*OLHO NO OLHO*

Por Edson Rodrigues e Edivaldo Rodrigues

O Observatório Político de O Paralelo 13, com a luneta sempre atenta, acompanha cada passo, gesto e palavra das principais lideranças do Tocantins no caminho para a sucessão de 2026. O que se vê agora é o desenho inicial de um mapa dos fatos e o rascunho dos próximos movimentos, até a abertura oficial do processo eleitoral, prevista para depois de 4 de abril de 2026.

*FESTEJOS, POLÍTICA E BASTIDORES*

Ao lado da primeira-dama Karynne Sotero, do presidente da Assembleia Legislativa e pré-candidato ao governo, deputado Amélio Cayres (Republicanos), e de prefeitos da região Sudeste, como José Salomão (PSB), de Dianópolis, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) participou da tradicional Missa dos Vaqueiros, em Taguatinga, cidade administrada pelo prefeito Paulo Roberto.

Após a celebração, um almoço reuniu governador, comitiva, prefeitos, vereadores e lideranças. Entre abraços e conversas, o clima mesclava devoção e articulação política. Foi nesse cenário que Wanderlei concedeu entrevista exclusiva à jornalista Majú Cotrim, tratando diretamente das movimentações da sucessão estadual e das relações com duas figuras centrais no tabuleiro político: a senadora Professora Dorinha (União Brasil) e a deputada estadual Janad Valcari (PL).

*DORINHA: CAUTELA E DIPLOMACIA* 

Sobre Dorinha, o governador adotou tom comedido e afirmou que “ela ainda integra a base política que me elegeu. Sua candidatura ao Governo do Estado está em construção, e respeito plenamente o direito de postulação. Assim como reconheço também o direito do presidente da Assembleia, deputado Amélio Cayres, de pleitear a cadeira do Palácio Araguaia.”

O discurso foi interpretado como sinal de portas abertas ao diálogo, mesmo diante de movimentos independentes da senadora. Wanderlei evitou polêmicas e buscou reforçar a unidade de sua base.

*JANAD VALCARI: ROMPIMENTO OFICIAL* 

Ao falar de Janad, o tom mudou e o governador garantiu de que “ela não faz parte da minha convivência.”

Wanderlei confirmou que o afastamento partiu da deputada e que nunca teve intenção de apoiá-la na disputa pela Prefeitura de Palmas em 2024. Disse ter informado essa posição a diversas lideranças e frisou que não se considera responsável por vitórias ou derrotas eleitorais.

Segundo o governador, decisões tomadas por Janad minaram qualquer possibilidade de proximidade. “Para integrar meu grupo, é preciso ter confiança, defender o governo e respeitar a liderança.”

*A REAÇÃO DE JANAD*

Após as declarações do governador Janad Valcari emitiu uma nota na qual afirma categoricamente de que “não sou gato, nem caco de vidro pra ficar em cima do muro. Se querem me empurrar pra oposição, tô pronta.”

A deputada acusou Wanderlei de se basear em “fofocas”, lembrou que trabalhou para eleger Marilon Barbosa, irmão do governador, à presidência da Câmara de Palmas, e afirmou que o acordo político firmado foi cumprido. Janad também disse que o governador não entrou em sua campanha no primeiro turno por causa da operação da Polícia Federal Fames-19, ocorrida quatro dias após a convenção partidária. A parlamentar aproveitou para declarar apoio à pré-candidatura de Dorinha ao Governo do Estado e anunciou que atuará na oposição.

*ERUPÇÃO POLÍTICA E EFEITOS*

No Observatório Político, a ruptura é vista como uma erupção política de alto impacto. Fontes ligadas ao governo sugerem que os verdadeiros motivos ainda não vieram à tona e que “provas” poderão surgir em breve. Segundo apuração, o fator decisivo estaria ligado a questões familiares, o que, para Wanderlei, tornaria impossível manter proximidade política. Até lá, vale a regra de dar tempo ao tempo. Mas a avaliação é unânime e os efeitos podem ser devastadores para a coesão da base.

*DORINHA E O SENADO* 

Nos bastidores, também chamou atenção a ausência de Dorinha no lançamento da pré-candidatura ao Senado do deputado federal Vicentinho Júnior (Progressistas). Oficialmente, a justificativa foi conflito de agenda. Politicamente, o gesto foi lido como sinal de que a senadora mantém abertas as negociações para composição de sua chapa, especialmente para as duas vagas ao Senado.

*WANDERLEI BARBOSA: A CHAVE DA SUCESSÃO ESTADUAL 2026*

No tabuleiro da sucessão de 2026, Wanderlei segura a chave da aliança majoritária. Até abril de 2026, precisa administrar as fissuras internas e manter a musculatura política. Mesmo afirmando não ter planos de renunciar, o governador movimenta-se intensamente pelo estado. Na última semana, autorizou mais de R$ 750 milhões em obras e prepara um programa de oxigenação financeira para os 139 municípios.

Essa agenda robusta alimenta especulações sobre uma eventual candidatura ao Senado, sem descartar entendimentos com o vice-governador Laurez Moreira. Até lá, nada está fora do jogo e surpresas são esperadas.