Em entrevista ao Jornal Nacional, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso faz alerta contra o autoritarismo
Com G1
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso completou nesta sexta-feira (18) 90 anos de idade defendendo a união de forças políticas que se opõem a riscos autoritários.
Fernando Henrique Cardoso parece longe de sentir qualquer peso da idade. Chega aos 90 anos atuante na política.
“Política é conversa, que que as pessoas fazem quando estão no Parlamento? Pensam que ficam um de mal com o outro? Conversam! Gosta mais de um do que de outro, isso não quer dizer que você adere à ideia do cara. Você simplesmente respeita a opinião. A diversidade de opiniões”, diz o ex-presidente.
E nessa busca pelo diálogo, Fernando Henrique faz um alerta contra o autoritarismo e defende a união de políticos pela democracia.
“Eu acho que nós vivemos um momento que requer frente ampla. Requer que haja aqueles que acreditam no jogo democrático e impeçam que o país, sem querer, vá resvalando, vá deslizando na direção de uma situação mais fechada, mais autoritária. Portanto, eu sou favorável a que se forme uma frente. Esta frente não vai ser permanente. Porque as diferenças são grandes, entre os grupos, é normal. É preciso que haja diversidade, a democracia requer pluralismo. Mas em certos momentos, em defesa das instituições, da liberdade e da democracia, aí se justifica. Eu acho que é o caso”, afirma.
Muito do que pensa e do que viveu, Fernando Henrique registrou num recente livro de memórias. Um passeio pela vida do menino que nasceu numa família de militares e políticos, se mudou ainda criança do Rio para São Paulo e teve a história pessoal profundamente misturada com a história do país.
“Eu não peguei nenhum documento para escrever esse livro. Nada. Isso é memória”, afirma.
Intelectual que se dedicou a estudar e entender a sociedade, Fernando Henrique fez ciências sociais e se casou com a antropóloga Ruth Cardoso, com quem dividiu o que considera essencial na vida universitária: fazer pesquisa.
“Não basta você apenas ler. Eu lia muito. E leio muito até hoje. Você tem que viver. Conversar, saber o que o outro pensa. O sentimento do outro”, afirma Fernando Henrique.
Veio a ditadura militar, e não tardou para que livros, ideias e ideais soassem como ameaça. Como outros professores, Fernando Henrique deixou o país para não ser preso. Viveu parte da efervescência e dos perigos dos anos 60 dando aulas no Chile e na França.
A democracia levou Fernando Henrique duas vezes ao topo da carreira política. Foi como presidente da República, eleito pelo partido que ajudou a criar, o PSDB, que ele consolidou aquele que acredita ser seu maior legado ao país: a criação do Plano Real, que pôs fim a uma inflação que em 1994 tinha chegado a quase 5.000% ao ano.
“Por que é que deu certo? Porque não foi um plano pré-fabricado. Foi um plano que foi sendo fabricado com informação contínua para o povo”, conta.
Hoje, com as restrições impostas pela pandemia, Fernando Henrique Cardoso usa as redes sociais para estar mais perto das pessoas, principalmente dos jovens brasileiros.
“Ter contato com gente mais jovem é muito importante. Você não ficar só entre velhos. Eu sei que eu sou velho. Não precisa me dizer que eu sei. Tem que ter um pouco de futuro. Uma pessoa que tem energia, é meu jeitão. Sempre foi assim”, diz o ex-presidente.
Ele se exercita duas vezes por semana, tem a companhia da mulher, Patrícia, e não só dela. Não fuma, cultiva as relações, é um leitor voraz. Fernando Henrique Cardoso mistura na vida aqueles ingredientes para os que querem chegar longe.
“Nós podemos pensar no amanhã. Isso já é uma bênção fantástica. Nossa capacidade de imaginar que amanhã pode ser melhor do que hoje. É o que eu acho”, afirma.
Conforme a pandemia foi avançando, o tempo em que 100 mil mortes eram alcançadas diminuiu por conta do aumento exponencial no contágio da população
Por Felipe Freitas
500 mil mortes. O número que o Brasil alcançou por conta da pandemia de Covid-19 parece já não causar tanto impacto quanto antes. Afinal, não faz muito tempo que o país lamentava as 400 mil mortes e, pouco tempo antes, 300 mil.
