O Paralelo 13 vem dando ênfase em suas reportagens, artigos e editoriais, nas questões que envolvem os trabalhos que vem sendo desenvolvidos pelos governos do Estado e municipais, em relação à fome, uma das piores mazelas provocadas pela pandemia da Covid-19.

 

Sabe-se que muitos recursos foram repassados pelo governo federal, mas pouco se sabe como esses recursos foram utilizados.

 

Em tempos de CPI da Covid-19, O Paralelo 13 foi no cerne da questão, e conseguiu uma entrevista exclusiva com o secretário estadual do Trabalho e Ação Social, José Messias Alves de Araújo.

 

Sem meias palavras e em tom muito profissional, o secretario respondeu a todas as perguntas e falou sobre os trabalhos desenvolvidos pela sua Pasta e o planejamento para novas ações.

 

Por Edson Rodrigues

 

Confira a entrevista exclusiva abaixo:

 

OP13 – Secretário, a gestão Mauro Carlesse, por meio da sua Pasta, vem dando um importante suporte às famílias de baixa renda em todo o Estado. O senhor pode especificar quais são essas ações e como vêm sendo desenvolvidas?

 

Uma das principais ações que está sendo desenvolvida, no momento, é a Ação Emergencial de Entrega de Cestas Básicas para os 139 municípios do Tocantins. O objetivo é garantir a Segurança Alimentar e Nutricional das famílias vulneráveis e impactadas pela pandemia da Covid-19. É uma determinação do Governador Mauro Carlesse que os alimentos cheguem à mesa de todos que precisam. Atendemos nesses 15 meses famílias vulneráveis, trabalhadores informais, autônomos e rurais, assentados, quilombolas, indígenas, músicos, famílias de estudantes da rede municipal, entre outros segmentos da sociedade. Cabe ressaltar que o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), desenvolve outras ações na área de Assistência Social, como Proteção Básica, proteção Especial, Segurança Alimentar e Nutricional. Nessa perspectiva, as equipes da Setas no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) vêm trabalhando com a orientação e capacitação dos gestores e técnicos no âmbito da assistência social nos 139 municípios. É um trabalho de extrema importância principalmente nesse período de pandemia. Também no âmbito da Setas, por meio do Sistema Nacional de Emprego (Sine), prestamos todo apoio aos trabalhadores formais para que tivessem acesso aos seus direitos como o seguro desemprego, captação de vagas de emprego e encaminhamento dos mesmos ao mercado de trabalho. Hoje, comemoramos o décimo mês consecutivo com saldos positivos na geração de emprego e tendo a sexta menor taxa de desocupação do país.

 

OP13 – Nessas ações, há algum tipo de parceria com as administrações municipais?

 

Contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, por meio das Politica Publicas de Assistência Social, Economia Solidária, Segurança Alimentar e do Trabalho é a missão desta pasta. As parcerias com os municípios são de extrema importância. Podemos dar como exemplo a ação emergencial de entrega de cestas básicas, devido à pandemia, que acontece por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) nos municípios. O Cras é a porta de entrada da Assistência Social e nesse aspecto tem um papel fundamental nessa logística, por estar em contato diário com o público de maior vulnerabilidade social. Esse é um cuidado do Governador Mauro Carlesse para que não falte alimento na mesa do povo tocantinense.

 

O governador Mauro Carlesse e o secretário do Trabalho e Ação Social, José Messias Alves de Araújo em vistoria a central de distribuição de alimentos

 

OP13 – Existe uma parceria do Governo do Estado com os deputados estaduais, para, via emendas impositivas, garantirem os recursos para as ações sociais. Com esses recursos de emendas, há como quantificar as famílias beneficiadas?

 

Sim. Neste período de enfrentamento à pandemia, a Assembleia Legislativa tem sido fundamental. Mais de 300 mil cestas básicas com recursos oriundos de emendas parlamentares de deputados estaduais foram entregues pelo Governo do Tocantins, por meio da Setas.

 

OP13 – E com a Adapec? Existe, também, algum tipo de parceria na distribuição de cestas básicas?

