Ciro diz que Lula é 'negacionista de política e da democracia'

 

Por Sofia Aguiar

 

Na esteira de manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, convocou a população para marcar presença nos atos marcados para sábado (2). Em vídeo, Lupi diz que ele e o pré-candidato às eleições presidenciais de 2022 pelo partido, Ciro Gomes (CE), participarão dos protestos.

 

"O PDT precisa mostrar sua cara, suas bandeiras, prestigiar o Ciro e todos os Estados da federação", afirmou o presidente nacional da sigla. "Dia 2 é o dia do nosso grito, forte e alto, para todo o Brasil ouvir: Fora".

 

Segundo Lupi, Ciro deve marcar presença nos atos no Rio de Janeiro, por volta das 11h e, logo depois, ele e o presidenciável viajam para São Paulo para participar dos atos na Avenida Paulista, a partir das 15h. "Estamos pedindo a todos os movimentos que organizam o PDT para estar na rua, com a bandeira do nosso partido, para pedir o impeachment desse profeta da ignorância. Chega de Bolsonaro", clamou Lupi.

 

Ciro diz que Lula é 'negacionista de política e da democracia'

O pré-candidato à Presidência em 2022 Ciro Gomes (PDT-CE) rebateu críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a construção da terceira via para o pleito do ano que vem. "A prova cabal de que temos um novo tipo de negacionismo. Como bom negacionista, este aqui (Lula) nega a política e a democracia subvertendo suas raízes: o debate e a disputa de ideias. O autoritarismo e a subversão dos significados são mesmo o último refúgio dos… (completem vocês…)", escreveu Ciro. Na manhã desta quarta-feira, 29, em entrevista concedida à Rádio Capital de Cuiabá, Lula afirmou que a terceira via reflete a "fragilidade" e o "empobrecimento" da política do Brasil. "Tem 32 partidos, todo mundo pode ter candidato", afirmou o ex-presidente.

 

Posted On Quarta, 29 Setembro 2021 15:03 Escrito por

Governo deixa vencer testes de covid, remédios e vacinas; estoque de R$ 80 milhões será inutilizado

 

Por Eduardo Rodrigues e Julia Affonso

 

A Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), ligada ao Ministério da Saúde, deixou vencer milhares de kits para diagnóstico da covid-19 e dezenas de medicamentos e vacinas para outras doenças. O órgão foi notificado sobre a proximidade da data de validade de 32 tipos de insumos. Mesmo assim, não agiu a tempo de distribuí-los. O resultado é que, agora, milhares de imunizantes, soros, diluentes e testes que custaram R$ 80,4 milhões não foram aproveitados a tempo e terão de ser inutilizados.

 

O desperdício inclui, por exemplo, mais de 18 mil kits de testes de covid, considerados fundamentais pelos especialistas para monitorar e controlar a transmissão do vírus. Também estão na lista 44 mil vacinas meningocócicas (contra meningite) e 16 mil vacinas contra a gripe.

 

As informações constam de documentos internos da pasta obtidos pelo Estadão. O material estava armazenado no Centro de Distribuição que o Ministério possui em Guarulhos (SP). Planilha do Ministério da Saúde aponta que, para sete desses insumos, houve mais de uma notificação sobre o vencimento do prazo. A SVS foi alertada, em abril e em junho deste ano, sobre produtos que venceriam entre 8 de julho e 31 de agosto. Eles custaram R$ 2,6 milhões aos cofres públicos.

 

Todos esses insumos fazem parte de uma lista de 271 itens que perderam a validade entre 2017 e 2021. Os insumos da planilha somam 1,8 milhão de unidades e custaram R$ 190,8 milhões aos cofres públicos. Quase a totalidade deles, ou 96%, foram perdidos a partir de 2019, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro. O prejuízo foi de cerca de R$ 190,1 milhões a partir de 2019, ante o prejuízo de R$ 680 mil ocorrido entre 2017 e 2018.

 

Um ofício da coordenadora-geral substituta de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde, Katiane Rodrigues Torres, de 22 de setembro, registrou que houve "comunicação prévia, da proximidade de vencimento desses medicamentos". Ela apontou, no entanto, a "ausência de resposta das áreas responsáveis, em tempo hábil, para a distribuição destes Insumos Estratégicos para Saúde - IES".

