Após a apuração das urnas, o União Brasil passou a superar o PP em quantidade de deputados e, portanto, de fundos partidário e eleitoral
Por Paulo Cappelli
Após a apuração das urnas, o União Brasil superou o PP em quantidade de deputados e, consequentemente, de fundos partidário e eleitoral. Isso será colocado na mesa por Antônio Rueda na negociação com Arthur Lira para a fusão dos partidos.
Quando os dois dirigentes se reuniram, na semana passada, o PP de Lira tinha, em Brasília, mais deputados que o União Brasil. A partir de janeiro de 2023, porém, o cenário será outro. O União Brasil de Rueda terá uma bancada de 59 parlamentares, e o PP, de 47.
Com isso, o União ganha força para pleitear, por exemplo, a presidência do novo partido que seria criado a partir da fusão. E, também, o comando de diretórios estaduais estratégicos.
Quando houve a fusão do PSL com o DEM, que originou o União, Rueda, então no PSL, negociou para que a presidência da nova legenda ficasse com o aliado Luciano Bivar, então presidente do PSL. A soma dos recursos do PSL e do DEM ajudou a fazer com que o União superasse o PP na eleição deste ano.
A ideia com a fusão é criar um superpartido que seria o mais numeroso na Câmara, superando o PL de Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, que terá 99 deputados a partir de 2023.
Senado é historicamente visto como a casa dos parlamentares mais experientes
Por Olavo Soares
As eleições deste domingo (2) indicaram os ocupantes de 27 cadeiras do Senado e consagraram o partido do presidente Jair Bolsonaro. O PL fez 6 senadores e agora tem 14 representantes no Senado, a maior bancada da casa.
A vice-liderança fica com o PSD, que ficará com 11 nomes. A terceira posição é do União Brasil, de 10 senadores.
O ambiente pró-Bolsonaro que o Senado passará a ter em 2023 diverge do cenário atual, em que a casa, embora não seja exatamente dominada pela oposição, fez jogo duro para o presidente durante todo o mandato do atual chefe do Executivo.
O Senado, por exemplo, instalou a CPI da Covid, que foi conduzida por adversários de Bolsonaro, e não avançou com pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma demanda do presidente e seus aliados. O presidente do Senado é Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que em muitas vezes divergiu publicamente de Bolsonaro, especialmente em assuntos ligados às urnas eletrônicas e à segurança do processo eleitoral.
O Senado tem 81 membros e faz sua renovação de forma alternada: em uma eleição são selecionados um representante para cada estado e para o Distrito Federal, totalizando 27 parlamentares, e na seguinte são dois para cada unidade da federação, o que resulta em 54 vagas. Os eleitos tomarão posse em fevereiro.
A renovação de 2022 pode ser maior, caso os senadores que disputam as eleições para os governos de seus estados sejam vitoriosos. Estão na disputa do segundo turno os senadores Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Braga (MDB-AM), Rogério Carvalho (PT-SE) e Rodrigo Cunha (UB-AL). Se eles vencerem, seus primeiros suplentes assumem os mandatos.
Como está o Senado hoje
Atualmente, a maior bancada do Senado é a do MDB, que tem 13 representantes. Na relação estão desde parlamentares eleitos em 2014 e 2018 e também suplentes que estão no exercício do mandato, como Ivete da Silveira (SC) e Luiz Pastore (ES).
A segunda colocação é do partido do presidente do Senado, o PSD. Além de Pacheco, a agremiação conta com outros 11 representantes. Três deles buscaram a renovação de seus mandatos neste domingo, Alexandre Silveira (MG), Otto Alencar (BA) e Omar Aziz (AM). Alencar e Aziz venceram a eleição e Silveira foi derrotado.
PP e Podemos, ambos com oito nomes cada, têm as terceiras maiores bancadas. O único nome do Podemos que disputou a reeleição foi Alvaro Dias (PR), que acabou derrotado. Lasier Martins (RS) concorreu a uma vaga de deputado e os demais estão na metade de seus mandatos.
Os partidos de Lula e Bolsonaro, PT e PL, têm sete senadores cada, assim como o União Brasil, da agora ex-presidenciável Soraya Thronicke (MS).
