POR INGRID SOARES, RENATO SOUZA E VICENTE NUNES
Sem alarde, mas com muito empenho, uma parte da ala militar que continua no governo já trabalha pela candidatura do ministro da Justiça, Sergio Moro, à Presidência da República em 2022. Esses militares têm certeza de que Moro vai entrar na disputa pelo Planalto, mesmo que o presidente Jair Bolsonaro concorra à reeleição.
Nada, porém, relacionado a Moro será definido de forma precipitada. O ministro sabe de seu potencial nas urnas, já conversou sobre isso com alguns amigos muito próximos, mas se convenceu de que ainda é muito cedo para falar do assunto. Mais: não quer ser visto como traidor. O tempo, acredita ele, será seu aliado.
Entre os militares que veem Moro como opção para a Presidência da República acreditam que Bolsonaro vai se desgastar muito até o início da campanha, porque não consegue domar sua tendência a gerar polêmicas. Num país com tantos problemas, o ocupante do Planalto deve optar pela sensatez. Moro está mais adequado a esse perfil, acreditam.
Paulo Guedes
Outro ponto importante, segundo os militares: Moro, se candidato e eleito, tenderá a manter Paulo Guedes no comando do Ministério da Economia. Os dois são muito próximos, jantam frequentemente em Brasília. Foi Guedes quem intermediou a aproximação entre Moro e Bolsonaro.
Com a promessa de Guedes no comando da Economia, ressaltam os militares que defendem Moro na Presidência, o ex-juiz terá todo o apoio do mercado financeiro. Há, inclusive, banqueiros trabalhando na mesma direção desses militares para que o ministro da Justiça se jogue de vez na política.
Todas as pesquisas de popularidade apontam Moro como o líder mais confiável do país na atualidade. O único a ter índices mais próximos aos dele é o ex-presidente Lula, que os militares querem ver pelas costas. Moro sabe que, com esses indicadores, sai na dianteira de qualquer disputa para o cargo mais importante do país.
Estocadas
Quem transita pelo Palácio do Planalto admite que Bolsonaro está consciente da possibilidade de Moro sair candidato à Presidência da República. Não por acaso, sempre que possível, o presidente faz questão de dar umas estocadas no subordinado. A mais recente, e mais pesada, foi a manutenção dos juízes das garantias no pacote anticrime aprovado pelo Congresso.
Ali, Moro sentiu o baque, tanto que explicitou publicamente seu descontentamento. O ministro da Justiça também se conscientizou de que seu sonho de ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) está cada vez mais longe de ser realizado. Bolsonaro resiste em indicá-lo. A próxima vaga será aberta em novembro, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello.
Bolsonaro acredita, porém, que pode dobrar Moro, ao tentar convencê-lo a ser vice em sua chapa à reeleição. O presidente já disse, diversas vezes, que ele e Moro numa chapa única são imbatíveis. Essa tentativa de tirar proveito da popularidade do ministro, que é maior do que a do presidente, não sai da cabeça dos aliados de Bolsonaro que estão se regozijando no poder.
O presidente conta ainda com a popularidade do ministro para tirar do papel seu novo partido, a Aliança pelo Brasil, que corre o risco de ficar de fora das eleições municipais deste ano. Sem candidatos eleitos neste pleito, a sigla perde força para emplacar nomes fortes nas disputas majoritárias em 2022.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirma que o governo não difere entre civis e militares entre seus integrantes. Sobre o fato de uma ala da caserna apoiar uma eventual candidatura de Moro ao Planalto, Barros diz que o pleito de 2002 não é assunto de maior importância no momento.
“O presidente Bolsonaro vem acompanhando essas questões da montagem de equipe, e é com confiança que ele administra junto a seus ministros. Quanto a ilações de que militares poderiam participar, em suporte a qualquer outra autoridade em um eventual pleito eleitoral, não tem a menor consideração factual no momento que nós vivemos”, garante.
O G1 analisou o cumprimento das promessas dos governadores brasileiros
Com G1
Segundo levantamento do G1, após 01 ano de mandato os governadores brasileiros cumpriram, em média, 18% de suas promessas de campanha.
São consideradas promessas de campanha o plano de governo registrado no TSE e compromissos feitos em debates e entrevistas no período eleitoral.
Os governadores que mais cumpriram suas promessas foram Renato Casagrande, do Espírito Santo, e Wilson Lima, do Amazonas.
Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, figura entre os governadores que ficaram abaixo da média.