 

A coordenadora pediu que fosse apresentada justificativa sobre os vencimentos e citou ainda os custos de armazenagem, que aumentaram "consideravelmente" a execução do contrato. O requerimento foi encaminhado por ela ao diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Lúcio Fernandes. Ele, por sua vez, enviou a documentação à SVS com pedido para que cada item da planilha tivesse “uma justificativa própria, não podendo a manifestação ser feita de forma genérica".

 

Fernandes citou, no documento, uma reunião da pasta com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, secretários e a consultoria jurídica da Saúde, em 13 de setembro, na qual "foi exposta a situação dos medicamentos que encontram-se armazenados em Guarulhos e que estão com o prazo de validade vencido".

 

Na lista de itens que se perderam, estão kits para diagnóstico de covid, dengue, zika e chikungunya, vacinas contra gripe, pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo b), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) e BCG, soros e diluentes.

 

'Longe de ser um episódio, reflete toda a conduta da política pública do governo federal há pelo menos 2 anos'

 

Carlos Lula, Presidente do Conass

 

Os testes para covid, dengue, zika e chikungunya são os itens mais caros perdidos pelo Ministério da Saúde. Por estes, a pasta pagou R$ 133 milhões. Deste total, R$ 77 milhões apenas pelos kits para detecção do novo coronavírus.

 

Na avaliação do presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, "perder doses de algo que é plenamente controlável" é consequência da "falta de planejamento do Ministério". "Longe de ser um episódio, reflete toda a conduta da política pública do governo federal há pelo menos 2 anos", disse ele, titular da pasta do Mranhão.

 

A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre os milhares de testes e medicamentos vencidos. A pasta, porém, não respondeu até as 10 horas desta terça-feira, 28.

 

Veja 15 insumos que perderam a validade em 2021:

 

Vacina Meningocócica com líquida seringa preenchida - 44.250

Vacina BCG Intradérmica 10 doses - 27.055

Kit Amplificação Sars-Cov2 - 100 reações - 18.257

Vacina contra a gripe 10 doses - 16.432

Imunoglobulina anti-tetânica 250UI/ML Sol INJ 1ML: 6.308

Vacina contra a Febre Amarela 10 doses: 6.272

Vacina dupla adulto (10 doses): 3.972

Vacina papiloma vírus humano (Tipo 6, 11, 16 E 18 Recombinante) - 1 dose: 2.401

Vacina meningocócica C Conjugada - Frasco: 2.178

Diluente para vacina Tríplice Viral (MMR) 1 DOSE: 2.055

Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) - 48 reações - Acessórios: 1.496

Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) - 48 reações - Amplificação: 1.496

Kit Molecular Zika Dengue Chikungunya (ZDC) - 48 reações - Controle: 1.496

Vacina contra Hepatite A (Rotina Pediátrica) 1 dose: 1.440

Imunoglobulina anti-varicela Zoster - 1 dose: 1.334

 

Posted On Quarta, 29 Setembro 2021 06:12 Escrito por

Por Rayssa Motta

 

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se há elementos para denunciar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) por suposta propina da Odebrecht, como apontaram delatores da Lava Jato.

 

Em despacho nesta segunda-feira, 27, o ministro chamou a atenção para a necessidade de respeitar a duração razoável do processo e disse que o impasse envolvendo o indiciamento do emedebista não impede o andamento do caso.

 

"Depreendo que as questões arguidas pela defesa, embora assaz relevantes, em nada prejudicam a manifestação conclusiva da Procuradoria-Geral da República sobre o acervo probatório reunido no curso desta investigação", escreveu Fachin.

 

Em julho, a Polícia Federal indiciou Renan Calheiros por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na construção de embarcações do estaleiro Rio Tietê. O senador foi acusado de receber R$ 1 milhão da empreiteira como 'contrapartida' pelo apoio político à aprovação de uma resolução do Senado Federal que restringiu incentivos fiscais a produtos importados, beneficiando a Braskem, braço petroquímico do Grupo Odebrecht.

 

Embora a PF tenha concluído a investigação, o caso está parado há cerca de um mês, desde que a PGR pediu ao Supremo que anule o indiciamento do senador. O argumento é o de que a competência para conduzir investigações que atingem autoridades com foro privilegiado, incluindo a promoção de seu indiciamento, é exclusiva da Procuradoria-Geral da República. O órgão também pediu uma apuração para verificar se o delegado Vinicius Venturini, responsável pelo inquérito, cometeu abuso de autoridade.

