Ministro causa impacto com afirmação e completa que sistema de “lista fechada” não servirá para “blindar dirigentes partidários”
Da Redação, com informações de “O Tempo”
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, disse ontem que certamente haverá uso de caixa 2 na campanha de 2018 se não houver uma reforma política. O ministro afirmou que é preciso encerrar “esse ciclo de vale-tudo que vivemos até aqui”.
“Vai ser certamente uma eleição muito judicializada e também policiada. Se não houver mudança no sistema, por conta da inexistência de recursos públicos e privados, certamente nós vamos ter caixa 2. Vamos ter dinheiro do crime, toda essa instabilidade. Vai ser uma eleição policiada e policialesca”, disse Mendes, após reunião com parlamentares da Comissão da Reforma Política da Câmara.
Ao falar com jornalistas depois da reunião, o ministro admitiu estar preocupado com todas as investigações em andamento, envolvendo desvios de recursos e negociações de partidos em torno de coligações.
“Isso vai levar o Supremo daqui a pouco a reagir, como reagiu à doação corporativa. Se não vier uma reforma política, isso vai fazer com que provavelmente o Supremo proíba também as coligações”, ressaltou.
Para Gilmar Mendes, a corrupção da política leva à corrupção do modelo democrático, ao afastamento das pessoas, “e aí começamos a ter todos esses devaneios e aventuras que podem comprometer todo o patrimônio que construímos”. Indagado sobre quais seriam esses “devaneios e aventuras”, o ministro respondeu que talvez a Venezuela fosse a democracia mais sólida na América Latina até um tempo atrás.
Sobre o financiamento das campanhas, Mendes disse que não há possibilidade de regresso à doação corporativa, considerada inconstitucional pelo STF.
Na avaliação de Gilmar Mendes, o sistema de lista fechada – um dos principais pontos discutidos no âmbito da reforma política – não serviria para blindar dirigentes partidários que viraram alvo de investigações.