OPERAÇÃO DA PF PODE OFUSCAR RECURSO DE WANDERLEI BARBOSA NO STF

Posted On Domingo, 02 Novembro 2025 03:46
Avalie este item
(0 votos)

O Tocantins voltou a ocupar o noticiário nacional com mais uma operação da Polícia Federal. Na sexta-feira (31), foi deflagrada a oitava fase da Operação Overclean, que apura suspeitas de corrupção em contratos públicos financiados com emendas parlamentares federais

 

 

Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

 

 

As ações ocorreram em Palmas, Gurupi, Brasília e São Paulo, com mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens e valores e prisões em flagrante. As ordens judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Kássio Nunes Marques, o mesmo que analisa o recurso do governador afastado Wanderlei Barbosa.

 

EMENDAS E OBSTRUÇÃO

Éder Martins Fernandes, conhecido como Edinho e Danilo Pinto da Silva

 

De acordo com a Polícia Federal, os investigados atuavam como intermediários de propina em contratos públicos financiados por emendas. Os valores sob apuração são milionários e envolvem empresas prestadoras de serviços a órgãos estaduais e municipais.

 

A PF também afirma ter identificado tentativas de obstrução das investigações, em que servidores públicos teriam monitorado a sede da corporação em Palmas, buscando antecipar diligências e eventuais mandados judiciais, o que levou à prisão em flagrante de dois ex-integrantes da Secretaria de Educação (Seduc).

 

QUEM SÃO OS PRESOS

 

Entre os detidos está Éder Martins Fernandes, conhecido como Edinho, ex-secretário-executivo da Seduc e figura próxima à cúpula da pasta. Ele é servidor efetivo desde 2011, já presidiu a Agência Tocantinense de Saneamento (ATS) em 2015 e concorreu a deputado estadual em 2018, ficando como primeiro suplente.

 

No governo Wanderlei Barbosa, assumiu papel de articulador político interno da Seduc, permanecendo até setembro deste ano. Também foi preso Danilo Pinto da Silva, servidor da área de auditoria da secretaria. Ambos são investigados por embaraço à investigação e corrupção passiva.

 

COINCIDÊNCIA

Ministro do STF Nunes Marques

 

A operação foi deflagrada no exato momento em que o STF analisa o recurso do governador afastado Wanderlei Barbosa, que tenta reverter a decisão que o tirou do cargo. A coincidência, o mesmo relator, o mesmo tribunal, e o mesmo Estado levantou especulações nos bastidores políticos.

 

Governador afastado Wanderlei Barbosa

 

Juristas ouvidos pelo Observatório Político de O Paralelo 13 afirmam que não há relação direta entre os casos, mas reconhecem o efeito simbólico e político, uma vez que a prisão de um ex-secretário de Wanderlei, em operação autorizada pelo mesmo ministro que decidirá sobre seu destino político, inevitavelmente cria ruído e altera o clima em Brasília.

 

IMPARCIALIDADE

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 reforça que não há qualquer indício público de envolvimento do governador afastado Wanderlei Barbosa com os fatos apurados. As suspeitas recaem sobre atos individuais de ex-integrantes da gestão, e qualquer responsabilização dependerá da conclusão das investigações conduzidas pela PF e pelo Ministério Público Federal, dentro do devido processo legal.

 

OPERAÇÕES NO TOCANTINS

 

 

O Tocantins tem um histórico preocupante, uma vez que é um dos estados com maior número de operações da Polícia Federal per capita nas últimas duas décadas.

De Sanguessuga a Mãos à Obra, de Ártemis a Overclean, os roteiros se repetem: emendas desviadas, fraudes em licitação, superfaturamento e enriquecimento ilícito. Apesar disso, o Estado ainda carece de condenações definitivas e de reparação efetiva ao erário, o que alimenta a descrença popular e o cansaço moral de uma sociedade que vê seus escândalos se sucederem sem desfecho.

 

O DESAFIO DE LAUREZ MOREIRA

 

 

Com o afastamento de Wanderlei Barbosa, o Estado está sob comando do governador em exercício Laurez Moreira (PSD). Moderado e conciliador, Laurez completa dois meses de gestão interina com o desafio de restaurar a credibilidade institucional.

 

Entre as urgências está a necessidade reestruturar as finanças, apurar as dívidas herdadas e enfrentar a crise hospitalar que ameaça vidas em todo o Estado.

 

Para reconquistar a confiança da população, o governo precisa divulgar relatórios transparentes, comunicar irregularidades às autoridades competentes e criar canais diretos de prestação de contas. A palavra de ordem agora é transparência.

 

Laurez dispõe de pontes relevantes com Brasília, entre elas, a ex-senadora Kátia Abreu e o senador Irajá Abreu, ambos com trânsito junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa interlocução deve ser usada para buscar apoio emergencial, especialmente na área da saúde pública, que vive colapso. O Tocantins precisa de estabilidade política e jurídica para retomar o crescimento e recuperar sua credibilidade administrativa.

 

OVERCLEAN

 

 

O povo tocantinense não suporta mais manchetes negativas nem discursos evasivos. É hora de transformar indignação em reforma institucional e escândalo em lição. A Overclean pode ser mais do que uma operação policial, pode ser o divisor de águas entre o velho Tocantins, acostumado à impunidade, e um novo Estado, capaz de se reinventar. A escolha está dada e seguir o roteiro das crises cíclicas ou reconstruir a confiança pública com coragem, transparência e justiça.

 

O futuro político e moral do Tocantins, mais uma vez, está em julgamento não apenas no STF, mas perante a opinião pública.

 

 

 

 

{loadposition compartilhar} {loadmoduleid 252}