 

Não com a Adapec. Devido à facilidade de logística de entrega dos alimentos, a parceria na área rural foi feita com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins); o Instituto tem escritórios locais em todos os 139 municípios do Tocantins, e desenvolve trabalhos dentro dos assentamentos e comunidades rurais, além de conhecer as comunidades, mais de perto. Outras parcerias foram firmadas; como a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), com atendimento às famílias de alunos da rede municipal; com a Agência de Desenvolvimento do Turismo e Cultura (Adetuc), atendendo famílias de trabalhadores autônomos de todo o setor cultural. Realizamos ainda parcerias com a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) e a Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju), e com Associações, Entidades de Classe e Religiosas e outras instituições que trabalham na área social, atendendo dessa forma aos profissionais de todas as áreas impactadas pela pandemia.

 

Nesse mais de um ano de trabalho de entregas de cestas básicas foi realizado um planejamento de logística, que dividiu as entregas por regiões e micro regiões, e ainda por meio de rodízios. Essa logística é responsável pelo resultado positivo da distribuição das cestas básicas, que chegam o mais rápido possível nos municípios, e faz com que os alimentos cheguem na mesa de cada família tocantinense que precisa de alimentos.

 

OP13 – Porto Nacional foi alvo de alguma dessas ações?

 

Entrega de cestas em Porto Nacional

 

Sim. Porto Nacional é um dos municípios mais culturais do Estado, e recebe benefícios do Governo do Tocantins em todas as ações desenvolvidas pela Setas. Além da entrega dos kits de alimentos nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), também estão sendo entregues às famílias por meio das entidades de classe e religiosas, associações e sindicatos; e em comunidades rurais, como assentamentos e comunidades tradicionais, por meio do Ruraltins.

 

OP13 – Nesse momento de pandemia, como o senhor avalia a atuação da Secretaria do Trabalho e Assistência Social?

 

A secretaria tem sido atuante desde o começo, na segunda quinzena de março de 2020, quando o Governo do Tocantins, por meio da Setas, deu início à ação emergencial com entrega de cestas básicas às famílias vulneráveis dos municípios do Bico do Papagaio; primeiramente àqueles atingidos pelas enchentes na região, e em seguida, atendendo prioritariamente as pessoas idosas e aquelas mais vulneráveis às doenças. As equipes da Setas vêm trabalhando diuturnamente, em todos os dias, seja final de semana, feriados, sem parar, a mais de um ano, com o objetivo de apoiar as famílias tocantinenses para amenizar os impactos da pandemia da Covid-19.

 

OP13 – Há novas ações sendo planejadas? Quais?

 

No momento, as ações da assistência estão focadas em não deixar que falte alimento nas mesas dos tocantinenses. Há diversas entregas de kits de alimentos em andamento e outras sendo planejadas. Essa ação de entrega de cestas básicas aos 139 municípios do Tocantins continua enquanto durar a pandemia. É uma determinação do Governador Mauro Carlesse que todos de nossa equipe zelem e cuidem de todas as famílias que precisam, enquanto houver resquício da pandemia, e famílias fragilizadas ou vulneráveis.

 

P13 – Qual mensagem o senhor deixa para o povo tocantinense?

 

O Governo do Tocantins, Setas, e todos os parceiros, que têm trabalhado para amenizar o sofrimento das famílias tocantinenses durante essa pandemia, têm recebido elogios e agradecimentos da população que vêm enfrentando essa situação difícil para todos. São elogios e agradecimentos das autoridades envolvidas, sejam prefeitos, vereadores, representantes de entidades, de igrejas, de associações, sindicatos, entre outros, e principalmente dos trabalhadores tocantinenses, aqueles que tiveram seus rendimentos afetados por causa das regras sociais de controle à pandemia, e que necessitam de renda para pagar suas contas, com ênfase para a compra dos alimentos.