O tempo entre um marco e outro da doença parece estar cada vez menor. Para o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, o número de mortes sempre alto está diretamente relacionado aos intervalos tão curtos entre as 100 mil mortes.
“À medida que a pandemia avançava, você ia acumulando os mesmos 100 mil casos em intervalos menores (...) nós estamos com registros de casos ainda superiores ao da primeira onda, então os números estão muito altos e, provavelmente, vamos acumular mais 100 mil se não baixarmos essa curva”, avalia Kfouri.
“O que nós temos que fazer nós já sabemos: vacinar o mais rápido possível um número maior de pessoas, com coberturas vacinais adequadas com as duas doses. E para aqueles que ainda não se vacinaram, o distanciamento, o uso de máscaras (...) isso tem sido a vacina para boa parte da população brasileira”, acrescenta.
Linha do tempo
A primeira morte por Covid-19 no Brasil, segundo levantamento da universidade americana Johns Hopkins, foi registrada no dia 25 de fevereiro de 2020. 143 dias depois, o país já registraria a marca das primeiras 100 mil mortes, no dia 8 de agosto.
O primeiro 100 mil: Cem mil vítimas da Covid-19: um milhão de brasileiros enfrentam o luto
O ano de 2021 mal tinha começado e a notícia foi divulgada: Brasil chega a 200 mil mortes por Covid-19. Os números foram alcançados no dia 7 de janeiro de 2021, ou seja, cerca de 5 meses após os 100 mil.
Após a marca de 200 mil, o país começou a experienciar um tempo menor para atingir 100 mil mortes. Foi assim que, no dia 24 de março de 2021, o Brasil chegou ao número de 300 mil mortes. Ou seja, menos de 3 meses depois (76 dias), o país pulou de 200 para 300.
E a situação ficou ainda mais rápida, quando no dia 29 de abril, pouco mais de um mês depois (36 dias), as 400 mil mortes chegaram.
Por fim, o Brasil bateu a marca de 500 mil com a última atualização. Apenas 51 dias separaram o número de 400 de 500. A diminuição do tempo entre um marco e outro se deu, principalmente, pelo aumento na média diária de óbitos.
Doença avança nos estado e a quantidade de infecções diárias também preocupa: aproxima-se de 100 mil
Por Renato Souza
Dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) apontam que o Brasil registrou 2.495 mortes por covid-19 e 98.832 casos nesta sexta-feira (18/6). Os dados apontam a severidade com que a doença atinge todos os estados do país. O número elevado de contaminados tem potencial para pressionar ainda mais o sistema de saúde dos estados e levar hospitais ao colapso.
Ao todo, desde o começo da pandemia, o país tem acumuladas 498.499 mortes, aproximando-se da marca de meio milhão de vidas perdidas pela doença. Especialistas defendem que uma terceira onda já está em andamento, pois existe tendência de alta em diversas regiões, que, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, deve ser agravada com a chegada do inverno.
Neste fim de semana, de acordo com a regularidade dos dados das últimas semanas, o país deve se tornar a segunda nação a chegar a 500 mil mortes pela doença, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que concentra 600 mil óbitos. No entanto, no país da América do Norte, a vacinação está acelerada, e já chega a 50% da população com as duas doses aplicadas.
No Brasil, a vacinação segue lenta, com a imunização de apenas 10% da população de 211 milhões de pessoas. O Ministério da Saúde prevê que até o fim do ano toda a população adulta esteja protegida contra o vírus. O governo norte-americano alerta para o surgimento de novas variantes, que pode ser imunes as vacinas.
Presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo, Susana do Val, destaca que mudanças previstos no Congresso podem abrir caminho para interferência política na corporação
Por Pedro Ícaro *
A CPI da Covid-19 está movimentando o Congresso Nacional, porém outro assunto que está repercutindo no Parlamento é a reforma administrativa - principalmente no que se refere às forças de segurança. Nesta sexta-feira (18/06) a presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo, Susana do Val, explicou, em entrevista ao Correio, como a PF está avaliando a discussão da reforma e o como ela afeta a corporação.