Confira a relação dos eleitos em 2022
AC
Alan Rick (União Brasil)
AL
Renan Filho (MDB)
AP
Davi Alcolumbre (União Brasil)
AM
Omar Aziz (PSD)
BA
Otto Alencar (PSD)
CE
Camilo Santana (PT)
DF
Damares Alves (Republicanos)
ES
Magno Malta (PL)
GO
Wilder Moraes (União Brasil)
MA
Flávio Dino (PSB)
MG
Cleitinho (PSC)
MS
Tereza Cristina (PP)
MT
Wellington Fagundes (PL)
PA
Beto Faro (PT)
PB
Efraim Filho (União Brasil)
PE
Teresa Leitão (PT)
PI
Wellington Dias (PT)
PR
Sérgio Moro (União Brasil)
RJ
Romário (PL)
RN
Rogério Marinho (PL)
RO
Jaime Bagatolli (PL)
RR
Hiran Gonçalves (PP)
RS
General Mourão (Republicanos)
SC
Jorge Seif (PL)
SE
Laércio Oliveira (PP)
SP
Marcos Pontes (PL)
TO
Professora Dorinha (União Brasil)
Com Agência Câmara
No último domingo (2), ficou definida a composição da Câmara dos Deputados para 2023. O PL e PT foram os partidos com as maiores bancadas e, no total, 23 legendas foram eleitas para integrar a casa legislativa.
Veja quais partidos e coligações elegeram deputados e quantos representantes terão:
PL: 99 deputados
PT/PCdoB/PV: 80 deputados (PT com 68, PCdoB com 6 e PV com 6)
União Brasil: 59 deputados
PP: 47 deputados
MDB: 42 deputados
PSD: 42 deputados
Republicanos: 41 deputados
PSDB/Cidadania: 18 deputados
PDT: 17 deputados
Rede/Psol: 14 deputados
PSB: 14 deputados
Podemos: 12 deputados
Avante: 7 deputados
PSC: 6 deputados
Solidariedade: 4 deputados
Patriota: 4 deputados
Novo: 3 deputados
Pros: 3 deputados
PTB: 1 deputado
O grupo da direita, formado por PL, PP, Republicanos, União Brasil, PTB e Novo soma 250 cadeiras na Câmara dos Deputados, cerca de 49% da casa.
Os partidos independentes, sem associação direta com o presidente Jair Bolsonaro atualmente, são PSD, MDB, PSDB/Cidadania, Podemos, Patriota e PSC. Juntos, eles somam 124 deputados.
O bloco mais ligado a Lula e a esquerda tem a coligação PT/PcdoB/PV, PSB, PDT, Psol/Rede, Avante, Solidariedade e Pros. Juntos, os partidos chegam a 139 deputados.
Menor número de partidos
Com os resultados da eleição do último domingo (2), a Câmara dos Deputados terá, a partir de 2023, representantes de 23 partidos. O número é menor do que o de 2018, quando foram eleitos deputados de 30 legendas diferentes.
Há ainda a previsão de que o número caia no início do próximo ano, com migrações de deputados para outros partidos. Sem a cláusula de desempenho, legendas ficarão sem acesso ao Fundo Partidário, o que estimula a mudança entre legendas.
Em 2018, quando foram eleitos deputados de 30 partidos, apenas 21 tinham números para ultrapassar a cláusula de desempenho. Em outubro de 2022, a Câmara tem representantes de 23 legendas, após as migrações.
Resultado das urnas confirma a polarização da disputa eleitoral.No momento em que o TSE confirmou que haverá 2º turno, com 96,93% das urnas apuradas, Lula tinha 47,85% dos votos válidos, e Bolsonaro tinha 43,7%. A disputa ao Planalto será definida no dia 30
Com Agências
A confirmação de que haverá segundo turno foi anunciada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 21h25, quando 96,93% das urnas já tinham sido apuradas. Àquela altura, Lula tinha 47,85% dos votos válidos, e Bolsonaro 43,7% .
O candidato eleito em segundo turno toma posse no cargo no próximo dia 1º de janeiro, em cerimônia no Congresso Nacional. Desta vez, o mandato presidencial terá quatro dias a mais: uma reforma eleitoral aprovada em 2021 definiu que, em 2027, a posse presidencial será em 5 de janeiro.
A eleição presidencial de 2022 será decidida em segundo turno, disputado entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) — após um primeiro turno com uma diferença mais apertada do que previam as principais pesquisas de intenção de voto.
