Na próxima quarta-feira, 01, a Prefeitura de Gurupi, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) lançará a Campanha de Encoleiramento de Cães para o Controle da Leishmaniose Visceral (LCV), mais conhecida como calazar.
Por Karla Paz
A ação é realizada pelo Centro de Controle de Zoonoses de Gurupi (CCZ) e tem como objetivo realizar a prevenção da doença na população canina, sendo extremamente importante para proteger a saúde humana.
As coleiras que serão colocadas nos cães são disponibilizadas através do Plano de Ação para Intensificação da Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, elaborado pelo CCZ da cidade e enviado ao Ministério da Saúde, com aval do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e da Secretaria Estadual de Saúde (SESAU).
Além disso, neste primeiro momento, receberão as coleiras animais de 10 bairros prioritários, de Gurupi, classificados como de alta transmissão. A estratégia de uso das coleiras em cães se baseia na abordagem Saúde Única, que visa proteger a saúde dos animais e assim dos seres humanos. De acordo com a Semus, dentro da área de abrangência das Unidades Básicas de Saúde municipais foram constatados uma prevalência de 64,7% de casos de leishmaniose em cães.
“É importante lembrar que não temos casos de calazar com letalidade em humanos, desde 2019. Mas, ainda temos que trabalhar para o controle da doença nos cães que são considerados vetores da doença. Mas eles não são vilões, e sim vítimas deste mal que acaba retirando também a vida deles. Nós impedindo que o mosquito palha chegue até nossos pets, vamos proteger toda comunidade”, explicou a prefeita Josi Nunes.
Com uma população de cerca de 90 mil habitantes e um número de 10.649 cães divididos nos 82 bairros da cidade, a meta é abranger todos estes animais, por meio de ciclos ímpares de encoleiramentos com 3.125 cachorros. Cada tutor que tiver o cão beneficiado terá que assinar um termo de consentimento emitido pelo CCZ.
“Realizamos todo um trabalho de pesquisa de dados na secretaria para enviar ao Ministério da Saúde e trazer mais este benefício para Gurupi. Nossas equipes já estão preparadas para realizar o encoleiramento. A coleira apresenta liberação contínua do inseticida por 6 meses, após o período a troca será avaliada pela secretaria municipal de saúde. Depois iremos trabalhar com os dados novamente, para realizar análise dos resultados obtidos”, frisou o secretário de saúde, Sinvaldo Moraes.
“Nossos fiscais de saúde estarão de casa em casa, nestes 10 bairros prioritários realizando os encoleiramentos. Primeiro, eles farão o teste rápido para ver se o animal está saudável ou se já foi acometido pela doença. Se estiver bem, já é encoleirado na hora. Caso não esteja, o tutor é notificado. Mas queremos pedir a ajuda e compreensão de todos responsáveis por seus pets, vamos aderir a campanha e deixar nosso município longe do calazar”, pediu o coordenador do CCZ de Gurupi Luciano Morais Santos.
Leishmaniose Visceral:
A Leishmaniose é transmitida pela picada de um flebótomo contaminado (conhecido como mosquito palha) e pode acometer cães e humanos. Alguns sintomas que podem levar o proprietário a desconfiar que o animal está doente são: descamação seca da pele, pêlos quebradiços, nódulos na pele, úlceras, febre, atrofia muscular, fraqueza, anorexia, falta de apetite, vômito, diarreia, lesões oculares e sangramentos.
O combate ao inseto vetor deve ser feito com aplicação de inseticida no ambiente e o uso de produtos repelentes no cão. Além disso, as pessoas devem evitar deixar os animais em ambientes úmidos e que acumulem material que possa facilitar a criação do mosquito.
