OS EFEITOS COLATERAIS DO FANTÁSTICO SOBRE O AFASTAMENTO DE WANDERLEI BARBOSA

Posted On Terça, 07 Outubro 2025 04:08
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Uma comunidade de um bairro periférico sempre reclamava do comportamento de um senhor de 61 anos. Era conhecido por arruaças: brigava em bares, jogava sinuca e baralho, discutia com vizinhos e, por ter físico avantajado, impunha medo a muitos. Parava seu Ford velho no meio da rua, atrapalhava o trânsito e respondia com grosserias a quem o repreendesse.

 

 

Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

Durante anos, foram registradas ocorrências na delegacia. Até que um dia ele se envolveu em uma confusão com o filho de um político influente. O caso ganhou outro peso. A ordem foi para que se desse “um fim” naquela figura incômoda.

 

A polícia subiu o morro, encontrou o homem em um bar e atirou contra um senhor desarmado. Depois, colocaram o corpo em uma carroça de mão e o desceram por três quilômetros, deixando um rastro de sangue pelas ruas. No dia seguinte, a mesma comunidade que antes o denunciava se revoltava com a brutalidade. Queriam ordem, não barbárie. A “dose” da polícia, claramente, havia passado dos limites.

 

Esse episódio ilustra bem o que aconteceu neste domingo (5), com a reportagem do Fantástico sobre o afastamento do governador Wanderlei Barbosa.

 

O FANTÁSTICO E SEUS EFEITOS COLATERAIS

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 analisou a repercussão da matéria exibida pelo Fantástico e ouviu leitores e formadores de opinião. A conclusão é quase unânime de que a reportagem foi exagerada, requentada e cruel tanto com o governador afastado quanto com sua família.

 

A grande maioria das pessoas com quem conversamos afirmou que a “dose” do Fantástico passou dos limites. O caso, ainda sob investigação, não tem decisão judicial que torne Wanderlei Barbosa réu. Mesmo assim, a matéria exibiu imagens e insinuações que induzem o telespectador a julgamentos precipitados.

 

Um exemplo citado por um leitor advogado é de que a reportagem mostrou uma gaveta com grande quantidade de dinheiro e deu a entender que os valores pertenciam ao governador. No entanto, os recursos foram apreendidos na casa da ex-deputada e fazendeira Valderez Castelo Branco, empresária de posses. Para o advogado ouvido, o programa cometeu “uma barbeiragem jornalística primária”.

 

REQUENTAMENTO SEM IMPACTO

 

 

O Fantástico, exibido nacionalmente pela TV Globo e retransmitido no Tocantins pela TV Anhanguera, trouxe à tona o afastamento do governador com uma narrativa que mais parecia uma repetição de fatos já conhecidos, um “requentamento” sem novas informações relevantes.

 

Até agora, o efeito da reportagem foi de traque, não de bomba. O Observatório Político de O Paralelo 13 sempre se pauta pelo olhar dos leitores, colaboradores e formadores de opinião. E o sentimento majoritário é de que o programa dominical ultrapassou o tom, transformando suspeitas ainda sob investigação em espetáculo.

 

Sim, houve denúncia de desvio de recursos destinados à compra de cestas básicas. Mas, até o momento, nem o governador afastado, nem seus familiares são réus ou condenados em qualquer instância.

 

O JULGAMENTO JURÍDICO E O JULGAMENTO POLÍTICO

 

 

Cabe agora ao Poder Judiciário em Brasília conduzir um julgamento técnico e jurídico, baseado em provas e no devido processo legal. Já à população tocantinense, aos eleitores, cabe o julgamento político e pessoal sobre os fatos.

 

Desta vez, ao que tudo indica, o tiro do Fantástico saiu pela culatra.

 

LAUREZ MOREIRA PRECISA SAIR DA INTERINIDADE

 

 

O governador interino Laurez Moreira tem demonstrado firmeza e equilíbrio à frente do Executivo estadual. Político tarimbado e gestor experiente, vem conduzindo a máquina pública com serenidade e já conta com auxiliares escolhidos e nomeados, o que dá ritmo à administração.

 

Mas é preciso avançar. O Tocantins não pode permanecer indefinidamente em um cenário de interinidade. O estado precisa de estabilidade administrativa e política para planejar 2026 com segurança.

 

Por isso, torna-se urgente que o Supremo Tribunal Federal julgue o processo que definirá se Laurez Moreira continuará como governador ou se Wanderlei Barbosa retornará ao cargo. A indefinição institucional já dura demais.

 

Laurez tem dialogado com o setor produtivo, com a indústria e o comércio, e com as entidades de classe, sinal de que compreende a importância da governabilidade e do planejamento.

 

O Tocantins clama por justiça e por estabilidade. Que o STF decida logo, para que o estado possa seguir em frente, com trabalho, clareza e rumo definido.

 

 

Última modificação em Terça, 07 Outubro 2025 04:17
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