Por Edson Rodrigues
As eleições estaduais de 2026 trazem um desafio inédito para os partidos médios no Tocantins. Com o fim das coligações proporcionais e a exigência do quociente eleitoral para a conquista das cadeiras federais e estaduais, legendas como o PSDB e o Podemos entram em uma corrida contra o tempo para formar nominatas competitivas. Caso contrário, correm o risco de desaparecer do mapa político do Estado e, com isso, colocar em xeque as reeleições de nomes de peso como do deputado federal Tiago Dimas e do deputado estadual Eduardo Mantoan.
Em 2022, Tiago Dimas foi eleito deputado federal pelo Podemos com 42.970 votos, enquanto Eduardo Mantoan conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa pelo PSDB com 14.062 votos. Ambos alcançaram resultados expressivos para o contexto de suas legendas, mas distantes dos novos patamares exigidos para 2026, o que reforça a urgência de reorganização interna e fortalecimento das nominatas partidárias.

O novo formato eleitoral exige organização e volume de votos. De acordo com projeções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o quociente eleitoral para deputado federal deve girar em torno de 80 a 85 mil votos, enquanto para deputado estadual a estimativa é de 40 a 45 mil. Esses números, que variam conforme o total de votos válidos, acendem o sinal amarelo nas cúpulas tucana e podemosista pois, se as legendas não alcançarem esse patamar coletivo, podem não eleger sequer um representante, mesmo que tenham candidatos bem votados individualmente.

Em Araguaína, o deputado federal Tiago Dimas enfrenta um cenário particularmente desafiador. O grupo político que o sustenta perdeu parte da estrutura que o impulsionou nas últimas eleições, e o prefeito Wagner Rodrigues, que já organiza sua base de apoio para 2026, tornou-se um adversário direto. A disputa local, que opõe o grupo Dimas ao grupo do prefeito, fragmenta o eleitorado e pode comprometer a capacidade do Podemos de atingir o quociente mínimo. A família Dimas, que historicamente exerceu protagonismo político em Araguaína, agora enfrenta um campo minado em sua própria base.

O caso de Eduardo Mantoan, deputado estadual pelo PSDB, não é menos preocupante. O partido, que vive um período de reorganização nacional, aprovou em 2025 um plano de fusão com o Podemos, movimento que visa driblar a cláusula de barreira e fortalecer as bancadas. No Tocantins, entretanto, a fusão pode gerar mais incertezas do que soluções, já que ambas as legendas enfrentam dificuldades para atrair nomes competitivos e consolidar bases eleitorais regionais. Sem nominatas completas e distribuídas, o risco é de que a votação das siglas se fragmente, inviabilizando a conquista de vagas tanto na Assembleia Legislativa quanto na Câmara Federal.
As novas regras de cálculo do quociente e das sobras eleitorais, que já valerão para o próximo pleito, agravam o quadro. Agora, o partido ou federação precisa alcançar um percentual mínimo de votos para disputar as sobras das vagas, o que elimina a velha estratégia de se apoiar em candidatos puxadores de voto isolados. Em outras palavras, nem mesmo uma votação expressiva individual será suficiente se o conjunto da nominata não atingir o desempenho mínimo exigido pela legislação.
Em meio a esse cenário, o PSDB e o Podemos no Tocantins vivem um dilema, ou constroem nominatas amplas, com representação equilibrada entre regiões e perfis eleitorais, ou amargam a possibilidade de ficarem sem assento nas duas Casas legislativas. A janela partidária de 2026 será decisiva para medir a capacidade de articulação das lideranças estaduais e tanto Tiago Dimas quanto Eduardo Mantoan precisarão atuar como protagonistas, não apenas como candidatos, mas como articuladores capazes de atrair quadros, organizar chapas e somar votos.

O alerta não é mera especulação. Os números das eleições de 2022 mostram que, mesmo em um cenário mais favorável, várias legendas médias no Tocantins ficaram abaixo do quociente eleitoral e só conseguiram representação graças às sobras. Com as novas regras, essa salvaguarda praticamente desaparece. Sem a musculatura necessária, partidos como PSDB e Podemos podem assistir à perda de seus espaços no Legislativo e ver lideranças consolidadas, como Dimas e Mantoan, ficarem pelo caminho.
Com o calendário eleitoral apertado e o jogo sucessório em pleno movimento, o Tocantins caminha para uma eleição em que apenas os partidos com estrutura, capilaridade e base consolidada sobreviverão. O resto será devorado pelas regras do quociente e pela força dos blocos maiores. No caso de PSDB e Podemos, o tempo de esperar acabou. Ou montam suas nominatas, ou correm o risco de transformar o alerta amarelo em vermelho.