Palácio Araguaia não é “Casa da Mãe Joana”

Posted On Segunda, 11 Agosto 2025 06:01
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Na política, assim como no comando de uma família ou de um time, há momentos em que a liderança precisa impor ordem, reafirmar hierarquia e separar os que realmente jogam a favor do projeto daqueles que apenas orbitam em torno das benesses do poder. É exatamente esse o momento que vive o governador Wanderlei Barbosa.

 

 

Por Edson Rodrigues

 

 

A expressão popular “Casa da Mãe Joana” é conhecida no Brasil como sinônimo de lugar onde todos mandam, todos se servem, mas ninguém assume responsabilidade ou zela pelo bom funcionamento da “casa”. No Palácio Araguaia, Wanderlei parece decidido a não permitir que esse cenário se instale.

 

Separando o joio e do trigo

 

Cada governante tem seu estilo de agir, identificar quem são seus verdadeiros aliados, como também sabe quem são os amigos do poder e das benesses. O governador já iniciou um processo de filtragem e começou a identificá-los. Wanderlei dá início a essa separação para evitar que interesses pessoais, lealdades dúbias e arranjos oportunistas fragilizem a governabilidade e a disciplina política do Palácio. O objetivo é garantir que, na hora da decisão, o comandante possa contar com uma base coesa.

 

 

 

O movimento envolve ajustes na base política, reforço de alianças sólidas. Não se sabe, ao certo, quais critérios exatos estão sendo empregados para cada exoneração ou dispensa. São decisões individuais do chefe do Executivo, prerrogativa do governador e, pela experiência acumulada na política, Wanderlei tem feito escolhas que considera estratégicas para preservar a governabilidade.

 

O governador no auge

 

Governador Wanderlei Barbosa recebeu o embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos, no Palácio Araguaia - Foto: Esequias Araújo

 

Wanderlei Barbosa entra no segundo semestre de 2025 com índices de aprovação invejáveis. Sua presença constante no interior, as inaugurações semanais e a capacidade de atrair prefeitos para seu projeto o colocam como favorito no momento. É um cenário que muitos governadores gostariam de ter.

 

A força do governador se ancora em uma popularidade superior a 80%, em um relacionamento harmonioso com os demais poderes e instituições, no tratamento privilegiado ao funcionalismo (pagamento antecipado dos salários) e em robustas reservas financeiras em caixa. Fontes próximas ao governo indicam que Wanderlei Barbosa deve lançar um programa de parcerias com os 139 municípios, descentralizando recursos para que cada prefeito execute obras e ações diretamente.

 

Neste momento, o desafio de Wanderlei é transformar aceitação pessoal em votos. Até aqui, sua imagem é a de um gestor próximo da população, mas, na política, o capital eleitoral é volátil. Um tropeço administrativo ou um erro na articulação política pode corroer rapidamente a vantagem conquistada.

 

Poder legislativo

 

 

Nos bastidores da política tocantinense, circula a informação de que, ainda neste mês de agosto, o governador deve reunir com os deputados estaduais que considera base do Palácio Araguaia. Esse grupo será reconhecido formalmente como a base política na Assembleia Legislativa.

 

A partir desse encontro, cargos de chefia e direção nos 139 municípios, hoje ocupados por indicados de parlamentares, passarão a ser controlados exclusivamente por deputados alinhados ao governo. Os demais, fora dessa base, ficarão livres para adotar postura de oposição, com a perda de influência administrativa.

 

Oposições: Senadora Professora Dorinha

 

Do outro lado do tabuleiro, a oposição se articula. A senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil), pré-candidata ao governo, ainda mantém a “porta encostada” para diálogo com o Palácio, mas a relação é marcada por tensão. A recente demissão da ex-secretária de Ação Social, Cleizenir Divina dos Santos, indicada pela senadora, somada à exoneração de outros aliados de Dorinha, sinaliza que o governador não pretende tolerar dupla fidelidade em seu núcleo de comando.

 

Este afastamento da senadora professora Dorinha se deu por iniciativa própria. A pré-candidata reuniu-se com  o núcleo G5, grupo político formado pelos prefeitos dos cinco principais colégios eleitorais do Tocantins: Palmas (Eduardo Siqueira), Araguaína (Wagner Rodrigues), Gurupi (Josi Nunes), Porto Nacional (Ronivon Maciel) e Paraíso (Celso Morais). O anúncio público da união desses prefeitos, todos de oposição ao Palácio Araguaia e a gestão Wanderlei Barbosa, o anúncio de apoio dos cinco políticos a pré-candidatura da senadora Dorinha, acompanhado de fotos, levou ao distanciamento automático entre a senadora e o governador.