“Estão criando dois regimes, um teria um cargo típico de estado e outro não. O primeiro teria um pouco mais de garantias para trabalhar, mas não se sabe ainda quais cargos vão estar dentro desse conceito e quais não estarão. Há outras questões que podem atrapalhar o serviço público, como a previsão de fazer uma contribuição extraordinária, porque até então não se sabe quanto vai ser, caso seja um valor alto, pode tornar a carreira menos atrativa”, explicou.
Em meio a uma situação orçamentária restrita, Susana do Val explica que se há restrições em grandes dimensões o serviço não tem como continuar trabalhando. Ela afirma que a reforma tem esse como principal objetivo, a redução orçamentária. Além disso, aponta que a reforma faz com que haja intervenção política para dentro da instituição, pois permite ter indicações de chefia fora dos quadros técnicos.
“Temos contato com o Ministério da Justiça, porém temos o Ministério da Economia que atua fortemente na parte central da reforma, que é o corte de gastos do Estado. Acreditamos que as autoridades estão tentando mostrar que esse corte excessivo pode ser um ‘tiro no pé’, já que conhecem bem o serviço da Polícia Federal, então estamos confiando que estão tentando demonstrar para o Ministério da Economia, para os parlamentares, a situação específica do nosso trabalho”, disse.
O sindicato da Policia Federal de São Paulo teve Susana Val como primeira mulher presidente da associação. Ela assumiu o cargo em fevereiro de 2020 para um mandato de três anos e conta que ficou surpresa com a decisão.
“Sendo mulher em um universo onde apenas 8% são mulheres policiais federais em São Paulo, me surpreendi porque a eleição não foi fácil e é uma responsabilidade muito grande. Representamos não somente as mulheres, mas todos os policiais federais de São Paulo e fiquei muito feliz com a eleição de saber que existe uma aceitação de ter uma mulher a frente”, falou.
* Estagiário sob supervisão de Renato Souza
Suspeitos praticaram crimes envolvendo a negociação de óleos combustíveis e derivados entre a estatal e trading companies estrangeiras
Por Mirelle Pinheiro
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (18/6), a Operação Sem Limites VI para aprofundar as investigações sobre práticas criminosas cometidas na antiga diretoria de abastecimento da Petrobras, especificamente na Gerência Executiva de Marketing e Comercialização.
Cerca de 12 policiais federais cumprem, no Rio de Janeiro (RJ), um total de três mandados de busca e apreensão expedidos pela 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba (PR). Além disso, foram expedidas ordens para bloqueio de valores até o limite dos prejuízos identificados até o momento.
As apurações foram iniciadas após a deflagração da Operação Sem Limites, que teve por objetivo o cumprimento de prisões e buscas e apreensões de integrantes de organização criminosa responsáveis pela prática de crimes envolvendo a negociação de óleos combustíveis e derivados entre a estatal e trading companies estrangeiras.
Desde então, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal aprofundaram as investigações dos esquemas criminosos, já tendo ocorrido o cumprimento de relevantes medidas cautelares para colheita de provas no âmbito de outras quatro operações.
As ordens judiciais cumpridas na nova fase, que integram o conjunto de investigações da Operação Sem Limites, buscam elucidar a prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa por novos suspeitos identificados.
Segundo diligências policiais e provas apresentadas por colaborador da Justiça, foi possível identificar a participação em fatos criminosos de um estrangeiro, representante de interesses de trading companie internacional junto à estatal brasileira, assim como de um nacional ligado a um ex-gerente da Petrobras responsável por receber recursos de corrupção no exterior, com uso de contas em nome de offshore, e sua posterior distribuição aos envolvidos no esquema criminoso.
O aprofundamento da investigação ainda permitiu identificar dois brasileiros envolvidos com outro ex-funcionário da área comercial da Petrobras com o qual obtinham informações privilegiadas sobre negociações da estatal e tratavam de operações comerciais em que poderiam obter vantagens indevidas.
A Polícia Federal informou que segue nas investigações para identificar e responsabilizar os suspeitos de atentarem contra a estatal que foi vítima de articulações criminosas.