Os dois governadores com pior desempenho são Romeu Zema, de Minas Gerais, e Gladson Cameli, do Acre. Veja o ranking completo:
MELHORES GOVERNADORES DO BRASIL
1. Casagrande – Espírito Santo – 44,11%
2. Wilson Lima – Amazonas – 43,90%
3. Camilo – Ceará - 31,57%
4. Moisés – Santa Catarina – 30,76%
5. Azambuja – Mato Grosso do Sul – 29,16%
6. Belivaldo – Sergipe - 25,92%
7. Caiado – Goiás - 23,80%
8. Eduardo Leite – Rio Grande do Sul - 23,52%
9. João Doria – São Paulo – 22,97%
10. Flávio Dino – Maranhão – 22,41%
11. Ibaneis – Distrito Federal – 21,42%
12. Wellington – Piauí - 20,75%
13. Câmara – Pernambuco - 20,00%
14. Barbalho – Pará – 18,00%
GOVERNADORES COM DESEMPENHO ABAIXO DA MÉDIA
15. Ratinho – Paraná – 17,42%
16. Carlesse – Tocantins – 17,24%
17. Marcos Rocha – Rondônia – 15,38%
18. Rui Costa – Bahia – 13,19%
19. Fátima – Rio Grande do Norte – 13,20%
20. Renan Filho – Alagoas – 12,82%
21. Witzel – Rio de Janeiro – 12,06%
22. João Azevedo – Paraíba – 12,04%
23. Mauro Mendes – Mato Grosso – 11,11%
24. Denarium – Roraima – 9,75%
25. Waldez –Amapá - 8,33%
26. Zema – Minas Gerais - 7,14%
27. Gladson – Acre – 5,88%
Em mais um ataque à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (6) que os jornalistas brasileiros são uma "raça em extinção" e acusou o jornal Folha de S.Paulo de escrever mentira.
Com Jornal do Brasil
Na entrada do Palácio do Alvorada, onde cumprimentou um grupo de eleitores, ele disse que cada vez menos pessoas confiam na imprensa e que a leitura diária de jornais envenena e desinforma.
"Quem não lê jornal não está informado. E quem lê está desinformado. Tem de mudar isso. Vocês são uma espécie em extinção. Eu acho que vou botar os jornalistas do Brasil vinculados ao Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente]. Vocês são uma raça em extinção", afirmou.
O ataque do presidente foi feito ao criticar uma reportagem do UOL, que tem participação acionária minoritária e indireta da Folha de S.Paulo.
A reportagem lembra que, apesar de estimular os eleitores a não votarem em candidatos que utilizarem o fundo eleitoral, Bolsonaro usou recursos públicos em sua campanha a deputado federal em 2014.
O presidente disse que o texto o acusa de ter utilizado o fundo eleitoral. A reportagem refere-se ao repasse de verba pública ao PP, partido ao qual ele era filiado.
"O UOL falou: Bolsonaro falou para não votar em candidatos que usem o fundão, mas ele usou em 2014. O fundão é de 2017. É de uma imbecilidade. Não vou dizer todo mundo aqui, para não ser processado pela ANJ [Associação Nacional de Jornais] e não sei o quê, mas é de uma imbecilidade. Não sabe nem mentir mais", disse.
Na sequência, o presidente criticou campanha publicitária da Folha de S.Paulo em defesa da imprensa. Segundo ele, apesar de o jornal saber a diferença entre a verdade e a mentira, ele desinforma. Bolsonaro, no entanto, não apresentou nenhum exemplo ou prova de sua acusação.
"Porque envenena a gente ler jornal. Chega envenenado. Hoje, a Folha fez um comunicado, apelando ali para assinar, que a Folha sabe exatamente do corte entre a mentira e a verdade. Verdade, sabe exatamente o corte, só que usa a mentira. Essa é a imprensa brasileira, que eu não quero isso para a imprensa", disse.
O presidente ressaltou que, para este ano, cancelou as assinaturas impressas de jornais e revistas no Palácio do Planalto. Ele, no entanto, manteve as digitais e, após ser criticado, recuou da exclusão da Folha de S.Paulo de concorrência pública.
"É importante a informação, não a desinformação ou o fake news. Por exemplo, eu cancelei todos os jornais do Palácio do Planalto. Todos, todos, não recebo mais papel de jornal ou revista. Quem quiser que vai comprar", disse.
Ao todo, eram assinados em formato impresso sete jornais e oito revistas. Por dia, eram entregues, em média, 25 exemplares. O custo anual das assinaturas impressas era de cerca de R$ 580 mil. Com a Folha de S.Paulo, entre janeiro e outubro, o Palácio do Planalto desembolsou R$ 27.659.´(Gustavo Uribe/FolhaPress)
Leia a íntegra da nota da Associação Brasileira de Imprensa:
ABI rechaça declarações do presidente da República
O país e o mundo têm sido surpreendidos, a cada momento, por declarações estapafúrdias do presidente da República e de seus auxiliares mais próximos. Até a manhã desta segunda-feira, a mais recente dessas declarações tinha sido a de que os jornalistas são "uma espécie em extinção", que, como tal, deveriam ficar sob os cuidados do Ibama.
