O PSDB, partido que governou o Brasil de 1995 a 2002 e polarizou a política nacional com o PT até a debacle da eleição de 2018, está em pé de guerra.
PPOR IGOR GIELOW
A disputa pela indicação de quem será o candidato a presidente pela sigla, a ser decidida em prévias no dia 21 de novembro, ganhou ares de guerra fratricida.
Neste domingo (17), os dois principais postulantes, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), voltaram a trocar farpas, agitando as hostes tucanas.
O gaúcho esteve em São Paulo para buscar apoios de correligionários supostamente fiéis a Doria. Aproveitou para estocar o paulista. "Negar participação no debate e lançar suspeitas à forma de votação é coisa do bolsonarismo. Espero que não volte o BolsoDoria", disse Leite.
Ele se referia a dois pontos. Um, a crítica feita por aliados do paulista ao aplicativo lançado pelo PSDB para as prévias, desenvolvido coincidentemente no Rio Grande do Sul.
Para auxiliares de Doria, o programa é vulnerável a fraudes por estar aberto na internet e por permitir cadastros sem muito controle.
O outro item abordado pelo gaúcho foi a recusa inicial de Doria de participar de um debate com Leite e o ex-prefeito manauara Arthur Virgílio, azarão das prévias, na terça (19) em evento dos jornais O Globo e Valor Econômico.
Mas mais importante, ele falou no voto de segundo turno de 2018 que vinculou o tucano à onda que elegeu Jair Bolsonaro presidente. De 2019 em diante, Doria afastou-se do titular do Planalto e virou seu maior adversário estadual no contexto da pandemia e da disputa sobre a campanha de vacinação, mas o epíteto sempre é lembrado por adversários.
Há, claro, alguma ironia na fala de Leite. Entre seus 25 titulares de secretarias no governo gaúcho, ao menos 5 são bolsonaristas explícitos ou ligados a apoiadores do presidente.
Assim como Doria, Leite também foi eleitor de Bolsonaro no segundo turno e depois se disse arrependido.
No sábado, Doria voltou atrás e aceitou participar do debate. Tucanos mais neutros na disputa entre os dois aplaudiram a decisão, embora ressaltem que tal evento pode apenas explicitar as divergências internas da sigla.
O governador paulista não respondeu à citação. Para tanto foi escalado o presidente do PSDB-SP, o secretário Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional).
No Twitter, ele disse: "Leite vem a SP e ataca Doria mais uma vez. Diálogo na teoria, agressão na prática. É momento de termos um candidato para unir o partido e o país, não para dividir".
O embate coroa uma nova fase na disputa interna tucana, que começou com um grande salto alto parte dos paulistas, mesmo tendo fracassado em estabelecer a regra de peso equânime para os votos de todos os filiados ao PSDB, o que favoreceria em tese Doria pela concentração de tucanos em São Paulo.
Foi adotado um esquema com pesos iguais para grupos de votantes (filiados, donos de mandato, cargos etc.). Com isso, a disputa ficou mais equilibrada. As equipes de Leite e de Doria trabalham com a ideia de um placar semelhante nos apoios, algo como uma divisão 60%/40%, naturalmente cada um puxando a sardinha para sua brasa.
O jogo está bastante aberto admitem estrategistas dos dois lados, mas a semana que passou foi a pior para Doria desde o início da disputa.
Além do episódio do debate, Leite colheu apoios entre potenciais aliados em 2022, como ACM Neto (presidente do DEM, partido que vai unir-se ao PSL e formar uma megasigla de direita) e Gilberto Kassab (o chefão do PSD).
Neste domingo, o tucano gaúcho também iria ser recebido por empresários paulistas que, se não representam o proverbial PIB, mostram um interesse na sua figura.
Para os aliados de Doria, esses trunfos evidenciam fraquezas da postulação de Leite. Na visão deles, que encontra eco entre dirigentes dos partidos que podem se tornar parceiros em 2022, uma vitória de Leite colocará o tucano na vaga de vice ideal.
Para políticos fora do tucanato, Leite agregaria vitalidade a qualquer chapa por ser novo (36 anos) e associado ao mesmo tempo a pautas progressistas em comportamento (é gay) e conservadoras na economia (promoveu reformas impopulares).
Mas tudo isso é usado também como argumento de que lhe falta quilometragem, e que seu apoio seria ideal como vice ou como parceiro num eventual governo que não fosse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Bolsonaro.
O governador em si rechaça essa essa hipótese e diz que está no jogo para ser cabeça de chapa, mas falta combinar com os aliados e com seus padrinhos no PSDB, o deputado Aécio Neves (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE).