 

Vice-governador e secretário Messias entregam de cestas básicas 

 

A mensagem que deixo para toda sociedade tocantinense é que pode confiar no trabalho do Governador Mauro Carlesse. O Governo do Tocantins está atento a todas as necessidades da população, e luta continuamente para conseguir recursos e atender a todas as famílias tocantinenses, que necessitam do apoio do Estado, com ênfase para aquelas pessoas vulneráveis que mais precisam de alimentos, em todo o tempo que durar a pandemia. É uma determinação, do Governador Mauro Carlesse, que o alimento chegue à mesa de todas as famílias tocantinenses, que todas as pessoas que necessitam de alimentos sejam atendidas, não só na pandemia, mas sempre que houver famílias vulneráveis necessitando dos cuidados do Estado.

 

Para mim é uma honra estar à frente de uma pasta de tão grande importância, por cuidar, praticamente, de toda sociedade vulnerável. É uma grande honra, também, trabalhar com o governador Mauro Carlesse, o nosso Governador está determinado a servir a sociedade tocantinense e dar continuidade enquanto houver pandemia; é um homem que tem compromisso com a população e se preocupa em atender todo o Estado, mas, prioritariamente os mais necessitados. O sucesso da ação de entrega de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19 é resultado das determinações dele. Foi devido a sua coragem e determinação que conseguimos realizar esse grande trabalho, de apoiar as famílias tocantinenses.

 

 

Quero também registrar o meu agradecimento à equipe da Setas, que foi guerreira e valorosa. Mesmo durante a pandemia, que já dura mais de um ano, a equipe se reveza e aguenta firme, servindo a sociedade como um exército, para levar apoio e alento à nossa população. A equipe da Setas não mede esforços para continuar, e dia a dia, sem considerar feriados, nem finais de semana, luta para entregar cestas básicas nos 139 municípios, levando alimentos para garantir a segurança alimentar e nutricional de todas as famílias que necessitam, nesses momentos de dificuldades.

 

 

Posted On Segunda, 03 Mai 2021 04:23 Escrito por

Ex-juiz foi considerado parcial pelo STF em caso de Lula; ele diz que operação pode ter erro 'aqui ou ali', mas não intencional

 

Com Estado de Minas

 

O ex-juiz Sergio Moro afirmou neste domingo (28) não ter arrependimentos por seu trabalho no âmbito da Lava Jato, apesar da decisão recente do STF (Supremo Tribunal Federal) que considerou sua atuação parcial em caso do ex-presidente Lula.

 

“Não me arrependo de nada. Pelo contrário. Tenho muito orgulho do que foi feito na Operação Lava Jato”, afirmou.

 

O ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro até admitiu a possibilidade de erros na Lava Jato, mas não propositais. “Pode ter tido algum erro aqui ou ali. Mas algum abuso, algo intencional? Nada.”

 

Ao participar de live promovida pelo grupo Parlatório, com a presença de empresários e políticos, Moro disse ser necessário desmistificar a narrativa de criminalização, de que haveria um conluio de um juiz malvado com procuradores ambiciosos com intuito de prejudicar políticos.

“Quando se fala em criminalização da política pela Lava Jato, isso é uma grande bobagem. O que havia são pessoas que receberam ou que pagaram suborno”, afirmou.

 

Depois do que chamou de desabafo, Moro encerrou: “Dá para tocar [Edith] Piaf [cantora francesa] ao fundo. Non, je ne regrette Rien. Não me arrependo de nada. Foi um trabalho importante, reconhecido pela população brasileira”.

Essa é a primeira vez que Moro se manifesta presencialmente sobre a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal pela parcialidade do ex-juiz na condução do caso do triplex de Guarujá (SP), que havia levado à condenação de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

 

Na última quarta (24), o ex-juiz divulgou uma nota sobre a decisão do STF, ocorrida na véspera, e disse que tinha “absoluta tranquilidade” sobre as decisões.

 

Neste domingo, embora não tenho citado especificamente a decisão do STF sobre sua conduta, Moro chamou de “muito ruim” a decisão que retirou de Curitiba a competência para julgar Lula.

 

“Sempre tratei o STF com o máximo respeito, mas a decisão de revisão da jurisprudência das execuções da primeira instância foi uma decisão errada, uma decisão infeliz.”

Moro se referia à decisão do ministro Edson Fachin que, no início deste mês, determinou a anulação de todas as condenações proferidas contra o ex-presidente Lula pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato.

