Estimativa é de 268,9 milhões de toneladas
Por Pedro Peduzzi
O Brasil deverá produzir 268,9 milhões de toneladas de grãos, segundo o 2º Levantamento da safra de grãos 2020/21, divulgado há pouco pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número supera em 11,9 milhões de toneladas (4,6 %) o que foi produzido na temporada de 2019/2020.
Na comparação com as estimativas apresentadas o volume estimado no mês passado, houve aumento de 269 mil toneladas. Com este resultado, o Brasil caminha para bater novo recorde, após já ter se tornado o maior produtor mundial. Algo que, segundo a Conab, deve se manter na próxima safra, uma vez que a soja praticamente alcançou o nível de plantio da safra passada.
Isso, segundo o gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Conab, Kleverton Santana, mostra a capacidade de plantio do país. “Esse atraso em relação à safra passada foi anulado nessa semana e a gente espera que ultrapasse a semana passada já na semana que vem”, disse ele ao apresentar o levantamento. O aumento da área plantada também deve contribuir para o recorde. A previsão é de que sejam cultivados 67,1 milhões de hectares (número 1,8% maior do que o da safra passada).
A nova estimativa considera a recuperação da produtividade das culturas da soja e do milho primeira safra, severamente prejudicadas pela estiagem em 2019, em especial no Rio Grande do Sul. De acordo com a Conab, a produção de soja deve chegar a 135 milhões de toneladas, em uma área estimada em 38,2 milhões de hectares. A safra total de milho também deverá ser a maior da história, com produção estimada em 104,9 milhões de toneladas, produzidas em uma área total de 18,4 milhões de hectares.
Chuvas
Apesar do atraso das chuvas neste ano, os produtores aceleraram o ritmo. Até a última sexta-feira, o plantio alcançava 55% da área estimada, contra 56% no mesmo período da safra passada. O milho estava em 54%, contra 42% há um ano; e o plantio do arroz, com 67% até o dia 6, percentual superior aos 53% da safra anterior.
“Tivemos chuvas abaixo da média no momento do plantio. Assusta um pouco essas chuvas abaixo da média ou o atraso das chuvas que aconteceu em setembro/outubro. Mas o problema para culturas como a soja normalmente são quando ocorre veranicos em dezembro ou janeiro, a depender do momento do plantio ou do local do país”, acrescentou Santana.
Segundo ele, nesse momento há ainda possibilidade de recuperação, inclusive em regiões de potencial de produtividade. “As previsões de precipitações são boas para a próxima semana, e isso deve favorecer muito a cultura da soja nessas regiões. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia é de que vem grandes volumes de chuvas consideráveis no país todo, com destaque no corredor do centro-oeste [onde ocorre o fenômeno chamado de rios voadores], passando por Mato Grosso e Goiás até as regiões de café no sul de Minas e norte de São Paulo”.
Informação foi divulgada pela TV Cultura no começo da tarde desta terça, minutos depois de a coletiva do governo de São Paulo sobre o caso ter sido encerrada
Com Estado de Minas
Um laudo médico emitido pelo Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a causa da morte do voluntário da CoronaVac - vacina produzida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan -, que fez a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interromper os testes de forma imediata, foi suicídio. A informação foi divulgada pela TV Cultura, no começo da tarde desta terça-feira (10).
De acordo com o canal, o IML deve divulgar o laudo, oficialmente, às 17h. Minutos antes de a TV Cultura dar a informação, uma coletiva foi realizada pelo governo de São Paulo para explicar o 'evento adverso grave' utilizado pela Anvisa, nessa segunda (9), para interromper os testes. Os membros da cúpula paulista evitaram falar em morte, mas já haviam adiantado que o falecimento não tinha relação com a vacina, que foi aplicada na terceira fase de testes da CoronaVac.
"Como eu disse, do ponto de vista clínico do caso e nós não podemos dar detalhes, infelizmente, é impossível, é impossível que haja relacionamento desse evento com a vacina, impossível, eu acho que essa definição encerra um pouco essa discussão”, disse o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Covas e o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, evitaram falar em morte. Apenas o secretário-executivo do comitê de contenção do coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, admitiu que o voluntário havia falecido, mesmo assim, sem especificar a causa, por “sigilo e questão de ética”.