Na visão do grupo aliado aos dois caciques, o mais importante para o partido é garantir robustez parlamentar para sobreviver, mesmo que isso signifique equivaler o PSDB a siglas do centrão no Congresso.
Como diz um dirigente ligado a Aécio, os menos de 5% auferidos por Geraldo Alckmin no pleito de 2018 já deveriam ter servido de alerta. Contra essa visão está o bom desempenho municipal do partido no ano passado, contudo.
Se a crítica dos aliados Doria acerca da diminuição de perfil do PSDB faz sentido, a outra feita à suposta pouca importância da movimentação de Leite é bastante discutível. É fato que isso não garante voto entre militantes tucanos, e o apoio de articuladores de prefeitos como Doria tem em São Paulo pode trazer mais endosso nas prévias.
Por outro lado, a cristalização de uma imagem de candidato para um político que era largamente desconhecido fora de seu estado até há pouco pode impressionar.
A próxima etapa será no debate da terça. A dúvida entre estrategistas dos dois lados é sobre a conveniência de subir o tom de uma briga que, em tese, deveria ser doméstica.
A lição histórica é óbvia: nas cinco eleições presidenciais que perdeu desde 2002, o PSDB só chegou perto da vitória na única vez que andou unido, em 2014 com Aécio.
Há munição de lado a lado, mas também a certeza de que Doria, por governar o estado mais importante do país, sofre um escrutínio diário bem mais incisivo do que Leite.
Ainda é incerto se o gaúcho apostará no confronto direto com o paulista. Já Doria, afeito a debates mais acalorados, pode ir nesse sentido, mas também aposta numa "agenda de estadista", como dizem seus aliados, ao visitar na semana que vem a Expo Dubai 2021, a primeira grande feira internacional do pós-pandemia.
Saiba qual é o tema em que o presidente ficou falando e nem seu eleitor acreditou
Por Matheus Leitão / VEJA
O Brasil chegou a 100 milhões de pessoas integralmente vacinadas, enquanto o grupo de pessoas que não querem se vacinar é muito pequeno, ínfimo. O dado é para ser comemorado porque tem diminuído o número de mortes pelo coronavírus no Brasil. Mas há também um fator político.
Os números mostram que o presidente Jair Bolsonaro não tem influência, ao menos neste quesito, nem sobre as pessoas que até hoje ainda dizem que votarão nele nas próximas eleições. O presidente tem uma aprovação em torno de 20% a 25%, mas não há no país o mesmo número da população que não quer se vacinar.
Apenas 9% dizem que não se imunizaram ou não pretendem se vacinar. Ou seja, cada vez que se forma uma fila, cada vez que tem essa busca pela vacina, cada vez que aumenta o número de vacinados – isso mostra que ele, o presidente, não consegue conquistar nem todos os bolsonaristas raiz, a sua base mais próxima de eleitores.
Ou seja, o dado da vacinação no Brasil é, sim, uma espécie de termômetro político.
Revela que o presidente não consegue cativar totalmente os corações dos que ainda são seus eleitores. Claramente um indicador de como ele não tem influência mais sobre nem no eleitorado que ainda diz que vai votar nele. É um fato que as pessoas estão indo se vacinar, mesmo com toda campanha dele diária contra a vacinação.
O presidente continua na campanha antivacina e voltou a falar que não vai ser vacinado, criando um indicador que não existe, falando que tem “anticorpos”.
Como se anticorpos não fossem como o que a ciência diz que são. Eles vêm e vão. Anticorpos não são a garantia para sempre de que você está protegido contra alguma coisa.
Bolsonaro fica nesta ficção e claramente quer, desde o primeiro momento da pandemia, usar todo tipo de argumento para desmoralizar a vacina, para descredenciar a vacina. E os brasileiros, majoritariamente, quase unanimemente, vão atrás do que? Da vacinação.
Nos Estados Unidos, em alguns estados, sobretudo aqueles mais trumpistas, houve sim uma resistência à vacinação. Mas o presidente brasileiro não conseguiu isso.
Todo presidente influencia, tem uma voz importante quando toma uma decisão. É por isso que os líderes se deixam se vacinar em público ou fazem coisas para demonstrar como deve ser feito, como deve se comportar.
Os líderes vão aos lugares das tragédias exatamente para demonstrar compaixão, porque este é o sentimento que devem ter os líderes. E o sentimento deve ser estimulado nas pessoas, pensar no próximo, no povo atingido por qualquer tragédia.
Esses gestos presidenciais , dos líderes, são para fazer isso: para estimular comportamentos. E ele faz todo tipo de gesto contra a vacina.