No primeiro turno, com 96,93% das urnas apuradas, Lula (PT) estava em primeiro com 54.887.668 votos (47,85% do total dos votos válidos) e Bolsonaro, em segundo, tinha 50.117.086 votos (43,70%dos válidos) — o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já considerava, então, a eleição matematicamente encaminhada para um segundo turno.
Bolsonaro chega ao segundo turno com uma tarefa inédita na história eleitoral brasileira: ultrapassar o primeiro colocado e vencer a disputa.
Serão quase quatro semanas até a próxima votação, em 30/10.
Em entrevista coletiva realizada na noite deste domingo (2/10), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, comemorou o que classificou como uma eleição segura e transparente.
"Houve intercorrências, mas como houve em qualquer outra eleição. Chegamos ao final desse dia com a certeza de que a Justiça Eleitoral cumpriu sua missão constitucional de garantir segurança e transparência nas eleições", afirmou.
O ministro também disse que poderá haver acirramento político no segundo turno das eleições presidenciais, mas disse acreditar que "a era de ataque" à Justiça Eleitoral é coisa do "passado".
"O acirramento das candidaturas, das campanhas no segundo turno é o acirramento político e sendo assim não acredito que haja ataques maiores à justiça eleitoral já que a justiça eleitoral mostrou sua competência e transparência na apuração [...] acredito que a era de ataque à justiça eleitoral é passado", disse Alexandre de Moraes.
Há desafios para Bolsonaro, como a vantagem numérica de Lula no primeiro turno, alta rejeição do eleitorado, baixo potencial de atrair eleitores de outros candidatos, verba restrita para campanha e lenta recuperação da economia.
Por outro lado, especialistas afirmam que Bolsonaro deve conseguir atrair o apoio de diversos setores da direita que estavam pulverizados nos Estados e na disputa presidencial. E também ampliar a campanha negativa contra Lula e o PT baseada nos casos de corrupção e na pauta de costumes.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder da corrida ao Planalto, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), em segundo nas pesquisas, protagonizaram trocas de ataques e acusações no debate entre candidatos à Presidência na TV Globo nesta quinta-feira (29), a três dias do primeiro turno.
POR JOELMIR TAVARES E FELIPE BÄCHTOLD
Eles fizeram sucessivos pedidos de resposta por ofensas pessoais, ofuscando os outros cinco candidatos no estúdio. O clima geral foi de nervosismo e tumulto, com participantes se atropelando nas falas.
Lula também foi alvo de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Padre Kelmon (PTB) e Felipe D'Avila (Novo), que mencionaram casos de corrupção na era PT como o mensalão e o petrolão e a derrocada econômica da gestão Dilma Rousseff (PT).
Bolsonaro também recebeu ataques de Ciro, Tebet e Soraya, mas teve apoio de Padre Kelmon e D'Avila ao longo do debate.
O petista atacou Bolsonaro pelo descaso com a pandemia e a economia, revidou os ataques dos rivais, saiu em defesa dos governos do partido e usou o espaço para reforçar mensagens de sua campanha, como a promessa de combate à fome, redução da desigualdade e retomada do desenvolvimento.
Agitado, Bolsonaro foi repreendido em diferentes momentos pelo mediador William Bonner por tentativas de interrupção quando não tinha o direito de fala. O jornalista pediu obediência às regras acordadas previamente com todas as campanhas. Lula também foi orientado a respeitar as normas nos momentos em que falou fora de seu tempo oficial.
Jair e Ciro Gones
"O presidente quando aparecer aqui, por favor, minta menos", disse o petista, perguntando ao antagonista sobre o sigilo de cem anos adotado por Bolsonaro sobre questões sensíveis para aliados e familiares, as denúncias de desvios no MEC e a "quadrilha da vacina", que tentou negociar imunizantes contra a Covid-19 com cobrança de propina.
O candidato à reeleição rebateu: "O ex-presidiário diz que eu decretei o sigilo da minha família. Qual o decreto, me dá o número do decreto? [...] Para de mentir". Bolsonaro contrariou fatos ao afirmar que faz "um governo limpo, sem corrupção, orgulho nacional".
O mandatário e o ex-presidente apontaram escândalos um do outro, citando acusações que envolvem filhos, como a investigação de rachadinhas no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
O presidente, que chamou Lula de mentiroso e traidor da pátria, devolveu: "Rachadinha é teus filhos roubando milhões de empresas após a tua chegada ao poder. Que governo de propina? Não tem propina. Nada tem [de escândalo] contra o meu governo, nada. Deixe de mentir. Tome vergonha na cara, Lula".
