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Com ação contra Bolsonaro, taxa de Trump e queda na rejeição, Lula volta a cogitar reeleição

Posted On Segunda, 21 Julho 2025 06:45
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Perto de completar 80 anos, presidente condiciona decisão sobre candidatura a estado de saúde e a cenário político

 

 

Por Ana Isabel Mansur

 

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a citar nos últimos dias uma possível candidatura para tentar a reeleição em 2026, no embalo da taxa imposta ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e das decisões judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Na avaliação do governo, o momento é positivo para o petista, dada a relação entre o líder norte-americano e Bolsonaro — Trump relacionou a taxação aos produtos brasileiros aos processos judiciais enfrentados pelo ex-presidente.

 

O tarifaço imposto pelos EUA e a consequente reação do governo brasileiro geraram resultados positivos para Lula. Pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira (16) mostra que 72% dos brasileiros acham que o norte-americano está errado em taxar o Brasil por achar que Bolsonaro é vítima de perseguição.

 

Ainda segundo o levantamento, 79% dos entrevistados creem que a tarifa de Trump vai prejudicar a vida da população.

Soma-se ao entusiasmo de Lula a diminuição da rejeição ao governo. Segundo pesquisa Genial/Quaest, em julho, 58% acreditavam que o petista não deveria tentar um novo mandato em 2026 — em maio, esse índice era de 66%.

 

O apoio à candidatura subiu de 32% para 38% no mesmo período. A oscilação mostra leve avanço na percepção do eleitorado, embora o cenário ainda seja majoritariamente desfavorável.

Na comparação com o início do ano, porém, a diferença é mais perceptível. Em fevereiro, Lula alcançou a maior rejeição já registrada pela pesquisa Datafolha, considerando todos os mandatos dele — 41%.

 

O petista tinha, ainda, a pior aprovação dos três governos dele, com 24%.

Cenário em 2026

Em meio à combinação de fatores positivos, Lula tem reforçado a intenção de concorrer à reeleição em 2026.

 

Apesar das declarações, o presidente afirma que a candidatura ainda não está definida. Ele condiciona a decisão ao seu quadro de saúde e ao cenário político do momento.

 

As eleições do ano que vem ocorrem em outubro, mês de aniversário do presidente — Lula completa 81 anos em 2026. Seria a sétima eleição do petista — ele se elegeu deputado federal em 1986 e disputou os pleitos gerais de 1989, 1994, 1998, 2002, 2006 e 2022.

Sem citar Bolsonaro, Lula declarou, na sexta-feira (18), que “não vai entregar este país de volta àquele bando de malucos”.

 

“Ano que vem tem eleição. Se preparem, porque tem muito candidato na praça. Todo dia eu vejo uma pesquisa que tem candidato aqui, candidato acolá. Eu só vou decidir se vou ser candidato se for no ano que vem, porque tenho que conversar com a minha própria consciência e com vocês”, afirmou, ao citar a condição de saúde e a idade.

 

“Não se preocupem, eu vou fazer 80 anos. Se eu tiver com a saúde que tenho hoje, com a disposição que tenho hoje, podem ter certeza que serei candidato outra vez para ganhar as eleições. Porque não vou entregar este país de volta àquele bando de malucos, que quase destruiu o país nesses últimos anos. Podem estar certos disso, eles não voltarão. Não é porque o Lula não quer, é porque vocês não vão deixar eles voltarem”, acrescentou, em evento no interior do Ceará.

 

Em 10 de julho — um dia após Trump anunciar a taxa de 50% —, Lula declarou, em entrevista exclusiva à RECORD, que pode ser candidato em 2026 para derrotar os antecessores.

 

No início do mês, ele tinha afirmado que, se tudo der certo, será o primeiro chefe do Executivo brasileiro a ser eleito quatro vezes.

 

“Tem gente que pensa que o governo já acabou, que já está pensando em eleição, eles não sabem o que eu estou pensando. Então, se preparem, porque, se tudo tiver como estou pensando, esse país vai ter pela primeira vez um presidente eleito por quatro vezes”, disse na ocasião.

 

Assunto recorrente

No ano passado, Lula já comentava a possibilidade de concorrer novamente à Presidência em 2026.

 

Em junho de 2024, o petista disse que pode se candidatar à reeleição para não permitir que o Brasil seja governado por um “fascista” ou um “negacionista”.

 

“Se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram esse país voltem a governar, pode ficar certo que meus 80 anos virarão 40, e virarei candidato. Não vou permitir que esse país volte a ser governado por um fascista, não vou permitir que esse país volte a ser governado por um negacionista, como nós já tivemos”, argumentou.

 

No mês seguinte, o presidente voltou a citar o assunto. À época, ele admitiu que o debate sobre uma eventual reeleição era “complicado”, mas não descartou o desejo de participar da corrida eleitoral novamente, “se estivesse com saúde”.

 

“A reeleição é uma coisa mais complicada, porque uma pessoa pode mentir para todo mundo, mas não pode mentir para si mesma. A única possibilidade que eu tenho dito de voltar a concorrer a uma eleição é se ficar claro que a extrema-direita pode querer voltar a este país. E aí, sinceramente, se eu tiver com saúde, não vou deixar”, declarou.

 

 

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