Na coletiva desta manhã, Covas, Gorinchteyn e Gabbardo questionaram a decisão da Anvisa de interromper os testes. Uma reunião entre o governo de São Paulo e o órgão foi realizada nesta terça. Os documentos para a retomada dos estudos foram reenviados e a expectativa é que tudo volte ao normal nos próximos dias.
Nesta manhã,
o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ao responder um apoiador, disse que havia "ganhado" do governador de São Paulo, João Dória, após a Anvisa interromper os testes da CoronaVac.
"Morte, invalidez, anomalia... esta é a vacina que o Doria quer obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", disse, em resposta.
Este tipo de interrupção é previsto pelas normas da Anvisa e faz parte dos procedimentos de Boas Práticas Clínicas esperadas para estudos clínicos conduzidos no Brasil
Com Agências
Projeto de vacina contra a covid-19 defendida insistentemente pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a Coronavac está com seus estudos clínicos suspensos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A medida foi divulgada pelo órgão na noite desta segunda-feira, 9, e na prática interrompe por tempo indeterminado os testes no Brasil do imunizante prometido pelo político tucano.
Em nota divulgada em seu site, a Anvisa afirma que a paralisação da testagem da Coronavac no país se deve a “ocorrência de evento adverso grave”, que teria ocorrido em 29 de outubro. Com a decisão, o órgão enfatiza que, até segunda ordem, “nenhum novo voluntário poderá ser vacinado”. De acordo com os responsáveis pela agência, a suspensão se faz necessária como medida de segurança em favor da saúde pública brasileira.
Sobre o “evento adverso grave”, a equipe da Anvisa informa que mais detalhes a respeito do caso devem ser mantidos sob sigilo. No entanto, o órgão avisa que, ao menos em relação a testagem de vacinas, tal classificação se dá por causa de uma das seguintes situações:
Morte
Risco potencialmente fatal
Invalidez ou incapacidade persistente
Internação hospitalar
Anomalia congênita
Suspeita de transmissão de agente infeccioso
Ou outro evento clinicamente significante
A rádio CBN informa que, segundo sua apuração, o “evento adverso grave” foi a primeira opção descrita pela Anvisa: óbito. De acordo com a emissora, um voluntário brasileiro do projeto da Coronavac morreu. Informações dão conta de que ele não tinha contraído a covid-19. A causa da morte ainda não foi confirmada.
Em entrevista à TV Cultura, o diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou que a Anvisa foi notificada de um óbito não relacionado com a vacina - veja mais abaixo.
Além do Brasil, os testes clínicos da Coronavac também ocorrem na Indonésia e na Turquia, mas não há relatos de suspensão nestes países.
A Coronavac é desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. O governo de São Paulo firmou acordo para a compra de 46 milhões de doses e para a produção do imunizante no Brasil por meio do Instituto Butantan. O Ministério da Saúde chegou a anunciar que compraria doses da vacina, mas foi desautorizado na sequência pelo presidente Jair Bolsonaro.
O diretor Dimas Covas afirmou que a Anvisa foi notificada de um óbito não relacionado com a vacina. Ele negou que a morte possa ser classificada como um evento adverso. "Como são mais de 10 mil voluntários neste momento, pode acontecer um óbito", disse.
“Morre-se mais de indignação do que de fome nos Estados Unidos”
JOHN KENNETH GALBRAITH
Da Redação
Veja
Cenas de um drama nos tribunais: a vilanização das vítimas de estupro
Vídeo do tratamento humilhante de uma jovem em audiência mostra como o ambiente machista da Justiça costuma tratar mulheres que buscam reparo contra essa violência.
Passadas quase quatro décadas e, guardadas as devidas proporções, ecos do caso Ângela Diniz ressurgiram no país, mostrando que os tribunais não se livraram do ranço machista que costuma vilanizar mulheres vítimas de violências justamente quando elas procuram reparação na Justiça. O episódio que trouxe à tona a triste lembrança de um julgamento moral refere-se a uma denúncia de estupro em uma boate de luxo em Florianópolis, o Cafe de La Musique. A acusadora, a influencer Mariana Ferrer, diz que, depois de ser drogada, acabou violentada pelo empresário André de Camargo em um camarim privado da casa noturna. A agressão ocorreu em dezembro de 2018. Nas roupas dela, a perícia encontrou sêmen do empresário. O inquérito policial concluiu que Camargo cometeu estupro de vulnerável, denição jurídica para os casos em que a vítima não tem condições de oferecer resistência. Em sentença publicada no dia 9 de setembro, porém, seguindo a percepção do Ministério Público, o juiz Rudson Marcos absolveu o empresário sob o argumento de que não haveria “provas contundentes nos autos a corroborar a versão acusatória”.
