A montanha pariu um rato

Posted On Quinta, 31 Julho 2025 04:47
Avalie este item
(0 votos)

Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

No xadrez da política, movimentos calculados para dar xeque-mate podem, por vezes, abrir o tabuleiro para o adversário. A oficialização do "tarifaço" de Donald Trump sobre produtos brasileiros nesta quarta-feira (30), uma medida abertamente estimulada por alas da oposição, materializa com perfeição o ditado de que a montanha pariu um rato.

 

A ameaça, que por semanas pairou sobre o Planalto como uma tempestade econômica, chegou com um impacto danoso, porém mais limitado do que o alardeado, e com um irônico efeito colateral que pode se converter em um trunfo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

 

O decreto de Trump, que eleva as taxas de importação em até 50%, poupou setores de peso como suco de laranja, celulose, petróleo e aeronaves. Essa lista de exceções, estrategicamente pensada para não inflacionar o custo de vida do consumidor americano, alivia o impacto sobre empregos e grandes empresas no Brasil. Contudo, o golpe será sentido com força nos setores de café e carne, que agora enfrentarão barreiras no mercado norte-americano.

 

Aqui reside o paradoxo econômico que o governo, agora, tentará explorar. Com o acesso aos EUA dificultado, parte da produção de carne e café que não encontrar outros mercados compradores terá que ser absorvida internamente. Para o consumidor brasileiro, isso pode significar uma queda nos preços justamente dos itens que se tornaram os vilões recentes da inflação. Essa potencial deflação nos alimentos, mesmo que temporária, oferece a Lula tempo, algo que o dinheiro não compra.

 

Nos últimos meses, o governo vinha perdendo uma batalha para a alta do custo da comida, fator que corroía diretamente a popularidade do presidente. A promessa eleitoral da picanha e cerveja depende, antes de tudo, do poder de compra no supermercado. Ao entregar, ainda que por uma carambola geopolítica, uma baixa no preço de itens essenciais, Lula ganha fôlego político e material para reconstruir sua imagem junto à população.

 

 

Enquanto a ala econômica do governo celebra discretamente essa limonada feita do limão, o saldo político da crise é ainda mais evidente. O presidente Lula, em nenhum momento, se curvou às ameaças de Trump, assumindo a narrativa de defensor da soberania nacional. Do outro lado, o deputado Eduardo Bolsonaro, que segue nos Estados Unidos articulando contra o Brasil, se consolida como o grande derrotado. Ao agir como inimigo dos brasileiros, pedindo sanções que poderiam gerar desemprego e miséria, sua situação política tornou-se insustentável, com analistas afirmando que ele corre sério risco de ser preso e condenado caso retorne ao país.

 

A atitude do deputado foi o estopim para um desastre político que, ironicamente, ressuscitou a popularidade de Lula e o transformou no mais eficaz "cabo eleitoral" do governo. A tentativa bolsonarista de responsabilizar o presidente pelo tarifaço não encontrou eco fora de sua bolha. Pelo contrário, a população não polarizada compreendeu a dinâmica da crise. O clã Bolsonaro não só vestiu a carapuça de "inimigo do Brasil", como arrisca entregar a Lula, de bandeja, a bandeira de uma inflação mais baixa.

 

 

O episódio deixa uma lição clara para a direita de que qualquer político que queira ser um candidato competitivo à Presidência nas próximas eleições terá que manter distância segura do clã Bolsonaro. Com a direita dividida e manchada por este ato, o caminho para uma candidatura forte em 2026 ficou muito mais difícil. A única janela de oportunidade para a oposição seria se o governo Lula cometesse um desastre completo na economia, pois, do contrário, dificilmente conseguirão força para provocar um segundo turno.

 

É inegável que o tarifaço trará dor de cabeça e perdas. Medidas compensatórias, financiadas pelo contribuinte, serão necessárias. Mas, ao final, o movimento que visava encurralar o governo brasileiro revelou-se um fiasco para seus idealizadores. Jair Bolsonaro, mais uma vez, provou ser um cabo eleitoral de imensa importância. A dúvida que fica no ar é para qual lado ele realmente trabalha. Por enquanto, tudo indica que é para seu maior adversário.

 

Alexandre de Moraes

 

 

Com relação a sanção imposta ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, agora sujeito a Lei Magnitsky, aplicada também a terrorista e traficantes, de certa forma é norma nula para o magistrado. Ele já havia oficializado que não possuía visto americano e não têm bens, nem aplicações em instituições dos Estados Unidos. Além do que, as proibições de uso de cartões de crédito com bandeiras daquele país, também não tertão efeitos práticos, já que ele é seus familiares já se organizarram e agora movimentam capitais com bancos ligados ao sistema de pagamento chinês, em franca atuação na Europa e na Ásia.

 

Só então restou aos desavisados a união intransigente dos integrantes do STF em torno de Alexandre de Moraes e as mãos pesadas, deles todos, nas condenações que serão impostas os envolvidos nessa lambança nacional.

 

 

Quem viver, verá!

 

 

{loadposition compartilhar} {loadmoduleid 252}