Por Edson Rodrigues – Direto de Maceió
A política tocantinense viveu, nesta sexta-feira (05/12), uma reviravolta que redesenhou o cenário estadual em questão de minutos. O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, deferiu uma medida liminar determinando o retorno imediato de Wanderlei Barbosa ao comando do Estado, após três meses de afastamento por decisão judicial. É liminar, e é preciso deixar claro que o mérito do caso ainda não foi analisado pelo plenário do STF.
RASTEIRA POLÍTICA

A decisão caiu como uma verdadeira rasteira sobre o governador em exercício, Laurez Moreira, que estava em Miracema, capital simbólica por um dia, para o lançamento do programa “Tocantins Presente”. Cercado por secretários, prefeitos e lideranças municipais, Laurez recebeu a notícia que, de forma abrupta, alterou seu status político e interrompeu arranjos que vinham sendo costurados sob sua interinidade.

Ao suspender o afastamento, Nunes Marques devolveu Wanderlei ao Palácio Araguaia de forma imediata. No despacho, o ministro afirmou: “Defiro medida liminar, para suspender, até o julgamento deste writ, a medida cautelar de afastamento do cargo de Governador de Estado.” A frase, seca e direta, bastou para pivotar o eixo político do Tocantins.
EDUARDO GOMES, O PORTO SEGURO EM BRASÍLIA

Nos bastidores da capital federal, uma figura se manteve firme desde o primeiro dia da crise foi o senador Eduardo Gomes, vice-presidente do Senado e aliado histórico de Wanderlei. Eduardo atuou como porto seguro do governador afastado.
Enquanto parte da classe política recuava, aguardava ou testava alternativas, ele movimentou articulações, sustentações jurídicas e diálogos estratégicos, garantindo que Wanderlei tivesse as condições necessárias para reverter a decisão.
Sua atuação discreta, porém firme, foi determinante para que a liminar fosse concedida. A relação política e pessoal entre os dois permaneceu intacta durante todo o período de afastamento e o resultado desta sexta-feira deixou isso evidente.
EFEITOS COLATERAIS IMEDIATOS

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, Paulo Mourão e o vice presidente da República Geraldo Alckmin
A decisão do STF provocou repercussões rápidas e profundas nas articulações que Laurez vinha conduzindo. O impacto mais simbólico recaiu sobre o PT, que havia dado sinal verde para compor formalmente o governo interino ao confirmar o nome do ex-prefeito Paulo Mourão para presidir o Mineratins.
Mourão, no entanto, não chegou sequer a assumir a cadeira. O gesto político, planejado para consolidar a aproximação de Laurez com o presidente Lula, foi atropelado pela liminar. Nos bastidores, o episódio virou alvo de ironias e comentários sobre “pé frio”.
ALIANÇAS DE LAUREZ ENTRAM EM ZONA DE INCERTEZA

Durante sua interinidade, Laurez também avançou em acordos com figuras de peso na política tocantinense. O ex-prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas; a ex-prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro; e o deputado estadual Eduardo Mantoan, marido de Cinthia, construíram aproximações importantes com o grupo do governador interino.
Cinthia, inclusive, já era cotada para compor uma chapa majoritária como possível vice de Laurez em 2026. Com o retorno de Wanderlei, esses arranjos entram em compasso de espera, obrigando os envolvidos a recalcular rotas.
O CASO DELICADO DE VICENTINHO JÚNIOR

Outro personagem diretamente impactado é o deputado federal Vicentinho Júnior, aliado de Laurez. A formação da superfederação União Brasil–PP, que será comandada no Tocantins pela senadora Professora Dorinha, já o deixava desconfortável.
Com fundo partidário unificado, controle do tempo de rádio e TV e estrutura eleitoral conjunta, a federação coloca Vicentinho sem espaço no atual arranjo. A tendência, agora ainda mais clara, é que ele anuncie mudança de partido após 4 de abril, prazo legal que permite a troca sem risco de perda de mandato.
SUPERFEDERAÇÃO REFORÇA DORINHA PARA 2026
A formalização da superfederação entre União Brasil e PP fortalece ainda mais a pré-candidatura de Dorinha ao governo do Tocantins. Sob seu comando, a federação passa a ter peso decisivo no tabuleiro eleitoral, com controle sobre recursos financeiros, estratégia e comunicação.
Esse movimento reorganiza forças, pressiona aliados e adversários e adiciona mais um elemento ao já turbulento cenário político estadual.
LIMINAR RECOLOCA WANDERLEI, MAS NÃO ENCERRA A DISPUTA

Segunda turma do STF
O retorno de Wanderlei reorganiza o governo e devolve ao governador seu capital político, mas o cenário permanece aberto. A liminar garante a volta, mas o caso ainda aguarda julgamento no plenário do STF, deixando margem para novas reviravoltas.
O Tocantins, mais uma vez, vive um daqueles momentos que só a política produz: acordou com um governador, almoçou com outro e encerra o dia sem a certeza de como será o próximo capítulo.
O Observatório Político do Paralelo 13 acompanhará todos os desdobramentos e apresentará no domingo uma análise mais aprofundada dos impactos desta reviravolta nas articulações para 2026.