Bairros Contemplados na Primeira Etapa:
Vila Pedroso
Trevo Oeste
Jardim São Lucas
Jardim Tropical I
Jardim Tropical II
Jardim Paulicéia
Jardim Medeiros
João Lisboa da Cruz
Vila Independência
Jardim dos Buritis
Foram três violações numa única entrevista. Falando à Folha, o deputado Eli Borges (PL-TO), novo líder da bancada evangélica, estuprou a Constituição, a lógica e a paciência alheia. Tudo em nome de Deus, da pátria e da família
Por Josias de Souza - UOL
O estupro ao texto constitucional ocorreu no trecho da conversa em que o deputado disse não ter enxergado "nada de errado" no "clamor" bolsonarista por uma intervenção dos militares contra a eleição de Lula. Afinal, disse ele, "está muito claro" na Constituição que "as Forças Armadas exercem um papel de atender ao clamor popular". Engano. As forças foram armadas para defender a democracia, não o contrário.
A violação à Carta Magna foi acrescida de um atentado à lógica no pedaço da conversa em que, após defender o "direito constitucional" dos golpistas de clamar por uma virada de mesa, o deputado enxergou "cristofobia" no enredo da escola de samba Gaviões da Fiel: "Em nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos". Para ele, a escola confundiu liberdade de expressão com "libertinagem". Subiu o tom: "Queremos respeito ao nosso culto".
É como se o deputado enxergasse a respeitabilidade como uma espécie de leão-de-chácara espiritual. Na tabuleta do inciso 6º do artigo 5º da Constituição está escrito que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos". Mas Eli Borges acha que só as suas crenças têm direito de participar da celebração.
Identificado no perfil da Câmara como agropecuarista e pastor, o novo líder dos evangélicos abusou da paciência alheia ao defender que o Congresso modifique a legislação para proibir todas as formas de interrupção da gravidez. Hoje, o aborto é permitido no Brasil em três hipóteses, quando a gravidez é resultante de um estupro, quando há risco de morte para a mulher ou quando o feto for anencéfalo.
O deputado avalia que nem mesmo nos casos de estupro o aborto é aceitável. A certa altura, o pastor soou como porta-voz dos fetos: "Será que ela [a criança] também deveria falar no processo, dizendo: 'Olha, não tenho culpa de nada, sou uma vida, tenho direito de nascer'? É importante pensarmos que tem essa figurinha lá, que a mãe emprestou sua barriga para que ela nasça."
O que falta ao líder dos evangélicos é um encontro com alguém como a diarista aposentada Josefina Júlia dos Santos. Em 1997, Josefina ergueu a voz contra o então ministro da Saúde do governo FHC, Carlos Albuquerque. O doutor queria impedir que hospitais do SUS realizassem abortos. Josefina discordou. E expõe suas razões numa entrevista publicada na mesma Folha que abriu espaço para o deputado evangélico.
Carlos Albuquerque conhecia o estupro de ouvir dizer. Josefina já havia encarado o flagelo de frente. Sua filha, deficiente mental, fora violentada em 1991. Grávida, teve de abortar num hospital do SUS. Josefina disse que a proibição defendida pelo ministro traria prejuízos apenas às mulheres pobres. "As que têm condições vão lá e fazem [o aborto] quietinhas".
Espírita, Carlos engrossava o coro entoado por pastores como Eli Borges e bispos católicos. O ministro dizia que todo aborto é um assassinato. Católica, Josefina formulou indagações singelas: "Será que já teve um episódio desses com alguém da família deles? Será que alguém já viveu isso na pele? Eu vivi e sei como é. É muito difícil".
Está cada vez mais difícil ouvir falar em Deus, pátria e família sem reprimir um sorriso interior. Sempre que alguém esbraveja a tríade predileta do fascismo e do bolsonarismo, uma voz no fundo da consciência avisa: "Farsante!" Tudo está tão impregnado de oportunismo que o Todo-Poderoso, debruçado sobre um parapeito de nuvens, deve recorrer de vez em quando ao célebre epíteto do Evangelho: "Raça de víboras!".
