Katia Abreu monta palanque para Lula no Tocantins

Posted On Terça, 09 Setembro 2025 05:58
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Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

A ex-senadora Katia Abreu, conhecida no cenário político tocantinense e nacional, amiga pessoal da ex-presidente Dilma Rousseff e aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ressurge no tabuleiro da sucessão de 2026 como peça-chave. Katia acaba de montar um palanque para o presidente Lula no Estado, tendo como principal parceiro o governador interino Laurez Moreira, que busca viabilizar sua reeleição.

 

Do ponto de vista técnico e estratégico, Katia assume o papel de operadora política do Palácio Araguaia. A tarefa de articulação está sob comando direto de Laurez, enquanto ela promete turbinar a gestão interina com recursos federais e apoio irrestrito do governo Lula. Nessa engrenagem entram nomes como Jairo Mariano, Ailton Araújo, Raul Filho e César Halum, compondo o núcleo de sustentação política do atual governador interino.

 

Irajá Silvestre, a “bola da vez”

 

Outro ator que ganha destaque é o senador Irajá Silvestre (PSD), que vem calçando as sandálias da sabedoria ao entregar a presidência estadual do PSD ao governador interino Laurez Moreira. O gesto fortalece ainda mais a articulação, já que o PSD possui a maior representatividade municipal no Brasil, uma bancada robusta no Congresso Nacional e dezenas de prefeitos aliados.

 

Irajá, que busca sua reeleição em 2026, tem o apoio de sua mãe, a ex-senadora Katia Abreu, mulher influente em Brasília e com trânsito livre no governo Lula. O alinhamento fortalece o arco governista e posiciona o PSD como protagonista do processo sucessório.

 

Vicentinho Júnior na berlinda

No outro extremo do tabuleiro, o deputado federal Vicentinho Júnior (Progressistas), presidente estadual do partido, enfrenta um dilema. Pré-candidato ao Senado, ele vinha se apoiando em um capital político robusto, com o apoio de diversos prefeitos, inclusive obtido apoio público do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos. Contudo, sua relação com a senadora Professora Dorinha (União Brasil), pré-candidata ao governo, está praticamente rompida.

 

Dorinha já deixou claro ter sua chapa ao Senado definida com Eduardo Gomes (PL) e Carlos Gaguim (União Brasil). A situação se agrava porque o Progressistas nacional desembarcou do governo Lula, assumindo posição de oposição. Além disso, como todos conhecem o histórico, Vicentinho Júnior é apoiador e entusiasta do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para manter chances de viabilidade, Vicentinho precisaria migrar para uma legenda da base estadual de Laurez algo que analistas chamam de “barriga de aluguel”.

 

Além disso, restaria convencer o próprio Irajá Silvestre, já consolidado como candidato à reeleição pelo PSD, a dividir a chapa com outro concorrente forte. O desafio é enorme, e Vicentinho terá que recorrer à habilidade política do pai, o ex-senador Vicentinho Alves, para encontrar espaço. Vale lembrar que nas eleições de 2022, enquanto o parlamentar apoiava Bolsonaro para presidente, seu pai, o ex-senador Vicentinho Alves declarou apoio público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Oposição fragilizada e sem rumo

 

Enquanto Katia e Laurez se organizam, a oposição segue dividida e desorganizada. O afastamento do governador Wanderlei Barbosa, alvo de processo no STF, abriu um vácuo político que os governistas correm para preencher.

 

Nesse contexto, tanto Wanderlei quanto o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos), precisam urgentemente dar um norte aos aliados. Falta clareza sobre se Cayres será mantido como candidato a governador ou se haverá união das oposições em torno da senadora Professora Dorinha.

 

Independentemente do resultado do pedido de liminar no STF que pode devolver o cargo a Wanderlei, ele e seu grupo precisam tomar posição. Até o momento, não há impedimento jurídico que o impeça de disputar uma cadeira no Legislativo federal em 2026, inclusive ao Senado. Mas a indefinição gera insegurança dentro do Republicanos e entre prefeitos e deputados que orbitam sua liderança.

 

Laurez Moreira

 

O governador interino Laurez Moreira não terá direito a uma lua de mel de muito glamour. Assumir o comando do Estado exigirá habilidade política, firmeza de gestão e controle absoluto das decisões. Não poderá permitir a existência de “primeiras-ministras” nem de “chefetes” que atuem em seu governo por indicações de terceiros, tampouco admitir que haja sobras de poder a serem divididas. Em suas duas gestões como prefeito de Gurupi, Laurez demonstrou personalidade forte e nunca permitiu interferências externas em suas ações. Agora, diante de um cenário muito mais complexo, será novamente testado em sua capacidade de liderança. Neste momento Laurez precisa varrer para dentro, captar líderes e evitar fofoqueiros nos corredores do poder.

 

PT tocantinense isolado

 

Um dado curioso é o isolamento do PT estadual. Apesar de o partido ter eleito nova direção com apoio de Paulo Mourão e Célio Moura, pouco aparece nas costuras políticas de Katia e Laurez. Mourão até surge como pré-candidato a governador pelo PT, mas não foi citado pelos principais articuladores.

 

 

Na prática, Katia se coloca como a verdadeira interlocutora do presidente Lula no Tocantins. É ela quem detém credenciais políticas e pessoais para representar o Planalto no Estado, relegando o PT a um papel secundário. O movimento já é visto como uma “intervenção branca”, em que Katia centraliza o diálogo com Brasília.

 

O Observatório Político do Paralelo 13 chegou a contatar, no sábado (6/9), o ex-deputado Paulo Mourão para comentar sobre o isolamento do PT e a formação do palanque de Katia e Laurez. Mourão informou que estava em reunião e prometeu retorno. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.

 

Um jogo aberto até 2026

 

O cenário político do Tocantins se redesenha rapidamente. Katia Abreu retorna ao protagonismo, Laurez busca consolidar sua permanência no poder, Irajá Silvestre se fortalece com o PSD, Vicentinho Júnior enfrenta dilemas partidários e a oposição tenta se reorganizar.

 

 

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