O processo sucessório de 2026 no Tocantins começou muito antes do esperado. Faltando 15 meses para a eleição, o tabuleiro político já está montado com disputas internas, construções de alianças e, sobretudo, com demolições de projetos que não resistiram à pressão dos grupos majoritários
Por Edson Rodrigues
Enquanto as candidaturas ao Senado avançam com força, o jogo pelo Palácio Araguaia ainda caminha em marcha lenta, cada nome tentando evitar erros que possam custar caro. O Observatório Político de O Paralelo 13 apresenta mais um raio-x das pré-candidaturas ao Senado e ao governo estadual.
Senado Federal
O senador Eduardo Gomes (PL), atual vice-presidente do Senado, é candidato à reeleição e aparece como favorito tanto em cenários para o Palácio Araguaia quanto para o Senado. Sua habilidade política é reconhecida até por adversários, descrito como alguém que “conserta relógio Rolex com luva de boxe”, numa referência à sua destreza em evitar deslizes que comprometam sua trajetória.
Caso o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) decida concorrer ao Senado, o cenário praticamente fecha, uma vez que dificilmente alguém tiraria as duas vagas de Gomes e Wanderlei.
Em meio a tantas movimentações, uma coisa parece consolidada: o senador Eduardo Gomes e o governador Wanderlei Barbosa estarão no mesmo palanque em 2026.
O próprio governador já declarou publicamente que seu primeiro voto será para a reeleição de Eduardo Gomes. O senador, por sua vez, tem reiterado que sua atuação é no sentido de manter a base unida, evitando tensões desnecessárias e preparando terreno para uma aliança sólida.
Wanderlei Barbosa
O governador mantém intensa agenda de viagens pelo Tocantins, entregando obras e assinando ordens de serviço, ao mesmo tempo em que frequenta Brasília em audiências com ministros do presidente Lula. Sua popularidade segue em alta, e sua eventual decisão de concorrer ao Senado é vista como fator determinante para toda a sucessão estadual.
A vaga de Gaguim
O deputado federal Carlos Gaguim (União Brasil) consolidou seu espaço e está praticamente garantido em uma das duas vagas ao Senado. Ele será candidato na chapa da senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil), tendo como primeira suplente uma empresária, irmã do presidente nacional do partido, Luciano Bivar Rueda.
Vicentinho Júnior: candidatura na UTI
Já a pré-candidatura do deputado federal Vicentinho Júnior (PP) enfrenta turbulências. Apesar de ter lançado sua campanha com grande festa a poucos dias no Senhor do Bonfim, prestigiado por prefeitos, primeiras-damas, vereadores e lideranças, incluindo o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, e a primeira-dama Poliana Siqueira, sua posição foi enfraquecida por divergências internas do partido.
Um áudio vazado da senadora Dorinha deixou claro que a federação União Brasil/PP não abriria espaço para duas candidaturas “sangue puro”, deixando subentendido que Vicentinho não seria prioridade. Na prática, a cúpula nacional chancelou Gaguim como o nome da federação para o Senado.
Esse movimento fragilizou Vicentinho, que agora precisa decidir se permanece no Progressistas e disputa a reeleição para a Câmara ou se muda de partido para tentar manter viva sua pré-candidatura ao Senado.
Irajá Silvestre
O senador Irajá Silvestre (PSD) é outro nome na corrida à reeleição. Reconhecido pelo trabalho junto às suas bases, especialmente prefeitos eleitos pelo PSD, ele se diferencia dos demais por ser o único a defender abertamente a reeleição do presidente Lula no Tocantins.
Essa postura o coloca em posição estratégica, com possibilidade de ampliar musculatura política e consolidar-se como alternativa diante das disputas internas em outros blocos.
Candidaturas ao Governo
As últimas pesquisas internas e a mais recente do Instituto Paraná revelam um dado alarmante para os pré-candidatos: entre 70% e 78% dos eleitores ainda não sabem em quem votar para governador. A população demonstra pouco interesse no processo sucessório, o que mantém a corrida em compasso de espera.
As pré-candidaturas mais competitivas hoje são as da senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil), do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres (Republicanos), e do vice-governador Laurez Moreira (PDT).
Outros nomes, como o ex-governador Mauro Carlesse e o ex-senador Ataídes Oliveira, até aparecem na lista, mas sem movimentações políticas consistentes até o momento.
A chave do processo continua com Wanderlei Barbosa
Com índices de aprovação pessoal e de gestão que chegam a 80% o governador Wanderlei Barbosa segue sendo a liderança mais forte do Tocantins. Sua capacidade de transferência de votos é vista como decisiva para 2026.
O grande ponto de interrogação está em sua decisão sobre disputar ou não o Senado. Caso renuncie ao governo para buscar uma vaga, o tabuleiro se reorganiza completamente.
Se permanecer no cargo, o nome mais cotado para receber seu apoio é o deputado Amélio Cayres, já respaldado por um conglomerado de partidos, prefeitos e pela maioria dos deputados estaduais.
Neste cenário, o vice-governador Laurez Moreira percorre o estado e tem sido bem recebido por prefeitos e vereadores ligados ao Palácio Araguaia. Ele aposta na possibilidade de assumir o governo em caso de renúncia de Wanderlei, disputando a reeleição já com a “caneta” na mão.
Por enquanto, evita confronto direto, aguardando o desfecho da decisão do governador.
O cenário político do Tocantins para 2026 é marcado por incertezas, vaidades e articulações intensas. Enquanto as candidaturas ao Senado parecem mais definidas, com Eduardo Gomes, Wanderlei Barbosa, Carlos Gaguim e Irajá Silvestre em destaque, a disputa pelo Palácio Araguaia segue em compasso de espera, dependente sobretudo de uma decisão sobre o que fará Wanderlei Barbosa.
Até lá, cada movimento será decisivo para determinar quem sobrevive e quem sucumbe à grilhotina política em curso.