O segundo turno das eleições presidenciais deixou claro que Lula é bem maior que o PT. Somente ele teve condições de derrotar Jair Bolsonaro. Um exemplo claro é o Tocantins, em que nenhum parlamentar petista foi eleito ou reeleito, mas que deu a vitória a Lula na corrida pela presidência
Por Edson Rodrigues
Mas, seu governo terá que ser de coalizão para garantir uma governabilidade mínima, se levarmos em conta a maioria dos parlamentares eleitos para a Câmara e o Senado Federal serem alinhados com as diretrizes de direita. Lula terá que contar com o apoio maciço do Centrão e dos partidos que fizeram parte do seu grupo político na campanha eleitoral.
Esplanada dos Ministérios
Para acomodar tanta gente, as previsões são de que, pelo menos, 12 ministérios terão que ser criados para dar lugar no governo à tanta gente, de diferentes legendas, que o apoiou. Mas, como a própria história política de Lula comprova, ele sabe como ninguém fazer isso.
Outra questão do governo Lula será evitar, a qualquer custo, deslizes, por mínimos que sejam, para que não traga à tona lembranças dos governos petistas passados. Se houver, terão que ser dura e imediatamente punidos de acordo com a Lei de Combate à Corrupção. Isso deve ser uma prioridade no seu novo governo.
Consequências letais
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin serão peças de grande importância e prestígio no futuro governo, justamente por causa da grande composição de partidos que integraram o grupo político que o levou à vitória, composto por elementos do Centrão, representantes do agronegócio, do setor financeiro (bancos), religiosos e agremiações políticas.
Serão ele o fio condutor de um governo plural, multipartidário e ideológico, que não poderá, de forma alguma, cometer erros que suscitem a polaridade do período eleitoral. O país está dividido entre a esquerda, que assumirá o poder, e a direita, que deixa o poder, mas assume o papel de fiscal canino.
O governo de Lula precisa trabalhar para os ânimos se desarmem, para deixar claro o fim do período de disputa instalado na campanha eleitoral, que amigos voltem a ser amigos, e que a figura do “inimigo político” desapareça do cenário, ficando apenas a de “adversário”. Só assim haverá um clima propício para a governabilidade e para que o País avance como precisa, em todas as áreas.
TOCANTINS
Enquanto isso, no Tocantins, a vitória de Wanderlei Barbosa, conseguida na base do sentimento, do reconhecimento de um trabalho voltado para o povo e pelo povo tocantinense, que reconheceu a preocupação genuína do seu “governador curraleiro” em cuidar, primeiro, do povo, desde que assumiu na interinidade, até o momento em que virou governador de fato e de direito, com a renúncia de Mauro Carlesse.
Seu estilo simples, acolhedor e “pé no chão”, encantou o eleitorado tocantinense, que não titubeou em lhe dar mais quatro anos de governo. Sua atenção ao funcionalismo público, resgatando direitos históricos e cumprindo com seus compromissos, pagando os salários em dia, levaram para o seu lado a imensa maioria dos deputados estaduais, líderes partidários e vários deputados federais.
A chegada de Dorinha Seabra, deputada federal e eleita senadora na chapa de Wanderlei, concretizou, de vez, o caráter humanista de sua atuação política, que foi competentemente divulgada por meio do trabalho de marketing político de Lincoln Morais e do secretário de comunicação, Márcio Rocha, que levaram ao conhecimento do povo as realizações, as ações e as intervenções do seu governador curraleiro, que cuidou, não só de administrar o Estado, mas em correr para acudir os atingidos pelas enchentes na Região Norte, da mesma forma com que deu a devida atenção ao setor da Saúde, voltando com a realização de cirurgias eletivas e humanizando o atendimento nas unidades estaduais de saúde pública, sem esquecer dos fornecedores e prestadores de serviço.
Assim como Lula, Wanderlei também terá que fazer um governo de coalizão, para encontrar espaço para todas as vertentes políticas que o ajudaram na vitória acachapante que conseguiu ainda no primeiro turno. Mas, diferentemente do presidente eleito, Wanderlei – e seus familiares políticos, “da ativa e da reserva” – nunca teve seu nome associado a atos não republicanos, e terá na senadora eleita, Dorinha Seabra e no senador Eduardo Gomes, nomes fortes e atuantes no Congresso Nacional a ajudar seu governo a fazer o melhor possível para o povo tocantinense, e pode iniciar seu próximo mandato, em primeiro de janeiro de 2023, com a certeza de estar amplamente apoiado pela população e pela grande maioria da classe política.
Aos homens e mulheres de bem do Tocantins, cabe, agora, rogar a Deus para que, tanto o presidente Lula quanto o nosso governador curraleiro Wanderlei Barbosa, façam ótimos governos, pelo bem do Brasil e do Tocantins.
Sucessão estadual e nacional, agora, são coisas do passado.
Amém!