 

Renan Calheiros nega as acusações e atribui o indiciamento a um ato de 'perseguição política' por seu trabalho na relatoria da CPI.

 

Posted On Quarta, 29 Setembro 2021 06:04 Escrito por

Em busca de alcançar metas que agreguem conceito ao seu governo, Mauro Carlesse vem planejando, de forma concisa e sem alarde, o lançamento do maior programa de Ação Social que já se teve notícia no Tocantins

 

Por Edson Rodrigues

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 recebeu informações de suas fontes de que a população de baixa renda dos 139 municípios do Tocantins, principalmente aquelas incluídas na SETAS de extrema pobreza, estará sendo beneficiada de forma que sejam criadas condições para que deixem essa classificação e passem a poder planejar uma forma de crescimento e formação da própria renda.

 

Depois de cortar na própria carne para reenquadrar o Tocantins na Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo do Tocantins vê, agora, a chance de investimentos e, com os impactos da pandemia sobre a economia, elencou como prioridade o auxílio às famílias mais impactadas.

O secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social, José Messias Alves de Araújo, o secretário Planejamento Parcerias e Investimentos do Tocantins, Claudinei Quaresemin e o secretário de Fazenda, Sandro Henrique Armando

 

Em um trabalho minucioso, tendo como orientadores o secretário de Fazenda, Sandro Henrique Armando, que até pouco tempo comandava ta,bem a Pasta do Planejamento, o secretário de Parcerias e Investimentos do Tocantins, Claudinei Quaresemin e o secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social, José Messias Alves de Araújo, contou – e conta – com a participação literal de todos os órgãos governamentais, que se uniram para criar as condições para que o programa, denominado de TO Mais Jovem, possa ser implantado.

 

Serão disponibilizados 107 milhões de reais para jovens entre 16 e 21 anos de idade, que irão prestar serviços nos vários órgãos do governo espalhados pelo Estado, onde trabalharão por quatro horas e receberão, mensalmente, um salário no valor de R$ 1.394 reais, durante 15 meses.  A expectativa é de que mais de quatro mil jovens sejam atendidos pelo TO Mais Jovem, gerando não apenas renda, mas capacitando-os para as funções que irão exercer e os preparando para o mercado de trabalho.

 

Além do TO Mais Jovem, o governo do Estado irá distribuir mais de 10 mil vales-gás para as famílias inscritas no CAD Único, por meio do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza, que irá depositar os valores, oriundos de emendas impositivas da bancada federal, diretamente nas contas doas 139 municípios.

 

Além desses benefícios, o governo continua com a distribuição de 600 mil kits de higiene e mais de 119 toneladas de alimentos, distribuídos em cestas básicas, entregues diretamente nas casas das famílias, envolvendo todos os órgãos governamentais para melhorar a logística de entrega.

 

 MARCANDO HISTÓRIA

 

Essas ações sociais fazem do atual governo uma gestão de conceito, a ser lembrado por gerações, pois nenhum outro governo do Tocantins fez tantos esforços para levar melhores condições de vida para as famílias menos favorecidas.

 

Todo esse empenho acontece em um ano precedido e abrangido pela pandemia de Covid-19, que dizimou milhares de vidas e fez tremer a economia mundial.  Enquanto isso, o Tocantins tratou de equilibrar as finanças estaduais, recolocar o Estado em condições de receber repasses e celebrar convênio junto ao governo federal que, agora, resultam em ações sociais mais que bem-vindas.

 

Durante a pandemia, foi necessário congelar a maior parte dos projetos de investimento em qualidade de vida no Tocantins, as obras físicas e os demais investimentos mas, a partir do reequilíbrio da economia, os hospitais gerais de Gurupi e de Araguaína, a pavimentação de estradas, construção de escolas de tempo integral e da nova ponte sobre o Rio Tocantins em Porto Nacional retomaram o fôlego e voltaram a ser operacionalizadas.

 

Agora, chegou o momento dos investimentos em ações sociais, uma etapa que vinha sendo tratada com todo sigilo e cuidado por parte da equipe governamental.  As fontes do Observatório Político de O Paralelo 13 informaram que o governo esperou ter todos os recursos disponíveis em caixa para anunciar as ações sociais e colocá-las de imediato à disposição da população, evitando o clima de apreensão que aumentaria o sofrimento dos mais necessitados.

