A verdade em xeque: Lula, a inteligência artificial e o papel político da imprensa tradicional

Posted On Sábado, 07 Junho 2025 22:46
Avalie este item
(0 votos)

Na cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Paris, o presidente Lula manifestou sua preocupação em relação à inteligência artificial e as eleições de 2026. “Imagina o que vai ser uma campanha eleitoral com inteligência artificial? Vai ser 100% de mentira.” A frase não é exagerada. É uma síntese do que já está em curso e do que pode se agravar nas eleições de 2026

 

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

 

O alerta do presidente ecoa como um grito de socorro da democracia. A inteligência artificial, usada sem responsabilidade, tem o poder de maquiar a mentira com perfeição técnica. Vídeos falsos, áudios clonados, declarações inventadas com rostos e vozes idênticas aos reais – tudo isso está a um clique de distância. É a mentira com aparência de verdade. E essa potência, se não for contida, pode reescrever biografias, implodir candidaturas e manipular a opinião pública de forma irreversível.

 

 

As redes sociais, que já foram vistas como um espaço de democratização da informação, podem facilmente se transformar em verdadeiros esgotos digitais. Sem filtros, sem critério e, muitas vezes, sem qualquer responsabilização, viram terreno fértil para campanhas sujas, denuncismo raso e fake news coordenadas. No Tocantins, onde o debate político ainda engatinha na cultura do enfrentamento de ideias e das propostas públicas, o risco é ainda maior.

 

Basta uma peça falsa, com cara de verdade, para mudar os rumos de uma eleição ou, ao menos, lançar sombra de dúvida sobre um nome que lidera a disputa.

 

É nesse contexto que o papel da imprensa tradicional ganha centralidade. O jornalismo profissional, com apuração séria, checagem de fatos e responsabilidade editorial, será o grande divisor de águas entre a verdade e a mentira, entre o joio e o trigo. E é preciso dizer com todas as letras: triste do político que não tiver ao seu lado uma parceria sólida com veículos de credibilidade.

 

No Tocantins, veículos que apostam na informação qualificada resistem bravamente ao ritmo alucinante e superficial das redes. Esses canais ainda sustentam o jornalismo que ouve os dois lados, que separa crítica de difamação, que protege a democracia da selvageria digital.

 

 

Desprezar a imprensa será um erro estratégico imperdoável. Quem apostar só nos algoritmos e nas bolhas digitais corre o risco de ser triturado por máquinas de desinformação e, pior, sem ter para onde correr quando a reputação estiver em frangalhos. Porque recuperar a verdade, depois que a mentira viraliza, é quase impossível. E o Judiciário Eleitoral, por mais bem intencionado que seja, não terá braços para conter a enxurrada de ações por calúnia, manipulação e fraude que virá.

 

A confiança do eleitor não é um botão de impulsionamento. É construída com coerência, presença real e diálogo com a sociedade – e tudo isso passa pela mediação da imprensa. É ela, a velha e boa imprensa, que ainda tem o poder de blindar o debate público da sabotagem e do caos informativo.

 

A eleição de 2026 não será apenas uma batalha por votos. Será uma disputa entre dois modelos de comunicação: o da verdade apurada e o da mentira produzida por máquinas. O político que quiser se manter de pé precisará de mais do que redes sociais – precisará de uma trincheira de credibilidade.

 

E essa trincheira, no Tocantins e no Brasil, ainda se chama jornalismo profissional.

 

A imprensa, dos veículos online e impressos de credibilidade, será o divisor capaz de fazer a diferença entre a verdade e a mentira nas eleições de 2026. Fato.

 

 

Última modificação em Domingo, 08 Junho 2025 04:43
{loadposition compartilhar} {loadmoduleid 252}