Por: Edivaldo Rodrigues e Edson Rodrigues
O Tocantins viveu uma virada abrupta no dia 10 de dezembro, quando a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu, por unanimidade, devolver definitivamente o mandato ao governador Wanderlei Barbosa. A decisão colocou fim à interinidade de Laurez Moreira e desmontou, em questão de minutos, a confortável perspectiva que as oposições vinham cultivando desde setembro. Até então, sob o comando provisório de Laurez, a oposição via céu de brigadeiro e acreditava que, com a máquina na mão, poderia construir competitividade real para 2026. Com o retorno de Wanderlei, a realidade se impôs e o projeto eleitoral virou uma corrida de sobrevivência. Baleada, sim. Morta, ainda não.
A engenharia da sobrevivência oposicionista

Sem máquina, sem narrativa consolidada e sem liderança definida, as oposições agora são obrigadas a reorganizar rapidamente o tabuleiro. A única possibilidade de se manterem competitivas nas eleições de 2026 passa pela humildade e pela união. Mais do que acordos de confraternização, trata-se de um pacto político de sobrevivência. Nesse contexto, ganha força o nome do deputado federal e presidente estadual do MDB, Alexandre Guimarães, que vem construindo, com perfil leve e articulado, um discurso claro de pré-candidatura ao governo. Nas últimas semanas, percorreu diversos municípios, sinalizando disposição para preencher o vácuo deixado pela saída de Laurez. Para muitos líderes oposicionistas, Guimarães é o único nome capaz de evitar um colapso eleitoral total.
Os líderes fragilizados e o risco do pó político

A oposição conta com lideranças fortes, com serviços prestados e relevância estadual: senador Irajá Abreu, deputados Olyntho Neto e Valdemar Júnior; a ex-senadora Kátia Abreu; Toinho Andrade; Otoniel Andrade; Tiago Dimas e Ronaldo Dimas; além de Ataídes Oliveira. No entanto, todos foram atingidos pela guinada política provocada pela decisão do STF. Sem unidade, correm o risco real de serem engolidos pelo cenário. A metáfora dos bastidores resume bem, uma vez que político sem mandato é jacaré sem dente, cobra sem veneno. E se não houver humildade para formar um bloco sólido, muitos desses nomes podem perder espaço e relevância em 2026.
O declínio inevitável de Laurez sem o Palácio

A saída de Laurez Moreira expôs uma realidade que já era comentada internamente. Embora seja um homem íntegro e correto, sem o Palácio Araguaia ele não possui liderança suficiente para conduzir uma campanha majoritária. A falta de manifestações populares ou de defesa contundente de aliados após sua saída mostrou que seu apoio era circunstancial, ancorado na conveniência e na esperança de continuidade da interinidade. Ao apostar todas as fichas em Laurez, a oposição se fragilizou duplamente, perdeu o comando do Estado e, ao mesmo tempo, uma figura que pudesse sustentar uma candidatura viável.
O céu de brigadeiro de Dorinha e o avanço governista

Enquanto as oposições se reorganizam, a pré-candidatura da senadora Professora Dorinha Seabra alcança seu ponto mais alto. Turbinada politicamente, Dorinha reúne apoio dos principais prefeitos do estado, de grandes a pequenos municípios, soma o respaldo institucional do governador Wanderlei Barbosa e conta com a força do vice-presidente do Senado, Eduardo Gomes. As pesquisas de institutos de credibilidade reforçam sua liderança folgada, consolidando-a como favorita para 2026. Se as oposições não reagirem rapidamente, a disputa poderá se transformar em uma espécie de atropelamento político, com Dorinha e Wanderlei passando como um trator sobre adversários desorganizados.
Eduardo Siqueira reafirma coerência e fortalece Dorinha

Durante a entrega da Unidade de Saúde da Família Santa Bárbara, o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, voltou a declarar apoio firme à senadora Dorinha. Ao lado dela, afirmou que sua posição decorre da coerência política que carrega ao longo da vida pública, destacando que sempre manteve respeito institucional, independentemente do ocupante do Palácio Araguaia. Eduardo ressaltou o papel decisivo da senadora na articulação de recursos e soluções para Palmas ao longo de 2025, chamando Dorinha de “porto seguro” da capital em Brasília.
O relógio corre: união ou WO
Com o retorno definitivo de Wanderlei e o fortalecimento de Dorinha, o cenário eleitoral de 2026 ganha contornos claros. Se as lideranças oposicionistas não se unirem imediatamente para construir uma chapa majoritária e proporcional robusta, correm o risco de entregar a eleição por WO, um risco real, admitido até por figuras experientes dentro do próprio grupo. O Observatório Político registra que a oposição tem força, mas a força só se manifesta quando há união. O tempo, no entanto, é curto. E enquanto as oposições tentam se recompor de um golpe que não esperavam, o governo segue fortalecendo sua articulação e consolidando a candidatura de Dorinha. As próximas semanas serão decisivas para determinar se a oposição renasce ou desmancha no ar.