 

Lula, 75, tinha sido condenado em duas ações penais, por corrupção e lavagem de dinheiro, nos casos do tríplex de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP).

 

Em decisão que será julgada pelo plenário do Supremo em 14 de abril, Fachin argumentou que os delitos imputados ao ex-presidente não correspondem a atos que envolveram diretamente a Petrobras e, por isso, a Justiça Federal de Curitiba não deveria ser a responsável pelo caso. Ele determinou que os casos sejam reiniciados pela Justiça Federal do Distrito Federal.

 

Assim, as condenações que retiravam os direitos políticos de Lula não têm mais efeito e ele pode se candidatar nas próximas eleições, em 2022. Lula estava enquadrado na Lei da Ficha Limpa, já que ambas as condenações pela Lava Jato haviam sido confirmadas em segunda instância.

 

Na live deste domingo, Moro se defendeu da acusação de parcialidade: “Quando se fala em abusos e excessos, temos que ir aos fatos”, disse. O ex-juiz afirmou que 20% dos acusados pela Lava Jato foram absolvidos e perguntou. “Cadê o conluio?”

 

Ao falar do combate à corrupção no Brasil, Moro afirmou que, nos últimos anos, “houve retrocessos em relação a leis, jurisprudências e processos simbólicos”.

 

Segundo Moro, a Lava Jato mostrou que não estamos fadados ao fracasso no combate à corrupção. Ele afirmou ainda que a luta contra corrupção é resultado de avanços, inclusive do próprio STF no julgamento do mensalão. Mas “tem sofrido agora esse retrocesso”.

 

“Temos que nos perguntar hoje onde estão os bons exemplos. O que foi feito em matéria de combate à corrupção como bons exemplos, considerando os últimos acontecimentos? Que tipo de mensagem estamos passando para dentro e fora do país?”

 

A decisão da Segunda Turma do STF foi tomada por 3 votos a 2, após mudança de posicionamento da ministra Cármen Lúcia.

 

A turma julgou procedente o habeas corpus em que a defesa do petista pedia a declaração da suspeição de Moro e decidiu anular a ação do tríplex —ficam nulos todos os atos do ex-juiz.

 

Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram os outros dois ministros do colegiado a votar contra Moro. Os votos derrotados foram os de Kassio Nunes Marques e Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

 

Embora os ministros tenham frisado em seus votos que a decisão vale para o caso tríplex, há um temor entre defensores da Lava Jato de que ela abra caminho para anulação de outros processos da força-tarefa. Advogados de outros investigados já se preparam para apresentar pedidos similares ao de Lula.

 

A transmissão da live contou com a participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, e do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, além de empresários. Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Michel Temer (MDB) fizeram a abertura do encontro virtual. Ambos minimizaram a ameaça de retrocesso no combate à corrupção no Brasil.

 

Com cerca de 225 participantes do grupo, Moro admitiu que muitos consideraram errada sua decisão de deixar a toga para ocupar o Ministério da Justiça, mas disse ter visto no convite de Bolsonaro uma oportunidade de construir políticas públicas para combate à corrupção. “Quando vi que não tinha chance de acontecer dentro do governo que eu ocupava, saí.”

 

Posted On Segunda, 29 Março 2021 10:01 Escrito por

Mais de 11,8 milhões receberam pelo menos uma dose da vacina

 

Com Agências 

O Brasil chegou perto de ultrapassar a marca de 12 milhões de casos confirmados de contaminações pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) neste domingo (21). A informação é do levantamento diário realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). As contaminações nas últimas 24 horas foram 47.774, fazendo o total chegar a 11.998.233.

 

A média móvel dos casos confirmados nos últimos sete dias foi para 73.552, quebrando o recorde que havia sido registrado anteriormente neste sábado (20) de 73.075.

 

Já as mortes pela Covid-19 registradas de ontem para hoje foram 1.249, totalizando 294.042 desde o início da pandemia. A média móvel de óbitos subiu para 2.259, batendo o recorde pela 26ª vez seguida. O número mais alta até então era o de ontem, que chegou a 2.237.