Uma manifestação alarmante, acusando negligência em atendimento, que teria levado a óbito paciente no Hospital Regional de Porto Nacional, motivou reação rápida e objetiva do Governador Wanderley Barbosa (Republicanos). Feita através de aplicativo social, o desabafo baseou-se em conteúdo falso, como se verificou depois
Por Edson Rodrigues, Edivaldo Rodrigues e Luiz Pires
O Governador Wanderley Barbosa esteve em Porto Nacional nesta segunda-feira, 27, para verificar in loco a denúncia de negligência, que foi encaminhada diretamente por um tio da pessoa que foi a óbito, acompanhado dos secretário de Saúde do Estado, Afonso Piva, secretário de Comunicação, Márcio Rocha, e do deputado estadual Valdemar Júnior (Republicanos).
Toda a Diretoria do Hospital Regional de Porto Nacional (HRPN), composta por Welson Pinto de Almeida, Diretor Geral, Ivanir Barbosa Juliati, Diretora Administrativa e Financeira, Samila Ferreira Vilarinho, Coordenadora de Enfermagem e Selma Bomfim Pereira de Araújo, Coordenadora UTI –ASM/Associação Saúde em Movimento, demonstrou em detalhes o funcionamento e os protocolos de atendimento da Unidade de Saúde, especificamente no caso mencionado, cujo paciente fora encaminhado pelo hospital de Dianópolis, sudeste do Estado.
O OBSERVATÓRIO POLÍTICO de O PARALELO 13, acompanhou a visita do Governador Wanderlei Barbosa e comitiva às instalações do HRPN, momento em que os diretores apresentaram em detalhes todos os procedimentos tomados no caso em tela, devidamente registrados no prontuário médico do paciente.
DENÚNCIA SEM FUNDAMENTOS E COM TOM POLÍTICO
A equipe técnica do HTPN deixou bem claro que a denúncia veiculada em rede social carecia de fundamento e foi motivada por uma informação desconectada da verdadeira causa que levou o paciente a óbito. Essa falsa informação foi repassada ao autor do vídeo, que mora em São Paulo, e fez um desabafo em momento de dor. Em nossa opinião, a informação repassada tinha um tom politiqueiro de baixo nível, não respeitando a dor dos familiares pela perda de um ente querido.
Ao término da visita o governador garantiu a normalidade no atendimento aos pacientes do Hospital Regional de Porto Nacional, reafirmando seu compromisso de investir cada vez mais no aperfeiçoamento da rede pública de saúde no Estado, para proporcionar o melhor atendimento possível à população tocantinense. Wanderley reiterou que confia nas ações do secretário estadual da Saúde e na direção do Hospital Regional de Porto Nacional, colocando à disposição da família o prontuário médico para conhecimento pormenorizado da causa mortis.
O HOSPITAL REGIONAL DE PORTO NACIONAL ABRANGE 28 MUNICÍPIOS
O HRPN disponibiliza atualmente 93 leitos comuns e 10 leitos UTI Adulto, totalizando 103 leitos.
Há também 24 leitos e macas distribuídos na sala vermelha, sala amarela, observação e RPA - sala de recuperação pós anestésica.
Total geral de 127 leitos.
Dados estatísticos de 2022
O HRPN realiza uma média mensal de 1725 atendimentos de urgência e emergência, 375 internações, 185 cirurgias de urgência e emergência, e 30 cirurgias eletivas.
É referência para 13 (treze) Munícipios que compõem a Região de Saúde “Amor Perfeito” (de acordo com a resolução – CIB/TO Nº. 279, de 18 de outubro de 2018), somando também com os 15 (quinze) municípios que compõem os municípios de Arraiais e Dianópolis, totalizando 28 municípios sob nossa responsabilidade.
Sendo estes: Porto Nacional, Brejinho de Nazaré, Fátima, Silvanópolis, Santa Rosa, Monte do Carmo, Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, Natividade, Chapada da Natividade, Ipueiras, Pindorama, e Oliveira de Fátima, Dianópolis, Almas, Arraias, Conceição, Paranã, Porto Alegre, Novo Jardim, Rio da Conceição, Taipas, Taguatinga, Ponte Alta do Bom Jesus, Aurora, Combinado, Novo Alegre e Lavandeira.