O candidato à reeleição trouxe ainda ao encontro o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, em 2002, buscando associar Lula ao crime. Lula rebateu: "Eu fui procurar o Fernando Henrique Cardoso para a Polícia Federal entrar no caso".
Demonstrando irritação com o tom dos ataques e se desculpando pelo excesso de pedidos de resposta -que, segundo ele, atrapalhavam o ritmo do debate--, o ex-presidente disse que o principal oponente mentia: "Seja responsável, você tem uma filha de 10 anos assistindo o programa que você está fazendo".
Ex-presidente Lula e Padre Kelmon
Bolsonaro se referiu ao petista várias vezes como ex-presidiário e usou a pauta da corrupção para fustigá-lo, dizendo que "a roubalheira imperava" e que ele acabou "com a mamata". Ele também usou temas morais e religiosos para se contrapor ao petista, com alusões a comunismo e desarmamento.
O presidente afirmou que antes havia no país uma "cleptocracia", que "o governo Lula foi o chefe de uma grande quadrilha" e que "o que está em jogo é o futuro de uma nação".
"Nós não podemos continuar num país da roubalheira. O governo que nos antecedeu não tinha qualquer compromisso, qualquer respeito com a família brasileira. É um governo que quis impor a agenda da ideologia de gênero [...], que quer a liberação das drogas. Esse governo do PT, ou melhor, desgoverno... Por exemplo, Lula defendia que se roubasse um celular para tomar uma cervejinha."
O candidato à reeleição, porém, decidiu não perguntar a Lula no momento em que teve chance de interpelá-lo em bloco de temas livres. Procurou se desvincular do pagamento das emendas de relator do Orçamento no Congresso.
Bolsonaro, que começou o debate em evidência, sobretudo pelos embates com o líder nas pesquisas, ficou apagado a partir do segundo bloco. Ciro foi outro que começou em alta, mas logo perdeu espaço.
No início, Ciro chamou Lula para debater, expondo acusações de corrupção. O ex-presidente repetiu medidas de seu governo para fortalecer órgãos de controle e investigação, acrescentando exaltações a conquistas que os mais pobres tiveram durante seu governo e a ganhos também dos mais ricos.
Ciro e Lula tiveram momentos de acerto de contas no ar, expondo mágoas do passado em que foram aliados e da campanha atual, em que o pedetista adotou retórica agressiva contra o ex-parceiro. Lula disse que nunca escondeu que teve a ajuda do ex-ministro para governar e retrucou críticas que ele tem feito ao PT. Ciro afirmou ter deixado o governo "justamente por conta das contradições de economia e, o mais grave, as morais".
O candidato do PDT não ensaiou recuar. Salpicou falas sobre corrupção generalizada, falou em delatores que confessaram desvios e citou devoluções de dinheiro. Em dado momento, disse que Lula é mais hábil que Bolsonaro para desviar a atenção do público, ao distorcer números para exaltar governos do PT. Acusou o oponente de fazer conchavos e não reconhecer erros.
"O mais grave é que parece que o presidente Lula não quis aprender nada com as amargas lições que tomou. Não dá para aceitar esse tipo de nonsense de que não aconteceu nada [em matéria de corrupção]. Não dá para fazer de conta que não aconteceu. Esse paraíso que ele descreve quando vem aqui resultou na tragédia do Bolsonaro."
Ciro também provocou Bolsonaro ao evocar acusações contra seu governo e seus familiares. Ele fez seus últimos apelos por votos, colocando-se como alternativa à polarização, queixando-se de que "esse país está mergulhado num conchavo absolutamente mortal".
Foram concedidos dez direitos de resposta nos quatro blocos, quatro favoráveis a Lula, quatro a Bolsonaro, um a Kelmon e um a Soraya. O debate, que começou às 22h30, entrou pela madrugada. A série de imprevistos e direitos de resposta prolongou a duração. Só na parte final a discussão tomou um rumo menos bélico, com espaço para exposição de ideias sobre habitação, agricultura e educação.
O nanico Kelmon fez dobradinha com Bolsonaro, unindo-se ao presidente em críticas a Lula e à esquerda usando argumentos parecidos com o do presidente. Ele reverberou a narrativa de que o petista, se eleito, contribuirá para uma suposta aniquilação de cristãos no Brasil e buscou relacionar o líder nas pesquisas a episódios de perseguição na Nicarágua.