Os dados de pessoas contaminadas incluem casos sintomáticos e assintomáticos, o que significa dizer que, nesse último caso, são pacientes que foram ou estão infectados, mas não apresentaram sintomas da doença.

 

Ministério da Saúde libera aplicação imediata de vacinas reservadas para 2ª dose

Ainda vale destacar que, aos finais de semana, a contabilização dos números da Covid-19 costuma ser menor. Isso ocorre porque as secretarias de Saúde e órgãos estaduais trabalham em regime de plantão, o que faz com que os dados possam ficar represados.

 

Posted On Segunda, 22 Março 2021 06:14 Escrito por

Ministro cobrou que Nunes Marques devolva caso da suspeição de Moro

 

Da Revista Época

 

Conhecido por ser voz dissonante no STF, Marco Aurélio Mello considera que Edson Fachin errou em anular todos os atos processuais da Justiça Federal em Curitiba sobre Lula e considera que a decisão vai ser revista em plenário. Ou seja: aposta que Lula pode voltar a ficar inelegível.

 

Em entrevista à coluna, Marco Aurélio defendeu Sergio Moro, disse que Cármen Lúcia não deve mudar seu voto e que Nunes Marques é obrigado pelo regimento a devolver o caso da suspeição de Moro à Segunda Turma na semana que vem.

 

Leia alguns trechos

 

Como o senhor viu o desenrolar dos fatos nesta semana no STF?

 

O que me assusta é o que o herói nacional, o mocinho, está sendo tomado como bandido. O ex-juiz Sergio Moro. Isso não se coaduna com o Estado democrático de direito. Imagina-se que ele estivesse a um só tempo como Estado julgador, como juiz, e Estado acusador, como Ministério Público. Mantemos diálogos com o MP. Nos 42 anos, mantive diálogo com membros do Ministério Público e advogados de qualquer das partes. Isso é normal. O único erro que ele cometeu — e disse a ele quando ministro da Justiça — foi ter deixado um cargo efetivo, com direito à aposentadoria, para ser auxiliar de um presidente da República, virando as costas para uma cadeira que para mim é sagrada, que é a cadeira de juiz. E estou perplexo diante da decisão do ministro Edson Fachin de anular os processos-crime depois de os processos terem percorrido todas as instâncias.

 

O saldo da semana é negativo na sua visão?

 

Em termos de avanço cultural? Negativo. E começaram o julgamento na Turma da suspeição do juiz Sergio Moro. A decisão do ministro Fachin é uma decisão individual, impugnável ainda. Se já fosse de colegiado, aí haveria prejuízo. Mas é decisão individual. Eu, por exemplo, não julgo individualmente habeas corpus.

 

Perde objeto o julgamento da suspeição de Sérgio Moro?

 

A rigor, a prevalecer a decisão do ministro Fachin anulando tudo, perde o objeto. Declarar suspeição para quê, se já está anulado? O ministro Gilmar Mendes divergiu, a ministra Cármen Lúcia foi vencida e o ministro Nunes Marques pediu vista. No plenário, entretanto, imagino que se reveja a decisão do ministro Fachin.

 

Cármen Lúcia vai mudar o voto dela sobre a suspeição de Moro?

 

A ministra Cármen fez um gesto de gentileza que nós fazemos. Quando um colega pede vista e já votamos e não somos o relator, nós dizemos 'Olha, aguardo o voto, quero ouvir também o voto do ministro', é uma gentileza, não quer dizer que vai voltar atrás.

 

Haverá mudança de voto na Segunda Turma?

 

Não muda. Mas o ministro Nunes Marques é sempre uma incógnita porque tem pouco tempo de Tribunal, não podemos nem supor.

 

Qual o prazo para o ministro Nunes Marques devolver o caso à pauta?

 

O regimento prevê um prazo. Nunca extravasei prazo. Nunca transformei pedido de vista em perdido de vista, de sentar em cima e manobrar. Juiz não pode manobrar, a não ser da direção de carro.

 

O tema se esgota na semana que vem?

 

Espero que ele observe o regimento interno quanto ao prazo que tem para estudar o processo. São duas semanas a partir daquela em que ele pediu vista. Na terça-feira da outra semana ele tem que devolver.