 

Nos últimos 64 dias a secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social vem “lapidando” o TO Mais Jovem, em paralelo com a distribuição dos kits de higiene e das cestas básicas, que não sofreram paralisação nem durante os feriados nem fins de semana, por determinação direta do governador Mauro Carlesse.

 

APOIO QUE FAZ A DIFERENÇA

O presidente AL TO Antonio Andrade, o senador Eduardo Gomes e o deputado Federal Carlos Guaguim

 

O governador Mauro Carlesse tem conseguido todo esse desempenho em sua gestão graças à sua equipe de auxiliares e ao respaldo político da maioria dos deputados estaduais, sob o comando do presidente da Assembleia Legislativa, Toinho Andrade e, obviamente, do líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, senador Eduardo Gomes e do vice-líder do governo federal na Câmara dos Deputados, deputado federal Carlos Gaguim.

 

Os dois vêm fazendo um ótimo trabalho, voltado exclusivamente para os cidadãos tocantinenses, com o auxílio dos demais membros da bancada federal, que sempre agem em conjunto quando a pauta é beneficiar o Tocantins.

 

Que os jovens e as famílias beneficiadas possam ter um alento nesses dias difíceis e que o governo do Estado não cesse essa busca constante pelo melhor para o povo tocantinense!

 

 

Posted On Terça, 28 Setembro 2021 06:43 Escrito por

Por Vinicius Neder

 

Beneficiadas por alguns efeitos da covid-19 sobre a economia, as exportações brasileiras, com destaque para as vendas de soja e minério de ferro para a China, estão batendo recorde em 2021, mas uma parte dos bilhões de dólares levantados pelos exportadores está ficando no exterior, indicam os dados de fluxo cambial e da balança comercial.

 

As exportações somam US$ 260,6 bilhões no acumulado em 12 meses até agosto na balança comercial, maior valor na série histórica iniciada em 1995. O fluxo cambial em operações de exportação soma US$ 214,4 bilhões, no mesmo período. Essa diferença, de US$ 46,2 bilhões a mais para o valor registrado na balança, está no maior nível desde 1995, em recordes que vêm sendo renovados desde abril, mostra uma compilação dos dados do Ministério da Economia e do Banco Central (BC) feita pelo pesquisador Armando Castelar, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

 

Os valores da balança comercial são registrados quando os produtos são embarcados para o exterior. Já o BC registra as operações de câmbio que internalizam no País o pagamento pelas exportações. O fato de os valores vendidos para fora estarem acima dos valores do fluxo cambial sugere que parte dos pagamentos aos exportadores está ficando no exterior.

 

Segundo economistas ouvidos pelo Estadão, múltiplos fatores podem estar por trás disso. Alguns são as diferenças entre as taxas de juros no Brasil e no exterior, as incertezas com a crise política e a política econômica, os rumos da reforma tributária, os efeitos da pandemia sobre a economia global e a estratégia específica de grandes empresas exportadoras, como a Petrobras.

 

Para Castelar, as incertezas em relação à política econômica, como o nível de desequilíbrio das contas públicas, e a crise política estão pesando mais. “Desde que o Banco Central (BC) começou a subir a Selic (a taxa básica de juros, hoje em 6,25% ao ano), o câmbio deveria ter valorizado mais (ou seja, o dólar deveria ter caído). Além do diferencial de juros, temos a perspectiva sobre até onde vai a taxa de câmbio. Se a perspectiva é que o câmbio vai andar mais ainda (ou seja, o dólar vai subir), é a crise política atrapalhando”, disse o pesquisador do Ibre/FGV.

 

Quando a diferença entre os valores das exportações na balança comercial e do fluxo cambial começou a chamar a atenção, a Selic estava em 2,75% ao ano, após uma alta de 0,75 ponto, em março de 2021. Mesmo com a elevação, os juros básicos vinham em 2,0% ao ano desde agosto de 2020, nas mínimas históricas. Esses níveis mínimos tornavam os investimentos em títulos de dívida brasileiros menos atrativos. Os juros por aqui são, tradicionalmente, mais elevados do que no exterior. Assim, o mercado nacional sempre atraiu investidores de fora em busca de títulos com taxas mais rentáveis. Com a queda da Selic, caiu o “diferencial de juros”, como os economistas chamam o tanto a mais que as taxas daqui oferecem na comparação com o exterior.