"Nós sabemos que a esquerda quer calar a voz dos padres, da igreja, que denigre aqueles que querem fazer o bem. Estamos procurando colocar isso como informação para que as pessoas tenham consciência de que nessa eleição precisam escolher homens de direita."
O religioso também se desentendeu com Soraya sobre a proposta da candidata de criar um imposto único. Ele disse que o país não precisa de mais tributos e que a oponente o desrespeitou, o que ela contestou.
"Nós temos um candidato cabo eleitoral do candidato Jair Bolsonaro, que por sua vez é o cabo eleitoral do candidato Lula", disse a senadora sobre Kelmon.
Em pergunta sobre combate ao racismo, o candidato do PTB novamente bateu boca com Soraya, que disse que o adversário é um "padre de festa junina". A candidata ainda falou que ele e Bolsonaro são "nem-nem, nem estuda nem trabalha". Kelmon reclamou, em direito de resposta, de desrespeito religioso.
Lula e Kelmon entraram em uma discussão ríspida no terceiro bloco que levou Bonner a interromper o debate. Os microfones foram cortados, e as câmeras não mostraram a cena por completo. O petista demonstrou irritação e reagiu a provocações de Kelmon sobre corrupção chamando-o de "candidato laranja".
O religioso assumiu a candidatura do PTB após Roberto Jefferson ser impedido pela Justiça Eleitoral. "Quando quiser falar de corrupção, olhe para outro, e não para mim", disse o ex-presidente. Kelmon se referiu a ele como "descondenado" e "cínico". Lula chamou o padre de impostor, de "alguém disfarçado", que não pode se dizer padre nem cristão.
Na confusão, Bonner chegou a pedir para o religioso ficar calado. O jornalista reiterou a necessidade de obediência às regras previamente acordadas.
Tebet afirmou lamentar o nível do debate, com pouco espaço para discussões sobre os problemas reais do país e muito tempo dedicado a brigas.
Ela tentou aproveitar o espaço para falar de saúde, ambiente, economia e redução da desigualdade, mas também alfinetou Bolsonaro pela demora na compra de vacinas contra a Covid-19. "Hoje o que vemos aqui não é apresentação de propostas, mas ataques mútuos", disse a emedebista.
Tebet e Lula, ao falar de ambiente, criticaram a política ambiental do presidente. Antes, a emedebista já havia dito que na questão ambiental Bolsonaro foi o pior presidente da história do país.
Bolsonaro disse que o Brasil é exemplo para o mundo e que há florestas que periodicamente sofrem com incêndios. "Então a falta de chuva é responsabilidade minha?", disse. O presidente teve altercações também com Soraya, mas saiu do debate sem ofensas de maior gravidade às mulheres participantes, como vinha ocorrendo em suas aparições.
Felipe D'Ávila demonstrou concordância com o atual presidente em assuntos de economia e afirmou que a volta da esquerda seria um desastre para o país. O postulante do Novo defendeu a ideologia liberal, que é a base de seu programa de governo, e uma nova reforma trabalhista. Ele fez dobradinhas com Tebet sobre temas concretos e reclamou do que classificou como "baixo nível" do encontro.
O debate foi o segundo ao longo da campanha de primeiro turno com a presença dos principais candidatos, já que Lula só compareceu ao primeiro evento do tipo, no fim de agosto, e se ausentou de outro realizado no último sábado (24). Bolsonaro participou de ambos.
No primeiro turno, um debate entre candidatos pode se estender até as 7h da sexta-feira imediatamente anterior ao dia da eleição, segundo resolução de 2019 do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). De acordo com o texto, no caso de segundo turno, os horários de realização dos debates não poderão ultrapassar a meia-noite da sexta-feira imediatamente anterior ao dia do pleito.
O embate na Globo é tratado como decisivo pelas duas campanhas, já que o ex-presidente tem a possibilidade de vencer em primeiro turno, mas não possui margem folgada nas pesquisas --ele alcançou 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado nesta quinta.
Enquanto a candidatura do PT avalia como determinante o desempenho do presidenciável para tentar conquistar votos de indecisos na reta final e combater a abstenção, a equipe de Bolsonaro espera que o debate renda algum fôlego ao presidente e desgaste o rival, aumentando a chance de segundo turno.