GOVERNADOR WANDERLEI PRESTIGIANDO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
O governador Wanderlei Barbosa já garantiu aos 24 deputados estaduais o seu compromisso de pagar as emendas impositivas vindas das ações parlamentares da sua base política, direcionadas aos 139 municípios tocantinenses.
Isso porque não há oposição dentro da Assembleia Legislativa ao governo do curraleiro. A convivência dos nobres parlamentares é harmônica, quase familiar, e muito democrática.
Wanderlei Barbosa é o primeiro governador da história do Tocantins a conseguir tal feito.
JANAD VALCARI
Advogada, administradora e empresária, filiada ao PL do senador Eduardo Gomes, partido com maior tempo no horário eleitoral obrigatório de Rádio e TV, e com o maior fundo partidário entre as grandes legendas, a deputada estadual Janad Valcari é pré-candidata à prefeita de Palmas.
Conhecida como uma política que honra seus compromissos, sua trajetória e sua vontade genuína de ser prefeita de Palmas fazem com que suas articulações políticas e o fato de poder sacramentar a maior federação partidária possível, a coloquem, hoje, com uma das vagas em um provável segundo turno na Capital Tocantinense.
EDUARDO GOMES: DEDICAÇÃO EXCLUSIVA AO CRESCIMENTO DO PL
O senador Eduardo Gomes aproveita o tempo disponível para estar mais perto de suas bases políticas no Tocantins, após cumprir com maestria a liderança do governo passado no Congresso Nacional.
Seu foco, agora, será impulsionar o PL nos municípios tocantinenses, de olho nas eleições municipais de 2024, ou com candidaturas próprias ou apoiando candidatos já estabelecidos e componentes da federação partidária, sempre com o PL figurando na chapa majoritária com a candidatura de vice-prefeito, e com a seleção de bons nomes para as Câmaras Municipais.
AGENDA MENSAL
Para dar conta do recado, Eduardo Gomes já preparou uma agenda de visitas mensais aos municípios. Na maioria deles, como foi praxe durante os quatro anos do governo anterior, Eduardo Gomes estará visitando obras oriundas de suas emendas impositivas e, em outros casos, estará participando de assinaturas de ordens de serviço, também para ações só possibilitadas por conta de sua atuação como senador, campeão no carreamento de recursos para os 139 municípios tocantinenses.
MDB PODE TER CANDIDATURA PRÓPRIA A PREFEITO EM PORTO NACIONAL
O Observatório Político de O Paralelo 13, sob sigilo absoluto, recebeu informações acerca da filiação de um graduado político ao MDB de Porto Nacional, que detém todos os pré-requisitos para disputar a prefeitura da cidade com força suficiente para sair vitorioso.
O novo emedebista portuense já trabalha em Brasília e em Palmas, junto aos diretórios, para a formação de uma federação que dê suporte à sua pretensão política.
PARAQUEDISTAS QUEREM PREFEITURA DE IPUEIRAS
Ipueiras vive, hoje, o clima de uma piada de mau gosto. A situação foi gerada a partir do risco de, nas próximas eleições municipais, no ano que vem, de ter quatro paraquedistas como candidatos a prefeito.
Democraticamente falando, nada demais, tudo dentro da Lei eleitoral. Mas, política e tradicionalmente falando, isso é uma patifaria com o povo ipueirense, que não está gostando nada do cenário político que se avizinha no município.
Ipueiras tem ótimos nomes entre os seus próprios cidadãos, capacitados a administrar os destinos de seus coirmãos, sem a necessidade de ninguém de fora para tocar o barco político do município.
Talvez isso signifique um momento histórico na cidade, em que seus cidadãos irão se unir em torno de uma só candidatura, de um filho de Ipueiras, e decretar uma vitória esmagadora, jogando por terra as o perigo de ter um paraquedista no comando do destino da cidade.
Aceitar uma pessoa sem nenhuma identificação com Ipueiras para dar ordens, mandar e desmandar em seus cidadãos, seria uma vergonha para um município tão tradicionalista e familiar.