 

A partir desta ocasião Dorinha passou a ter a sua própria agenda, independente do governador. Mesmo não confirmando sua pré-candidatura ao governo, a senadora tem musculatura para ser uma das duas vagas no inevitável segundo turno.

 

Independente de qualquer coisa, a senadora Dorinha Seabra é pré-candidata ao governo com ótima musculatura e conta com o apoio declarado dos cinco principais colégios eleitorais tocantinense, praticamente com suas chapas proporcionais bem adiantadas, deixando em suspense a confirmação das candidaturas ao Senado.

 

Oposição II: Laurez Moreira

 

Laurez Moreira, Ronaldo Dimas, senador Irajá e Káatia Abreu

 

O vice-governador Laurez Moreira pelo visto não tem ninguém em cargo de chefia ou assessoramento especial. Continua suas andanças pelo Tocantins e por onde passa tem deixado boa impressão. Também com a porta encostada, em outros sinais sonha com a possível renúncia de Wanderlei Barbosa ao Governo do Estado, para disputar o Senado, hipótese que o próprio governador já negou publicamente.

 

Segundo avaliações, as oposições anteciparam o processo eleitoral de 2026, isolando o Palácio Araguaia das articulações principais, especialmente as ligadas as pré-candidaturas de Laurez Moreira e Dorinha Seabra não deixando outra opção ao governador Wanderlei Barbosa que não fosse abraçar um projeto com candidatura própria do Republicanos, partido presidido por ele no Tocantins.

 

Paulo Mourão e Mauro Carlesse

 

Paulo Mourão (foto) e Mauro Carlesse, nomes que circulam como possíveis pré-candidatos, ainda não deram sinais concretos de movimento eleitoral, portanto preferimos aguardar o desenrolar dos próximos meses.

 

Wanderlei Barbosa candidato?

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 já foi taxativo e esta resposta já foi dada pelo próprio governador Wanderlei Barbosa de que não será candidato a senador, porém seu comportamento tem feito a comunidade tocantinense questionar este fato. Wanderlei Barbosa é um político de obras, um gestor que tem estado cada vez mais próximo ao povo.

 

Amélio Cayres é o candidato de Wanderlei Barbosa

 

 

No campo governista, não há dúvidas sobre a aposta central de que o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, é o nome escolhido por Wanderlei Barbosa para a sucessão em 2026. O governador trabalha para garantir que, se não vencer no primeiro turno, Amélio Cayres chegue fortalecido ao segundo, com apoio de uma base política consolidada.

 

Com o apoio da maioria dos deputados estaduais e vários deputados federais, prefeitos, do Governador com alta popularidade. Porém, caso Wanderlei Barbosa renuncie para o mandato de governador em menos de 24h a candidatura de Amélio Cayres desidrata, perde musculatura e terá dificuldade de chegar no tão sonhado segundo turno, com uma das duas vagas de fato. Já Wanderlei permanecendo no mandato garante ao seu pré-candidato grandes chances de conseguir o segundo turno.

 

A postura de Wanderlei, de agir agora, antes do período eleitoral, demonstra cálculo político. Com 39 anos de experiência na vida pública, passando por mandatos como vereador da capital da cultura, Porto Nacional, presidente de Câmara, deputado estadual, vice-governador e governador reeleito, ele sabe que a antecipação é decisiva para evitar que o Palácio Araguaia se transforme em território desordenado.

 

Especula-se nos bastidores da política palmense que o governador Wanderlei Barbosa deve reunir esta semana com um grupo de deputados convidados nominalmente para uma reunião que definirá a partir daí a base política do Palácio Araguaia. O Observatório Político de O Paralelo 13 acredita ser em torno de uns 19 e 16 deputados estaduais que comporão a base política do Palácio Araguaia.

 

O teste final

 

É importante salientar que o quadro sucessório no momento são conjecturas, especulações e nenhuma candidatura ou tabuleiro sucessório já está sacramentado. Em 2026, vencerá quem souber equilibrar presença popular, alianças sólidas e narrativa convincente.

 

 

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