Presidente do União Brasil, Luciano Bivar condiciona aliança com Lula a apoio do PT ao comando da Câmara dos Deputados
Por Paulo Cappelli
Presidente do União Brasil, Luciano Bivar condiciona uma possível aliança do partido com o governo Lula ao apoio do PT ao União na corrida à presidência da Câmara.
“Uma aliança com o governo [Lula] parte do apoio do PT ao União Brasil na disputa pela presidência da Câmara. O União Brasil tem tamanho e legitimidade para ocupar o comando da Câmara. A esquerda demonstrou muito empenho na defesa da democracia e das instituições, e o União Brasil também defende isso”, disse Bivar à coluna. Ele afirma que, caso a aliança se concretize, não significará “adesão cega” a todas as pautas que o PT queira aprovar.
Segundo o dirigente, o nome a ser indicado pelo União Brasil ainda não foi definido, mas ele próprio figura como uma das apostas da legenda. Aliados de Lula, entre eles Randolfe Rodrigues, defendem que partidos da base do governo apoiem à presidência da Câmara uma sigla que não tenha integrado a coligação do petista, de modo a ampliar o arco de alianças. No primeiro turno, o União Brasil lançou Soraya Thronicke à Presidência.
O União Brasil terá a terceira maior bancada da Câmara na legislatura que se inicia no ano que vem, com 59 deputados. O PL, partido de Bolsonaro, terá 99 parlamentares; e o PT, 68.
O União também discute eventual fusão com o PP, partido do atual presidente da Casa, Arthur Lira, mas essa possibilidade perdeu força.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ter um cargo no seu partido, após ter perdido a reeleição à Presidência, no próximo ano. A ideia, que já foi discutida com Valdemar Costa Neto, é que ele desempenhe um papel na legenda e tente manter relevância pelos próximos anos.
POR MARIANNA HOLANDA
O dirigente do PL esteve com Bolsonaro na última segunda-feira (31). No encontro, o chefe do Executivo disse que pretende continuar na sigla, ter um papel lá e liderar a oposição. Ainda não foram discutidos detalhes, mas Valdemar disse que aceitaria.
Em seu primeiro discurso concedido 45 horas após a proclamação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a reunião com Valdemar, o chefe do Executivo disse: "É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira".
A intenção do presidente do PL é manter Bolsonaro por perto nas decisões. Há uma avaliação de que ele pode ajudar a manter diálogo com a ala mais radicalizada do bolsonarismo, hoje sediada no PL, com Zé Trovão e Carla Zambelli na Câmara, por exemplo.
O cargo deve contar ainda com um salário, que ainda está indefinido. Aliados do presidente dizem que ele terá dificuldades de sobreviver apenas com o soldo militar e a aposentadoria de deputado federal, que chegaria a cerca de R$ 40 mil. Os detalhes ainda não foram discutidos.
Segundo interlocutores, o presidente está digerindo a derrota. Ele se tornou o primeiro mandatário a fracassar na reeleição.
Integrantes do PL esperam que ele possa manter o capital político de mais de 58 milhões de votos.
A ideia de Valdemar é que o partido consiga prosperar, mesmo com integrantes tão antagônicos internamente, nos moldes do MDB por muitos anos. O partido tem uma ala mais progressista, ligada a Lula e ao PT, e outra mais conservadora, em São Paulo e no Sul do país.
Gleisi Hoffmann e Aloízio Mercadante são parte da equipe
Por Bruno Bocchini
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou hoje (1º) que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, escolheu o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para coordenar a equipe de transição para o novo governo. De acordo com Hoffmann, até o momento, só estão confirmados na equipe, além de Alckmin, o ex-ministro Aloizio Mercadante e ela própria, presidente do PT. Outros nomes serão definidos a partir da próxima quinta-feira.
“O Geraldo Alckmin é o vice-presidente da República e tem mais do que legitimidade e poder político e institucional para conduzir isso, então a decisão do presidente [Lula] foi nesse sentido”, disse, em entrevista coletiva. “Como o Mercadante foi coordenador de programa de governo e tem essa relação com os nossos programas, ele vai estar junto na equipe. E eu também vou estar junto na parte da política e na relação com os partidos”, disse Hoffmann.
A presidente do PT ressaltou que todos partidos que participaram da frente ampla formada em torno da candidatura de Lula terão participação na equipe de transição. “Quero deixar claro isso, nessa comissão, a participação de todos os partidos que tiveram conosco nessa caminhada. Os partidos que estiveram na coligação, que fizeram a disputa eleitoral, vão participar também do processo de transição”.
Hoffmann ressalvou, no entanto, que a participação na equipe de transição não significa que os escolhidos serão, necessariamente, futuros titulares dos ministérios. “Importante também deixar bem claro para vocês que quem participa dessa comissão de transição não quer dizer que vai ser ministro ou ministra”, disse. “O presidente Lula não abriu essa discussão”, acrescentou.
