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ENTRE ARTICULAÇÕES E INVISÍVEIS: O BRASIL QUE DECIDIRÁ 2026

Posted On Segunda, 06 Outubro 2025 06:15
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Por Edson Rodrigues

 

 

A corrida presidencial de 2026 já começou — não oficialmente, mas nos bastidores. Enquanto partidos da direita e do Centrão se movimentam em busca de um nome viável para enfrentar o presidente Lula, a maior força eleitoral do país permanece silenciosa: os brasileiros que não se enquadram na polarização entre lulismo e bolsonarismo.

 

De um lado, líderes como Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado são cogitados como alternativas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja inelegibilidade e condenações judiciais criam um impasse para o Partido Liberal. A demora em definir um nome preocupa o Centrão, que teme repetir o erro do PT em 2018, quando lançou Fernando Haddad tardiamente. A disputa interna entre os partidos da direita revela um dilema: manter o capital político de Bolsonaro ou abrir espaço para novas lideranças menos radicais e mais palatáveis ao eleitorado moderado.

 

 

Do outro lado, uma pesquisa da ONG More in Common, em parceria com a Quaest, revela que 54% da população brasileira não se identifica com os extremos políticos. São os chamados “invisíveis” — desengajados e cautelosos — que, embora conservadores em costumes, rejeitam radicalismos e têm baixa adesão a partidos e manifestações. Esse grupo, mais preocupado com segurança econômica, saúde pública e combate à pobreza, pode ser decisivo na eleição, justamente por não estar preso a identidades partidárias.

 

Essa maioria silenciosa, descrita como moralmente conservadora e socialmente vulnerável, desafia os candidatos a abandonarem o discurso polarizado e a oferecerem propostas concretas. A rejeição ao extremismo, à doutrinação ideológica e à violência verbal nos debates políticos mostra que há espaço para uma candidatura que dialogue com o centro — sem abrir mão de pautas sociais, mas também sem ignorar valores tradicionais.

 

A eleição de 2026, portanto, não será decidida apenas nos palanques ou nas redes sociais. Será definida por quem conseguir enxergar e conquistar os invisíveis. E, nesse cenário, o maior erro dos partidos pode ser continuar falando apenas para os convertidos, enquanto o Brasil real — cansado, cauteloso e carente de soluções — espera por alguém que o represente de verdade.

 

 

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