 

 

Posted On Sábado, 13 Março 2021 07:27 Escrito por

"É aquela história: o povo é soberano. Se o povo quiser a volta do Lula, paciência. Acho difícil, viu, acho difícil", disse, ao receber a reportagem em seu gabinete nesta quarta-feira (10)

 

Por Gustavo Uribe

 

Na entrevista, Mourão disse que faltou uma campanha dos governos federal e estaduais para conscientizar a população no combate à Covid-19. E que a disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), atrapalhou.

 

"Essa pandemia foi usada politicamente tanto pelo nosso lado quanto pelas oposições. Esse uso político da pandemia é péssimo", disse.

 

Mourão ainda defendeu a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, general da ativa do Exército, e disse que, de vez em quando, "puxa" sua orelha. “Digo: Faz mais e fala menos."

 

O Brasil atingiu a triste marca de 2.000 mortos por dia, 270 mil mortos, número que nenhum país gostaria de atingir. Os erros e omissões do governo não contribuíram para o cenário atual? É uma situação complicada de você dizer: "Se tivesse feito assim, tinha dado certo. E se tivesse feito assado, tinha dado certo". O que vejo nessa questão da pandemia é que faltou realmente uma campanha intensiva por parte não só do governo federal, mas também pelos demais entes federativos, de conscientização da população. A população tinha de se conscientizar das limitações que essa doença provoca.

 

Governador de São Paulo João Doria e a politização da vacina 

 

O governo não errou ao demorar para comprar vacinas? A gente tem de analisar o que está ocorrendo no mundo. Todos os países estão com problema para adquirir imunizantes. Qual foi o nosso caso? Se apostou as fichas que a AstraZeneca, a vacina de Oxford, realmente conseguiria uma produção consistente e entregaria as nossas necessidades dentro de um cronograma que o Ministério da Saúde havia planejado. Ao mesmo tempo, teve a questão da vacina Coronavac. Não compraram?

 

E ainda tem essa questão aí da Pfizer e da Johnson & Johnson. Principalmente a da Pfizer, que tem gerado mais turbulência. O que soube, desde o primeiro momento em conversa com o ministro Eduardo Pazuello, era que as condições que a Pfizer colocava no contrato não aderiam à nossa legislação.

 

Mas, no caso da Pfizer, o governo recusou três ofertas. Houve uma falha de planejamento? Se apostou que a AstraZeneca, fabricada aqui por nós na Fiocruz, [faria] a coisa fluir normalmente. Então, acho que, talvez na análise, porque eu não participei disso aí, então só posso fazer ilações sobre isso, na análise que foi feita.

 

Pela visão de hoje, foi uma aposta equivocada. Não digo dessa forma. Uma coisa é a análise a posteriori. É que nem comentarista de futebol: “Se tivesse colocado fulano, o time teria ganho”. Então, tem de olhar quais eram os dados presentes naquele momento.

 

Mas o presidente não utiliza máscara e estimula aglomerações. A postura não contribuiu para esse cenário? Se o presidente tem capacidade para isso, ele está reeleito. Acho que aí vocês forçam uma barra. Se o presidente tem capacidade de arrastar 150 ou 160 milhões de pessoas para não usarem máscara e não lavarem as mãos, ele está reeleito, ele não precisa mais se preocupar. Eu acho que há uma forçação de barra em cima do comportamento do presidente.

 

O movimento de governadores com o Judiciário e o Legislativo em defesa de medidas de restrição não demonstra que o Executivo está isolado no combate à pandemia? Esse movimento interpreto como político. Essa pandemia foi usada politicamente tanto pelo nosso lado quanto pelas oposições. Isso foi até ruim. Esse uso político da pandemia é péssimo. Então, a gente tem de fazer o que é certo porque é certo. Não porque vou ter dividendos políticos na frente. Então, [essa disputa] está muito centrada na dicotomia entre o presidente e o governador de São Paulo [João Doria].

 

Essa dicotomia atrapalhou as medidas contra o coronavírus? Acho que atrapalhou, porque como hoje, fruto do que se vive no mundo inteiro, a gente vive em um clima de disputa. E é realçado pelo papel que as redes sociais têm.