LULA PRECISA DESAPEAR DO PALANQUE
Enquanto o presidente Lula não desapear do palanque e colocar fim ao ódio entre as partes envolvidas no segundo turno da eleição presidencial do ano passado, ficará quase impossível começar a trabalhar, mesmo não tendo um plano de governo definido, e conseguir a tão propagada união do povo brasileiro.
Com o fim das festas carnavalescas, em que os cidadãos – e membros do governo federal – se esbaldaram após dois anos sem blocos e escolas de samba, todos aguardam o início do terceiro governo Lula, que até agora se concentrou em desfazer, sem consultar o povo, atos do governo anterior, dos quais discordava pessoalmente.
Já está na hora de trabalhar.
Para o novo líder da bancada evangélica, há "muita gente boa" que foi presa após os ataques antidemocráticos em Brasília no dia 8 de janeiro. Segundo o deputado federal Eli Borges (PL-TO), os baderneiros existiram, mas seriam uma "minoria infiltrada" que nada tinha a ver com a "imensa maioria, de boa-fé, na frente dos quartéis cantando o hino nacional".
POR ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER E CÉZAR FEITOZA
O primeiro presidente a assumir o bloco religioso neste terceiro mandato de Lula (PT) faz uma interpretação equivocada da Constituição ao defender que as Forças Armadas "exercem um papel de atender ao clamor popular". A partir disso, ele diz não ter visto "nada de errado" em pessoas que pediam intervenção militar após a derrota de Jair Bolsonaro (PL).
Borges vai se revezar com Silas Câmara (Republicanos-AM) nos próximos dois anos no comando de um dos grupos mais representativos do Legislativo e que ampliou seu poder no mandato de Bolsonaro.
Em entrevista, o deputado defendeu remover o direito ao aborto em casos de estupro e criticou a escola de samba paulistana Gaviões da Fiel por causa de seu enredo neste Carnaval, "Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos", que alarga o conceito da Santíssima Trindade cristã. "Precisamos entender o seguinte: liberdade [de expressão] não é libertinagem."
PERGUNTA - O sr. será o primeiro presidente da bancada evangélica no governo Lula 3. Serão oposição?
ELI BORGES - A bancada tem postura de defender bandeiras como a família, luta contra ideologia de gênero, luta pela defesa da vida e contra aborto, contra jogo de azar. Não vamos amenizar nenhuma das pautas que nós defendemos em Brasília. Isso não tem nenhuma correlação com os outros Poderes, nem Supremo [Tribunal Federal], nem Lula.
Vê o governo Lula como oposto a esses valores que o bloco defende?
E. B. - Não sou eu que vejo, ele [Lula] que verbalizou muitas vezes um pensamento diferente daquilo que mais de 80% da população conservadora prega e defende.
Mas a eleição do Lula não valida um apoio da população às pautas que ele defende?
E. B. - De alguma forma, o Lula teve apoio, sim. A igreja não é política nem tem partido político. Dentro do segmento evangélico, naturalmente o Lula teve um percentual significativo de pessoas que sempre acreditaram que ele não faria exatamente aquilo que ele estava pregando.
Por exemplo, o aborto. Ele disse que o aborto é uma questão ligada à saúde da mulher. Nós temos uma visão diferente disso.
O sr. trocou em 2022 o Solidariedade pelo PL e disse que o país precisava de Bolsonaro. Considera-se um bolsonarista?
E. B. - Eu me considero um deputado federal que tem afinidade com as bandeiras que Bolsonaro defende. Até porque tenho uma postura política muito interessante. Se você analisar as minhas votações, elas são votações que estão muito ligadas à minha consciência. O Solidariedade foi para o PT, e eu tinha que ficar onde eu estava inserido nas bandeiras que eu defendo. Nesse momento que passou, esse lado era o do Bolsonaro.
Alguns pastores se disseram decepcionados com o comportamento de Bolsonaro após a derrota eleitoral. E o sr.?