 

A questão apontada por Castelar é que, desde que a Selic passou a subir, em março, esse diferencial aumentou, se aproximando do padrão de antes. Só que não bastou para incentivar a entrada dos dólares das exportações no País.

 

Segundo a economista-chefe para o Brasil do JPMorgan, Cassiana Fernandez, não é possível explicar a diferença de valores apenas com base em variáveis macroeconômicas, como o desequilíbrio das contas públicas, a taxa de câmbio, o ritmo de crescimento econômico, ou a incerteza. As incertezas podem ajudar, mas as diferenças recordes podem estar ligadas a “decisões microeconômicas” das empresas. “Provavelmente, algumas empresas continuam um ciclo, que vimos desde 2019, de antecipar pagamento de dívida externa. Empresas exportadoras acabam deixando os recursos lá fora e já fazem um encontro de contas lá fora (pagando dívidas em dólar)”, disse.

 

A Petrobras é frequentemente citada como exemplo. Procurada, a companhia não respondeu ao pedido para comentar o assunto, mas, em 2020, conforme dados divulgados ao mercado, as exportações líquidas de petróleo e derivados saltaram 95% ante 2019. No segundo trimestre deste ano, a receita com exportações foi de R$ 33,6 bilhões, 47,2% superior ao registrado no primeiro trimestre. Ao mesmo tempo, para superar a crise financeira deflagrada pela Operação Lava Jato e pelas perdas com o controle dos preços de combustíveis, desde 2016, as gestões da petroleira vêm focando na redução da dívida, com pagamentos antecipados. A meta é chegar a US$ 60 bilhões de dívida bruta. No segundo trimestre, o valor ficou em US$ 63,7 bilhões, US$ 27,5 bilhões abaixo do segundo trimestre de 2020.

 

As incertezas em torno da reforma tributária também podem estar levando grandes exportadores a deixar parte dos dólares lá fora, disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A opção da Câmara dos Deputados em ir adiante com mudanças no Imposto de Renda, deixando de lado propostas de emenda à Constituição (PEC) mais amplas que já tramitavam, não tem sido bem vista pelo empresariado. “Há insegurança, porque a mudança no Imposto de Renda pode tributar lucro lá fora, o que desestimula o exportador a trazer o dinheiro para cá”, disse Castro.

 

Como consequência, a demora na internalização dos dólares das exportações traz uma pressão a mais para a elevação da taxa de câmbio. Embora a percepção de risco por parte dos agentes do mercado financeiro pese mais, um fluxo maior da moeda americana para o País tenderia a baixar as cotações, trazendo algum alívio para a inflação. Para Pedro Rossi, professor da Unicamp e autor do livro “Taxa de câmbio e política cambial no Brasil” (Ed. FGV), a opção por deixar dólares no exterior pode ter contribuído para o câmbio pressionado, mas não é determinante.

 

“O giro financeiro é muito maior e o câmbio segue sendo determinado pelos derivativos (títulos negociados no mercado financeiro que usam a taxa de câmbio como referência), cuja movimentação é muito alta. Então, o exportador tem um peso reduzido na determinação da taxa de cambio”, disse o professor.

 

Rossi pondera ainda que os exportadores podem estar oferecendo mais prazo para seus clientes - ou seja, estão embarcando os produtos, mas aceitando receber mais tarde do que o usual - e podem estar recebendo em contas bancárias no exterior, deixando os dólares um tempo lá fora. Assim, os recursos podem entrar, no fluxo cambial, via conta financeira e não comercial.

 

O BC informou, por meio da assessoria de imprensa, que não houve mudança regulatória recente que pudesse incentivar os exportadores a manter dólares lá fora. Desde 2006 os exportadores brasileiros podem manter os pagamentos recebidos em bancos no exterior. Embora esses recursos possam ser internalizados como operações financeiras, no momento do ingresso no Brasil, “é mais vantajoso ao exportador, inclusive considerando aspectos de ordem tributária, que a operação de câmbio seja realizada a título de exportação, observados os prazos regulamentares”.

Posted On Terça, 28 Setembro 2021 06:40 Escrito por
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