NO FIM DAS CONTAS, WANDERLEI SAI FORTALECIDO DE UM ANO TURBULENTO

Posted On Sexta, 19 Dezembro 2025 04:34
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Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

Vamos começar citando três velhos ditados populares. Um diz que “há males que vêm para o bem” e o outro “diga-me com quem andas que te direi quem és”. Essas máximas parecem se encaixar no atual momento da política tocantinense. Escorregões e tropeços, por vezes, servem de alerta para evitar quedas maiores no futuro. O governador Wanderlei Barbosa, ao olhar pelo retrovisor da vida pública, parece adotar outra lição popular: “seja inteligente, transforme o azedo do limão em limonada”. Traduzindo, toda a turbulência enfrentada em 2025 serviu para Wanderlei Barbosa filtrar ainda mais o grupo formado por “amigos e aliados” e fez com que ele tivesse a possibilidade de iniciar o próximo ano ainda mais fortalecido do que estava antes do imbróglio judicial.

O foco do governador, em 2026, será manter total controle sobre sua gestão, evitando confiança exagerada em aliados e garantindo que toda a equipe esteja integrada em torno de prioridades claras. A preocupação é impedir que auxiliares, em diferentes escalões, abusem do poder governamental e confundam cargos com palanque eleitoral. Nesse sentido, ganha força a ideia de criar uma comissão fiscalizadora, subordinada diretamente ao gabinete, com canais de denúncia abertos à população, como forma de combate à corrupção e de preservação da credibilidade administrativa.

LIDERANÇA POLÍTICA E RELAÇÃO COM O LEGISLATIVO

 

Ao centro Wanderlei Barbosa e o deputado Amelio Cayres 

Wanderlei Barbosa possui forte liderança junto ao Poder Legislativo. Essa influência pode ser decisiva para garantir êxito nas eleições majoritárias e proporcionais. O governador tem capital político suficiente para unir sua base em torno de um projeto de continuidade. O final de 2025 surge como momento estratégico para ajustes internos, recomposição de forças e alinhamento de lideranças que compõem seu estafe político.

O entusiasmo do governador, após retornar ao cargo, sinaliza disposição para consolidar alianças e preparar o terreno para a sucessão estadual.

A volta de Wanderlei Barbosa ao governo, após decisões favoráveis no Supremo Tribunal Federal, foi interpretada como a derrubada de um tabu: a crença de que figuras influentes nos bastidores do Judiciário poderiam determinar os rumos do Estado. Essa vitória política, respaldada pela articulação do senador Eduardo Gomes, vice-presidente do Senado, fortaleceu o governador e lhe deu fôlego para reorganizar sua base e projetar o futuro.

RESSURREIÇÃO POLÍTICA E O DESAFIO DA DISCIPLINA

 

Politicamente, Wanderlei Barbosa ressuscitou das cinzas. Depois de dois pedidos negados no STF, conseguiu retornar por unanimidade da Segunda Turma da Corte. Agora, o desafio é evitar deslizes de qualquer membro do governo ou da própria família. Até 31 de dezembro de 2025, o governador precisa manter disciplina absoluta, preparando o terreno para apoiar a candidatura da senadora Professora Dorinha Seabra ao governo, além de trabalhar pela eleição de aliados como Carlos Gaguim e Eduardo Gomes ao Senado e pela conquista da maioria das cadeiras federais e estaduais.

DORINHA SEABRA: A CANDIDATA DA CONTINUIDADE

 

A partir de janeiro de 2026, Dorinha Seabra terá como prioridade unir aliados e buscar composição com deputados estaduais e federais da base governista. Sua missão será consolidar um projeto de continuidade, aproveitando sua imagem de seriedade e bons costumes para construir entendimento político.

Dorinha lidera as pesquisas de intenção de voto, mas carrega a responsabilidade de não cometer erros que possam afetar sua dignidade. Em política, deslizes podem se transformar em tragédias eleitorais, contaminando processos sucessórios. Por isso, sua campanha precisará ser marcada por prudência e unidade.

OPOSIÇÃO: REORGANIZAÇÃO E DESAFIOS

 


Enquanto o grupo governista se fortalece, a oposição passa por um momento de reorganização. O fim do governo interino de Laurez Moreira deixou lideranças em processo de reequilíbrio. Muitos quadros que ocuparam cargos durante a gestão provisória retornaram às suas cidades de origem, e agora partidos oposicionistas buscam recompor forças.
A oposição não está morta, mas precisa superar divisões internas para se tornar competitiva. O recesso parlamentar de fim de ano pode ser suficiente para que lideranças oposicionistas se entendam e articulem estratégias conjuntas.

LAUREZ MOREIRA: O VICE EM XEQUE

 

O vice-governador Laurez Moreira sofreu um revés político que representou a destruição de seu projeto de governo e reeleição. Sem base sólida e sem desempenho que inspire militância, sua candidatura ao governo só teria viabilidade em caso de renúncia de Wanderlei Barbosa para disputar o Senado – hipótese considerada improvável.

Reconhecido por sua integridade, Laurez dificilmente arriscaria patrimônio político e pessoal em uma aventura eleitoral sem sustentação. No momento, sua posição é de figura correta e responsável, mas sem condições de liderar um projeto majoritário.

MAURO CARLESSE E ALEXANDRE GUIMARÃES: NOVOS MOVIMENTOS

 

O ex-governador Mauro Carlesse articula discretamente, montando equipe de marketing e planejamento de gestão para avaliar uma possível candidatura em 2026. Já o deputado federal Alexandre Guimarães, presidente do MDB tocantinense, percorre o Estado de norte a sul, consolidando seu nome como pré-candidato.

Ambos representam alternativas oposicionistas, mas dependem da capacidade de articulação das forças contrárias ao Palácio Araguaia. A fragmentação pode transformar a disputa em uma vitória por W.O., favorecendo Dorinha e dificultando a sobrevivência proporcional dos partidos adversários.

 

CONCLUSÃO

 

O cenário político do Tocantins se desenha como um campo de provas para lideranças que buscam se firmar ou se reinventar. Wanderlei Barbosa, ressuscitado das cinzas, precisa conduzir seu governo com rigor e evitar qualquer deslize. Dorinha Seabra, favorita na corrida sucessória, terá de provar que pode unir e liderar sem erros. A oposição, por sua vez, enfrenta o dilema de se reorganizar ou assistir à consolidação de um projeto governista que pode dominar o tabuleiro eleitoral em 2026.

Entre limonadas feitas de limões azedos e quedas que servem de aprendizado, o Tocantins viverá uma disputa marcada por reacomodação de forças, vigilância contra excessos e a busca por continuidade ou mudança no comando do Estado.

 

 

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