Contudo, o brasileiro quer ser vacinado, 100 milhões já foram integralmente vacinados, as filas sempre foram grandes, todo mundo sempre acompanhou os calendários. E quando ele falou contra a vacinação de adolescentes, os estados reagiram contra e as pessoas levaram os adolescentes para vacinar.
Tão preocupado na reeleição, Bolsonaro deveria estar atento. Isso é um sinal importante da falta de densidade até eleitoral dele. Se ele é um líder, e nem os que o seguem até hoje não acreditam no que ele diz, é o começo do fim…
Chama o abandono do líder pelo seu eleitor.
Presidente do Senado afirmou "não ser possível antever" a decisão da Casa sobre o projeto aprovado pela Câmara
Por Victor Fuzeira
O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, nesta quinta-feira (14/10), que a Casa não irá decidir sobre mudanças no ICMS sem ouvir governadores. Na noite de quarta-feira (13/10), a Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que muda a cobrança sobre combustíveis feita pelos estados. O texto ainda precisa ser aprovado pelos senadores antes de ir à sanção presidencial.
Pacheco afirma “não ser possível antever” qual será a decisão do Senado. “É muito importante ouvirmos governadores a respeito do projeto. A Câmara cumpriu uma etapa e, agora, cabe ao Senado fazer uma avaliação do projeto”, disse o senador.
O texto aprovado pelos deputados prevê a apuração do ICMS-substituição, relativo ao diesel, etanol hidratado e à gasolina a partir de valores fixos por unidade de medida, definidos em leis estaduais.
A ideia é que o imposto incida sobre o preço médio dos combustíveis nos últimos dois anos – e não dos últimos 15 dias, como é hoje. Além disso, a alíquota corresponderia ao aplicável em 31 de dezembro do exercício imediatamente anterior.
O formato do projeto aprovado pela Câmara irritou governadores. Na manhã desta quinta-feira (14), o chefe do Executivo do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), fez críticas à proposta.
“Não é um projeto de redução do ICMS. É um projeto de penalização dos estados. Nós aqui reduzimos o ICMS em um parcelamento em três anos. Fizemos a nossa parte. O Congresso está fazendo de forma inconstitucional, porque quem tem de fazer a redução do ICMS são os estados, e não a União”, alegou o emedebista.
Na quarta-feira, pedetista afirmou que o petista conspirou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT)
Por: Metro1
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta quinta-feira (14) declarações feitas pelo ex-governador Ciro Gomes (PDT), que o acusou de ter conspirado pelo impeachment da sucessora Dilma Rousseff.
Em entrevista à Rádio Grande FM, de Dourados, no Mato Grosso do Sul, Lula inicialmente disse que preferia não comentar as falas de Ciro Gomes. Para Lula, o pedetista agiu de forma "banal e grosseira", além de se questionar se o político cearense sofreu algum tipo de sequela no cérebro devido à infecção pelo coronavírus — em outubro do ano passado, Ciro anunciou que foi diagnosticado com a doença.
"Eu não vou falar do Ciro. O que ele fez ontem foi tão banal, foi tão grosseiro, que às vezes eu fico pensando, como Jesus Cristo na cruz dizia: 'Pai, perdoai os ignorantes, eles não sabem o que fazem', disse Lula.
"Eu às vezes fico pensando, não sei se o Ciro teve Covid ou não, mas me disseram que quem tem Covid tem problemas de sequelas, alguns têm problema no cérebro, de esquecimento, eu não sei. Mas não é possível que um homem que pleiteia a presidência da República possa falar as baixarias que ele falou ontem", continuou o petista, que disse lamentar "profundamente que seja assim". "Eu só não sei o que ele está querendo. Mas quem planta vento colhe tempestade", completou.
Na quarta (13), em entrevista ao podcast "Estadão Notícias", Ciro Gomes disse estar seguro de que Lula "conspirou" para o impeachment de Dilma Rousseff. A fala gerou atrito e a ex-presidente e o ex-governador chegaram a bater boca nas redes sociais.
Para ex-ministro, fala de ex-presidente ofende as vítimas da Covid
Ciro considerou a fala do ex-presidente uma ofensa à todas as famílias para que perderam algum entre durante a pandemia, e destacou que pode até ter tido sequelas, mas jamais de viés moral, como a de Lula. A distância entre ambos só aumenta.
Pedetista disse ao podcast 'Estadão Notícias' que sua relação com o lulopetismo está encerrada e apontou envolvimento de Lula com articuladores do impeachment de 2016
Com Estadão
Após afirmar, em entrevista ao Estadão Notícias, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria participado de uma conspiração pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, o presidenciável Ciro Gomes (PDT-CE) foi duramente criticado pela ex-presidente nas redes sociais. A petista disse que o político do Ceará "mente de maneira descarada" e insinuou que ele usa suas objeções ao Partido dos Trabalhadores como tática para ganhar popularidade.
