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O STF, o STJ e a largada da sucessão no Tocantins

Posted On Segunda, 22 Setembro 2025 13:10
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Por Edson Rodrigues

 

 

 

A sucessão estadual de 2026 no Tocantins não começou em comícios ou convenções partidárias, mas nos tribunais superiores. A decisão da Corte Especial do STJ de afastar o governador Wanderlei Barbosa por 180 dias, no âmbito da Operação Fames-19, e a expectativa de julgamentos no Supremo Tribunal Federal representam o verdadeiro apito inicial da corrida eleitoral. Desde esse episódio, o cenário político passou a girar em torno de duas frentes: a jurídica, com recursos e habeas corpus que podem ou não devolver o governador ao Palácio Araguaia, e a política, marcada pela ascensão do vice Laurez Moreira ao comando interino do estado. O que vier do Supremo, seja favorável ou não a Wanderlei, ditará os rumos imediatos da sucessão.

 

 

No comando do governo interino, Laurez Moreira começou a se movimentar com velocidade. Em poucos dias promoveu nomeações, sinalizando que pretende usar o poder da caneta para consolidar apoio em diferentes regiões. Palmas, maior colégio eleitoral do estado, tornou-se prioridade e trouxe para seu grupo a ex-prefeita Cínthia Ribeiro e o deputado Eduardo Mantoan, além de abrir espaço para o ex-prefeito Raul Filho, que já integra o círculo laurezista por meio do filho, Raul Filho Jr., nomeado secretário da Governadoria. Essas articulações ampliam o arco de alianças de Laurez, mas também carregam riscos. Nos bastidores, circulam críticas a demissões que podem ser interpretadas como “caça às bruxas”, atingindo servidores de carreira prestes à aposentadoria e que nunca se envolveram em disputas partidárias. Esse ponto frágil da gestão interina pode ser explorado politicamente por adversários.

 

 

Enquanto isso, Wanderlei Barbosa, mesmo afastado, segue no centro do tabuleiro. Seus direitos políticos preservados ele pode disputar o Senado em 2026, mas enfrenta imbróglios que precisam ser resolvidos. Dois pedidos de impeachment foram protocolados contra ele na Assembleia Legislativa pelo vereador e presidente estadual do PSB, Carlos Amastha, além de uma representação por improbidade administrativa encaminhada ao Ministério Público. Essas peças, mesmo que não avancem, criam desgaste público e podem gerar questionamentos sobre a legalidade de uma eventual candidatura.

 

 

O cenário eleitoral já se movimenta intensamente. A senadora Professora Dorinha, do União Brasil, aparece nas pesquisas como favorita para a disputa ao governo e percorre o estado ao lado de aliados fortes, entre eles o senador Eduardo Gomes, vice-presidente do Senado e candidato à reeleição, e o deputado Carlos Gaguim. O trio tem marcado presença em inaugurações de obras viabilizadas por suas emendas, reforçando imagem e visibilidade.

 

Vicentinho Júnior articula candidatura

 

Ao mesmo tempo, o deputado Vicentinho Júnior, presidente estadual do PP, lançou sua pré-candidatura ao Senado e articula com prefeitos e lideranças de sua base, aguardando o próximo ano para avaliar o melhor caminho. O tabuleiro do Senado, aliás, promete ser um dos mais concorridos da história política tocantinense: além de Eduardo Gomes e Carlos Gaguim, Wanderlei pode entrar na disputa, transformando a eleição em uma batalha de gigantes.

 

O silêncio de Amélio Cayres

 

Nesse ambiente de incertezas, o silêncio do deputado Amélio Cayres, presidente da Assembleia Legislativa e aliado histórico de Wanderlei, chama a atenção. Pré-candidato ao governo, ele prefere aguardar o julgamento no STF antes de anunciar qualquer passo. Sua postura pode ser lida tanto como cálculo político quanto como gesto de lealdade pessoal, uma raridade na política. Para além das especulações, o que se percebe é que Amélio tem clareza de que seu futuro depende diretamente do destino de Wanderlei, seja na retomada do governo ou numa eventual migração do aliado para a disputa ao Senado.

 

Cenários políticos

 

Diante desse quadro, três cenários se desenham. No primeiro, Wanderlei retorna ao cargo, reassume o controle da sucessão e pode decidir entre disputar o Senado ou para deputado federal. No segundo, o afastamento é mantido e Laurez ganha tempo para consolidar apoios e estruturar sua candidatura ao governo, valendo-se da força do cargo. No terceiro, avançam os processos políticos na Assembleia e no Ministério Público, aumentando as dificuldades jurídicas de Wanderlei e forçando uma reorganização das forças em torno de outros nomes.

 

A política tocantinense entrou numa fase em que cada decisão judicial tem impacto direto sobre as alianças eleitorais. O STF, com seu veredito, definirá se Wanderlei Barbosa volta ao Palácio para comandar sua sucessão ou se entra em campo como candidato ao Senado. Enquanto isso, Laurez Moreira move suas peças, Dorinha Seabra consolida liderança nas pesquisas, Eduardo Gomes fortalece palanque com entregas de obras, Amélio Cayres aguarda em silêncio e Vicentinho Júnior articula sua candidatura ao Senado. O jogo está aberto, e o tabuleiro, mais do que nunca, depende da próxima palavra do Supremo.

 

 

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