilizados aos julgadores, tanto melhor para a robustez dos debates e das deliberações judiciais”, disse ao G1 a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.

 

Para Caio Bartine, advogado coordenador de Direito Tributário do Curso Damásio Educacional, o Supremo, no caso da Zona Franca de Manaus, seguiu sua jurisprudência, apesar de a Fazenda ter considerado o impacto enorme.

 

“Vejo com bons olhos a situação, por mais que a Fazenda diga que isso seria uma forma de renúncia fiscal, pois a própria Constituição já dá à Zona Franca esse tratamento diferenciado”, argumentou.

 

Edison Carlos Fernandes, especialista em Direito Tributário e Constitucional, considera que o Supremo deve, idealmente, se pautar pelo texto constitucional buscando garantir a segurança jurídica das relações, mas que a demora agrava conflitos econômicos que chegam à Corte.

 

“Os impactos econômicos não deveriam ser considerados ou, ao menos, não considerados de maneira prioritária. Acontece que o STF tem sido sensível aos impactos econômicos: ora para negar benefícios fiscais, ora para mantê-los, como na pressão exercida no caso da Zona Franca de Manaus. A consideração dos impactos econômicos dos conflitos levados ao STF se agrava quando a decisão demora, e demora muito”, avaliou.

 

O advogado acredita que decisões mais céleres, “além de garantir a segurança jurídica antes e por mais tempo, evitam contas vultosas contra os cofres públicos”.

 

“Se o STF tivesse tomado a decisão sobre a Zona Franca há mais tempo, o seu impacto econômico já teria sido absorvido pelas finanças públicas, quando da elaboração do Orçamento Público”, concluiu.

Posted On Quarta, 08 Mai 2019 07:41 Escrito por