"O problema, para ele, é que usa este método há muito tempo e continua há quase uma década com apenas 1 dígito nas pesquisas", escreveu Dilma. Em resposta, o pedetista chamou a ex-presidente de "incompetente, inapetente e presunçosa" e disse que errou ao ser contra seu impeachment.
Em entrevista ao podcast Estadão Notícias, Ciro lembrou que nomes com os quais Lula ensaia uma reaproximação política hoje, como os emedebistas Renan Calheiros e Eunício Oliveira, patrocinaram a deposição de Dilma, tratada pelo PT como golpe.
"Eu atuei contra o impeachment e quem fez o golpe foi o Senado Federal. Quem presidiu o Senado? Renan Calheiros. Quem liderou o MDB nessa investida? O Eunício Oliveira. Com quem o Lula está hoje?", contextualizou. "Hoje eu estou seguro que o Lula conspirou pelo impeachment da Dilma, estou seguro", declarou.
O ex-governador do Ceará disse ainda que chegou a escrever, a pedido de Dilma, um documento com cerca de 15 páginas, e o entregou a um "camarada" do petista, que, por sua vez, "jogou fora e não aplicou nada". Ciro salientou que não entendia as movimentações do partido durante as negociações para barrar o impeachment e lembrou que seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT-CE), chegou a questionar se de fato aqueles que se diziam aliados de Dilma queriam impedir sua deposição do cargo.
"O meu irmão, que também estava lutando (contra o impeachment), me chamou e falou assim: 'Será que esses caras querem impedir o impeachment?'. Agora estou seguro que eles estavam colaborando pelo impeachment da Dilma, porque nas eleições de 2018 o Lula estava com o Renan Calheiros e queria que eu me envolvesse nisso, eu que fui para as ruas, e era muito impopular defender a Dilma. Agora os amigos do peito são eles? Nunca mais", completou.
Em resposta, Dilma endureceu o tom contra o presidenciável no Twitter e disse que sua declaração seria parte de uma estratégia para driblar a sua falta de voto nas urnas. "Ciro Gomes está tentando de todas as formas reagir à sua baixa aprovação popular. Mais uma vez, mente de maneira descarada, mergulhando no fundo do poço", disse a ex-presidente.
Ciro respondeu no Twitter a publicação de Dilma e disse nunca ter mentido na vida. "Mas errei algumas vezes", completou. "Uma delas quando lutei contra o impeachment de uma das pessoas mais incompetentes, inapetentes e presunçosas que já passaram pela presidência. Claro que estou falando de você, Dilma."
"Para alívio de consciência, na época do impeachment eu não estava defendendo seu mandato em si mesmo, mas a integridade do cargo que você toscamente ocupava. Se hoje você prefere estar ao lado dos que a traíram, obrigado por me poupar da sua incômoda companhia", atacou o pedetista.
"No fundo, vocês dois se merecem. Mas o Brasil merece pessoas melhores que vocês. Guarde suas ofensas e diatribes para quem possa ter medo de você", arrematou Ciro.
Em seguida, Dilma retornou ao Twitter para rebater novamente o pedetista, classificando suas críticas como "profundamente misóginas". A ex-presidente disse que Ciro usa os mesmos argumentos dos "golpistas", distorce os fatos e se assemelha a Bolsonaro. "Ambos adoram quando os alvos de suas agressões reagem. Precisam disso para obter likes e espaço na mídia", escreveu.
O pedetista tem adotado uma posição crítica à candidatura de Lula para as eleições presidenciais de 2022. Na última manifestação contrária ao governo Bolsonaro, realizada em 2 de outubro, Ciro Gomes foi xingado e vaiado por grupos associados ao PT.
No dia seguinte, Ciro chegou a propor uma "amplíssima trégua de Natal" com os petistas, mas, depois de uma semana, voltou a criticar o ex-presidente Lula em publicação no Twitter.
Ao Estadão Notícias, Ciro voltou a falar da trégua e afirmou que ela se refere apenas a temas relacionados ao impeachment de Bolsonaro. "Se a gente não fizer o Bolsonaro ficar na defensiva e ser punido pelos crimes trágicos que tem cometido contra a população brasileira, o Bolsonaro vai tentar de novo e, desta vez, pode ser a última e desesperada tentativa, que pode produzir o que ele imaginou que poderia ter produzido no 7 de setembro."
Por BRUNO LUIZ, VINICIUS ALVES E DAVI MEDEIROS