 

O presidente deveria se vacinar para dar um bom exemplo? O presidente tem a mesma visão que eu. Nós temos de nos vacinar quando chegar a nossa faixa etária. E não se vacinar na frente. Essa é a nossa visão.

 

O senhor vai se vacinar? Lógico que vou. Eu vou para a fila normal. Não vai vir ninguém aqui me vacinar não. Eu vou na fila do drive-thru.

 

O presidente diz que não tomou uma decisão ainda. Ele vai. A mãe dele já foi vacinada. Lógico que ele vai.

 

A Folha mostrou 11 indícios de que o Ministério da Saúde sabia da situação de Manaus. Causa constrangimento para as Forças Armadas ter um general da ativa causando tantos equívocos de gestão? Quem tem experiência de gestão em uma situação dessas aí? Ninguém. O pessoal costuma enaltecer ministros que saíram, mas não enfrentaram isso aí. A Saúde não é um ministério simples. Vamos lembrar que é um ministério que, ao longo dos últimos anos, se notabilizou mais pelos escândalos de corrupção. O general Pazuello conheço há bastante tempo. É um bom planejador e tem uma boa capacidade.

 

O senhor tem falado com o ministro? De vez em quando dou uma puxada de orelha nele.

 

Que puxada de orelha? Eu digo: "Faz mais e fala menos". Mais ou menos assim.

 

O senhor teve Covid. Como foi a experiência? Quais remédios tomou? Annita, hidroxicloroquina e azitromicina.

 

Mas eles não têm comprovação científica, eficácia comprovada. Eles fizeram efeito comigo.

 

Mas como o senhor sabe que foram eles que fizeram efeito? Não tomei mais nada além disso. E vitamina D e zinco também. Tive dor de cabeça e febre durante dois dias e diarreia durante cinco dias. Morreu o assunto.​

 

Ex-presidente Lula

 

A vacina é hoje a prioridade do governo? Desde o começo, não tenho dúvidas de que a vacina é a solução para que a gente, em primeiro lugar, proteja a saúde das pessoas. E, em segundo, assegure a retomada da economia e do nosso modo de vida. A minha avaliação é a de que vamos chegar ao final do ano com 120 ou 130 milhões de pessoas vacinadas.

 

Uma candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preocupa o governo federal? Não. Todo mundo pode ser candidato. Quanto ao ex-presidente Lula, nem me preocupo. Podem anular o processo, podem mudar o juiz do jogo, mas uma coisa para mim é clara. O ex-presidente Lula foi condenado em três instâncias por corrupção. Isso aí não muda.

 

Há um risco de ruptura institucional se o Lula ganhar a eleição em 2022? Em absoluto. É aquela história: o povo é soberano. Se o povo quiser a volta do Lula, paciência. Acho difícil, viu, acho difícil.

 

Qual a avaliação do senhor sobre a decisão do ministro Edson Fachin? O equilíbrio de Poderes na nossa democracia está rompido. O Judiciário está com um poder acima dos outros dois e, consequentemente, isso leva a uma instabilidade jurídica. Estamos vendo isso acontecer.

 

Haverá uma polarização entre Bolsonaro e Lula em 2022? Tem muita espuma nesse chope. Tem de dar uma decantada nesse chope. Ele está com quatro dedos de espuma e ainda não chegamos no líquido.

 

O general da reserva Luiz Rocha Paiva criticou a decisão do ministro Fachin e disse que, a continuar nesse rumo, chegaremos ao ponto de uma ruptura institucional. A tese tem apoio nas Forças Armadas? Não respondo pelas Forças Armadas. Eu estou fora. O que o Rocha Paiva coloca não é que tem algo a ver com as Forças Armadas. O Rocha Paiva é um pensador, um sujeito que tem uma capacidade intelectual extremamente acima da média.