Na semana passada, no entanto, o episódio voltou ao noticiário graças a uma reportagem do site The Intercept Brasil, que revelou um degradante vídeo dos bastidores do julgamento de Mariana. Nele, o advogado de defesa insurge-se contra a influencer, ofendendo-a e a acusando-a de publicar fotos provocativas nas redes sociais, como se isso, de alguma maneira, justificasse o avanço de alguém sobre o corpo dela.
Eleição acirrada nos Estados Unidos é retrato de uma nação rachada ao meio
Disputa expõe uma nação onde o conservadorismo empunhado por Trump se revela enfronhado em diversos setores da sociedade — e resiste.
Se o processo de apuração de eleições presidenciais dos Estados Unidos é tenso em qualquer situação, ele é ainda mais asfixiante quando a diferença entre os dois candidatos é mínima. Passados dois dias e duas noites da votação de 3 de novembro, a de maior suspense em muito tempo pela intensa radicalização dos dois lados, até o fechamento desta edição, na quinta-feira 5, às 20 horas, os americanos ainda não sabiam quem seria o novo presidente. O democrata Joe Biden aparecia com mais chances: faltando acabar a contagem em seis estados, precisava levar apenas dois para chegar aos almejados 270 votos no Colégio Eleitoral. O republicano Donald Trump penava para alcançar o número mágico de modo a prorrogar por outros quatro anos sua vulcânica atuação na Casa Branca.
Como a esquerda tenta se livrar do ex-presidente Lula
Até o próprio PT busca uma forma de convencer o ex-presidente de que seu tempo passou, mas ele insiste em continuar se colocando na condição de protagonista.
Os partidos de esquerda há muito teorizam sobre a oportunidade de testar uma estratégia eleitoral que já deu certo em alguns países: unir forças para derrotar um adversário comum. Foi essa perspectiva que levou muita gente a festejar um encontro do ex-presidente Lula (PT) com seu ex-ministro Ciro Gomes (PDT) — ocorrido há dois meses, mas só revelado recentemente — como se fosse o início de um projeto nessa direção. A conversa entre eles seria um sinal de reaproximação de dois líderes que se afastaram depois do embate das eleições de 2018. Mais: indicaria, inclusive, que Lula estaria disposto a abrir mão do projeto hegemônico e até da candidatura presidencial petista para apoiar um aliado na próxima disputa presidencial. Em suma, estaria se materializando uma chapa encabeçada por Ciro tendo Lula como vice para enfrentar Jair Bolsonaro em 2022. O problema é que isso não passa de uma miragem.
O ex-presidente é dono de algumas qualidades políticas, mas a magnanimidade não é uma delas.
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Istoé
Sem Trump os EUA voltam a ser os EUA
Poucas vezes as eleições americanas foram tão importantes para determinar o futuro do planeta. A virtual vitória do democrata Joe Biden representa uma derrota do retrocesso civilizatório imposto por Donald Trump, apesar da guerra judicial lançada pelo republicano contra os resultados.
O centro surfa nas eleições As candidaturas dos partidos mais moderados têm recebido a preferência dos eleitores e lideram nas principais capitais brasileiras. Os postulantes à direita e à esquerda naufragam e antecipam o que pode acontecer em 2022.
A falácia do estupro culposo
Numa completa inversão de valores, a modelo e influenciadora digital Mariana Ferrer, vítima de violência sexual, é desacreditada e desrespeitada em audiência judicial. O processo da modelo e influenciadora digital Mariana Ferrer é um dos maiores disparates da Justiça brasileira nos últimos tempos. Mariana arma ter sido estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha no clube de praia Café de La Musique, em Santa Catarina, em 2018, quando tinha 21 anos. No julgamento do caso, na semana passada, porém, houve uma inversão completa de valores e uma provável vítima de violência sexual passou a ser acusada de ser uma mentirosa contumaz. Aranha foi inocentado e a dignidade da modelo ultrajada: mais uma vez os operadores do direito colocaram uma mulher estuprada na posição de culpada. O caso chocou o País depois que o site The Intercept divulgou imagens da jovem sendo humilhada durante a audiência.
