Para Bolsonaro, Globo é TV Funerária; emissora diz priorizar vidas em risco
Com UOL - São Paulo
O Jornal Nacional do dia em que o Brasil teve acesso ao vídeo quase integral da reunião ministerial do dia 22 de abril, publicado após decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), de levantar o sigilo, destacou os fatos na abertura, a chamada "escalada" do telejornal. Mas não abriu com o assunto após a vinheta. Segundo o apresentador e editor-chefe do JN, William Bonner, noticiar a covid-19 é mais importante.
"A gravação da reunião divulgada hoje permite saber, afinal, o que foi dito, e por quem. E revela ainda ideias antidemocráticas de ministros, como a defesa da prisão de governadores e de ministros do Supremo Tribunal Federal. O que aconteceu na reunião de abril, o que foi dito, e por quem, você vai ver nesta edição do Jornal Nacional, que começa com o noticiário sobre que é mais importante: as vidas em risco na pandemia do coronavírus", disse Bonner.
Investigadores de Oxford acreditam ter uma vacina eficaz contra a Covid-19 e estão prontos para dar início à segunda fase de testes
Com Agências
Auniversidade de Oxford está a recrutar mais de 10 mil voluntários no Reino Unido para as novas fases de testes clínicos a uma vacina que está a desenvolver contra a covid-19, foi anunciado esta sexta-feira.
Depois de numa primeira fase iniciada em abril terem sido realizados testes de segurança em centenas de pessoas, as próximas duas fases vão ser realizadas em várias partes do país e envolver até 10.260 voluntários com mais faixas etárias, incluindo entre os 5 e 12 anos e mais de 56 anos.
Na primeira fase foram excluídos voluntários mais velhos por pertencerem aos grupos de risco devido a uma mortalidade mais elevada na respetiva faixa etária.
Oxford acredita ter vacina eficaz contra a Covid-19. Pode chegar ao mercado em setembro
As próximas fases pretendem saber o grau de eficácia da vacina e potenciais efeitos secundários e vai ser dada prioridade a pessoas com maior risco de exposição ao vírus, como profissionais de saúde ou trabalhadores de profissões críticas com atendimento ao público.
Em declarações hoje à BBC, o diretor do Grupo de Vacinas da Universidade de Oxford, Andrew Pollard, disse que este grupo de pessoas vai permitir saber com melhor certeza o grau de eficácia da vacina, cujos resultados poderão demorar vários meses.
"Vamos ter muita informação sobre a resposta imunitária à vacina, mas nesta altura não sabemos o volume da resposta imunitária necessária para garantir proteção. Os testes visam obter exposição natural no mundo real para ver se a vacina consegue impedir a infeção".
Na segunda fase dos testes, "os investigadores vão avaliar a resposta imunitária à vacina em pessoas de diferentes idades, para descobrir se há variação na resposta do sistema imunitária em pessoas idosas ou crianças", refere um comunicado divulgado hoje.
Na terceira fase, na qual vão participar apenas voluntários adultos, pretende avaliar como é que a vacina funciona num grande número de pessoas e a eficácia em impedir que sejam infetadas e desenvolvam complicações devido ao novo coronavírus SARS-CoV-2.
Os participantes adultos nas fase dois e três serão escolhidos aleatoriamente para receber uma ou duas doses da vacina ChAdOx1 nCoV-19 ou de uma vacina autorizada (MenACWY), que vai ser usada como 'controlo' para comparação.
A vacina ChAdOx1 nCoV-19, também conhecida por AZD1222, está a ser desenvolvida pelo Instituto Jenner da Universidade de Oxford a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de um vírus da constipação comum (adenovírus) que causa infeções em chimpanzés, e que foi geneticamente modificado para que não possa reproduzir-se em humanos.
Testes em macacos nos EUA indicaram que os animais não desenvolveram sintomas graves nem pneumonia, mas levantaram questões sobre se teriam sido completamente imunizados porque ainda era possível encontrar sinais de infeção em amostras retiradas do nariz.
Outros testes em animais estão a ser realizados na Austrália e no Reino Unido, mas os resultados ainda não foram divulgados.
Esta vacina é uma entre vários projetos em investigação que estão em desenvolvimento em vários países, mas o projeto da universidade de Oxford ganhou destaque nos últimos dias por ter recebido um investimento de 20 milhões de libras (22 milhões de euros) e por ter formalizado uma parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
A empresa anglo-sueca anunciou nos últimos dias ter recebido encomendas para fornecer pelo menos 400 milhões de doses a partir de setembro e o financiamento de mais de mil milhões de dólares (920 milhões de euros) da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico dos EUA.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 330 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (94.661) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões), seguidos pelo Reino Unido (36.042 mortos, perto de 251 mil casos).
Número dobrou em um intervalo de 12 dias. Foram incluídos ao balanço 1.188 registros de morte em 24 horas.
Com Agência Brasil
O Ministério da Saúde atualizou os dados sobre a pandemia da Covid-19 no Brasil neste quinta-feira (21). Agora, segundo a pasta, subiu para mais de 20 mil o números de mortos pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Os novos óbitos registrados foram 1.188, fazendo o total subir para 20.047. A alta corresponde a um crescimento de 6,3%. Dessas 1.188 mortes, 311 foram nos últimos três dias.
