Todos aqueles que pretendem se candidatar a um cargo majoritário nas eleições de outubro do ano quem vem, devem ter em mente que sua pretensão política só será viável se trouxer em seu bojo candidaturas proporcionais fortes. Traduzindo, os pré-candidatos a governador e senador precisam de bons nomes em suas chapas proporcionais. Exército sem soldados não ganha batalhas!
Por Edson Rodrigues
E os próximos seis meses serão decisivos para as pretensões de cada um, pois configuram tempo suficiente para que os “casamentos arranjados” ou as federações partidárias consolidadas apenas por sobrevivência política dos partidos pequenos ou nanicos estejam sacramentados, mesmo que, conforme o modus operandi das cúpulas nacionais das legendas, que “enfiam” esses acordos goela abaixo das províncias – estados – cada diretório estadual dos envolvidos tenha que digerir a federação a conta-gotas.
ARCAS DE NOÉ: TODO CUIDADO É POUCO
A verdade é que a maioria desses “casamentos arranjados” entre partidos acabam ficando mais parecidos com uma arca de Noé do que uma união de legendas, propriamente dita, pois acabam unindo políticos de ideologias contrárias, bandeiras que não conversam entre si, religiões conflitantes e segmentos classistas incoerentes, e deixam o eleitorado, até os seguidores das legendas envolvidas, mais desconfiados que satisfeitos.
É preciso ter muito cuidado na escolha de pré-candidaturas proporcionais que realmente tenham votos e tenham chances reais de crescer e cair nas graças dos eleitores. E o Tocantins tem uma pessoa extremamente escolada na hora de juntar nomes que tenham votos. Trata-se de Lucas da Lince, um articulador político de primeira, que entende de eleições proporcionais como poucos, e tem credibilidade, habilidade e reconhecimento entre a classe política e a população acerca de suas habilidades na formação de chapas proporcionais competitivas.
Os próximos seis meses serão de aparo de arestas e acordos mantidos a sete chaves, pois os “casamentos sem amor” são uma realidade e foram até regulamentados pela Justiça Eleitoral.
PSDB X PODEMOS: FIM DE NAMORO
Por falar em casamentos arranjados, a fusão entre o PSDB e o Podemos não passou do namoro e, no Tocantins, a sensação que se tem é que o destrato causou mais alívio que espanto. O PSDB é presidido pela ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, enquanto que a maior liderança política do Podemos é o atual prefeito, Eduardo Siqueira Campos e uma assegurada – e imprevisível – disputa entre os dois pelo controle da federação no Tocantins já estava configurada.
Agora, fica tudo como está e cada um seguirá o seu caminho, formatando seus grupos políticos visando a eleição do ano que vem, contando apenas consigo mesmos para montar suas chapas proporcionais, capazes de obter votos suficientes para atingir o quociente eleitoral e eleger, pelo menos, um deputado federal ou um deputado estadual. Ou um de cada.
O Podemos ganhou, esta semana, o reforço de Tiago Dimas, seu presidente estadual, que ficou a vaga de deputado federal de Lázaro Botelho (PP), após a mudança de interpretação das sobras eleitorais, por parte do STF, e cumprida pelo TRE, por meio de uma recontagem dos votos, que decidiu em favor de Dimas, inclusive, já diplomado, e que tomará posse em data ainda a ser definida pela Câmara Federal.
Já o PSDB tem em Eduardo Mantoan, esposo de Cintia Ribeiro, que é deputado estadual, assim como Júnior Geo.
Tanto Dimas quanto Mantoan e Geo terão que mostrar seus patrimônios eleitorais na formação das chapas proporcionais de Podemos e PSDB, respectivamente.
OUTRA FEDERAÇÃO
Articulada pelo presidente nacional do PSB e prefeito do Recife, João Campos, a formação de uma federação com o PDT e o Cidadania começou a ser discutida nas últimas semanas. As negociações têm ocorrido de forma bilateral, e sempre partindo do PSB: a sigla mantém conversas separadas com PDT e Cidadania, mas ainda não há diálogo direto entre os outros.
Não há, contudo, sinais públicos de resistência por parte das legendas à eventual composição.
A articulação é interpretada nos bastidores como uma tentativa de reorganizar a centro-esquerda, especialmente diante das dificuldades enfrentadas por outras federações. Tanto o agrupamento formado por PT, PCdoB e PV como a aliança PSOL-Rede enfrentam disputas internas e desgastes que se acentuaram nas eleições municipais do ano passado. Filiados de siglas menores, como Rede e PV, queixaram-se de pouca influência na tomada de decisões.
Caso venha a se concretizar, essa federação pode representar várias gotas de creolina no “copo de leite” do vice-governador Laurez Moreira (PDT), uma vez que o presidente estadual do PSB é o vereador e “político pavão”, Carlos Amastha e o presidente do Cidadania é o deputado estadual Wilmar do Detran.
Nunca uma eleição estadual prometeu tanto acirramento em sua disputa. Um panorama mais claro só poderá ser obtido após abril de 2025, com fim do prazo para as filiações partidárias.
Boa sorte aos postulantes!