Secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos apresenta à equipe resultados da COP 30

Posted On Sexta, 28 Novembro 2025 05:45
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Secretário  Divaldo apresentou os resultados da COP 30 em reunião realizada na sede da pasta. Secretário Divaldo apresentou os resultados da COP 30 em reunião realizada na sede da pasta. Foto Washington Luiz

Durante a reunião, Divaldo Rezende destacou os principais temas debatidos na conferência, que ficou marcada como a “COP da Adaptação” devido ao avanço global na definição de métricas para medir resiliência climática

 

 

Por Por Fábia Lázaro

 

 

O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Divaldo Rezende, reuniu a equipe na sala de reuniões da pasta, na manhã dessa quarta-feira, 26, para apresentar um balanço da participação do Tocantins e os resultados da 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP 30), realizada entre 11 e 21 de novembro, em Belém (PA).

Com a experiência em 20 COPs, Divaldo Rezende destacou os principais temas debatidos na conferência, que ficou marcada como a “COP da Adaptação” devido ao avanço global na definição de métricas para medir resiliência climática.

 

Pela Semarh, participaram da conferência, além do secretário, a superintendente de gestão de Políticas Públicas Ambientais, Marli Santos, a diretora de Inteligência, Clima e Floresta, Cristiane Peres e as assessoras técnicas Isabel Acker e Ravenna Vieira.

 

Logo na abertura do encontro, Rezende chamou atenção para o cenário climático atual, reforçando que 2024 já é considerado o ano mais quente da história, com temperatura média global 1,55°C acima dos níveis pré-industriais. Segundo ele, o uso de energia segue como o principal responsável pelas emissões globais de gases de efeito estufa, seguido pela agropecuária e pela indústria.

 

O secretário apresentou ainda uma comparação entre os impactos previstos para cenários de aquecimento de 1,5°C e 2°C, destacando o agravamento de ondas de calor, aumento do nível do mar, perda de corais, degelo acelerado e riscos de extinção para diversas espécies. Ele também reforçou o papel da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, documento que estabelece os compromissos nacionais para redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas.

 

Entre os avanços internacionais, Rezende destacou que, pela primeira vez, foram adotados indicadores globais de adaptação (GGA), que permitirão medir a resiliência de países na proteção de vidas humanas, manutenção de serviços essenciais e capacidade de enfrentar eventos climáticos extremos. “Se até hoje medimos apenas emissões, agora passamos a medir capacidade real de adaptação. É um dos maiores legados da conferência”, reforçou.

 

Divaldo Rezende destacou o esforço coletivo envolvido nas negociações internacionais. Washington Luiz/Governo do Tocantins.

 

Apesar dos avanços, ele ponderou que o financiamento climático segue como principal gargalo. Mesmo com a promessa de ampliação dos recursos destinados à adaptação, o cronograma foi postergado para 2035, o que gerou frustração, sobretudo entre países mais vulneráveis.

 

Outro revés apontado foi a retirada do “Mapa do Caminho para o Fim dos Combustíveis Fósseis” do documento final — decisão influenciada por forte pressão diplomática. Ainda assim, Divaldo ressaltou que houve ganho político: foi criado um grupo técnico sobre o tema e anunciada uma cúpula ministerial em abril de 2026, na Colômbia, país que se destacou nas negociações finais.

 

Secretária executiva Mônica Avelino Arrais agradeceu a equipe que deu suporte à comitiva na COP.Washington Luiz/Governo do Tocantins

 

A edição também marcou avanços em justiça climática. Pela primeira vez, populações afrodescendentes foram incluídas de forma transversal nos textos oficiais, e o papel dos povos indígenas na proteção das florestas foi reconhecido explicitamente, acompanhado de novos apoios financeiros e garantias territoriais.

 

Rezende também mencionou um dos movimentos econômicos mais relevantes da conferência: o lançamento, em Belém, da Coalizão Global de Mercado de Carbono, formada por Brasil, União Europeia, China, Reino Unido e outros países. A iniciativa busca harmonizar regras e fortalecer a integridade dos mercados de crédito de carbono, hoje ainda fragmentados. A proposta é estabelecer padrões mínimos para evitar greenwashing e aumentar a confiança de investidores.

 

O secretário lembrou ainda que a COP vai muito além das plenárias. Nos bastidores, acordos bilaterais resultaram em aportes significativos, como US$ 9,5 bilhões para florestas, US$ 1,8 bilhão para povos indígenas, US$ 590 milhões para redução de metano, US$ 82 bilhões anuais para redes elétricas e armazenamento de energia, e US$ 300 milhões para programas de saúde resiliente.

 

Divaldo Rezende destacou ainda o esforço coletivo envolvido nas negociações internacionais. “Entre plenárias interrompidas, calor, incêndio, textos refeitos de madrugada e decisões aquém do ideal, o cansaço é inevitável. Mas também houve conquistas importantes, fruto de quem permanece firme para garantir avanços. A COP não é o fim — é uma linha contínua de negociações que seguem em curso”, afirmou.

 

Participação do Tocantins

 

Segundo o secretário, o Tocantins teve participação expressiva e estratégica na COP 30, contribuindo diretamente em debates, painéis e articulações bilaterais. A delegação integrou as atividades do Consórcio da Amazônia, da Estratégia Amazônia 2050, da Plataforma 2050 e de iniciativas relacionadas aos ativos ambientais de proteção integral, além de apresentar a cartilha de regularização fundiária da Amazônia Legal e atuar no Agrizone, espaço voltado ao agro sustentável e à bioeconomia.

 

O Estado marcou presença em mais de 18 painéis, sendo responsável pela organização de quatro deles. A agenda incluiu ainda reuniões bilaterais com governos do Canadá, África Central, França, União Europeia, Japão e Indonésia, além de diálogos com potenciais compradores do créditos de carbono como Anglo American, Amazon e Microsoft.

 

A equipe também avançou nas tratativas do Projeto Sustento, avaliado em R$ 58 milhões, e participou de discussões com potenciais investidores em fruticultura sustentável. E a Conservação Internacional confirmou a continuidade de suas atividades no Tocantins para o período de 2026 a 2030.

 

 

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