Tocantins em erupção: sucessão estadual se afunila

Posted On Quarta, 09 Julho 2025 13:17
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O cenário político do Tocantins se aquece com força total entre agosto e dezembro deste ano. Esse será o período decisivo para os principais acertos, conchavos e a formatação final das federações partidárias que disputarão o governo do Estado em 2026. O que ficar para 2026 serão apenas ajustes pontuais, sem potencial de mudar o eixo da sucessão estadual

 

 

Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

As cúpulas nacionais dos principais partidos já estão pressionando por definições. Em Brasília, a expectativa é de que o União Brasil e o Progressistas, siglas da senadora Professora Dorinha e do deputado federal Vicentinho Júnior anunciem, já no próximo dia 17 de julho, o desembarque da base do governo Lula. O movimento envolve também um distanciamento formal de figuras como Paulo Mourão e Célio Moura (PT), selando de vez o reposicionamento da oposição.

 

 

Professora senadora Dorinha e deputado Vicentinho Junior

 

A grande pergunta que segue no ar é se Dorinha será ou não candidata ao governo do Estado? A senadora não poderá mais evitar uma indefinição política e em breve precisará se pretende disputar contra Wanderlei Barbosa (Republicanos) e, indiretamente, contra a gestão federal, precisará dizê-lo em alto e bom som.

 

As chapas proporcionais e majoritárias estão em estágio avançado de costura, e a janela de desincompatibilizações e mudanças partidárias se encerra no dia 4 de abril de 2026, conforme o calendário da Justiça Eleitoral. Até lá, o xadrez político segue em movimento, mas as peças principais já estão quase todas no tabuleiro.

 

Laurez: uma pré-candidatura solitária em busca de competitividade

 

 

O vice-governador Laurez Moreira (PDT) tem, inegavelmente, uma trajetória política respeitável. Foi deputado estadual, deputado federal e prefeito de Gurupi por dois mandatos, sempre com boa avaliação administrativa e contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. Seu perfil é o de um gestor sério, sem máculas, com serviços prestados e experiência acumulada.

 

Mas, até aqui, sua pré-candidatura ao Governo do Tocantins em 2026 não empolgou. Falta musculatura partidária, uma base de apoio real e estrutura. Falta, sobretudo, uma chapa proporcional consistente, uma aliança majoritária com tempo de TV e rádio, e acesso efetivo ao fundo eleitoral. Sem isso, qualquer projeto majoritário vira ilusão.

 

Laurez precisa, até dezembro deste ano, transformar sua pré-campanha em algo competitivo ou corre o risco de virar um espectador do processo eleitoral. Persistir em um projeto isolado, sem grupo, sem nominatas, e sem viabilidade concreta, pode não ser apenas um erro estratégico. Pode ser um ato de suicídio político. Quem conhece os bastidores sabe que o tempo das definições já começou. E 2026 começou ontem.

 

 

Carlesse: pré-candidatura que mais parece uma bolha d’água

 

A possível candidatura do ex-governador Mauro Carlesse ao Palácio Araguaia em 2026 mais parece uma bolha d’água. Tem volume, gera algum barulho, mas pode estourar antes mesmo de ganhar forma real.

 

Carlesse tem seus méritos administrativos, reconhecidos por aliados e registrados na crônica política do Tocantins. No entanto, seu passado recente, marcado por escândalos de gestão e ainda pendente de acertos com a Justiça Eleitoral e com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), torna extremamente difícil uma retomada competitiva ao governo.

 

A leitura nos bastidores é que, mesmo que consiga superar os obstáculos jurídicos, o voo máximo viável para Carlesse seria uma candidatura a deputado estadual e, ainda assim, com elevado custo político e financeiro. Isso sem falar da relação tensa (e volátil) com os principais veículos de comunicação do Tocantins, que oscilam entre a resistência e o silêncio calculado. Carlesse até pode testar sua força eleitoral, mas, neste momento, falta o essencial que é lastro político, autonomia e ambiente favorável.

 

Amélio Cayres: pré-candidatura que ganha corpo e estrutura

Com o silêncio de quem prefere agir a falar, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres (Republicanos), vem costurando uma pré-candidatura ao governo que cresce de forma constante e sólida.

 

Longe de ataques, presente nos municípios, com forte agenda institucional e amparado por aliados de peso, Cayres avança. Conta com apoio de 20 deputados estaduais, três federais, dezenas de prefeitos e vereadores, além de sinalizações claras de siglas como PL, MDB, Republicanos e outras legendas aliadas ao Palácio Araguaia.

 

A estrutura partidária já se consolida com fundo eleitoral, tempo de TV e palanque competitivo. Soma-se a isso o lançamento iminente dos programas sociais do governo Wanderlei Barbosa, com previsão de R$ 900 milhões em investimentos até o fim de 2025, e a popularidade do governador, que ultrapassa os 85%. Com esse cenário, a pré-candidatura de Amélio Cayres se aproxima do ponto de não-retorno: se tornar inevitável.

 

 

Pré-candidaturas ao senado em terreno frágil

 

O Tocantins pode assistir, em breve, ao colapso de algumas pré-candidaturas ao Senado Federal. Sem grupo político consolidado, sem fundo partidário garantido e apostando apenas na boa vontade de financiadores incertos, alguns nomes devem repensar seus passos.

 

Muitos desses pré-candidatos sequer conseguirão viabilizar suas próprias reeleições, pois seus aliados e cabos eleitorais já estão comprometidos com chapas proporcionais concorrentes empoderadas por milhões em emendas impositivas e recursos próprios.

 

No fim, o risco é real de não conseguir nem Senado, nem reeleição. Apenas o silêncio das urnas.

 

 

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