Ainda de acordo com o ministério, são mais de 300 mil os casos de contaminação, chegando a 310.087. Os novos registros nas últimas 24 horas foram 18.508, um aumento de 6,3%.
No levantamento da pasta desta quarta, o número de mortes era de 18.859, enquanto o de pessoas com a Covid-19 era de 291.579 .
São Paulo continua sendo o estado que tem mais mortes, com 5.558 das 20.047 ocorrências. A letalidade é de 7,5% no estado. Em segundo lugar vem o Rio de Janeiro, com 3.412 mortes e letalidade de 10,6%.
No quadro de casos confirmados, São Paulo também lidera a lista. O estado tem 73.739 pessoas infectadas pelo coronavírus. Em segundo lugar vem o Rio de Janeiro, com 32.089 vítimas de contaminação, sendo seguido por Ceará (31.413), Amazonas (25.367) e Pernambuco (23.911).
O Mato Grosso do Sul é o estado menos afetado de todo o Brasil, com 17 mortes e 746 casos confirmados de contaminações pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, 164.080 pacientes com Covid-19 estão em acompanhamento, 125.960 estão recuperados e 3.534 óbitos ainda estão em investigação.
20 mil no mundo
Além do Brasil, que chegou ao marco 65 dias depois da primeira morte, os seguintes países também passaram dos 20 mil óbitos:
Itália (20.465) em 13 de abril, 53 dias depois da 1ª morte
Espanha (20.002) em 17 de abril, 46 dias depois da 1ª morte
Reino Unido (20.223) em 21 de abril, 47 dias depois da 1ª morte
Estados Unidos (20.255) em 9 de abril, 41 dias depois da 1ª morte
Emenda foi aprovada no meio de um projeto que tratava de mudanças na forma de financiamento do convênio
Por Matheus Vargas
A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou nesta quinta-feira (21), projeto de lei para estender a ex-deputados distritais e parentes, de forma vitalícia, a cobertura do plano de saúde. O convênio é da própria Câmara e atendia a parlamentares por dois anos após o fim do mandato. A medida, aprovada por 16 votos a 24, tornou o benefício permanente.
A emenda que permitiu o uso vitalício do plano foi inserida pela Mesa da Câmara Distrital em projeto que tratava de mudanças no custo e na forma de financiamento do convênio. A nova regra prevê ampliar contribuições dos beneficiários do Fundo de Assistência à Saúde da Casa. Conforme o texto aprovado, têm direito ao benefício vitalício dependentes dos deputados como cônjuge ou companheiro, irmão, se portador de invalidez, além de filhos e enteados.
Houve protestos de deputados após a votação e muitos disseram que não tiveram acesso ao texto. A análise do projeto já havia sido adiada, mas, em plena pandemia, voltou à pauta em sessão que tratava de outros temas. O fundo é alimentado com 6% do orçamento da Câmara para despesas de "pessoal e encargos sociais". O valor equivale a R$ 39 milhões em 2020, além de contribuições de beneficiários.
Para ter direito à cobertura após deixar a Câmara do DF, os beneficiários devem ter ao menos dois anos de contribuição. Servidores comissionados podem usar o plano por até um ano após o desligamento.
Após críticas, quatro deputados distritais assinaram nesta quinta-feira pedido de revisão da sessão que aprovou a proposta.
Medida assinada devido à pandemia. Maioria não vê inconstitucionalidade. Acompanhou o relator Barroso
Com Estadão Conteúdo
Oplenário do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira, 21, para reduzir o alcance da medida provisória editada pelo governo Jair Bolsonaro que criou um "salvo-conduto" a gestores públicos - o que inclui o próprio chefe do Executivo - por eventuais irregularidades em atos administrativos relacionados à pandemia do novo coronavírus, como contratações fraudulentas ou liberação de dinheiro público sem previsão legal.
A MP prevê que agentes públicos só poderão ser responsabilizados nas esferas civil e administrativa se ficar comprovada a intenção de fraude ou "erro grosseiro". Na prática, ao reduzir o alcance da MP, o Supremo ampliou a possibilidade de responsabilização de agentes públicos e descartou as chances de a medida ser aplicada para atos de improbidade administrativa.
Como o julgamento ainda está em andamento, falta definir os termos precisos dos limites impostos pelo Supremo.
O relator das sete ações levadas a julgamento, ministro Luís Roberto Barroso, e outros três ministros se pronunciaram no sentido de que são "erros grosseiros" - que podem ser punidos - medidas que contrariem critérios científicos e técnicos estabelecidos por organizações e entidades médicas e sanitárias reconhecidas nacional e internacionalmente, ou que não observem os princípios constitucionais da precaução e da prevenção. Ou seja, nada que não seja comprovadamente seguro pode ser legitimamente feito.
"O erro grosseiro é o negacionismo científico voluntarista. Temos diversos órgãos que afirmam o que é eficiente e aquilo que não é eficiente", disse o ministro Luiz Fux.
Os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia abriram uma nova corrente no julgamento, ao defender a suspensão de trechos da MP.
Para a área jurídica do governo Bolsonaro, o voto de Barroso é "menos pior" para o Palácio do Planalto do que o de Moraes, pois Barroso mantém a medida provisória de pé, mas dá uma interpretação mais restritiva ao seu alcance. Na prática, todos os ministros que já votaram impõem limites aos efeitos da medida, mas há divergência sobre os termos precisos desses limites.