Orçamento
A presidente do PT ainda enumerou os principais pontos em que a equipe de transição deverá se debruçar inicialmente. Segundo ela, a preocupação inicial está relacionada ao orçamento para 2023 e a situação fiscal do governo.
“Nós queremos que seja assegurado no orçamento de 2023 o contrato que nós fizemos nas eleições, aquilo que nós dissemos que iríamos realizar para o povo brasileiro. Nós queremos que o auxílio Brasil seja de R$ 600, que tenha reajuste do salário, essas questões nós vamos discutir. Mas mais do que isso nós também queremos ver como é que está a situação fiscal, porque a gente tem poucas informações sobre isso. A ideia é ter um quadro geral”.
Segundo a presidente do PT, o ministro Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, determinou o início do processo de transição de governo. “Eu conversei ontem com o Chefe da Casa Civil, senador Ciro Nogueira. Ele me falou que está à disposição, que foi uma determinação do presidente [Jair Bolsonaro] de se instalar o processo de transição, que eu poderia passar a ele os nomes para eles fazerem as nomeações”, disse.
Presidente eleito prometeu ampliar o número de pastas e chega ao poder pela terceira vez com a missão de acomodar, em seu governo, aliados históricos e antigos adversários que apoiaram sua candidatura na reta final
Por Eduardo Morgado
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu o segundo turno das eleições contra Jair Bolsonaro (PL) no último domingo, 31, deverá organizar nas próximas semanas como será a composição de seu novo governo que se inicia no dia 1º de janeiro. Durante a campanha, o petista evitou dar nomes de integrantes do seu eventual novo governo, mas a partir desta segunda-feira, 31, ao ser nomeado próximo chefe do Executivo federal, a expectativa é de que as negociações comessem. O ex-metalúrgico, inclusive, já havia prometido, em falas realizadas aos apoiadores durante suas agendas, que aumentaria o número de pastas e que realizaria um desmembramento no ‘superministério’ da Economia.
Caso cumpra com seu comprometimento, Lula terá ministros da Previdência Social, da Segurança Pública, da Pesca, do Desenvolvimento Agrário, da Pequena e Média Empresa, das Mulheres, da Cultura, dos Povos Originários, da Indústria e da Igualdade Racial, além dos cargos já existentes na Esplanada. A equipe de reportagem da Jovem Pan realizou um levantamento com os principais nomes e entrou em contato com os possíveis ministros que poderão chefiar as pastas à partir de janeiro do próximo ano.
Mesmo após abrigar apoios das mais diversas alas ideológicas e com a promessa de que deseja realizar um governo amplo, Lula deverá contar com uma base de apoio de confiança entre os ministros, com nomes que já caminham com o petista desde antes da concretização de sua vitória. Após não obterem êxito nas eleições aos cargos de governador de São Paulo e senador pela mesma região, Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) são nomes que encontram-se com o ‘caminho livre’ para comandar as pastas ministeriais. Haddad, por sua vez, já tem experiência no cargo por ter sido ministro da Educação de 2005 a 2012, durante os governos petista de Lula e Dilma Rousseff (PT), e há a chance de que o petista exerça a mesma função de outrora ou ocupe um vaga em um ministério da área econômica.
Entre os nomes que conseguiram se eleger e que podem ser nomeados como ministros pelo presidente eleito, estão: deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que foi ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais durante o segundo governo Lula e a pasta da Saúde para sua sucessora; deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que foi Ministra-Chefe da Casa Civil entre 2011 e 2014, é cotada para reassumir o cargo; Wellington Dias (PT-PI), ex-governador do Piauí e senador eleito, está no radar do petista e pode ser nomeado para comandar uma pasta da área econômica ou de articulação política; Flávio Dino (PSB-MA), senador eleito e postulante ao cargo de ministro da Justiça ou Segurança Pública, já teve um ‘chamado público’ por Lula durante agenda após o ex-metalúrgico dizer que o ex-governador conquistaria a cadeira no Senado, mas não seria congressista por muito tempo “porque vai ter muita tarefa nesse país”; Jaques Wagner (PT-BA), senador com mandato até fevereiro de 2027, também é tido como nome forte para comandar um ministério econômico; Reginaldo Lopes (PT-MG), atualmente líder do PT na Câmara, concorre ao cargo de ministro da Educação; Simone Tebet (MDB), terceira presidenciável mais votada no primeiro turno das eleições gerais, segue como uma aposta para integrar o governo na área da Educação ou da Agricultura após seu forte apoio à candidatura petista no segundo turno; Henrique Meirelles (União Brasil), que foi presidente do Banco Central nos governos Lula e comandou a Fazenda na gestão Michel Temer, é o principal nome do mercado financeiro para chefiar a pasta da Economia. Procurado pela Jovem Pan, porém, o ex-presidenciável afirmou que não houve convite por parte do petistas “até agora”.