Educadora de Porto Nacional relata coragem e medo ao denunciar violência sexual infantil em encontro da campanha "Diálogos em Rede"

Posted On Segunda, 12 Mai 2025 15:09
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O encontro regional da campanha estadual "Diálogos em Rede: a articulação interinstitucional e a garantia de direitos de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência", promovido pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO), Polícia Civil e Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO), realizado na última sexta-feira, 9 de maio, em Porto Nacional, não apenas debateu estratégias de proteção infantojuvenil, mas também ecoou relatos emocionantes de profissionais que atuam na linha de frente. Um desses testemunhos impactantes foi o da coordenadora de Monitoramento, Formação e Avaliação da Secretaria de Educação de Porto Nacional, Raquel Chaves

 

 

Da Assessoria

 

 

Durante sua participação, Raquel compartilhou uma experiência pessoal delicada e corajosa envolvendo a identificação e denúncia de violência sexual contra duas crianças, uma de suas alunas e outra de uma colega. Com a voz embargada, a educadora descreveu os sinais sutis que levantaram o alerta: o silêncio das crianças, a falta de interação social, a tristeza constante, o desenvolvimento atípico nas atividades e até mesmo a forma inadequada de se vestir. Em um dos casos, um sinal físico alarmante – a dificuldade de uma das meninas ao caminhar, com as perninhas abertas – reforçou a suspeita.

 

 

"Elas eram assim, não interagiam, não tinham interação social, eram muito tristes", relembrou Raquel, detalhando como, em um momento oportuno e em um local apropriado, as professoras e a orientadora da escola abordaram as crianças com sensibilidade. "Elas começaram muito tímidas a contar. Aí, então, elas contaram tudo o que estava acontecendo, na linguagem infantil delas, de inocência ainda; então, a partir daí, a gente tomou as providências".

 

Ao ser questionada sobre o impacto pessoal da situação, Raquel não escondeu o medo que sentiu. "No início, eu senti medo, porque eu sofri ameaças da família, a mãe foi na escola para tentar me agredir, e eu senti muito medo", revelou. No entanto, a comoção e o senso de responsabilidade falaram mais alto: "Mas, acima do medo que eu senti, eu senti muita pena, eu senti dó das crianças e entendi que eu precisava fazer alguma coisa por elas; então, eu decidi agir, denunciar".

 

O relato de Raquel Chaves, permeado por coragem e pela dura realidade enfrentada por profissionais da educação, sublinhou a urgência da temática central da campanha "Diálogos em Rede", promovida pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância, Juventude e Educação (Caopije) e pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Cesaf), órgãos do MPTO. A iniciativa visa fortalecer a rede de proteção e a articulação interinstitucional para garantir os direitos de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência no Tocantins, otimizando o atendimento e garantindo mais agilidade, eficácia e, sobretudo, um tratamento humanizado que evite a revitimização.

 

 

O coordenador do Caopije, promotor de Justiça Sidney Fiori, é defensor dos direitos infantojuvenis e tem liderado os encontros da campanha pelo estado. Durante a etapa realizada em Porto Nacional, Fiori enfatizou a urgência do cumprimento rigoroso das leis de proteção brasileiras. Ele ressalta o papel crucial dos participantes na identificação e no enfrentamento da violência, a exemplo da atuação da coordenadora de Educação Raquel Chaves.

 

“A campanha ‘Diálogos em Rede’ tem justamente esse propósito: capacitar e mobilizar todos os profissionais da área para que possamos aplicar as leis de forma efetiva e, juntos, construirmos um sistema de proteção que seja cada vez mais eficiente e acolhedor para os nossos jovens", enfatiza Fiori.

 

A Polícia Civil do Tocantins (PCTO), parceira na realização da campanha, tem intensificado seus esforços para assegurar que crianças e adolescentes em todo o estado recebam a devida proteção e atendimento padronizado e de qualidade.

 

A delegada da PCTO Carolina Braga enfatizou o comprometimento da instituição. “O objetivo principal é garantir que, independentemente da localização geográfica, todas as vítimas de violência tenham acesso ao mesmo nível de cuidado e apoio por parte da polícia civil”.

 

A campanha "Diálogos em Rede" segue com encontros em outras cidades do estado, buscando disseminar conhecimento e aprimorar o atendimento a essa parcela vulnerável da população.

 

Próximos encontros

 

Paraíso do Tocantins - 14/05/2025: Abreulândia, Divinópolis do TO, Marianópolis do TO, Monte Santo do TO, Pugmil, Chapada de Areia, Cristalândia, Lagoa da Confusão, Nova Rosalândia e Pium.

 

Araguaína - 21/05/2025: Araguaína, Aragominas, Carmolândia, Muricilândia, Nova Olinda, Santa Fé do Araguaia, Filadélfia, Babaçulândia, Goiatins, Barra do Ouro, Campos Lindos, Wanderlândia, Darcinópolis e Piraquê.

 

Gurupi - 04/06/2025: Alvorada, Talismã, Araguaçu, Sandolândia, Formoso do Araguaia, Gurupi, Aliança do TO, Cariri do TO, Crixás, Dueré, Figueirópolis, Sucupira, Palmeirópolis, São Salvador do TO, Peixe, Jaú do TO e São Valério da Natividade.

 

Miracema - 11/06/2025: Araguacema, Caseara, Miracema do TO, Lajeado Tocantínia, Miranorte, Barrolândia, Dois Irmãos do TO e Rio dos Bois.

 

Arraias - 18/06/2025: Arraias, Combinado, Conceição do TO, Novo Alegre, Dianópolis, Almas, Novo Jardim, Porto Alegre do TO, Rio da Conceição, Taipas do TO, Paranã, Aurora do TO, Lavandeira, Ponte Alta do Bom Jesus e Taguatinga.

 

Araguatins - 25/06/2025: Araguatins, Buriti do TO, São Bento do TO, Ananás, Angico, Cachoeirinha, Riachinho, Augustinópolis, Carrasco Bonito, Esperantina, Praia Norte, Sampaio, São Sebastião do TO, Itaguatins, Axixá do TO, Maurilândia do TO, São Miguel do TO, Sítio Novo do TO, Tocantinópolis, Aguiarnópolis, Luzinópolis, Nazaré, Palmeiras do TO, Santa Terezinha do TO, Xambioá e Araguanã.

 

 

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