E. B. - Entendi que ele apenas exercitou a prudência que deveria ter e não se envolveu em função de estarmos vivendo, entre aspas, uma ditadura da toga no Brasil. E isso com certeza levou o Bolsonaro a exercitar o espírito prudente nesse tempo de início do governo Lula. Ele é um ser humano, e nós temos que respeitar.
O que é a "ditadura da toga" e como ela afetaria o Bolsonaro?
E. B. - Venho falando que nós vivemos um ativismo judicial. Por exemplo, este 8 de janeiro: quero compreender que tem uma pequena minoria de baderneiros infiltrados e, às vezes, algumas pessoas na sua simplicidade, mas eles não representam o pensamento da maioria dos brasileiros. Tem muita gente boa que está buscando a sua liberdade e está presa.
Esse ativismo antecede [o 8 de janeiro]. Nós tivemos interferência do Supremo em muitos assuntos, como ideologia de gênero, aborto. Acho que não são matérias do Supremo. Judiciário tem que julgar leis, e quem faz as leis é o Parlamento.
Concorda com a definição de que o 8 de janeiro foi um ato antidemocrático?
E. B. - Concordo que uma pequena minoria de baderneiros infiltrados praticaram atos antidemocráticos. Porém a imensa maioria, de boa-fé, na frente dos quartéis cantando o hino nacional com a bandeira nacional, estava a serviço da consolidação da democracia brasileira. Esse é o meu pensamento.
Houve participação evangélica forte nesses atos.
E. B. - Vi todos os segmentos religiosos que defendem as cores da nossa bandeira, a nossa brasilidade, vi todos na porta dos quartéis. Evangélicos, católicos e espíritas na luta pela democracia.
Na porta dos quartéis havia pedidos de intervenção das Forças Armadas diante de um resultado das urnas que, segundo eles, não seria confiável. Considera que isso também faz parte da consolidação da democracia?
E. B. - Se você abrir a Constituição está muito claro: as Forças Armadas exercem um papel de atender ao clamor popular, e essa população foi fazer um clamor que a Constituição define como um direito constitucional. Não vi nada de errado na sociedade fazer o seu clamor.
A bancada terá um trio de parlamentares novatos sob investigação por supostamente incentivar os atos em Brasília: Clarissa Tércio (PP-PE), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e André Fernandes (PL-CE). Conversou com eles?
E. B. - Não conversei. Como disse, aqueles que exercitaram a sua liberdade de manifestação, dentro da visão democrática, excetuando aqueles que fizeram baderna e se infiltraram para criar uma situação, exerceram direitos democráticos.
A bancada vai realizar o tradicional culto, com ceia, em que são chamados os chefes dos Poderes. Gostaria que Lula fosse a esse culto?
E. B. - Se ele for com uma alma buscar os valores, todos estão convidados.
Nas últimas eleições, tem-se discutido sobre um suposto abuso do poder religioso, transformando púlpito em palanque. Qual sua visão sobre a defesa de candidatos em igrejas na campanha?
E. B. - Nos sindicatos, eles têm os seus candidatos. No segmento bancário eles têm os seus candidatos. Qual é o problema de a igreja também ter os seus?
O poder que pastores têm sobre a igreja, como liderança religiosa, não é diferente dos outros setores que o sr. citou?
E. B. - Não quero comparar igrejas a sindicatos, só disse que cada segmento tem o seu candidato.
O que vi foi muita atuação de líderes importantes do Brasil num nível de orientação. E, se eles exercem uma influência em sua membresia, entendo que isso é fruto da liberdade democrática, já que a igreja é composta por cidadãos.
Quero deixar claro que não concordo com excessos, que a igreja exerça uma ditadura sacerdotal em cima da membresia. Temos que respeitar o direito do voto, o foro íntimo da liberdade dos eleitores, mas devo dizer que a igreja tem que ter os seus candidatos.
