Por Edson Rodrigues
O Observatório Político do O Paralelo 13 traça uma análise aprofundada do cenário político atual, com foco nas tensões diplomáticas no plano nacional e nas articulações em curso para a sucessão estadual no Tocantins. A movimentação dos grupos políticos, lideranças partidárias e os bastidores do Palácio Araguaia indicam um período de definições intensas e embates decisivos que moldarão as eleições de 2026.
Reflexos na economia nacional
O Brasil enfrenta um dos momentos mais sensíveis da última década no campo das relações internacionais. O presidente norte-americano Donald Trump anunciou, de forma abrupta, a suspensão das relações diplomáticas com o Brasil, alegando interferência do governo brasileiro e do STF no processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reação de Trump, considerada por analistas como uma manobra diplomática com viés político, gerou impactos imediatos. A balança comercial brasileira sente os efeitos da interrupção de acordos bilaterais, especialmente nos setores agrícola, de tecnologia e defesa. Com isso, aumentam as demissões, a retração do consumo e a instabilidade nos mercados provocando uma onda de insegurança econômica no país.
Neste contexto de tensão institucional, destaca-se o caso do advogado Thiago Barbosa, preso preventivamente, em março deste ano, durante operação da Polícia Federal. Sua defesa alega ausência de elementos que justifiquem a prisão, e cresce a pressão para que o STF reavalie o caso com o fim do recesso forense. O apelo por justiça ganha força entre juristas, parlamentares e entidades da sociedade civil.
Tocantins: o xadrez político e as movimentações para 2026
No cenário regional, o Tocantins vive uma fase de intensa movimentação nos bastidores. A sucessão estadual toma forma e já começa a desenhar os principais atores da disputa pelo Palácio Araguaia. O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que já afirmou que cumprirá seu mandato até o fim, atua como articulador e avalista da pré-candidatura de seu aliado político, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres (Republicanos).
Amélio tem ampliado sua presença política com intensa agenda pelo interior do Estado, sempre ao lado do governador, do senador Eduardo Gomes (PL) e da maioria da base aliada. Seu nome ganha musculatura como o candidato natural da base governista para a sucessão de 2026.
No campo sucessório estadual, torna-se cada vez mais clara a posição de Amélio Cayres como o candidato de confiança do governador Wanderlei Barbosa. A aliança com Eduardo Gomes, o alinhamento com a maioria da base legislativa e o discurso de continuidade fortalecem sua pré-candidatura. Resta saber como as oposições irão reagir e se conseguirão manter coesão até 2026 diante de tantas incertezas jurídicas e institucionais.
Os próximos 150 dias serão de grande relevância. A política tocantinense entra em uma fase de definição onde alianças, rupturas e articulações podem mudar rapidamente o rumo da história. E como sempre, O Paralelo 13 segue atento a cada movimento.
Cenário fragmentado: União Brasil, PP e o impasse interno
Enquanto isso, a senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil), pré-candidata ao governo estadual, enfrenta um desafio interno, o impasse na definição da candidatura ao Senado. O deputado federal Vicentinho Júnior (PP), presidente estadual do partido, articula sua candidatura à vaga, mas o favoritismo de Carlos Gaguim (União Brasil), também deputado federal e apoiado diretamente por Dorinha, sinaliza uma possível ruptura dentro da coligação.
Essa disputa interna entre União Brasil e PP pode enfraquecer a aliança, criando dificuldades para a senadora, especialmente diante do distanciamento cada vez mais evidente entre ela, o governador Wanderlei Barbosa e o senador Eduardo Gomes, líderes fundamentais na construção de uma base forte no interior do Estado.
Horizonte político
A nível nacional, os próximos cinco meses prometem ser decisivos para a economia, a diplomacia, e certamente sistema político. O Supremo Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a Polícia Federal devem concluir investigações e operações que envolvem figuras centrais do cenário político especialmente nomes ligados ao bolsonarismo.
Fontes ligadas ao Judiciário afirmam que há um movimento interno no STF e no STJ para “limpar a pauta” de processos envolvendo políticos investigados por corrupção, tentativa de golpe e uso irregular de verbas públicas. Com isso, pode-se redesenhar completamente o tabuleiro eleitoral de 2026, com possíveis inabilitações, cassações e novas lideranças emergindo no vácuo dos desgastes institucionais.
Operações da Polícia Federal
A intensificação das operações da Polícia Federal em períodos que antecedem as definições de candidaturas eleitorais acende um importante alerta no cenário político. A análise do calendário eleitoral para 2026 revela que os próximos meses são fundamentais para a filiação partidária e a desincompatibilização de cargos no Executivo, uma vez que o prazo máximo é até o dia 04 de abril de 2026. Nesse contexto, qualquer ação da PF que atinja figuras políticas de destaque pode ter um impacto direto e significativo na reconfiguração das forças para a disputa sucessória.
Uma nova operação, porventura, poderia não apenas comprometer a viabilidade de projetos políticos em curso, mas também alterar drasticamente o panorama de nomes que se apresentarão ao eleitorado, evidenciando a tênue linha que pode separar as ações de combate à corrupção das suas consequências no jogo político.
O Observatório Político de O Paralelo 13 volta a afirmar que a conta não fechou em torno do tabuleiro sucessório de 2026 no Tocantins. Tudo e todos que transitam na política partidária tem esta consciência de que antes de 4 de abril muitos podem até terem concluído suas alianças, mas no momento nenhuma chapa majoritária ou proporcional está fechada. O momento ainda é de construção de pontes, entendimentos e acordos.