 

O que ocorre é que quando você começa a tomar determinadas decisões, especificamente em cima de processos judiciais, o que ocorre lamentavelmente no Brasil: quem tem bons advogados e dinheiro não vai ser condenado. É um processo que estamos vendo. Isso gera insegurança. E qual o pensamento da população em geral? É que os maganos, como diz o Elio Gaspari, estão protegidos e a escumalha vai para a cadeia.

 

Nesta semana, o presidente usou a expressão “meu Exército”. É uma ameaça à democracia? Acho que isso é um troço muito mal interpretado. Não há nenhum pronunciamento dos comandantes das Forças Armadas. O presidente é o comandante constitucional das Forças Armadas. Mas quem dá a ordem no dia a dia dos quartéis são generais, coronéis e capitães. Dessa turma, você ouviu alguém falar alguma coisa? Não.

 

Não vejo no presidente vontade nenhuma de chegar e dizer: "Nós vamos derrubar isso aí". Agora, por outro lado, já vi alguns formadores de opinião já há algum tempo buscando atacar as Forças Armadas dizendo: “E aí, vocês não vão fazer nada? Vão aceitar o que o presidente está fazendo?”. Ou seja, a ruptura feita pelas Forças Armadas para colocar o presidente para fora serve?

O Alto Comando do Exército. O colegiado é composto por 16 generais quatro estrelas

 

É que o episódio da mensagem divulgada em 2018 pelo ex-comandante Eduardo Villas Bôas criou um fantasma sobre o assunto. Vamos olhar o seguinte. O comandante do Exército era o general Villas Bôas em 2018. Eu não estava mais na ativa. Não acredito que ele tenha reunido todo o Alto Comando para discutir aquele assunto. Ele pode ter falado com os assessores mais próximos, como o chefe do Estado-Maior do Exército. E emitiu aquele tuíte que, para mim, não teve nada de mais. Simplesmente um chamamento à razão.

 

É papel do chefe do Exército dar opiniões políticas? O comandante do Exército é o representante político do Exército. Os demais não. O Exército não é apolítico, é apartidário. O Exército tem de fazer política. Óbvio que a política em tornos dos interesses nacionais e, em particular, dele, do Exército.

 

Como está a relação do senhor com o presidente? Falei com o presidente na semana passada, quando apresentei o trabalho que foi feito pelo Conselho Nacional da Amazônia e, mais ainda, o planejamento para 2021 e 2022 a partir do momento em que a Operação Verde Brasil 2 vai terminar. Ainda conversamos mais um pouco de assuntos de caráter geral e pronto.

 

O presidente tem excluído o senhor de reuniões com ministros. O vice-presidente não faz parte da cadeia executiva do país. Está escrito na Constituição. Não é presidente, vice-presidente e ministros. A Constituição diz que o presidente exerce o Poder Executivo por meio de seus ministros. E outro artigo mostra o papel do vice-presidente, que é substituir o presidente nos afastamentos eventuais dele e ficar em condições de cumprir alguma missão que o presidente lhe der.

 

O senhor não se sente excluído? Em absoluto. É aquela história: aos 67 anos de idade, não vou ficar: “Pô, não me chamaram para o play”.

 

O Congresso compara a relação do senhor com Bolsonaro com a relação que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha com o seu vice-presidente Michel Temer. Não, acho que não. Essa relação era muito pior. A Dilma era muito mais agressiva. O presidente Bolsonaro não é agressivo comigo.

 

Nos bastidores, fala-se que o presidente quer outro candidato a vice para a disputa à reeleição. Os senhores já trataram do assunto? Não. Nunca houve uma conversa nesse sentido. Tudo são especulações que saem daqui para lá ou algum arauto que vem e avisa. Então, estou aguardando o que vai acontecer para eu tomar minha decisão se vou continuar na vida política ou não.

 

E o que pretende fazer se sair da política? Cuidar da minha vida.

Antonio Hamilton Martins Mourão, 67

Vice-presidente da República e general da reserva do Exército, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras. Em sua carreira militar, cumpriu missão de paz em Angola, atuou como adido militar na embaixada do Brasil na Venezuela e foi Comandante Militar do Sul. Em 2018, filiou-se ao PRTB e ingressou na carreira política

 

 

Posted On Quinta, 11 Março 2021 07:59 Escrito por
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