Sabino e Fufuca são retaliados pelas legendas por se recusarem a entregar os cargos. Ambos reafirmam alinhamento com o Executivo
Com Correio Braziliense
O União Brasil e o PP partiram para as retaliações contra os ministros do Turismo, Celso Sabino, e do Esporte, André Fufuca, que resolveram permanecer no governo. Os dois partidos, que se uniram em uma federação, haviam dado ultimato para desembarque da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Filiado ao União Brasil, Sabino até entregou a carta de demissão, mas mudou de ideia após conversa com Lula e decidiu permanecer no governo. A Executiva Nacional do partido resolveu, então, abrir um processo disciplinar contra ele, com possibilidade de expulsão e intervenção no diretório estadual do Pará.
Sabino, porém, não recuou. Nesta quarta-feira, reafirmou que seguirá na Esplanada e fez uma série de elogios à gestão petista. "Pelo bem do turismo, mas, especialmente, pelo bem do povo do Pará, pela realização da COP30, vou permanecer no governo. Fico no ministério, fico ao lado do presidente Lula, também por entender, que é o melhor projeto para o Brasil", enfatizou.
O ministro argumentou que "o Brasil ostenta uma taxa de desemprego de 5,6%, segundo o IBGE, a menor taxa de desemprego da história". "Nunca tivemos tantos brasileiros trabalhando de carteira assinada. O combate à fome, que tirou o Brasil do Mapa da Fome; o combate à extrema pobreza, que hoje ostenta o menor índice de toda a história, de 3,5%. Acho que não resta dúvida à sociedade brasileira de que este é o melhor projeto", defendeu. "E um partido político precisa estar antenado com aquilo que o povo quer. Os projetos que vão trazer benefícios para a sociedade devem estar acima dos interesses de qualquer projeto eleitoral, de qualquer projeto pessoal ou de qualquer projeto partidário."
Já o PP anunciou o afastamento de Fufuca de todas as funções partidárias, incluindo a vice-presidência nacional e o comando do diretório do Maranhão, seu principal reduto político. Em nota, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que o partido "não integra o atual governo e não possui qualquer identificação ideológica ou programática com ele".
Segundo Nogueira, o afastamento foi uma resposta direta à decisão de Fufuca de ignorar a deliberação da Executiva Nacional e permanecer no ministério. O senador informou ainda que haverá intervenção no diretório estadual maranhense. "A Direção Nacional realizará, ainda, intervenção no diretório do Maranhão, retirando o ministro do comando da legenda no estado", disse.
Fufuca, por sua vez, reagiu publicamente à decisão por meio de nota, também reiterando seu alinhamento com o governo Lula. "Minha fidelidade é, primeiramente, ao povo que confiou o seu voto e me concedeu a honra do mandato", destacou. Segundo ele, sua atuação "está, inequivocamente, acima de quaisquer disputas partidárias internas" e seguirá voltada à "boa gestão e à governabilidade do país".
O ministro participou recentemente, ao lado de Lula, de um evento de entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, em Imperatriz (MA). No palanque, fez questão de reafirmar o apoio político ao petista.
"Eu falo em alto e bom som: eu estou com Lula. Eu estou com o Lula do Bolsa Família, do Vale Gás, do Pé de Meia, do Mais Médicos, do Prouni. É esse o Lula que estou ao lado dele", declarou, sob aplausos do público.
Ele também fez referência indireta à punição imposta pelo partido. "Pode ser que o meu corpo esteja amarrado, mas a minha alma, o meu coração e a minha força de vontade estarão livres para ajudar Luiz Inácio Lula da Silva a ser presidente do Brasil", afirmou.
Troca de farpas
A decisão de Sabino foi criticada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), autodeclarado pré-candidato à Presidência. “Como ele quer ficar no governo, num partido que faz oposição, e manter as regalias do partido? Ele não pode fazer do seu projeto pessoal algo acima das regras partidárias”, disparou Caiado. “A Executiva do partido já deliberou sobre o assunto. Não dá para ser soldado de Lula e do União Brasil”, acrescentou, ao chegar à sede nacional da legenda, em Brasília.
Caiado classificou a permanência de Sabino no Executivo como uma “imoralidade ímpar”. “Por isso que o partido vai tomar as decisões para que não haja esse mau exemplo, e que amanhã as pessoas achem que possam fazer do seu projeto pessoal um jogo acima daquilo que são as regras partidárias”, ressaltou.
Questionado sobre as declarações de Caiado, Sabino revidou: “Quando ele atingir 1,5% nas pesquisas, eu respondo ele”, disse, numa referência ao desempenho do governador nos levantamentos sobre intenção de voto para a Presidência da República.
O União Brasil anunciou recentemente a formação de uma federação com o Progressistas (PP). O acordo prevê a atuação conjunta das duas siglas por, no mínimo, quatro anos, com o objetivo de construir uma candidatura competitiva à Presidência em 2026. (Colaboraram Eduarda Esposito e Alícia Bernardes)