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Época
O que restará da América após a eleição
Que futuro aguarda os Estados Unidos depois da disputa presidencial mais acirrada deste século, que deixará como legado uma nação partida e a névoa do populismo.
“Eu poderia ir para o meio da Quinta Avenida, atirar em alguém e não perderia nenhum eleitor”, disse há mais de quatro anos o ainda pré-candidato pelo Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos Donald Trump, para uma plateia de fiéis evangélicos em Sioux City, Iowa, uma das comunidades mais conservadoras dos Estados Unidos. Ao longo da Presidência Trump, a frase foi retomada de tempos em tempos por comentaristas de TV, analistas e eleitores democratas inconformados que tentavam entender se de fato não havia limite para a disposição dos apoiadores do presidente em defendê-lo independentemente do que havia dito ou feito.
A contagem de votos nas eleições deste ano, que até o fechamento desta reportagem não havia cravado um vencedor, comprovou a força do populismo inaugurado nos Estados Unidos por Trump, o “nacional-populismo”, como alguns cientistas políticos passaram a se referir ao fenômeno. Essa modalidade deve transcender governos e colorações partidárias nas próximas décadas, pois sua ascensão é consequência de um debate que ganhou força ao longo da última década, sobretudo após a crise financeira de 2008. Cada vez mais, os americanos contestam a legitimidade das elites econômicas e políticas para tomarem decisões em nome de uma população da qual estão cada vez mais desconectadas. O discurso desse novo populismo também se aproveita do questionamento da sociedade sobre sua capacidade de absorver os fluxos migratórios, que diminuíram de ritmo com a pandemia, mas podem voltar a crescer, e as mudanças étnicas e culturais em países que absorvem esses fluxos sem precedentes na história moderna. Essas mudanças nas demografias nacionais geram ansiedade e apreensão em parcelas da sociedade, que se voltam para líderes que prometam trazer de volta uma prosperidade vivida no passado.
A sombra da adulteração de resultados sobre o futebol brasileiro
Falta de visibilidade e poucos recursos fazem das divisões inferiores campo fértil para um esquema de apostas e manipulação.
A jornada eleitoral de Rogéria, a matriarca Bolsonaro
As andanças da ex-mulher do presidente em busca de votos para se tornar vereadora do Rio de Janeiro ao lado do filho Carlos.
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Despacho do relator foi assinado hoje
Com Secom TCU
Por meio de despacho assinado nesta sexta-feira, 6/11, o ministro Bruno Dantas tornou pública lista produzida pelo TCU que contém os candidatos que declararam patrimônio igual ou superior a R$ 300mil e que receberam alguma parcela do auxílio emergencial até julho de 2020. É possível verificar também casos em que o patrimônio declarado do candidato supera 1 milhão de reais. Tais casos demonstram potenciais integrantes do rol de inclusões indevidas do benefício, uma vez que os indícios apontam renda incompatível com as regras do programa. Essa lista foi divulgada mediante parcial supressão dos CPFs dos candidatos.
A lista disponibilizada contém o cruzamento de dados realizado pelo TCU e o cruzamento realizado pelo Ministério da Cidadania, com dados que permitem identificar:
1) benefícios que foram cancelados antes da decisão do Tribunal;
2) benefícios que permaneceram com pagamentos em setembro e outubro, seja no âmbito do auxílio emergencial originalmente estabelecido pela Lei 13.982/2020, seja no âmbito do auxílio emergencial residual previsto na Medida Provisória 1.000/2020.
Dessa forma, a planilha permite idenficar o tipo de auxílio (emergencial ou residual) e o momento do bloqueio (se antes ou depois da decisão do TCU).
Importante destacar que o Ministério da Cidadania deliberou pelo cancelamento de todos os benefícios detectados pelo TCU, sem prejuízo da possibilidade dos beneficiários contestarem nos canais adequados. A única exceção se refere a benefício concedido judicialmente.
Alertas importantes:
• Os resultados são apenas indícios de renda incompatível com o auxílio
• Há risco de erro de preenchimento pelo candidato
• Há risco de fraudes estruturadas com dados de terceiros
• Só o Ministério da Cidadania pode confirmar se o pagamento é indevido
• Só o TSE pode confirmar eventuais crimes eleitorais
• O papel do TCU é garantir o bom uso do dinheiro público
• Os dados dos candidatos são públicos e estão disponíveis no site do TSE
• Os dados dos beneficiários do auxílio são públicos e estão no Portal da Transparência