Bolsonaro continuará contando com o apoio maciço que teve dos evangélicos em 2018 e 2022, se quiser e puder disputar eleições no futuro?
E. B. - Não posso ser vidente para daqui a quatro anos. Entendo que, se ele continuar defendendo o que as igrejas defendem, vai conseguir esse apoio. Se o Lula se converter e começar a defender o que defendemos... A igreja não tem partido.
A Câmara discute o Estatuto do Nascituro, que propõe impedir o aborto em casos de estupro, o que hoje a legislação aceita. O que o sr. acha da proposta?
E. B. - Neste jogo que fazem, esquerda contra direita, prefiro colocar a mãe que foi violentada. Tem omissões aí, que é esta criança. Será que ela também deveria falar no processo, dizendo: "Olha, não tenho culpa de nada, sou uma vida, tenho direito de nascer"? É importante pensarmos que tem essa figurinha lá, que a mãe emprestou sua barriga para que ela nasça.
Só para deixar claro, o sr. é favorável a remover esse direito específico ao aborto da legislação?
E. B. - Não concordo que tenha aborto no Brasil. Defendo a vida desde o nascituro. Defendo a vida, e o dono da vida é Deus.
A bancada se posicionou contra o que viu como profanação de símbolos cristãos no Carnaval da Gaviões da Fiel. Por quê?
E. B. - Vejo no Brasil uma cristofobia forte. Temos que oferecer uma reação. Queremos respeito ao nosso culto. Isso inclusive é uma garantia constitucional.
Essa questão da cristofobia é real em vários países, onde vemos perseguição e até morte de cristãos --o que não acontece no Brasil. Já a intolerância religiosa afeta sobretudo crenças de matriz africana e é praticada por evangélicos em muitos casos.
E. B. - Não tenho direito, como cristão, de questionar a liberdade religiosa dos cultos afros. Não posso aqui dizer que concordo com a forma que eles têm, claro que não vou concordar. Mas compreender que são um povo num Estado laico. Agora, grupos sobretudo de ativistas se levantando contra a visão da igreja, aí sim vejo uma certa intolerância religiosa, e temos que começar a reagir. Precisamos entender o seguinte: liberdade não é libertinagem.
No mesmo fim de semana, um pastor americano disse num congresso da Assembleia de Deus, não muito longe do Congresso, que homossexuais, trans e até quem usa calça apertada têm reserva no inferno. O sr. acha que falas como essa têm respaldo constitucional?
E. B. - Olha, deixa eu ser claro. Uma coisa é uma escola de samba, devidamente organizada, com a clara visão de afrontar mesmo a fé brasileira. Outra coisa é uma preleção de um pastor que, dentro do regramento de sua fé, com a Bíblia aberta, se posicionou. Tenho o direito de verbalizar minha visão de sociedade desde que eu esteja enquadrado no meu manual, que é a Bíblia.
Um pastor pode ter liberdade, essa liberdade de pregar, e uma escola de samba de fazer alusões à Santíssima Trindade que serão encaradas como desrespeitosas por uma parcela da sociedade.
E. B. - É uma visão que você passa, a de que uma liberdade de expressão pode ocorrer de forma excessiva. Discordo. O pastor estaria errado? Ele pregou dentro da visão da Bíblia. O problema é que a igreja é muito serena, não está reagindo. Estamos vivendo uma cultura em que um segmento da sociedade pode tudo, questiona tudo, fala tudo, mas é muito sensível quando tem um contraponto.
Mas, dentro dessa visão, a Gaviões não poderia se posicionar?
E. B. - Aí você tem que fazer uma pergunta para o artigo 208 do Código Penal. Numa sociedade ordeira, decente, democrática, as instituições religiosas precisam ser respeitadas.
RAIO-X | Eli Borges, 62
Deputado federal pelo PL de Tocantins, conquistou o primeiro mandato na Câmara em 2018. Foi antes deputado estadual. Pastor da Assembleia de Deus Madureira, define-se como "o pastor da família e do agronegócio". Assumiu a presidência da bancada evangélica em 2023