O presidente não deve confundir o que talvez seja um desejo oculto seu com a realidade.
Enquanto a informação for uma necessidade vital nas sociedades modernas, e ela será sempre, o jornalismo vai continuar a existir.
E, com certeza, sobreviverá por mais tempo do que políticos inimigos da democracia, que, estes sim, tendem a ser engolidos pela história.
Paulo Jerônimo de Sousa
Presidente da ABI
Eles acreditam que há espaço para mostrar aos evangélicos que há “valores em comum” com a sigla.
Com Agências
A pedido do ex-presidente Lula, o PT está criando núcleos evangélicos nos estados para tentar acessar essa fatia do eleitorado fiel a Jair Bolsonaro. Assim que deixou a prisão em Curitiba, o petista disse a aliados que o partido precisava “aprender com os pastores”. Segundo relatos, Lula disse que “eles falam bem e o que as pessoas querem ouvir”.
O pastor Daniel Elias, da Assembleia de Deus no Rio e que participa do movimento do PT, admite que a articulação enfrenta dificuldades. “O grupo ligado à direita chegou primeiro e fidelizou, usando a linguagem do crente, citando a Bíblia. Embora haja evangélicos que não gostem de Bolsonaro, eles estão calados.”
A avaliação de petistas é que conversas com as cúpulas das igrejas estão fadadas ao fracasso —a maioria se alinhou a Bolsonaro. Mas é possível abrir diálogo com as bases. Eles creem que há espaço para mostrar aos evangélicos, principalmente aos que vivem nas periferias, que há valores em comum com a sigla.
Sem ser objetivo, presidente não afirmou que vetará ou sancionará, mas disse que respeitará a Constituição, que estabelece os crimes de responsabilidade do presidente da República
POr Rodolfo Costa
O presidente Jair Bolsonaro sinalizou que vai sancionar o Orçamento de 2020 sem vetos ao fundo eleitoral aprovado pelo Congresso, de R$ 2 bilhões. Sem ser objetivo, não afirmou que vetará ou sancionará, mas disse que respeitará o artigo 85 da Constituição, que estabelece os crimes de responsabilidade do presidente da República. Assim, sugeriu que não criará óbices ao fundão, mas deixou claro que vai “preparar a opinião pública” para quando a decisão estiver tomada.
Em 2019, Bolsonaro sancionou o Orçamento do ano em 16 de janeiro. O de 2020, contudo, não há data prevista. “Ainda não chegou na minha mesa”, avisou, nesta quinta-feira (2/1), na saída do Palácio da Alvorada. É na Lei Orçamentária Anual (LOA) que está disposto o valor a ser destinado ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), mais conhecido como o fundo eleitoral, ou fundão.
O Congresso aprovou a LOA com um montante previsto de R$ 2 bilhões para o FEFC, previsto na Lei nº 13.487/2017. Bolsonaro disse, hoje, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oficiou a Receita Federal o valor a ser repassado aos partidos neste para o financiamento de campanhas nas eleições municipais. “A sanção é uma obediência à lei”, ponderou.
Sem responder com as próprias palavras o que vai fazer, Bolsonaro avisou que respeitará o artigo 85 da Constituição. “Se eu não respeitar a lei, eu sou incurso em crime de responsabilidade, só isso que posso dizer. Agora, a conclusão é de vocês”, destacou. Caso vete os recursos destinados ao fundão, Bolsonaro poderia ser enquadrado pelo inciso VII da Constituição, que versa sobre o cumprimento das leis e das decisões judiciais, como a 13.487/2017 e o VI, que dispõe sobre a lei orçamentária.
Preparo
O presidente sugeriu que a resposta à imprensa é uma forma de comunicar a população sobre a decisão, que, para seus eleitores, é controversa. “Tenho que preparar a opinião pública, caso contrário, vocês me massacram, arrebentam comigo. Igual o salário mínimo. Queriam que eu botasse R$ 10 mil de salário mínimo, mas não é com meu dinheiro, só isso”, avisou.
Em 18 de dezembro, Bolsonaro chegou a sinalizar que poderia vetar o fundão. Ele associou o desconforto com o fundo eleitoral a destinação de R$ 202,2 milhões ao PT e PSL. “Vamos supor que seja aprovado, tá, supondo. O PT vai ganhar R$ 200 milhões para fazer campanha contra a gente”, comentou. Em seguida, citou o PSL. “Pessoal daquele PSL lá, que mudou de lado, também vai pegar R$ 200 milhões. R$ 200 milhões para o PT e o PSL fazer campanha”, acrescentou.